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História Guerra e Paz - Capítulo XXXII - Quando uma alma apodrece -


Escrita por: KimonohiTsuki e JonhJason

Notas do Autor


Capítulo atualizado em: 07/01/2024
Betado por: JonhJason & Rêh-chan

Capítulo 33 - Capítulo XXXII - Quando uma alma apodrece -


Fanfic / Fanfiction Guerra e Paz - Capítulo XXXII - Quando uma alma apodrece -

Capítulo XXXII – Quando uma alma apodrece.

Isaak estava cercado pelos dois lados, carregando seu companheiro ferido, que não aguentaria mais nenhum golpe, contudo, levá-lo limitava muito seus movimentos, precisava pensar rápido.

Aumentou ao máximo sua cosmo energia, esfriando rapidamente tudo ao seu redor, cobrindo o granito da entrada com uma fina camada de gelo. Um de seus atacantes não viu dificuldade em atuar nessa nova atmosfera, entretanto, o outro inevitavelmente pisou falso sobre o chão liso, foi por um segundo, mas tempo o suficiente para fazer uma abertura. Correu para essa direção.

 - Como se eu fosse permitir! ONDA NEGRA*! - Declarou o haliano ainda em posição, erguendo suas mãos e criando uma enorme esfera negra. - Levante-se seu idiota! Ou eu vou acertá-lo também!

O caído deslizou-se como pôde do golpe, Isaak olhou para trás notando que esse movimento ia segui-lo não importa o que fizesse. Estava tentando sair da entrada da mansão para a lateral direita, onde havia um enorme jardim que dava a um dos portões de saída e entrada da mansão, e de onde sentia várias energias diferentes reunidas.

Porém não conseguiria desviar desse golpe completamente enquanto estivesse sujeitando Sorento. Porém, se fosse mais rápido poderia receber menos danos.

- Correnteza de Tálassa*! – Ecoou o inimigo no chão, esticando as mãos em direção aos marinas. De cada uma delas, uma corrente circular de cosmo azulado se formou, rapidamente ultrapassando a velocidade da esfera e agarrando o corpo do ex-aprendiz de aquário.

Num último movimento, notando milésimos de segundos antes a intenção da investida, Isaak lançou com tudo Sorento ao chão, que bateu na terra sujando sua armadura danificada, além de seus cabelos e rosto que foram arranhados pela queda brusca. Antes que pudesse processar o porquê da ação do companheiro, abriu os olhos chocados, vendo-o ser preso em suas pernas e braços por uma força azulada, para no instante seguinte a esfera chocar contra o corpo dele, culminando numa enorme onda que o envolveu. Apesar da distância da queda, o austríaco também foi submergido pela água. Teve que prender a respiração, enquanto sentia o liquido salgado martirizar suas feridas e a pressão partir ainda mais sua escama.

Quando o golpe cessou, pôde ouvir um terrível creck vindo de seu próprio corpo, fazendo-o incapaz de se mover do chão. Aparentemente uma de suas costelas havia se partido.

Respirou fundo, sentindo uma dor latente pelo ato, mas aparentemente não havia perfurado nenhum órgão interno.

TUM.

Levantou o rosto e viu o corpo de Isaak desabado entre o granito e a lama do começo do jardim, sua boca entre aberta, o sangue escorrendo dela, sua vestimenta dourada completamente em pedaços e uma expressão de absoluta dor.

- Isaak! – E tossiu terrivelmente pelo grito, a tosse apenas fez sua fratura doer mais. Porém, não deu qualquer importância para isso, e ignorando a dor excruciante arrastou-se até o corpo de seu amigo. – I-saak...

- F-fuja... - Disse num fio de voz, enquanto erguia seu corpo apoiando-se nas palmas das mãos. – Nem que tenha que se arrastar, mesmo que suas pernas estejam quebradas, saía daqui....

- Do que você está falando? – Exaltou-se, apesar de sempre ter sido uma pessoa calma e controlada.

O finlandês não respondeu a principio, erguendo-se devagar com seus joelhos trêmulos, virando-se para seus adversários, ambos agora de pé.

O de cabelos curtos e espetados, que havia escorregado antes, os observava com uma expressão desinteressada, quase preguiçosa, enquanto seu irmão de cabelos encaracolados e longos, observava com doentio prazer como seus adversários se arrastavam pelo chão lamacento.

-...Você tem... Esposa. – Continuou dizendo, ficando completamente de pé, na frente de seu companheiro. – Você tem filho... É o melhor amigo de Julian, é muito importante para morrer aqui. – Com dificuldade ergueu os braços sobre a cabeça, entrelaçando suas mãos juntas. – Eu não vou aguentar por mais tempo. Apenas vá!

- O que você vai fazer? - Questionou preocupado, não reconhecendo a posição.

- Irmão, não devíamos atacar enquanto eles estão conversando? – Perguntou em tom lento e despreocupado o de madeixas curtas. – Eu estou cansado e quero dormir.

- Não sejas idiota! E perder o espetáculo desses humanos desprezíveis tentando proteger um ao outro, quando é absolutamente óbvio que mataremos e esquartejaremos os dois? – Questionou o outro com um brilho assassino em seus olhos. – Deixe-os, eu quero ver o que irão fazer nesse estado deplorável.

- ...Eu só vi esse golpe uma vez... – Seguiu Isaak em seu diálogo com Sorento, incapaz de entender o que os Halianos diziam entre eles em grego antigo. – Quando Hyoga o usou pra me derrotar e matar, vinte anos atrás. Desde que ressuscitei tentei replicá-lo, mas nunca tive realmente sucesso. – Um sorriso irônico se formou em sua face. – É triste saber, que mesmo se aquele incidente no rio não tivesse nos separado, eu nunca teria me tornado o cavaleiro de Aquário. Aquele idiota está em outro nível. – Então sua expressão se tornou séria. – Mesmo que meu corpo se congele junto, gostaria de levar ambos comigo, mas não sei se isso é o suficiente para detê-los, eles são diferentes dos Telquines.

Sorento, com maior dificuldade que seu companheiro, também se colocou de pé.

- Eu não vou simplesmente te deixar para trás para morrer. – Declarou decidido, tirando sua flauta, que estava presa no que restava de sua armadura, levando-a para sua boca. – Eu já fiz isso há vinte anos. Depois de tudo que passamos juntos desde então, não tornarei a cometer esse erro. Se for para morrer, morreremos juntos.

- E quanto à sua família?!

- Se eu não puder ser ressuscitado como vocês foram, ao menos pedirei ao deus dos mortos que possa me despedir deles. – Disse com um meio sorriso.

- Idiota. – Resmungou, e ambos voltaram-se decididos aos halianos. - Seu golpe não funcionou com os Telquines, não temos garantia de que funcionará neles. – Ambos trocaram olhares, como se discutissem uma complexa estratégia apenas encarando-se, para então ambos afirmarem com a cabeça.

- Já acabaram mortais, com essa conversa desnecessária? – Questionou o mais calmo dos irmãos, bocejando longamente. – Tenho coisas mais importantes a fazer do que perder tempo com vós.

 - Sim, estamos prontos. - Declarou o austríaco decidido, apesar de seu corpo tremulo.

- ONDA NEGRA! – O irmão de pele escura gritou com fúria.

 - Correnteza de Tálassa. – O de pele clara anunciou preguiçoso.

- Sinfonia Final da Morte! – Entoou Sorento.

Isaak nada fez, mantendo-se em posição. Desse modo, o calmo, vendo apenas o músico como ameaça lançou sua correnteza para prender seus braços e tentar afastar a flauta de seus lábios. Enquanto a imensa esfera negra foi em direção ao finlandês.

Porém, sua trajetória tornou-se confusa quando ambos os semideuses levaram as mãos as orelhas gritando de agonia, ouvindo o pior som que já escutaram em suas largas existências perfurando seus tímpanos*. Ainda assim, as correntes azuis prenderam o músico e puxaram sem piedade seus pulsos e tornozelos, mas independente da dor excruciante e dos estalos de mais ossos se partindo, Sorento manteve-se firme, entoando sua melodia, impossibilitando os dois de se mover, e a Onda Negra de acertar Isaak.

E então, numa expressão de dor e determinação, voltou-se para seu companheiro, indicando-lhe que era o momento.

O ex-aspirante a cavaleiro reuniu toda a sua energia em suas mãos entrelaçadas no topo de sua cabeça.

- EXECUÇÃO AURORA!! – Exclamou com todo o ar de seu pulmão.

Uma intensa massa de cosmo chocou-se diretamente com a esfera de mar, fazendo-a eclodir como antes, porém, assim que se transformava em uma enorme onda, era imediatamente congelada, começando a cair na direção dos semideuses.

- Clímax Final da Morte! – Sem fôlego, o austríaco entoou, para em seguida voltar a tocar. Ondas sonoras envoltas de energia se manifestaram a partir da flauta, mas ao invés de ir em direção aos halianos, almejou a onda congelada, partindo-a em vários pedaços que voaram contra seus adversários.

Um desses fragmentos, como uma enorme lança de gelo, perfurou o peito do filho raivoso de Poseidon, empalando-o contra a porta de entrada, num urro de dor, pelo golpe fatal, o corpo não demorou para pender para a frente, sem vida.

- SEUS MALDITOS! – Berrou a plenos pulmões o filho até então preguiçoso, que foi perfurado por um dos pedaços em sua perna esquerda. – EU VOU MATÁ-LOS PELO QUE FIZERAM COM MEU IRMÃO!

Sorento voltou seu golpe para o semideus, mas o movimento não pareceu surtir efeito, como imaginava. Fechou os olhos esperando o pior.

Contudo, não aconteceu.

Tornou a abri-los ao sentir algo liquido e quente contra seu peito, já descoberto de proteção.

- N-não! – Tentou dizer, em choque.

Isaak havia sido empalado em seu lugar por outra correnteza vinda do inimigo.

 - Aurora Boreal...! – Disse quase sem fôlego, esticando ambos os braços e invocando a força de sua própria alma, agora que havia esgotado toda sua energia. Sua força vital começou a se concentrar em suas mãos que se entrefechavam, reuniu todo o frio impregnado no local, após afugentar todo o calor do campo de batalha, e concentrou toda essa energia em suas palmas que se juntaram à sua frente. Lançando assim uma intensa rajada de vento frio contra o semideus, jogando-o também contra a porta, que apesar de ser enorme e de carvalho puro, não suportou essa segunda investida e se partiu, lançando ambos os corpos derrotados para dentro da mansão.

Em seguida, o finlandês começou a cair no chão, agora que as correntezas haviam desaparecido junto com seu convocador. Porém, apesar das pernas quebradas, Sorento deteve sua queda, amparando o companheiro e deitando-o com cuidado no chão, sentando ao seu lado.

- Isaak... Isso não fazia parte do plano! – Anunciou, perdendo o controle de suas emoções como poucas vezes em sua vida, lágrimas começando a deslizar por seu rosto, caindo no tronco daquele que depois de vinte anos podia claramente chamar de amigo.

- He... Talvez... Eu tenha... Entendido o plano... Errado então... – Tentou dizer, erguendo a mão, que logo seu companheiro tomou com força, sem evitar notar que o corpo caído começava a tremer, como se convulsionasse, ao tempo que sangue escorria por seu ferimento. – Que merda... Eu esperava... Poder ver... Meu velho mestre...Antes de morrer... Outra vez. – Começou a tossir sangue, sujando o rosto do músico, que não se importou, seguindo a amparar o companheiro caído. – Por favor, peça perdão... A... Poseidon por... Mim.

Sua voz morreu, e seus olhos se fecharam. O coração ainda batia, mas era cada vez mais fraco.

- Shun! – Chamou Sorento, com um desespero que nunca sentiu antes em sua vida, olhando para o céu azul enquanto lágrimas corriam por sua face, toda a sua calma e postura características completamente perdidas frente à possibilidade da perda. – Eu lhe peço, não tire ele de nós! – Cada palavra doía horrivelmente contra sua costela, ou costelas quebradas, mas nada disso importava. – Você disse que precisávamos aprender a trabalhar juntos, como uma equipe... Como um só... – Um soluço sincero escapou de sua garganta, enquanto experimentava todos esses sentimentos que nunca havia manifestado. -...N-não tire isso de nós... Agora... - Fechou os olhos com pesar, sentindo o pulso de Isaak cada vez mais fraco, enquanto seguia segurando sua mão com força -...Eu faço qualquer coisa...

“Jamais diga que fará qualquer coisa a um deus.” – Uma voz disse em sua cabeça. - “Eles sempre aceitam. Porém, você pode não gostar do preço.”

No segundo seguinte, Sorento olhou para cima ao ouvir o som de vidro se quebrando. A janela do segundo andar havia sido rompida, e dela saltavam um homem de armadura negra e cartola, com um desesperado Kasa embaixo de um de seus braços.

-.-.-  

Alguns instantes antes do desfecho da entrada da mansão, um dos semideuses estava completamente imóvel.

Astrapí se aproximou a passo lento, sendo vigiado atentamente por Io.

- Eu já disse, sou apenas Shun. – Sorriu de forma misteriosa. – Mas também sou o atual Imperador do Submundo, senhor dos mortos, e responsável por levar a alma de vocês de volta ao Tártaro.

O semideus ampliou o olhar em completo choque. Tentou se soltar, apesar dos ossos quebrados da mão esquerda e nervos rompidos da direita. Para tanto, os olhos do primogênito dos Solos se opacaram, sendo sustentado para não cair ao chão pelas mesmas correntes negras que seguravam Shun, ao tempo que este segundo retornava ao seu corpo original, segurando o pulso do haliano com mais força.

- Se você continuar a se debater assim, vai acabar matando de uma vez o corpo que está possuindo. - Avisou paciente.

- Então tu és um deus. - Acusou, ignorando completamente o conselho, enquanto o som de seus ossos partindo, se intensificava. - Chronos, aquele desgraçado não avisou a mim ou aos meus tios sobre ti.

- Isso é prova o suficiente de que ele apenas está usando vocês. - Alertou Shun afrouxando o agarre. Sentindo-se mal com os danos que o semideus causava no receptáculo, mesmo que o humano já estivesse condenado. - Ele apenas deseja me testar. Minha força e o que sou capaz de fazer. Vocês não passam de marionetes em suas mãos.

Soltou o outro braço, até então dolorosamente esticado por uma de suas correntes. Finalmente livre, o ser deu um salto para trás, se afastando.

- Nós não nos importamos! Contanto que tenhamos nossa vingança! - Exclamou colérico.

- E você acha que vale tudo o que estão fazendo? - Ponderou Shun com uma expressão triste. - Vocês roubaram corpos de inocentes, devoraram suas almas, apenas para obter uma vingança sem sentido! Por favor, não lutem mais, se vocês se renderem agora, eu prometo que serei clemente.

- MENTIROSO! - Berrou, desprezo impresso em seu olhar. - Não existe clemência no Tártaro! Nós estivemos presos lá por séculos, milênios! Sendo torturados e sofrendo! O que tu, sucessor de um monstro como Hades, podes entender sobre clemência?!

- Vocês violaram sua própria mãe, a fizeram cometer suicídio. Além disso, promoveram uma chacina na ilha de Rodes. - Anunciou Shun em tom mais severo. - Se ficaram presos por tanto tempo, é porque nunca mostraram arrependimento.

O semideus continuou com sua expressão de ódio, mas ao invés de responder começou a acumular seu cosmo.

"...Eles são incapazes de se arrepender, mesmo que quisessem..." - Explicou Hades em tom solene.

"O que quer dizer?" - Questionou tenso, desconcentrando-se.

"...Eles foram amaldiçoados por um deus, somente o próprio deus pode reverter isso, ou alguém de força similar. Como um de seus filhos, por exemplo, e nenhum deles seria louco de desafiar a mãe, muito menos por um humano. Além disso, convencer a própria Aphrodite é impossível. É mais fácil ela fazer voto de castidade do que voltar atrás em alguma de suas maldições..."

“Está me dizendo que é como se eles estivessem presos num Satã Imperial eterno?” – Respondeu inconformado.

“...Sim, não há o que ser feito...” – Seguiu com um triste suspiro. – “...No passado, Poseidon inclusive me pediu que buscasse algo para saná-los. Contudo, foi impossível. Por isso decidimos por mantê-los presos...”

- SHUN, CUIDADO! - Io exclamou, porém já era tarde.

O momento de distração havia sido fatal.

Numa rápida investida, o haliano impulsionou-se para frente, com uma massa de cosmo azul envolvendo suas palmas, com as quais, abertas golpeou o coração de Shun.

- Ponto de fervor*! - Exclamou com um sorriso misterioso.

Uma sensação de calor intenso invadiu o interior de seu corpo, cada vez mais e mais intenso, fazendo-o começar a tremer, como se convulsionasse. Contudo, de algum modo, a expressão do senhor dos mortos seguia indiferente aos reflexos de seu organismo.

- O que... Você fez? - Questionou, com a voz rouca, e no segundo seguinte, sangue começou a ser expelido de sua boca, impossibilitando-o de falar, fazendo até mesmo seus joelhos fraquejarem, levando-o ao chão, enquanto a temperatura em seu interior apenas subia.

Io de Scylla observava chocado a cena, tendo voltado ao lado de Bian, ainda inconsciente.

- Ingênuo. - Colocou com orgulho, afastando-se e examinando com satisfação o que seu golpe havia causado. - Tu sabias que 95% do corpo humano é compostos de água? 75% do peso de um músculo, 22% do tecido ósseo, 14% da gordura corporal, quer que eu continue? - Disse com soberbia. - Meu Ponto de fervor é capaz de evaporar parte dessa água com um mísero toque. Suficiente para abrir um buraco em seu coração.

O marina observava do Senhor do Submundo, para o semideus. Apesar de tê-lo avisado do ataque, mais por um reflexo do que por qualquer outra coisa, ainda possuía sérias desconfianças sobre o antigo cavaleiro. Lançou um olhar triste para o corpo sem vida de Astrapí, sustentado pelas correntes. Uma parte de si ainda era incapaz de acreditar que o primogênito dos Solos, que conviveu por todos esses anos, não passava de uma ilusão. Isso apenas fazia com que um sentimento de raiva e frustração o impedisse de ajudar Shun nessa luta, apesar da plena certeza de que o semideus era seu verdadeiro inimigo.

"O quão irônico é, Hades, que tenha sido você a me fazer hesitar dessa vez." – Disse em sua cabeça Shun, sangue continuando a ser expelido, enquanto seu corpo começava a transpirar.

“...Sabes bem que muitas vezes não nos orgulhamos do que tivemos que fazer...” – Respondeu simplesmente.

Então ambos ficaram em silêncio, enquanto a carcaça que compartiam sofria as consequências do golpe mortal.

- Shun!

-.-.-.-

Soleil, que recebia uma entrega de livros ao lado de June, deixou o pacote cair, de repente, sentindo uma estranha sensação passar por seu corpo.

Suikyo que acabava de se despedir de Aldebaran perto do primeiro Partenon, segurou-se em uma das colunas ao sentir um tremor involuntário.

Peter e Victor, que haviam acabado de se encontrar no aeroporto e discutiam o que fazer sobre a troca de celulares, pararam repentinamente de falar, colocando, ao mesmo tempo, a mão sobre seus peitos.

Chris, Lucius e Fausto reagiram juntos, compartilhando um imponente e grande carro negro que os levava até a mansão.

- O que foi? - Perguntou Mileta, notando o sobressalto dos rapazes.

O motorista, um velho senhor de rosto enrugado, lançou um olhar preocupado à Verônica, que apenas apertou a barra de sua saia com força.

No Submundo, Orphée tropeçou ao guiar uma alma para fora de seu barco, já tendo escoltado os cavaleiros de ouro de volta ao mundo dos vivos, e voltado às suas atividades. Parou às margens do Aqueronte, olhando aflito para os céus negros do mundo inferior.

- Meu amor... - Eurídice aproximou-se, também preocupada, sendo acompanhada por Sália, que uivava tristemente.

-...Parece que algo aconteceu com Shun. - Respondeu ainda olhando para cima.

No salão do trono, os olhos de Daidalos se ampliavam ao ver pelo espelho negro o que havia acontecido com seu senhor e antigo pupilo. Porém, mantinha-se em sua posição, apesar do peito aflito.

Kairos, de volta à sua forma humana, observava com os braços cruzados e com um sorriso sádico como o semideus atacava Kasa sem dó ou piedade. Quando uma sensação de aperto passou por seu coração.

- Maldição... - Resmungou olhando para o teto. Estava a ponto de abandonar o marina, coberto de sangue, à própria sorte, quando uma familiar voz falou à sua cabeça.

"Não venhas Kairos. Pule a janela do final do corredor que leva para a entrada e pare o tempo do marina Isaak." - Sua voz soava mais grave e inflexível, além de isenta de dor, apesar do calafrio que havia o avisado do contrário.

Ainda assim contestou.

"Esses marinas não possuem qualquer real importância." - Colocou com desprezo - "Por outro lado, você, eu preciso que continue existindo, para que cumpra nosso acordo."

"Leve Kasa contigo." - Seguiu Shun, a voz ainda mais firme. - "Isso é uma ordem."

Um arrepio subiu a espinha do deus, fazendo uma expressão de desgosto assumir sua face. Conhecia esse tom, e sabia que nada bom vinha dele. Desse modo, preferiu obedecer. Avançou o mais rápido que seu ferimento permitia, fazendo o semideus errar o golpe final, levando Kasa, completamente desnorteado, até o local proposto, sem dá-lo um segundo sequer para reagir, logo seguido por seu atacante, deixando Krishna para trás.

-...N-não tire isso de nós... Agora... - Pôde ouvir da janela, num tom alto e implorante, vindo do marina que sabia se chamar Sorento, que segurava com força a mão de um companheiro caído e coberto de sangue. -...Eu faço qualquer coisa...

Um sorriso torcido tomou sua face com essas palavras, ele estava orando, orando para Shun, oferecendo um alto preço em troca, não à toa seu senhor havia respondido tão prontamente. Mesmo que ele fosse tão compassivo, podia chegar a ser bastante ardiloso quando se tratava de acordos, para que conseguisse chegar aonde desejava.

Sabia disso melhor do que qualquer um, embora os outros pudessem se deixar enganar, sabia que Shun não era tão bonzinho quanto podia parecer. Mesmo que no passado ele tivesse sido a alma mais pura de sua época, ninguém seria capaz de se manter imaculado depois de anos convivendo com as piores atrocidades que os humanos eram capazes de cometer, ao acompanhar o julgamento de suas almas.

Essa era uma das razões pela qual o novo Imperador das Trevas havia conquistado seu respeito e lealdade. Quando precisava, sabia ser um ótimo ator, mesmo frente àqueles que o amavam.

Talvez, além dele, apenas aquele homem era capaz de ver através do olhar amoroso e sorriso empático, a alma que havia apodrecido com o passar dos anos.

“Jamais diga que fará qualquer coisa a um deus.” – Disse para Sorento através de telepatia, enquanto se preparava para saltar, o semideus, sujo com o sangue de Kasa, logo atrás de si. – "Eles sempre aceitam. Porém, você pode não gostar do preço.”

No segundo seguinte, Sorento olhou para cima ao ouvir o som de vidro se quebrando. A janela do segundo andar havia sido rompida, e dela saltavam um homem de armadura negra e cartola, com um desesperado Kasa embaixo de um de seus braços.

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Ione e Ikki, por sua vez, pouco após o momento onde um homem alto, de pele morena, cabelos azuis mar até seus ombros, sanguinários olhos vermelhos, aproximou-se, após haver simplesmente perfurado um dos Telquines, jorrando sangue sobre os garotos, também haviam sentido um incomodo em seus corações, a policial não entendia a que se devia essa sensação, soltando Benu, o devolvendo ao chão, enquanto colocava a mão sobre o lado direito de seu peito. O espectro desperto, por outro lado, abriu os olhos apreensivos.

- Maldito Kairos! – Exclamou irritado, seu cosmo tomando a aparência de chamas ao seu redor. – Eu sabia que não devia confiar Shun a ele!

- Eu me chamo Kókkino. – Introduziu-se o recém-chegado, observando entretido a reação de todos. – Aparentemente Adriatikí e Aravikó acabaram de ser mortos por alguns companheiros seus... Aravikó sempre se deixava guiar pela ira, e Adriatikí sempre foi muito preguiçoso, isso era esperado.

Continuou caminhando a passo lento em direção à Neroda. Havok, por sua vez, agilmente entrou na frente de seu senhor, estendendo os braços.

- Havok... – Nomeou o senhor dos mares, ainda espantado com a entrada repentina do semideus.

- Se você é nosso senhor Poseidon, eu sinto que te faltei com respeito milhares de vezes... - Alegou o pequeno grego, de costas para seu deus. – Agora entendo os avisos de meu pai. Mesmo assim, me perdoe minha ousadia, mas como Dragão Marinho, eu desejo agora não só te defender como meu dever, mas também porque você, meu senhor, é meu amigo.

- Oooooh! Minha nossaa! Que papo comovente! – Forjou emoção. – Lastima que meu papai nunca foste muito bom cuidado daqueles que supostamente são importantes para ele.

- Você se diz chamar Kókkino. – Respondeu Poseidon, com uma expressão séria superior à sua idade adolescente. – E me chama de pai, mas eu realmente não sei quem é você.

Uma enorme onda de cosmo começou a surgir das costas do semideus frente a essa resposta, Ikki fez menção de adiantar-se para proteger os dois, porém, antes que sequer desse um passo. Uma armadura dourada cruzou os céus, até parar, flutuante, em cima do Marina. Ela parecia ter o formato de um casco de tartaruga embaixo, e um longo pescoço onde o capacete representava sua cabeça em cima. Agilmente a escama vestiu o menino, dando a impressão que este havia ficado até mesmo mais alto.

- GRANDE LEVIATÃ!* – A energia de Havok o envolveu completamente, transformando-se aos poucos em água, para logo assumir a forma de um enorme turbilhão. Este começou a ondular, até seu topo começar a assumir a aparência do rosto de uma serpente marinha mitológica. Que avançou agilmente em direção a Kókkino, perfurando seu ataque e absorvendo suas águas, sob o som de um enorme guincho que cortou o ar.

-...Nada disso faz mais o menor sentido! – Exclamou horrorizada Ione, sem desviar o olhar, chocada, do que o menino de instantes antes havia se transformado após entrar em contato com aquela estranha armadura.

- Apesar de ser uma criança, esse moleque definitivamente é o verdadeiro Dragão Marinho. – Declarou Ikki, sério. Fechou os olhos, e para a surpresa da grega, outra dessas armaduras apareceu aparentemente do nada, dessa vez, completamente negra, com a aparência de uma imensa ave. Esta, por sua vez, desmontou-se e se dispôs sobre o corpo daquele homem, que se auto intitulava espectro, que estava levantando pelo colarinho, instantes atrás.

Não suficiente, de suas costas se abriram dois pares imensos de asas metálicas pretas.

- O que é isso agora?! – Questionou a policial, muito embora essa vestimenta a trouxesse sensações muito familiares.

- Eu não vou ficar aqui parado enquanto sinto que algo ruim aconteceu com meu irmão, esses dois sabem se virar. – Voltou-se para a grega, apontando para a esquerda. – Se quer realmente entender tudo o que está acontecendo aqui, vá para aquela direção, haverá quatro pessoas lá, e provavelmente mais um desses caras. – Apontou para a onda e o dragão que se enfrentavam entre si sob o olhar atento de Poseidon. – Mas o importante é que um dos quatro, um grande imbecil de cartola, é capaz de trazer sua memória de volta. Quanto a essas crianças, não se preocupe, nesse momento elas são muito mais fortes que você.

E prendeu voo sem esperar qualquer resposta.

-.-.-

Enquanto voava sentiu que seu corpo foi repentinamente congelado em pleno ar, tentou se mover como pôde, mas qualquer resistência parecia impossível.

- Quem diria, um espectro está ajudando por aqui. – Da janela do terceiro andar, surgia uma figura de cabelos azuis claros presos num rabo de cavalo baixo, sua pele era alva e seus olhos avermelhados com um brilho de ganância. – Eu tinha a intenção de ficar com essa bela casa quando tudo isso acabasse, mas parece que vós e meus irmãos acabaram com meus planos.

Com um simples movimento de mãos, a janela se quebrou em mil pedaços, como se tivesse sido atingida por uma enorme onda de pressão, no instante seguinte, o jovem ficou de pé no batente e então caminhou para fora em pleno ar sem qualquer dificuldade.

- Nem todos os meus irmãos gostam de apresentações, mas eu me chamo Mesógeios. Estava indo ajudar meu irmão Mávro que parece estar tendo problemas com algum de vós, mas creio que será mais interessante se eu te interceptar aqui. – Deu um sutil sorriso de lado, como se fingisse ser cordial. - Se não te importas, eu também gostaria de saber teu nome antes de te enviar de volta para o inferno.

Benu sorriu com petulância.

- Vocês são todos uns arrogantes e insolentes. – Anunciou Ikki, enquanto seu cosmo queimava com uma intensidade assustadora e ameaçante. – Eu agradeço a carona para casa, mas para seu azar, você me pegou num momento muito ruim, também estou a caminho de ajudar meu irmão e não tenho tempo para perder com um filho rebelde!

Sua energia se elevou ao máximo, rompendo assim a prisão que o prendia, uma cosmo energia intensa e flamejante que ardeu pelos céus como a figura da própria fênix reencarnada, abrindo suas asas e guinchando como o enorme dragão que se arrastava sobre os jardins. A força de Shun, que havia coberto toda a casa quando absorveu o miasma presente nela, enfraquecida por sua própria luta, não foi capaz de conter tamanha força, que se estendeu pelos céus como um pássaro que voava livre.

-.-.-.-

Shun levantou-se devagar, expressão oculta sob seus cabelos que caiam desordenados por seu rosto, sangue escorria por seus lábios, manchando seu terno, até mesmo seus sapatos.

- Prefere morrer de pé? – Questionou com arrogância Mávro, apesar de seus braços inutilizados, superconfiante sob o dano que havia causado ao outro.

- Tolo. - Anunciou numa voz fria, que fez Io automaticamente trazer Bian para mais longe da luta, um mau pressentimento passando por seu corpo. -...Achas que poderias acabar com o senhor dos mortos apenas perfurando um coração? – Ergueu sua face, seus olhos sérios e gélidos brilhando em amarelo vivo. – Tu chegaste atrasado, meu coração parou de bater há vinte anos. – Limpou o sangue que escorria de seus lábios, enquanto o semideus afastava-se horrorizado com o novo giro dos acontecimentos. - É verdade que tu ainda podes causar dano a este corpo, mas a dor que me infliges é absurdamente insignificante comparado ao que sofri ao assumir esta forma, ao que senti para tornar este corpo humano, um corpo imortal. – Provou seu ponto, fazendo com que uma das correntes que prendia a alma de um dos Telquines fosse em sua direção e com a ponta triangular fizesse um corte em seu pulso. Do ferimento, o sangue escorreu rapidamente, manchando o chão, porém, segundos depois, o ferimento simplesmente fechou-se, sem deixar qualquer sinal ou marca. O filho de Poseidon engoliu em seco, enquanto o marina consciente abriu a boca impressionado. – Portanto, esse golpe pode até ter atingido meu corpo, desestabilizando-o um pouco, devido ao longo tempo que passei sem usá-lo. Porém, o que eu senti não foi nada mais do que uma picada de agulha.

Estava novamente frente a frente com o sobrinho, que estava encurralado contra a parede.

- Contudo, o mais importante é que tu atacaste o Imperador do Submundo, enquanto ponderava em ser piedoso com tua alma. – Fez uma pequena pausa, separando suas mãos, uma em cima e outra embaixo, como se segurava uma esfera, e de fato, aos poucos uma negra brilhante surgia entre suas palmas opostas. – Io. – Chamou repentinamente em tom sério, sobressaltando o marina, enquanto fechava os olhos. – Se não quer perder tua alma e a de Bian, te aconselho a sair dessa sala imediatamente. – Mesmo sem ver, imaginou que este lançava um olhar ao corpo sem vida de Astrapí. – Já te disse que se preocupar com Astrapí é inútil, teu verdadeiro senhor está agora lutando nos jardins, pode ir ao seu encontro se desejar.

Com uma mistura de frustração, receio e raiva, mesmo estranhando a forma que o antigo cavaleiro começou a falar, o de cabelos róseos seguiu o conselho. Apoiou o corpo inconsciente de seu companheiro sob seu ombro, saindo o mais rapidamente que podia do local.

- Mávro, posso ler em tua alma que este é o nome sob o qual se intitula. – Anunciou Shun sério, enquanto seu sobrinho tentava pensar em alguma outra saída, talvez seu Ponto de Fervor o pudesse fazer ganhar mais tempo. Porém esses pensamentos foram anulados devido à frase seguinte. – Não cabe a mim julgar as almas que vão para meu reino, essa é, obviamente, a função dos Três Juízes.

A esfera brilhou com intensidade, até desaparecer, como se tivesse entrado no coração de seu criador, até ressurgir de seu peito, com uma luminosidade cega, erguendo o corpo do semideus e lançando-o contra o teto, num grito de dor.

-...Mas para ti, farei uma exceção. Julgamento Final!* – Anunciou, e assim o corpo foi consumido pela energia, desaparecendo no ato.

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Notas Finais


* Onda Negra - Golpe de Ponto, um deus primordial apresentado em Saint Seiya Episódio G. Ponto na mitologia é avô dos halianos, sendo pai de Hália e dos Telquines.

* Correnteza de Tálassa - Golpe criado por mim. Tálassa era esposa de Ponto, avó dos halianos, sendo mãe de Hália e dos Telquines.

* É dito que o golpe Sinfonia Final da Morte leva um melódico som aos ouvidos daqueles de coração e alma puras, em contra partida, os opostos escutam um som simplesmente terrível.

* Ponto de Fervor - Golpe criado por mim. Uma brincadeira com Ponto de Ebulição, ou seja, o momento de fervura em que um liquido passa para o estado gasoso, e o nome do avô dos halianos, Ponto.

* Grande Leviatã - Golpe criado por mim. Apensar de ser um monstro da 'mitologia' cristã, acreditasse que a escama de Dragão Marinho é inspirada nesse monstro, por isso, a razão de um golpe com seu nome.

* Julgamento Final - Golpe criado por mim, mas inspirado em outro. Resta adivinhar qual!

Quem é aquele homem que Kairos mencionou? Que acordo ele fez com Shun? Que preço pagará Sorento? Qual será o desfecho de cada uma das lutas?


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