— Deixa ver se entendi. Queres ajuda porque não sabes o que vestir para ir a um encontro num planetário?
Questionou pela quinta vez o ruivo à frente de Luffy. Ele e Luffy conheciam-se desde os quinze anos, a princípio não gostaram um do outro, mas a partir dos gostos idênticos (principalmente sobre música) conquistaram o respeito do outro e agora antes de agir sempre pediam pela sugestão um do outro.
Kid é uma pessoa extravagante, líder de uma banda de rock que começava a fazer sucesso pouco a pouco. Favorável à sua extravagância, ele era alto e musculado, sempre tinha os lábios bem pintados de vermelho e unhas pretas, mas apesar do seu olhar assassino e sorriso macabro era uma boa pessoa.
— Eu quero planear, quero que amanhã seja um dia perfeito. — O moreno resmungou para o ruivo.
— Corrigindo, noite perfeita, vocês vão ao planetário ao final da tarde e vão sair de lá à noite. Não inventes histórias. — Disse a abrir o guarda vestido do menor. — Por falar em noite, o teu irmão ainda está solteiro?
— De novo? Já disse que o Ace não tem interesse em ti.
— Ei calma, ele é solteiro, eu sou solteiro, uma noite é tranquilo.
— Pode não parecer por ele ir a muitas festas e envolver-se com desconhecidos, mas o Ace prefere relacionamentos duradouros.
— Ainda melhor. — Kid dizia a ver as roupas e suspirar. — Veste qualquer coisa daqui, vamos às compras.
— Como assim, Kid?
— Nada daqui serve, despacha-te ou queres que te vista?
Contrariar Kid era impossível, com o seu histórico de teimosia, Luffy pegou no primeiro conjunto que viu e trocou-se ali, na frente de Kid. A intimidade e confiança construída ao longo dos anos de ódio e amizade fez com que nenhum deles se importasse mais com a vergonha.
— Mas sobre o teu…
— Não!
— Não! — Kid fingiu imitar a voz de Luffy que olhou para ele. — O meu irmão não vai para a cama com o meu melhor amigo blá blá blá. — Continuou a imitar a voz do amigo. — Para de ser chato.
— Para tu de ser chato, eu ainda não acredito que com tanta roupa no guarda-vestidos, não tenha lá nada de bom para o meu encontro de amanhã. — Disse a calçar as suas botas pretas favoritas.
— Ter até tens, mas nada muito sexy.
— Vou a um planetário, não, a uma discoteca.
— Meu caro, até podes ir a um planetário, mas vai ser quase de noite. Precisas de uma coisa sensual para aproveitares o resto. — Dizia enquanto procurava com antecedência as peças de roupas das lojas.
— Aproveitar a noite? Nós só vamos Jantar.
— Luffy, deixa de ser burro, vocês não vão só jantar. — Suspirou— Quero no mínimo um beijo entre vocês.
Luffy revirou os olhos:— Ainda está muito cedo para pensar numa coisa assim. Agora podemos ir às compras que tanto querias?
— Podemos, mas aviso que quando chegar a hora não vais acreditar que foi muito cedo.
Entraram e saíram de lojas, com ou sem roupas, o ruivo parecia ter em mente cada peça de roupa perfeita para o dia, descontraído, ao estilo do amigo, mas, simultaneamente, sensual para provocar quem convidou o seu melhor amigo para um encontro. Como um bom melhor amigo ia fazer o outro ver que não só a lábia de Luffy era boa.
Ao passarem numa vitrine, Luffy parou e aproximou-se, estava ali, a máquina fotográfica com que sonhava desde que lançou. Luffy sentia falta de fotografar, para ele fotografar com o telemóvel não era o mesmo que com uma câmara: o peso da câmara nas suas mãos, a medida que a lente ficava aberta a seu gosto, a emoção do momento não era o mesmo. Kid observava aquilo de longe, ele sabia o quão o amigo amava fotografar e não o gostava de ver triste.
Uma tentativa de animar o moreno, o ruivo começou a questionar sobre o tal Tral de que tanto Luffy lhe falava ao telemóvel e de coisas que gostava nele, com isso, o menor distraiu-se da vitrine e relembrava todas as coisas que já tinha contado ao amigo.
— Então ele parece ter tatuagens a cobrir uma grande superfície da pele? Eu pediria que ele tirasse a camisa só para ver, mas aproveita para lambê-lo.
— És nojento, Kid. — Disse Luffy a olhá-lo com uma cara feia
— Agradece-me depois mazé.
E o dia passou-se completamente, viram o sol a desaparecer lentamente no horizonte (uma coisa que o Luffy com máquina certamente gravaria o momento através de uma foto), Kid acabou por jantar com a família do amigo e ao tentar uma investida sobre o outro moreno da casa levou um biqueiro de Luffy por baixo da mesa de jantar em parceria com um olhar mortal do menor. Kid bufou.
No dia seguinte Luffy passou o dia ansioso e quando chegou a hora de se arrumar teve dúvidas quanto à roupa que o amigo escolherá a dedo para si, então chamou Ace.
— Ulala, que homem de sorte é esse que te vai ver assim? — Ace entrou no quarto a assobiar e debruçar-se sobre a cama.
— Ace sem piadas, por favor, eu não sei se é a roupa certa. Estas calças não são muito justas para um planetário?
— Calma maninho, não elas estão ótimas o teu rabinho sobressai.
— Esse é o problema, não é muito chamativo? — Perguntou o menor.
— Qual é o problema? Não queres que a pessoa com quem vais sair olhe para ti? Se a resposta for não, tira, mas se quiseres que ele olhe para ti como olhas para as tatuagens dele, atira-te ao tigre. — Ace acabou a frase com um "gurrr" que fez o irmão rir e descontrair um pouco.
— Ela não é feia. — confirmou Luffy.
— Se gostaste dela usa-a, o teu amigo tem bom gosto para roupa. Suponho que vou ter de pedir-lhe sugestões também.
— Não, nada de relacionamento com os meus amigos. Seria muito estranho.
— Como assim? — Ace questionou confuso e Luffy percebeu que já se tinha tornado uma rotina afirmar ao ruivo que ele não era o tipo de Ace.
— Esquece. — Olhou mais uma vez para o espelho e sorriu. Ace sorriu ao ver o irmão sorrir e aproveitou o momento bonito.
— Não te esqueças do casaco, sabes que é frio de noite. — Ace disse quando percebeu que não era mais preciso ali. — Atira-te ao tigre. — Disse a fechar a porta.
Meia hora depois Luffy deixou a residência, apesar de no fim ter gostado das calças acabou por escondê-las, o kispo que vestia mantinha-o quente durante o inverno era grande ao ponto de lhe alcançar os joelhos, as luvas a proteger as mãos, um cachecol e o gorro na cabeça a impedir o vento de lhe bater. A compensar pelo conforto de temperatura, os seus óculos grande e redondos ficavam embaciados, costumava usar lentes, todavia, ficou quanto tempo a encarar o espelho que quando viu isso horário nem pensou em pôr as lentes.
O caminho até ao ponto de encontro com Law, o planetário, foi calmo. Via algumas pessoas pelas ruas, mas a maioria preferia ficar em casa pelo ambiente gelado do inverno. Quando começou a ver a construção com um grande letreiro a indicar o planetário começou a procurar pela pessoa que queria, demorou alguns minutos a revistar pela visão embaciada, no entanto, finalmente encontrou Law. Ele vestia um casaco preto com detalhes amarelos que beirava o chão e um gorro branco simples.
Quando Luffy limpou os óculos viu que Law não usava luvas e mais uma vez Luffy instigava-se como o outro sobrevivia ao frio, entretanto, além disso, Law segurava um embrulho nas mãos enquanto olhava ao redor, provavelmente, a procurar pelo menor. Por fim os olhares se encontraram e sorriram juntos um para o outro.
— Olá, hoje está frio não achas? — Luffy começou a conversa com o moreno.
— Um pouco. — Estendeu o embrulho para Luffy. — Feliz natal adiantado.
Luffy andava tão distraído ao longo da semana que não reparou quando Sabo e Koala montaram o pinheiro de natal, ou quando os moradores da casa deixaram os seus presentes debaixo do pinheiro. Luffy ainda não tinha comprado nada e amaldiçoou-se por isso.
— Obrigado, mas eu não tenho nada para ti. — Agradeceu ao maior.
— A tua companhia hoje é uma boa prenda. — O menor assentiu.
O moreno, parado a frente e Law, por fim segurou o presente, era pesado, pensou, por essa razão abriu-o com calma e delicadamente.
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