História Half a Heart - (Des) aparecido

Cinco dias haviam se passado e lá estava eu ainda deitada na minha cama, sem conseguir fazer nada, com um luto eterno... No dia do enterro da Malu, eu estava calada sentada em um canto enquanto a mãe dela falava o quão era maravilhosa coisa e tal... Eu tinha me recusado ir no enterro, mas minha mãe achou melhor eu ir, pra que? Pra sofrer ainda mais a perda da única pessoa que me ouvia e me entendia... queria dispensar, mas aquelas horas eram as ultimas que eu teria pra ver ela, a minha irmã ruiva.

Limpei as lagrimas lembrando dela e das suas palhaçadas, por que era tão dolorido perder alguém, principalmente alguém importante... Por que?!

Batidas na porta me fizeram voltar a minha triste realidade.

- Gabi...

- Oi

- Tem uma visita

- Diz que eu não quero receber ninguém

A porta abriu mais revelando outra pessoa, um homem.

- Nem o seu pai? – ele falou sorrindo

- Principalmente o meu pai – respondi com espanto – o que você esta fazendo aqui?

Meu pai estava todo de terno, de um lado segurando uma pasta e de outro um presente. Quem ele pensa que era pra aparecer agora? Logo agora que eu pensei que nada podia piorar, um morto reaparece. Ótimo.

 - Eu soube do acidente e vim saber como a minha filhinha está - Meu pai nunca se preocupou comigo, não participou da minha infância, nem adolescência, não tinha o porquê dele esta ali

- Você não acha que chegou tarde demais pra isso não?

- Estou preocupado com você Gabi...

- Você preocupado comigo? Meu deus, o que te mordeu?

 - Eu estou preocupado com você, sua mãe me ligou e me contou tudo o que aconteceu me diz filha quando você começou a beber? E por que essa rebeldia toda com a sua mãe? Estou sabendo de muita coisa sua, e estou muito decepcionado com você.

- Eu não to ouvindo isso né? Você mal chega de não sei lá aonde e já quer botar moral na minha vida, pelo amor de Deus pai!

- Gabrielle, eu vim aqui eu estou aqui com você

- Serio? E onde você estava há seis anos? Quando eu realmente precisava de você? Agora depois desse tempo todo você aparece dizendo que esta preocupado comigo? Fala serio! – Falei e me ajeitei na cama, minha mãe estava parada e calada na porta, eu só queria que ele saísse dali.

- Olha Gabrielle eu sou seu pai, eu mereço respeito.

- Respeito? Faça me o favor né pai, quem é você para me pedir respeito? Foi você que deixou eu e a mamãe sozinhas, foi você pai que nós trocou por outra mulher, foi você que foi embora e esqueceu que tinha uma filha e agora você vem me falar de respeito, primeiro aprenda a respeitar, para poder pedir – Meu pai me encarou por um bom tempo, ate a minha mãe se pronunciar com um “hanham” com a garganta.

- Marcos, melhor conversarmos lá embaixo...

- Tudo bem, vamos. – Meu pai e minha mãe saíram me deixando sozinha de volta ao meu luto.

~ Horas depois ~

Não tinha escutado mais barulho de nada, então deduzi que ele havia desistido e ido embora, vesti um roupão, calcei uma pantufa que a Malu tinha me dado e fui a escada sem fazer nenhum barulho. Observei a sala lá de cima e não tinha ninguém pelo menos isso, desci e fui a cozinha forrar o estomago. Misto quente e refri sempre me deixavam bem. Ouvi umas vozes no escritório da minha mãe, deixei as coisas no balcão na cozinha e caminhei ate a porta do escritório.

Posicionei meus ouvidos na porta e fiquei calada.

- Quando você me ligou não foi só pra falar da Gabi, certo Ana?

- Errado! Eu quero falar só da minha filha e do bem estar dela, Marcos eu acho que ela deveria passar as férias com você.

- Comigo? No Tennessee, não acho que a Gabrielle vá concordar com isso – FÉRIAS? Como?

- Ela não tem que concordar... – como não tenho? Eu tenho opinião gente! Aff odeio adultos – ela precisa sair desse clima de nova York

- Por mim tudo bem, eu preciso de um tempo com ela.

Abri a porta de vez e vi suas caras de espantados, fui pra frente da mesa da minha mãe.

- Eu não vou!

- Gabrielle! – minha mãe falou entredentes

- Não tem como, não tem escolha eu não vou pro meio do mato comm ele!

- Eu sou seu pai mocinha

- Que se dane! Eu não vou – bati contra a mesa do escritorio

- Gabi...

- Cala a boca! Você não pode ser considerado um pai! – gritei – você sumiu da minha vida por seis anos e não vai ser do nada que você vai voltar pra ela... Eu não vou e ponto final! – disse cruzando os braços.

- Você vai! Eu já comprei sua passagem, aqui não é um debate de escolha Gabrielle, é uma ordem! – minha mãe disse.

- Mãe!

- Uma ordem! – ela disse novamente.

- aaaaaahr! – gruni e sai dali correndo pro meu quarto.

Eu não sabia como nem o que falar, não sabia o que sinceramente era pior, o meu pai ter resurgido das cinzas ou agora ter essa ideia bizarra de que eu ia passar as férias com ele, passar as minhas férias todas com meu pai,uma vaca que ele chama de esposa, e todos os filhos perfeitos dele, não isso era um pesadelo! Eu tinha que acordar.