História Guerra é Guerra - Bad Idea

O clima dentro do quarto era tenso, tenso demais para qualquer um deles compreender a importância do que havia acabado de ser compartilhado.

— Você não pode contar – fora Aileen quem dissera, fazendo sua amiga a olhar incrédula.

— Você sabia? – Marjorie pergunta irritada.

— Eu soube alguns dias atrás, mas não podia me intrometer nisso, isso não é da minha conta Marjorie – Aileen retruca.

— Aileen está certa Marjorie, ele nunca acreditaria em nós – Cameron diz, fazendo a morena olhar para ele incrédula.

— Todos vocês sabiam? – Marjorie parecia indignada – ele é amigo de vocês, como puderam?

— Não é tão fácil assim – Shawn diz irritado, largando o caderno e a caneta sobre a escrivaninha.

Estavam todos reunidos ali para montarem o projeto do quarto mês, já que o terceiro havia sido um sucesso com o tiro ao alvo. Mas Marjorie havia acabado de chegar, tão perplexa que mal notara as palavras saindo de sua boca, chocando um total de zero pessoas.

— Do que está falando? – Marjorie parecia confusa, para ela era bem fácil, fácil até demais, mas porque eles estavam dificultando? – pra mim parece simples, chegar pra ele e contar que a namorada dele está o traindo.

— Mas não é simples quando você conta que ela está flertando com o melhor amigo dele e que o amigo flertou de volta porque não sabia que eles namoravam – Cameron retruca se levantando e Marjorie o encarou fixamente – eu não sabia, tá legal? E agora posso perder a amizade dele se algum de nós abrir a boca.

— Ela tava flertando com você? – Marjorie franze o cenho e vê Cameron assentir.

Todos sabiam que Cameron era mulherengo, e não deixava passar nenhuma mulher, mas ele nunca dava em cima de mulher comprometida, principalmente aquelas comprometidas com seus amigos, o principal exemplo disso era Aileen, que vivia pendurada no Cameron, mas Johnson nunca ligou, não porque não tinha ciúmes, mas sim porque sabia que ele não tinha maldade com ela ou ela com ele.

— Mas ninguém falou sobre ele ver por si próprio – Marjorie arqueia as sobrancelhas com uma cara revestida em maldade.

— Você não vai fazer o que eu acho que vai, não é? – Poliana tinha frustração na sua voz, os planos de sua amiga eram péssimos.

— Vou, e todos vocês vão me ajudar – ela diz cruzando os braços – vamos terminar o projeto do evento e bolar a missão “pegue o pombo”.

— Esse nome é péssimo, vai dar merda – Meaghan diz negando.

— Ele vai ficar decepcionado – Franciele diz com temor na voz.

—Ele não gosta dela, na verdade ele... – Gilinsky tampa a boca de Matthew que continua resmungando de um modo que ninguém conseguia entender, e realmente ninguém entendia.

— Ele o que? – Marjorie pergunta exasperada.

— Nada – os meninos disseram juntos.

— Todos vocês sabem? – ela arqueia a sobrancelha, parecendo curiosa – Matthew, me conta.

— Não, não conto – Matthew diz firme, mas estava morrendo de medo.

— Ah, você vai me contar – Marjorie diz assustadora e o loiro levanta e sai correndo.

Os dois saíram correndo pelo corredor e deixaram o resto ali, que logo voltaram para suas ocupações.

O novo evento seria uma competição no melhor estilo americana. Onde eles fariam corrida do saco, corrida de três pernas e corrida do ovo.

O evento havia sido preparado para o sábado pela manhã, aconteceria as nove da manhã e todos pareciam muito empolgados com isso, nem é preciso dizer que foi o evento que mais arrecadou dinheiro, e todos se divertiram muito.

— Onde está o Dino? – Aileen pergunta olhando ao redor.

— Reza a lenda que ele ainda corre dos olhos de águia da Marjorie – Grace diz e aponta para a amiga que estava ocupada olhando para todo canto.

Acontece que Matthew havia desaparecido, e Marjorie até tentou descobrir o que ele queria ter dito naquele dia através de uma conversa com os outros, mas nenhum deles daria com a língua nos dentes, além dele, que não conseguia mentir ou esconder nada, não era culpa dele, mas Matthew não aguentava pressão.

— Você não vai desistir, não é? – Natália pergunta e seu gêmeo encosta em seu ombro.

— Sabemos o quão determinada é a Marjorie – Shane diz rindo e aponta para uma direção – olha lá, é hora do seu plano.

Marjorie olha na direção indicada e sorri, logo se virando para o Cameron, que estava distraído com a contabilidade do evento, que já havia sido encerrado, para que todos pudessem tomar banho e ir para o almoço, ou seus afazeres do final de semana.

— Me beija – Marjorie diz, fazendo o loiro olhá-la de soslaio.

— Isso não estava no plano – Cameron apenas ignorou e continuou fazendo contas, todo dinheiro estava na poupança dele, uma conta separada daquela que os pais depositavam sua mesada mensal.

— Mas agora está – Marjorie grunhe – anda Cameron.

— Esquece Jô, não vou fazer isso – ele para o que estava fazendo para olha-la.

— Se não fizer isso agora, não te ajudo com a Grace – Marjorie sussurra no ouvido dele que arregala os olhos.

— Ela vai me odiar no momento em que seus lábios tocarem os meus – ele retruca, sua amiga estava jogando sujo demais – e não é como se eu tivesse chance com ela, ela me acha egocêntrico e...

Marjorie o interrompeu com um beijo, fazendo os presentes fazerem cara de espanto, bem, exceto pelas meninas, elas não pareciam tão chocadas assim, mas ainda assim assumiram uma careta que dizia claramente que Marjorie estava levando aquele plano longe demais.

A morena se separa do loiro que estava estático e vê o moreno se afastar com passos firmes. Ela havia acertado e não precisara de ninguém para concluir o que Matthew queria dizer.

— Valeu, te devo uma – ela grita e sai correndo.

— O tiro vai sair pela culatra, não vai? – Poliana pergunta e vê Aileen assentir.

— Se preparem, isso vai ser péssimo – Aileen avisa aos amigos que ficam olhando da direção de Marjorie.

Ela correu a todo vapor, até se trombar com Nash no corredor, de propósito.

— Ficou cega? – Nash pergunta irritado.

— Cego deve estar você – ela diz mais irritada ainda, enquanto se afastava dele – e eu pedi desculpas, troglodita.

— É, eu realmente sou o cego, depois daquela ceninha ridícula – ele retruca, fazendo-a semicerrar os olhos debochada.

— Tá com ciúmes Nash? – ela ri de escárnio, estava adorando aquela situação – achei que você tinha namorada – ela diz enquanto dava de ombros e seguia pelo corredor.

— Ciúmes de você? Jamais, afinal, eu tenho mesmo namorada – ele diz seguindo-a, nem lembrando que iria para o outro lado do corredor.

— Não parece, aliás, ela não parece um carrapato? Onde está?

— Não que seja da sua conta, mas ela está no treino das líderes de torcida.

— Treino? Que treino Nash? As meninas treinaram ontem de tarde – Marjorie se vira para ele com uma careta, enquanto Nash tinha uma expressão confusa – ela mentiu pra você.

— Ela não faria isso – ele diz negando e Marjorie não precisou dizer nada, pois a porta do armário do zelador se abrindo e o casal deixando o espaço apertado, foi o suficiente para deixá-lo incrédulo, ele riu nasal, e negou, enquanto a menina olhava para ele com espanto – acabou.

Foram as únicas palavras dele, antes de agarrar o pulso de Marjorie e se distanciar.

— Foi você, não foi? Sua vadia – a garota grita, fazendo Marjorie estancar, mesmo que Nash quisesse sair dali, não deixaria que ela falasse daquele jeito consigo.

— Quer saber de uma? Fui eu sim, mas você também não foi muito discreta, afinal, não sou a primeira ou a última a saber – Marjorie diz e aperta a mão de Nash, temendo que ele se afastasse ao saber que todos sabiam, menos ele – você não vale o chão que pisa, e deveria ter vergonha na cara, por querer fama as custas dos outros, Nash não é um troféu pra você sair por aí exibindo, e os amigos dele não são iscas pra você jogar aos tubarões.

— Do que está falando? – Nash pergunta confuso.

— Seu amigo...

— Seu amigo não – Marjorie interrompe com um tom de voz mais alto e se vira para Nash – antes de você contar que estava namorando, ou antes mesmo de aparecer com ela em público, essa vaca mandou mensagens para o Cameron, se insinuando para ele e depois o ameaçou, dizendo que se o Cameron abrisse a boca quanto ao que ele viu, ela estragaria a amizade de vocês.

Nash se vira para a garota e franze o cenho.

— Eu achei que gostasse de mim, achei que te conhecia, mas pelo visto, você só queria o que todas querem, minha popularidade e dos meus amigos – Nash diz e entrelaça seus dedos no de Marjorie, arrancando dali a força que precisava pra deixar aquele lugar – vamos embora.

Então os dois saem dali, ouvindo a voz de Teresa ecoar sobre acabar com a vida de Marjorie e dos amigos dela. Bem, aquela sim era uma má ideia, e logo ela descobriria que não se meche com um veterano.

Os dois adentram o quarto do moreno e ele anda de um lado para o outro, com as mãos na cabeça, totalmente perdido sobre o que fazer.

— Nash – Marjorie chama, mas ele não lhe dá atenção, então ela vai até ele e para em sua frente – Nash, olha para mim.

— Você beijou o Cameron – ele diz olhando para os lábios dela – porque beijou o Cameron, era parte do plano de me fazer ver a Teresa com outro? Era pra me fazer ciúmes? Você tá apaixonada por ele? Eles te contaram que tenho sentimentos por você?

Ele deslanchou sobre ela, que não soube o que fazer e o deixou voltar a andar de um lado para o outro, até ela se sentia confusa com tudo aquilo.

— Como assim você tem sentimentos por mim? – ela pergunta, de tudo aquela era a parte que ficara fixa em sua mente e ela mal podia acreditar naquilo, mesmo que já tivesse concluído aquilo, era diferente ouvir diretamente dele.

— Não vem com essa agora Marjorie – ele ri sarcástico – todos eles sabiam e eu aposto que te contaram, assim como contaram pra você que ela estava me traindo, mas não contaram para mim – ele bate no peito com raiva – EU estava sendo traído, EU.

— Sabemos disso Nash – ela fala com toda calma que podia no momento, gritar com ele não ia adiantar – e seus amigos não me contaram nada, eu descobri tudo sozinha, eu vi a Teresa com outro, eu descobri que você gostava de mim, bem, pelo menos isso foi quase sozinha, me dei conta depois do Matthew sair correndo – ela dá de ombros sorridente e aquilo fez Nash parar e olhar para ela com incredulidade, mas nem de longe aquilo era ruim, ele parecia ter se acalmado – e eles não contaram porque ela estava ameaçando o Cam.

— Ela fez mesmo isso? – Nash parecia a ponto de chorar.

E Marjorie apenas afirmou com a cabeça, vendo o moreno se sentar na cama e tampar o rosto com as mãos.

— Eu fui tão estupido – Nash diz e Marjorie se aproxima dele, pegando suas mãos e tirando do rosto.

— Não tinha como saber, ficamos cegos por amor – Marjorie diz com calma, fazendo um carinho nos cabelos lisos e longos dele.

— Será que todos nós vamos ter problema com mulheres? – Nash diz sarcástico e Marjorie dá de ombros.

— Você e o Shawn são meio burrinhos né – Marjorie diz em tom de piada e Nash ri negando, estabelecendo um clima mais agradável entre eles.

Os dois ficam por um tempo naquela troca de olhares, até a porta do quarto se abrir com força, os assustando e fazendo-os olhar para os invasores.

— Você tá ferrada – Aaron diz mostrando a tela do celular, era uma foto de Marjorie, nua.

— Aquela puta me paga – Marjorie grunhe e sai do quarto com ódio, esquecendo de todo momento bom que teve com seu crush, Teresa definitivamente descobriria o significado de má ideia.