A semana passou bem rápida e logo chegou sábado, o dia em que meu pai iria embora. Já acordei com aquela tristeza batendo e levantei desanimado.
— Bom dia, pai. Bom dia, mãe. – Dei um abraço apertado nos dois que ficaram me fitando.
— Bom dia, filho. Está tudo bem? – Minha mãe perguntou.
— Está. – Peguei meu café e me sentei num canto para comer.
Fiquei um tempo na frente da TV apenas olhando as cenas que passavam, porque eu não conseguia prestar atenção em nada.
— Jungkook, eu e sua mãe podemos falar com você? – Meus pais chegaram perto de mim e eu apenas fiz que sim com a cabeça, encostando no canto do sofá para que eles pudessem se sentar ali perto.
Os mesmos preferiram se sentar no sofá da frente e ficaram me fitando.
— Fala, gente. O que foi? – Comecei a ficar curioso.
— Então, primeiramente eu gostaria de agradecer por terem me acolhido aqui nessa semana. Queria parabenizar você, Kookie, por estar firme na faculdade, por estar namorando um rapaz bacana e por ter se tornado essa pessoa incrível que você é.
— Obrigado, pai. – Discurso de despedida e eu já estou querendo chorar.
— Mas eu estou aqui com sua mãe, para te dar uma notícia, que pode ser estranha no início, mas esperamos que você consiga aceitar.
— O que? – Já fiquei assustado.
— Filho, eu e seu pai conversamos muito e nós decidimos tentar fazer nosso casamento dar certo de novo.
Fiquei boquiaberto encarando meus pais darem as mãos e um sorrir docemente para o outro. Tudo veio na minha cabeça ao mesmo tempo, meus pais voltaram, eu não seria obrigado a ver minha mãe triste de novo, não veria meu pai apenas nas férias e ele não iria para longe de mim de novo.
Tampei meus olhos com as mãos e comecei a chorar desesperadamente igual a uma criança.
Senti o abraço quentinho dos dois sobre mim e fiquei ali me aconchegando nos colos que eu não ficava há dez anos.
— Eu amo vocês. – Consegui dizer entre o choro e soluços, enquanto minha mãe afagava meus cabelos e beijava minha testa.
— Nós também amamos você. – Meu pai tentava me confortar. – Não chore, filho.
Duas semanas se passaram, meus pais estavam cada vez mais próximos, eu e o Tae cada vez mais apaixonados, Jin e Namjoon ansiosos pelo casamento, Jimin e Woozi namorando sério, Hoseok e Yoongi do mesmo jeito.
Passamos um bom tempo junto aos noivos escolhendo as coisas do casamento e do noivado, buffet, ornamentações, música, tudo o que tinha direito.
**
— Jungkook, deixa eu te buscar? – Taehyung insistia no telefone.
— Não precisa, Tae, eu vou com meus pais. – Jin e Namjoon convidaram meus pais para a festa de noivado e eu iria com eles e com o Jimin.
— Mas Jungkook...
— Taehyung, não faz sentido eu ir com você se meus pais vão.
Ficamos um bom tempo nesse impasse, mas por fim consegui convencê-lo. Quando foi mais tarde, minha mãe me liga:
— “Filho, tive um problema no trabalho e vou me atrasar, vai na frente com o Jimin, porque eu e seu pai vamos chegar lá mais tarde. ”
— Está bem, mãe. – Logo após, mandei uma mensagem para o Jimin “Jimin, você vai comigo, tá? Meus pais vão mais tarde. ”
Vesti uma camisa branca, uma calça jeans escura, meu Nike branco e deixei os cabelos levemente espetados num topete. Desci as escadas e fui me encontrar com Jimin do lado de fora.
— Jungkook, eu não vou subir nessa moto. – Ele começou a dar piti.
— Deixa de ser medroso, Jimin. Pega esse capacete e sobe logo.
— Ai, Kookie, eu tenho medo. – Ele choramingava enquanto colocava o capacete e subia na moto com dificuldade.
— Quer uma escada aí? – Comecei a tirar sarro com a cara do mais velho.
— Ah vai se foder, Jungkook. – Depois de várias tentativas, ele subiu na moto e me agarrou com força para não cair.
— Se você ficar me segurando assim, eu não vou conseguir respirar.
— Cala a boca e vai logo, idiota.
Fiquei rindo do mais velho o caminho inteiro praticamente, parecia que tinha uma estátua grudada em mim, pois, o mesmo não movia um fio de cabelo.
Uns vinte minutos depois, chegamos no prédio do Jin, o qual estava com o estacionamento aberto para quem quisesse parar o carro lá dentro.
— Chegamos, Jimin. Já pode descer.
— Me ajuda, Kookie. Como que eu desço?
— Escorrega para um lado. Só isso.
— Só isso né? – Ele reclamava enquanto ficava virando de um lado para o outro sem saber o que fazer.
— Jimin, desce desse lado aqui. – O puxei para o lado esquerdo. – Segura minha mão e desce.
O moreno segurou minha mão, minha cabeça, meu pescoço, apertou minha cintura, mas depois de muita dificuldade, ele se encontrava no chão.
— Até que enfim, achei que iríamos ficar a noite inteira aqui. – Brinquei.
— Você é muito idiota, Jungkook. – Ele fez bico.
Fiquei rindo dele, que estava até pálido de tão nervoso. Entramos no salão de festa e eu não conseguia parar de rir do mais velho que tremia feito doido. Dei de cara com Taehyung me encarando sem expressão da mesa logo em frente.
— Nossa, Jimin, o que aconteceu com você? – Hoseok perguntou quando viu o rosto pálido do menor.
— Eu andei de moto com esse mala do Jungkook. Nunca mais eu subo naquela coisa. – Ele disse reclamando e indo para perto do Woozi que sorria da cara do namorado.
— Ei, amor. – Me sentei do lado do Tae e lhe dei um selinho.
— Jungkook, você não ia vir com seus pais?
— Ah sim, mas eles vão se atrasar um pouco e eu decidi vir mais cedo. Estava querendo te ver logo. – Sorri e o mais velho continuou sério e sem expressão.
— Por que não pediu para eu te buscar, então?
— Porque eu tenho moto e eu ia dar uma carona para o Jimin.
— Hum... – Ele disse. – Você está bem?
— Estou, e você?
— Também. – Ele disse, sorriu de lado e se virou para frente para conversar com o Suga.
Me levantei e fui conversar com Jin e Namjoon que estavam em pé perto da cozinha.
— Cadê seus pais? – Namjoon perguntou.
— Minha mãe teve um imprevisto no trabalho e eles vão chegar mais tarde.
— Ah que bom que eles virão. Fiquei muito feliz por eles, Kookie. – Jin colocou a mão sobre meu ombro e nós ficamos ali conversando um pouco.
Algum tempo depois, sinto alguém me abraçando por trás e assusto, quando viro, era o Tae.
— Por que você sumiu? – Ele perguntou e deixou um leve selar na minha bochecha.
— Não sumi, Tae. Estava aqui conversando com os noivos. – Sorri e segurei as mãos do ruivo que pousavam sobre minha barriga.
— Senhores? – Ouvi uma voz desconhecida, quando olhei, era do garçom. – Kim Taehyung? – Ele pareceu assustado.
— Choi? – Taehyung me largou e fitou o rapaz que parecia ser um pouco mais novo que nós. – O que você está fazendo aqui?
— Eu trabalho nesse buffet. – Ele abriu um sorriso largo. – Que bom te ver. Como você está?
— Ótimo. Olha, conheça meu namorado, Jeon Jungkook. Kook, este é Choi, um... velho amigo. – Ele nos apresentou e eu estiquei a mão para o menor que pegou na minha com má vontade.
— Bem, deixe-me voltar a trabalhar. – Ele saiu com a cara fechada.
— Pessoal, nos deem licença, nós vamos cumprimentar os convidados que acabaram de chegar. – Namjoon disse, saindo de mãos dadas com Jin.
— Quem era aquele, Tae? – Fiquei curioso.
— Ninguém, Kookie. Um velho amigo, já disse. – Ele respondeu passando a mão no meu cabelo para tirar a franja que caía sobre meus olhos.
— Sim, você disse. Mas eu não acreditei. – Cruzei os braços e o mais velho se rendeu.
— Ele é o meu ex namorado. – Ele suspirou fundo. – Satisfeito?
— E você não ia me dizer? – Fiquei pensando porque ele estava escondendo quem era o cara.
— Já disse, não disse? Então pronto. – Ele pegou minha mão e me puxou de volta para a mesa.
Fiquei ali de novo, sentado olhando para o ontem, pois o meu namorado não estava dando a mínima para mim.
— Jungkook, que cara de desanimado é essa? – Me virei e vi Mark – que era mais um amigo da faculdade – puxando a cadeira para se sentar e conversar comigo.
— É assim que eu fico quando meu namorado não me dá atenção e vai conversar com outras pessoas.
— Nossa, como um moço bonito desse jeito é ignorado pelo namorado? Que pecado. Ah larga ele aí e vamos dançar um pouco? – Mark era um dos caras mais brincalhões que eu conhecia, seu senso de humor era incrivelmente grande, então qualquer coisa que ele falasse, eu ia levar na brincadeira.
— Nossa, se tocar tango, eu danço. – Nós dois caímos na gargalhada, pois uma vez, nós estávamos numa festa, aí começou a tocar tango e nós dois fomos para o meio da pista de dança e ficamos lá fazendo uma performance. – Aquele dia foi tão engraçado.
— Jungkook, se tocar tango, eu venho aqui e te arrasto para a pista. Aquele dia você estava bêbado, hoje não. Quero só ver se vai.
— Mark – Bati a mão na mesa. – Se tocar tango, eu vou.
— Está anotado. – Ele sorriu e nós ficamos ali conversando por um tempinho, até que ele resolveu ir dar umas voltas.
— Tae, conversa comigo? – Chamei.
— Quer falar sobre o que? – Ele disse.
— Qualquer coisa. – Me inclinei para beijá-lo e o mesmo virou um pouco o rosto, o que fez meu beijo atingir o canto da sua boca, o qual não era meu alvo. – O que foi?
— Nada. – Ele sorriu de mal jeito e balançou meus cabelos.
Fiquei ali por uns dez minutos e continuei sendo ignorado pelo Tae. Decidi ir lá para fora pegar um ar fresco.
Encostei num murinho de pedras e fiquei ali tomando um vento. Depois de um tempinho, o ruivo surge na porta e caminha até a mim.
— O que você está fazendo aqui? – Ele perguntou.
— Estou tomando um ar. – Respondi.
— Está passando mal?
— Não. Estou bem. Só não quero ficar lá dentro e muito menos quero ser ignorado pelo meu namorado.
— Eu não estou ignorando você.
— Taehyung, você está estranho desde a hora que cheguei. Ficou com raiva porque eu disse que viria com meus pais?
— Não.
— Ah tá bom viu... – Cruzei os braços e virei o rosto para olhar para outro lugar.
O mais velho se aproximou de mim e virou meu rosto para me beijar. Ele me deu um selinho demorado e eu não correspondi.
— Não posso te beijar se você não permitir. – Ele sussurrou e passou o polegar sobre meus lábios, os forçando a abrir.
— Você vai continuar me ignorando? – Perguntei tirando a mão dele do meu lábio.
— Vem cá, me beija? – Ele insistiu.
— Não – Afastei ele e virei o rosto. – Você não consegue nem falar que vai parar de me ignorar.
— Eu não estou te ignorando, Jungkook. Só porque estou conversando com o Suga, não significa que eu esteja te ignorando. Ah, se não quer, não beija. É só falar que não quer.
— Você está nervosinho hoje, por quê? Não me venha falar que você ficou com ciúmes porque eu dei carona para o Jimin.
— Você que fica brigando comigo porque eu estou conversando com outra pessoa e eu que estou nervosinho? Eu que estou com ciúmes? Engraçado, porque você estava com altos papos com o Mark lá e eu não falei nada.
— Claro que eu ia ficar com altos papos com ele. Você sequer me deu atenção desde a hora que cheguei.
— Kookie? – Ele se aproximou de mim e pegou no meu rosto, deixando uma mão de cada lado. – Eu não quero brigar com você. Vamos parar, vamos?
Ele foi se aproximando e me beijou. Dessa vez, eu permiti que ele me beijasse direito, apesar de estar chateado com ele, eu também não queria ficar brigando.
Passei meus braços para sua cintura e o puxei par mais perto de mim, colando nossos corpos.
— Rm rm – Alguém pigarreou atrás de nós.
Soltei o Tae e vi que era seu ex namorado com uma bandeja de bebidas.
— Querem alguma coisa?
Sim, um pouco de sossego e um momento a sós com meu namorado.
— Não, obrigado. – Usei os bons modos que minha mãe me ensinou.
Taehyung por sua vez, pegou um copo de suco e começou a puxar papo com o outro.
Que saco. Saí andando para dentro do salão sendo seguido pelos dois.
Os outros ficaram conversando na porta e eu resolvi entrar e me sentar um pouco.
Me sentei ali e fiquei uns dez minutos com os cotovelos em cima da mesa, apoiando a cabeça na mão esquerda e dobrando um guardanapo com a direita. De repente, começou a tocar tango e eu não me segurei e comecei a rir. Olhei de lado e o Mark vinha todo sorridente esticando os braços para mim.
— Ah Mark... você mandou eles colocarem tango? – Eu sorri para ele que já vinha me puxando pela mão.
— Não, Jeon. Isso foi pura coincidência. E você disse que dançaria comigo se tocasse, então você virá. – Ele foi me arrastando até a pista de dança, onde nós começamos a dançar estranhamente bem.
Como da outra vez, as pessoas ao redor fizeram rodinha e deixaram só nós dois ali no meio dançando, sendo o centro das atenções. Todos começaram a bater palmas e eu fiquei muito envergonhado com aquilo, mas pelo menos, Mark estava sendo mais amigo do que o Tae que me deixou sozinho para ficar trocando papo com o ex.
Quando o tango acabou, resolvi continuar dançando mais um pouco, mas antes, dei uma espiada na porta e vi que Taehyung não estava mais lá.
Senti alguém me abraçando por trás – de novo – e encostou a cabeça no meu ombro.
— Você dança tão bem, gatinho. – Me soltei de uma vez quando ouvi uma voz feminina.
— O-obrigado. – Tentei me afastar da mesma que estava nitidamente bêbada e veio para cima de mim.
— Eu também quero dançar com você. – Ela me abraçou e ficou me olhando.
— Aahn, eu acho melhor nã... – Fui interrompido pela boca da outra, que já me deu um beijo frenético e enfiou a língua com força na minha boca.
Empurrei a garota, que mordeu forte meu lábio, fazendo sair sangue.
— Você é louca? – Passei o dedo no lábio e vi que estava cortado. — Idiota. – Saí às pressas da pista de dança e percebi que estava sendo observado por ninguém menos que Choi, que sorria maliciosamente para mim.
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