1. Spirit Fanfics >
  2. Há coisas que preciso dizer sobre nós >
  3. Sobre reencontros.

História Há coisas que preciso dizer sobre nós - Sobre reencontros.


Escrita por: _Mag

Notas do Autor


É aquele ditado... Quem é vivo sempre aparece.
Sei que eu devo milhares de desculpas, sei que parece um descaso enorme passar tanto tempo sem atualizar uma fanfic, sei que provavelmente a maioria já tenha se esquecido da história, mas após séculos, eu consegui retomar Há Coisas. Espero do fundo do coração que não estejam magoados comigo, embora eu mereça, porque pode parecer que não me importo ao deixá-los tanto tempo sem a fanfic, mas tudo isso é muito importante para mim, é fundamental na verdade e essa história nunca deixou de ser especial. Vocês nunca deixaram de ser especiais. ♥
Eu terminei o capítulo agora pouco, a Amanda leu e apontou alguns erros de digitação (obrigada como sempre, bebê), mas depois eu reviso com calma, porque agora eu tô meio que uma pilha de nervos e rezando para essa espera ter valido a pena.
A fanfic voltou e para, enfim, terminar.
Obrigada a todos que me acompanham, nada do que eu possa fazer um dia irá retribuir tudo que fazem por mim!
Comecei a responder os comentários hoje, bateu uma vergonha enorme ao reler palavras tão bonitas e responder com um pedido de desculpas, irei terminar depois de postar o capítulo!
Não vou mais enrolar, agora é SEM ENROLAÇÕES.
Avise a Jesus que a vadia voltou!
Boa leitura!

Capítulo 14 - Sobre reencontros.


Ele continua lindo.

Seus olhos ainda são um castanho inexplicável e me tragam como um viciado traga seu último cigarro. Seus lábios continuam vermelhos como um fruto maduro e no formato que se encaixava tão bem nos meus, convidativos enquanto ele se vira e fala alguma coisa comigo. E sua estatura pequena ainda causa uma estranha sensação dentro de mim ao me lembrar dos nossos abraços após o sexo, como se eu devesse abraçá-lo naquele momento. Quase todos os móveis estão no mesmo lugar, mas o sofá e a geladeira são novos e eu não me lembrava da cafeteira na velha cozinha do prédio de tijolinhos.

Talvez seu corte de cabelo seja novo também, o que eu não posso garantir com toda certeza porque os fios estão molhados por causa da chuva que cai lá fora, embora o som das gotas contra o telhado do vizinho seja abafado por sua voz cantarolando uma música que não conheço enquanto KyungSoo termina de fazer o café. Meu corpo envolvido por uma toalha com um cheiro gostoso de amaciante ainda treme por ter tomado chuva e ele me garantiu que o café me esquentaria, já que o aquecedor funciona quando quer e não seria agradável eu pegar uma gripe por sua causa.

O que torna sua preocupação irônica, uma vez que sofro de uma doença ainda maior por ele.

Ficar exposto daquela forma quase me machucava, ao mesmo tempo em que eu estava feliz por pisar naquele apartamento novamente, KyungSoo o alugou outra vez quando voltou e descobriu que estava vago. Tinha o cheiro do perfume dele ali, que ainda era o mesmo, misturado ao cheiro do café que ele colocava delicadamente em duas xícaras brancas com desenhos de estrelinhas. E eu sabia que a partir de então o perfume do amaciante, o de KyungSoo e o aroma do café seria a minha combinação perfeita, porque não me restava dúvidas de que ainda o amava, não com ele diante dos meus olhos.

Era como se o tempo não tivesse passado e aquele fim de tarde fosse um dia comum de nossa rotina, entretanto, havia diferenças que eu não poderia ignorar, como seus gestos mais brandos e a maneira calma com que ele falava comigo, sem tentar me afastar e sendo gentil como se reencontrasse um velho amigo. Não éramos amigos, éramos amantes em uma intensidade corrosiva, em uma loucura, em beijos, lágrimas e brigas, mas aparentemente tudo ficou para trás, porque ele comentava sobre a marca do pó de café como se aquela fosse a primeira vez que nos reunimos em sua cozinha.

Minhas mãos tremeram quando ele me estendeu a xícara com o líquido quente, acompanhado de biscoitos com chocolate feitos por ele, algo que me fez rir brevemente, uma vez que ele me servia sempre uma cerveja gelada e não algo tão confortável como biscoitos. Tomei o primeiro gole em pé, enquanto KyungSoo se sentou à mesa e ficou olhando para as próprias mãos, um pouco envergonhado e com uma imagem mais frágil, o que era raro eu presenciar quando estávamos juntos.

Acabei o acompanhando e me sentei em uma cadeira de frente para ele na mesa de quatro lugares, pegando um dos biscoitos e provando algo que já sabia: estava delicioso. Os pedaços de chocolate derretiam na boca e acabei sorrindo por algo tão simples, quando na verdade sorria porque KyungSoo estava adorável assoprando o café quente antes de beber, às vezes me olhando como se não acreditasse que eu estava ali. O que não considerava estranho, uma vez que eu também estava um pouco incrédulo com aquela situação.

Nunca poderia imaginar que terminaria o dia naquele apartamento do terceiro andar outra vez.

Acordei com BaekHyun com metade do corpo em cima do meu, babando no meu peito e murmurando palavras desconexas, o que me obrigou a empurrá-lo sem a menor delicadeza. Nossa convivência melhorava com o tempo e conhecíamos melhor as manias um do outro, o que era bom para nossa amizade e me distanciava de uma rotina solitária. Meu primeiro pensamento do dia foi chegar à conclusão de que eu gostava do designer morando comigo, mesmo com sua falta de noção de espaço e de seu mau humor matinal.

Fiz minha higiene e lavei bem o rosto, tentando ficar apresentável para mais um período de aulas, suspirando ao ver que acumulava belas olheiras devido aos últimos acontecimentos, apesar de começar a me acostumar com a falta de Yixing. A sala dos professores era vazia sem ele, mas trocávamos mensagens durante o dia, o que me deixava mais tranquilo e amenizava sua ausência. Yixing encontrou um bom apartamento, a sede do colégio em Busan possuía uma boa estrutura e o corpo docente o recebeu bem, como eu acabei recebendo sua substituta.

Eu finalmente estava mantendo uma amizade feminina, o que fazia BaekHyun rir da minha cara e me provocar ao dizer que eu não sabia conversar com mulheres, mas estava almoçando quase todos os dias com Park SooYoung e conseguia falar qualquer assunto com ela. Joy – como gostava de ser chamada fora dos muros do colégio – era praticamente recém formada e tinha o ânimo de todo professor novato, o que eu achava encantador. Além de ela gostar dos mesmos doces que eu e sempre me oferecer um chocolate depois do almoço, pois era chocólatra e vivia com a bolsa lotada de sua guloseima favorita.

Joy tinha terminado um namoro recentemente e estava na fase de afogar as mágoas em festas, então já tínhamos combinado de sair juntos para dançar e curtir a noite quando estivéssemos livres, algo que não fazia há algum tempo e BaekHyun topou sem pensar duas vezes. O que foi um pouco estranho, porque convidei apenas ele quando estava acostumado a sair em grupo, com Luhan, Sehun e Yixing. Porém, todos de alguma forma se afastaram, restando apenas Byun, eu e nossos fantasmas que ficavam guardados no meu apartamento.

Ainda não tinha juntado a coragem suficiente para falar com Sehun e Luhan, não sabia por onde começar e simplesmente pedir desculpas não seria o suficiente, porque não era de desculpas que eles precisavam, era de tempo. Luhan eu imaginava que poderia demorar um pouco mais, por causa das outras vezes em que nós brigamos e ficamos afastados por longas semanas, entretanto, não sabia qual era o tempo de Sehun e se seria da mesma forma. Nunca tinha me afastado de Sehun e como estávamos mais próximos nos últimos meses, era diferente sentir sua falta, o que piorava somado a culpa de ter dado uma falsa esperança para ele.

- Eles vão nos perdoar. – foi a primeira coisa que BaekHyun disse de manhã ao aparecer na cozinha usando apenas uma camiseta comprida, boxer e meias brancas. – Pare de pensar tanto nisso ou vai enlouquecer.

- E você não pensa? – perguntei com um sorriso singelo, ele parecia inocente ao pegar uma maçã na fruteira e comer enquanto se sentava no balcão, desobedecendo todas às vezes em que pedi para ele não se sentar lá. – Não sente falta deles?

- Eu penso o tempo todo, eu já enlouqueci, Jongin. – suspirou. – Não quero que você enlouqueça também, okay?

- Nenhum dos dois responde as suas mensagens?

- O Sehun não responde, o Lu mandou um palavrão da última vez. – acabou rindo, era típico do Luhan fazer aquilo quando está bravo. – Eu gosto de ficar aqui, mas morei muito tempo com o Luhan, aquele apartamento era a minha casa e às vezes acho que posso ser um peso para você.

- Você não é um peso, se quiser pode até morar aqui. – ofereci. – Acho que teremos que comprar móveis novos, o Luhan provavelmente queimou sua cama, seu guarda-roupa...

BaekHyun fez uma careta de choro.

- Não brinca com isso. – murmurou, voltando a comer. – E obrigado por me convidar. – falou de boca cheia. – Tem aula até tarde hoje?

- Não, só no período da manhã. – o que era um alívio. – Me espere para o almoço.

BaekHyun ficava praticamente o dia inteiro em casa, porque seu trabalho era no computador e ele precisava de um ambiente calmo para criar, costumava sair apenas para fechar alguns contratos e ir a agência de publicidade que sempre o requisitava em algum projeto. O que era até conveniente, pois ele mantinha tudo em ordem e fazia companhia para Fumaça, que estava mais apegado a ele e gostava mais dos carinhos do Byun do que dos meus, aquele hamster traidor. E era bom chegar e ter alguém me esperando também, eu cozinhava para nós dois e conversávamos durante a noite até o sono chegar.

Dessa forma, me despedi dele com um beijo na testa e sai para trabalhar, como fazia de segunda à sexta, dando aulas durante toda a manhã e encontrando com minha nova amiga na sala dos professores. Joy era enérgica e os alunos a adoravam, embora alguns comentassem comigo que sentiam falta do professor de covinhas mais fofo do colégio. Eu sentia muita falta do meu amigo, mas ele estava bem em outra cidade, longe do que poderia o machucar e da presença de Kris, que eu não sabia se estava fazendo bem para Luhan ou não.

Torcia para ele ter mudado e estar fazendo meu melhor amigo feliz, porém, eu não poderia ter controle sobre isso, precisava me reaproximar de Luhan antes de qualquer coisa, para acompanhar de perto aquele namoro e estar preparado caso aquela história não terminasse bem. O que me deixava um pouco tranquilo era Sehun saber de tudo e ainda estar ao lado dele, porque aquele garoto era precioso demais e sempre se manteve ao lado de todos nós com seu jeito calado, sendo honesto em todas as situações, até ao negar o amor de BaekHyun.

- E aí, Bonitão, vamos almoçar juntos hoje? – Joy apareceu na sala com um sorrisinho no rosto. – Quero comer algo bem gorduroso, de preferência uma pilha de batatas fritas.

- Seu convite é tentador. – respondi terminando de guardar meu material. – Mas hoje vou almoçar em casa com o BaekHyun, está afim de conhecer o meu apartamento e almoçar com a gente?

- Hm... – murmurou sugestiva, me fazendo rir. – Esse seu amigo... É só amigo mesmo?

- Sim, ele é. – demoraria um bom tempo até contar toda minha história para a Park, mas ela sabia que existia um amor que não conseguia apagar da minha vida. – Não vai ter uma pilha de batatas fritas, mas a gente pode passar no mercado no caminho e mudar isso.

- Bonitão, você é bom em convencer alguém, mas eu tenho aula no período da tarde, preciso almoçar em algum lugar perto. – formou um bico emburrado nos lábios. – Mas, por favor, não morra de saudades, ok?

- Vou tentar. – me despedi com um beijo em sua bochecha, porque estávamos sozinhos e não seríamos vítimas de nenhuma fofoca sem sentido. – Boa sorte com a pilha de batatas.

Joy me mostrou a língua e sai da sala rindo, era boa a sensação de rir por algo tão simples, agradeci a ela mentalmente por isso e um dia poderia retribuir seu cuidado de sempre me deixar de bom humor com uma pilha de batatas fritas. Porém, a partir do momento em que deixei o colégio, comecei a sentir algo estranho, porque era Sehun que gostava de batatas fritas, hambúrguer e refrigerante como uma criança, naquela manhã eu estava pensando muito nele e em Luhan, como um sinal de que talvez o tempo que eu estava dando para tudo se acalmar me afetasse.

E ao chegar em casa, me deparei com BaekHyun sentado no sofá, olhando para a televisão que estava desligada, sem piscar ou se mexer. Tirei meus sapatos, deixei as chaves e minha maleta na mesinha ao lado da porta e me sentei ao no sofá preocupado, mas nem a minha chegada fez ele se mover. Balancei minha mão em frente ao seu rosto e, de repente, como um estímulo, BaekHyun me olhou e passou a chorar compulsivamente, me abraçando apertado.

Fiquei sem entender o que estava acontecendo, mas retribui o abraço assim que senti o contato, entretanto, eu conhecia o choro de BaekHyun por consolá-lo mais vezes do que gostaria, ele não estava triste, ele estava...

- Sehun ligou! – disse quase rindo. – A-Acho que estou louco, mas era ele, Jongin! E-Ele me ligou!

- Agora? – perguntei atônito, era uma notícia boa, não era?

- Sim, eu acabei de encerrar a ligação, ele vem aqui hoje a tarde! – me olhou com o rosto corado e molhado de lágrimas. – A gente conversou um pouco, quando comecei a pedir desculpas, ele interrompeu e disse que não precisava, porque andou pensando muito sobre nós e quer resolver tudo.

- E-Ele disse algo sobre mim?

- Disse que não está com raiva e também quer conversar com você, mas hoje nós vamos sair. – sorriu. – Eu sou muito idiota por imaginar que isso é como um encontro?

- Eu não sei, Baekkie. – ele estava esperançoso e aquilo me machucava. – Mas ele querer conversar é um bom sinal, que horas vão sair?

- Cinco horas! – limpou as bochechas e me soltou. – Eu não deveria chorar, não é?

- Não é errado chorar se você está aliviado. – o acalmei. – Sehun sempre sabe o que está fazendo, Baekkie, ele deve ter pensado bastante antes de ligar e marcar esse encontro, mas independente do que acontecer... Sabe que pode contar comigo, não é?

- Eu sei. – ele fungou, terminando de limpar as bochechas. – Hoje Sehun e eu colocamos um ponto final nisso tudo e continuamos amigos ou... Não sei, sinceramente eu não sei o que pensar.

- Então espere vocês saírem antes de tirar conclusões precipitadas. – BaekHyun tinha muito do jeito afobado do Luhan, acho que o tempo de convivência tornou os dois bastante semelhantes. – Não fique nervoso antes da hora, porque eu também vou ficar, o Sehun vem buscar você aqui?

- Sim, eu fiz mal por aceitar?

- Não, tudo bem... Eu estou pronto para encará-lo.

Não sabia se estava, mas precisava mostrar algum apoio a fragilidade de BaekHyun bem diante dos meus olhos, porque era evidente o quanto Sehun bagunçava qualquer tentativa dele manter os pés no chão. Ele era como eu, vivendo em função de um amor que não poderia distinguir entre algo bom ou ruim, mesmo saindo machucado o tempo todo. Sehun também estava ferido nesse processo e com seus ferimentos expostos, não era possível prever se um conseguiria cuidar do outro ou não.

Tentei distraí-lo enquanto o relógio não marcava cinco horas, fizemos o almoço juntos, arrumamos a cozinha e como sou um ótimo anfitrião, sai até para comprar brownie na padaria perto do apartamento porque o Byun estava com vontade. Ele comeu em silêncio e eu o respeitei, imaginava a confusão que ele deveria estar por dentro, ansioso por reencontrar Sehun depois de tudo que havíamos feitos e que prejudicou todo mundo. Uma vez em que as consequências vinham de alguma forma e sempre quando menos esperávamos, porque aquilo não era apenas sobre BaekHyun e Sehun.

Eu iria vê-lo novamente, eu ajudei a abrir uma ferida em Sehun e talvez fosse o culpado pelo o quê poderia acontecer naquele encontro, por dar falsas esperanças da última vez e ter acabado com tudo me deitando com BaekHyun. Que estava tão empolgado escolhendo suas roupas e disfarçando tão bem o medo que sentia, que precisei disfarçar os mesmos sentimentos, embora por motivos que em certo ponto acabavam se distinguindo. Eu temia perder um amigo e Byun corria o risco de perder a pessoa que mais amou em toda sua vida.

O que sempre me fazia voltar para KyungSoo.

Era sempre ele, de uma maneira ou de outra, meus pensamentos voltavam a tudo que sentimos ou não sentimos durante três longos anos.

Foi em KyungSoo que pensei ao ver BaekHyun ir se arrumar.

Foi em KyungSoo que pensei ao ir atender a porta quando a campainha soou antes do esperado.

E foi KyungSoo que eu amaldiçoei ao ver Oh Sehun parado na minha porta.

Tudo acabava nele, nos efeitos de um amor incompreensível, que machucava e acalentava ao mesmo tempo e fazia de mim um louco. Se eu sai com Sehun foi para esquecer KyungSoo e se me deitei com BaekHyun foi para provar de uma vez por todas se o esqueci ou não, sendo tolo por saber a resposta antes mesmos dos meus lábios tocarem a pele pálida de BaekHyun. Acabei os envolvendo em algo maior do que eles, do que eu e minha pobre compreensão sobre os meus sentimentos.

Sehun estava tão dolorosamente diferente, seu olhar parecia distante enquanto ele pedia licença e entrava no meu apartamento como um estranho, quase foi minha vez de chorar ao vê-lo mais sério e maduro. Ele parecia um adulto em seu jeans e na camisa branca menos social do que uma camisa comum, ostentando sua altura e seus ombros largos. Sehun era lindo e era como se eu tivesse estragado toda a sua beleza por causa de um lado egoísta e doente, esperei um sorriso ou qualquer coisa que quebrasse o clima pesado que se formou entre nós.

E recebi apenas o silêncio.

Até ele finalmente dizer algo.

- Vocês estão bem vivendo juntos?

Havia mágoa em sua voz?

- Estamos aprendendo, mas é temporário, eu duvido que o Luhan aguente viver sem o BaekHyun por muito tempo, ele reclamava, mas se tratavam como irmãos. – respondi, soltando a respiração de uma vez.

- Ele ainda não veio buscar o BaekHyun por orgulho. – ele me encarava, mas me sentia invisível. – Mas logo ele vem, porque também sente a sua falta.

- E você? – acabei rebatendo. – Sente?

- Nós somos amigos, não é? – riu fraco. – É claro que eu sinto, Jongin, mas as coisas não são simples e não seguem da maneira que a gente quer.

- Me desculpe, Sehun, de verdade eu... – me aproximei tentado a segurar sua mão. – Eu fui um idiota.

- E um canalha.

- E um canalha. – concordei.

- E um completo inconsequente. – continuou. – Porra, Jongin, você bagunçou tudo, revirou tudo em mim e... Precisava ser o BaekHyun? – e toda sua seriedade desapareceu. – Tantos caras nessa cidade para você foder e precisava ser justo ele?

- Você sente algo por ele, Sehun? – fui direto.

- Não é uma questão de eu sentir ou não, porque eu sempre senti algo por você, caso não se lembre. – era sua ferida ali, exposta. – Isso sequer é sobre mim, é sobre ele, sobre tudo que você não viu esse tempo todo. – passou a mão no cabelo, ajeitando alguns fios. – O BaekHyun é frágil, ele pode ter o lado explosivo dele graças ao Luhan, mas ele é frágil, se quebra com tanta facilidade...

- Como sabe tanto sobre ele?

- Porque eu já o quebrei uma vez e, depois de ser quebrado por vocês, sei como ele se sentiu esse tempo todo, mesmo que eu entendesse muito bem sobre amores não correspondidos. – desabafou. – Acho que esse é o carma de todos nós.

- Eu não queria causar nada disso, a culpa é minha, eu sei e vou lidar com a minha responsabilidade. – então era minha ferida sendo aberta. – Por isso entendo se você me odiar, mas eu acabei iludindo até a mim.

- Não o odeio, Jongin. – Sehun se aproximou e surpreendentemente me abraçou. – E não se sinta culpado, mas nós só estamos errando, o tempo todo, está na hora de acertarmos as coisas, consegue me entender?

O apertei, tão firme que senti até seus ossos, até sua alma.

- Sim. – ele estava certo. – Me desculpe por trair sua confiança, por envolver o BaekHyun nisso tudo, por ser tão egoísta.

- Está tudo bem. – se afastou lentamente, me encarando mais enigmático do que todas as outras vezes. – Faça apenas o que deve ser feito a partir de agora, porque eu vou fazer o mesmo, não é do perdão um do outro que precisamos.

- Por que eu sinto que estou dando voltas esse tempo todo?

- Porque você está. – voltou a sorrir. – Mas não é isso que todos nós fazemos? Damos voltar ao redor de nós mesmos, vivemos sempre da mesma maneira, repetimos os mesmos erros, nos machucamos exatamente igual, acho que é a forma masoquista que o ser humano encontrou para superar o que dói.

- Nós fazemos doer mais.

- Até nos acostumarmos. – concluiu.

E realmente doeu ver BaekHyun aparecer na sala, com o cabelo penteado, todo arrumado e com um brilho nos olhos que quase me fez chorar. Ele estava tão bonito que acabei sorrindo diante de sua imagem infantil, como um garotinho indo ao primeiro encontro com o cabelo arrumado de gel. Embora Byun fosse mais experiente do que eu em relacionamentos, era como se estivesse nu na frente de Sehun, totalmente desarmado e inseguro de uma maneira que pouco lembrava o cara que fica com várias pessoas em uma boate.

Toda sua fragilidade estava exposta e eu sabia que ele poderia voltar para casa sem seu sorriso retangular, torcendo infinitamente para estar errado.

Os dois se despediram, mas antes puxei BaekHyun pelo braço, desejando boa sorte baixinho para que apenas ele me ouvisse. Recebi um olhar esperançoso em troca e Sehun acenou, algo que era tão Oh Sehun que acabou me fazendo rir, até a porta bater e eu me deparar com a solidão e o silêncio. O que se revirou em mim enquanto me jogava no sofá e observava o céu se tornar cinza escuro, anunciando que poderia chover durante a noite, como começou a chover em mim.

Comecei a chorar, sem motivo ou por todos os motivos que se acumulavam.

Chorei por eu mesmo, por Sehun, BaekHyun, Yixing, Luhan e por KyungSoo, que no fundo também fazia parte de toda aquela trama e não era culpado de nada, porque quem o amava de uma maneira quase incondicional era eu. Quem cobrava, quem queria um amor maior do que ele poderia dar era eu, e quem permitia que todo nosso relacionamento fosse baseado em idas e vindas também era eu. Eu queria ficar ao seu lado, independente de sair machucado de seu pequeno apartamento ou de sofrer um ano inteiro por sua ausência.

Eu era a doença.

KyungSoo a cura.

“Está na hora de acertarmos as coisas, consegue me entender?”

E as palavras de Sehun finalmente fizeram sentido.

Eu precisava resolver o que tinha sido deixado para trás.

Sem pensar outra vez, peguei apenas meu celular e o dinheiro para o táxi, coloquei os sapatos que deixei anteriormente na porta, tranquei tudo e corri.

Eu corri até achar um motorista livre, passando o endereço que há muito tempo não visitava e torcia para estar ocupado, com os mesmos móveis, a mesma cama e o mesmo Do KyungSoo tomando sorvete até mesmo em um fim de tarde nublado. E conhecia cada rua, cada loja, cada esquina até chegar ao antigo prédio de tijolinhos, sentindo meu coração bater cada vez mais forte, de uma maneira que tornava respirar cada vez mais difícil.

Minhas pernas estavam moles como gelatina ao pisar novamente naquela calçada gasta, o que quase me fez desistir de tudo e me enfiar naquele táxi de volta para casa, onde era seguro.

Seguro e solitário.

Estava cansado de me sentir sozinho, enquanto não apagasse Do KyungSoo da minha vida, a sensação seria a mesma.

O céu se tornou mais escuro, o céu parecia triste e eu esperei até uma senhora sair do prédio antigo, minha única oportunidade de entrar.

- Senhora. – chamei, sendo o mais simpático possível. – Sabe se Do KyungSoo está? – perguntei como se tivesse certeza que ele ainda morava ali.

Ela hesitou por alguns minutos, como se pensasse, até sorrir ao se lembrar.

- O rapazinho que é enfermeiro e mora no terceiro andar? – confirmei e novamente ela parou para pensar. – Ah, talvez, meu querido, mas os horários dele são um pouco bagunçados, quer subir e ver se ele está?

- Se não for incômodo, é que ele não atende minhas ligações. – menti, KyungSoo mudou de número desde que foi embora.

Ela riu como se não fosse dar trabalho para ela e tirou uma pequena chave do bolso, abrindo a entrada do prédio para eu passar, avisando que deixaria aberto caso o Do não estivesse em casa. Agradeci me curvando várias vezes e corri, subi os três andares sem fôlego, parando apenas ao encostar a testa em sua porta, respirando até me acalmar.

Bati na porta.

Uma.

Duas.

Cinco vezes.

- KyungSoo! – chamei. – Sou eu... Sou eu, KyungSoo. – chorava compulsivamente e sequer notei quando as primeiras lágrimas vieram. – Eu sei que você está aí, por favor... Abre essa porta.

Nenhuma resposta.

- KyungSoo! – gritei, não me importando com os vizinhos. – Eu não aguento mais, estou tão cansado... Tão quebrado. – bati com mais força na porta. – Abre, por favor, me deixe entrar, faz parar de doer... KyungSoo...

O vazio.

- KyungSoo...

A dor de mil agulhas em minha pele.

- Kyung... – o desesperou me invadiu como um veneno. – Se um dia você me amou, abre essa porta, por favor...

O silêncio.

A resposta.

O fim.

Tudo girava e lá fora o céu começou a chorar, me afastei da porta e, um pouco tonto, consegui descer as escadas, degrau por degrau, me segurando nas paredes e no resto de mim mesmo. Meu corpo estava dolorido por inteiro e eu não sentia minha alma, não me sentia vivo, era daquela forma que tudo terminava? Aquela era nossa verdadeira despedida? Eu queria ver seu rosto ao menos uma última vez, provar de seu veneno, me intoxicar e matar qualquer sentimento que restasse dentro de mim, entretanto, tudo ainda estava ali.

Não me importei com a chuva, não sabia o que vinha do céu ou dos meus olhos, ainda chorava e estava difícil até mesmo enxergar porque a intensidade da tempestade dentro de mim aumentou. Andei lentamente até a próxima esquina, as pessoas passavam por mim e se assustavam com o meu estado, o farol estava aberto quando pisei fora da calçada, os carros ainda passavam, então ele gritou.

- Jongin!

Sua voz era abafada pela chuva.

- Kim Jongin!

Eu me virei.

Era ele.

O meu Do KyungSoo.

Completamente molhado e aflito.

Usando seu velho suéter, o mesmo que um dia eu dei para ele em seu aniversário.

Ele correu até mim.

Eu corri até ele.

E o abracei com todas as minhas forças, antes que ele se derretesse em meus braços.

- Eu senti sua falta. – sussurrei. – Eu senti a sua falta por tanto tempo...

- Idiota. – ele respondeu e apertou minha cintura. – Você é um grande idiota, Kim Jongin.

- Eu sei.

Despedidas eram dolorosas.

Mas, talvez, valessem a pena pelos reencontros.


Notas Finais


Quase não estou nervosa. ;;
Beijos, gente! ♥

- http://ask.fm/baekyeol
- https://twitter.com/ahjummag

P.S: não vou atrasar meses dessa vez.


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...