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História Half-Kingdom (Taekook - ABO) - If you fall, I will catch you


Escrita por: mariihreis e felicity_nown

Notas do Autor


oi bbs! como estão? esperamos que estejam bem 💜

não vamos enrolar muito por que é agora que o pau vai torar né haha

Trad. do título: "Se você cair, eu vou te segurar"

Capítulo 23 - If you fall, I will catch you


Fanfic / Fanfiction Half-Kingdom (Taekook - ABO) - If you fall, I will catch you

Taehyung P.O.V

 

— É isso mesmo que você ouviu — meu pai reforçou a sua fala, ainda muito bravo. Eu continuei atordoado com a situação. — E não se faça de idiota, Taehyung, você conhece a lei, não ouse tirar ainda mais a minha paciência — disse entredentes, tentando conter todo seu ódio. — Vamos esperar o Jungkook chegar para conversarmos sobre isso.

— Ele está vindo? — indaguei pasmo e meu medo triplicou. O que ele faria quando soubesse que provavelmente terei que me casar com outra pessoa?

— Já deve estar chegando, mandei meu marquês ir até Chinhwa de cavalo para trazê-los até aqui, mas pelo visto você veio antes — respondeu, ainda com resquícios de raiva e desgosto em sua voz. — Vamos esperá-lo no hall — e se virou para sair.

— Mas pai-

— Não ouse me chamar de pai! — ele se voltou para mim com seu rosto vermelho pela cólera e eu me retraí de medo. — Você é uma vergonha para mim, para o sobrenome Kim, para Haewon e para Jeon Jungkook. Você é um ômega imundo, deveria sentir nojo de si mesmo! Agora venha — ele levou sua mão para o meu braço, apertando minha pele com força enquanto me arrastava até o hall. Meus olhos se encheram de lágrimas de novo e eu não sabia dizer se era por causa das palavras que saíram da boca dele ou por causa da brutalidade exacerbada imposta contra mim.

Bogum e Jimin nos seguiram e eu olhei completamente aborrecido na direção do alfa, indagando com meu olhar o motivo pelo qual ele relatou nosso segredo.

— Você deveria ter pensado melhor antes de passar o seu cio com aquele reizinho — Bogum respondeu à minha expressão em baixo tom, como se quisesse que apenas eu escutasse, e foi inevitável de meu sangue esquentar pela frustração.

Fui jogado de qualquer jeito em um dos sofás do enorme cômodo e me encolhi ali, sentindo minha bochecha ainda arder e tive a sensação de que ela também estava inchada. O tapa foi muito forte e só de lembrar dele eu já sentia vontade de voltar a chorar.

— Quero só ver o que o Jeon vai fazer quando chegar aqui — Taemin disse enquanto andava de um lado para o outro, claramente nervoso. — Você merece mesmo uma lição.

Apenas pelo seu tom de voz eu entendi o que ele quis dizer com aquilo. Mas Jungkook jamais seria capaz de encostar um dedo em mim! Não nesse sentido cruel... não é?

— O que está acontecendo?

Ouvi a voz tão conhecida por mim invadir o hall e só de sentir sua presença amadeirada, eu já ficava um pouco mais seguro, apesar de continuar assustado com o que estava por vir.

— Onde o Tae está? Ele está bem? — o rei de Chinhwa perguntou preocupado. Ele vestia as mesmas roupas nobres de mais cedo e estava suado e ofegante, demonstrando que veio a cavalo. Sua expressão era de aflição e ele passou os olhos por todos os presentes ali, provavelmente me procurando.

E, quando ele me encontrou encolhido no sofá, veio correndo em minha direção, ignorando os bons modos da realeza, deixando de cumprimentar os três homens que estavam de pé. O alfa se agachou, ficando de frente para mim, e nossos olhares se encontraram.

— Tae? — ele indagou afável, passando os olhos amendoados e aflitos pelo meu rosto, procurando desvendar todos os meus sinais. Então ele sobressaltou-se de repente, talvez por ter visto a marca em minha bochecha. — O que foi isso? — tentou tocar meu rosto com seus dedos, mas instintivamente desviei de seu toque.

Então levei meus olhos úmidos em direção aos dele, deixando a resposta evidente. E Jungkook entendeu, porque seu rosto se transformou e ele respirou fundo, parecendo indignado.

— Quem bateu em você? — perguntou bravo, mas eu sabia que aquele sentimento não era direcionado para mim. Sua presença de alfa começou a ser sentida por todos os presentes naquele lugar.

— Fui eu, Jeon — meu pai respondeu friamente. — Taehyung passou dos limites, ele precisa ser colocado em seu lu-

— Você quem passou dos limites, Kim Taemin! — o mais novo se levantou, se virando revoltado para o outro rei. — Bater no seu filho!? Você quem deve se colocar no seu lugar!

— Você não está entendendo! Eu tive motivos para isso e tenho certeza de que quando você souber, vai agir da mesma forma como eu agi!

— Não há motivos válidos para agredir seu próprio filho, isso é ridículo e baixíssimo! Eu nunca faria algo tão indecoroso com Taehyung! — esbravejou, totalmente furioso, e a presença dos dois alfas estava tão forte que era impossível não se sentir amedrontado. Jimin não se mostrou diferente de mim, parado no canto do cômodo, retraído.

Kim Taemin pareceu decepcionado com aquela reação de Jungkook e balançou a cabeça negativamente, em reprovação.

— Duvido que seu pai se sentiria orgulhoso de quem você se tornou, Jungkook — o mais velho falou, dessa vez em um tom baixo e controlado, mas não menos ofensivo.

— Mesmo? — indagou, cheio de ironia. — Você queria que isso fosse uma ofensa para mim? Pois é realmente uma satisfação enorme saber que sou alguém diferente do que ele foi. E do que você é — continuou, enojado. — Vamos, me diga logo o que aconteceu.

— O ômega que você tanto defende perdeu a virgindade antes mesmo de se casar — meu pai contou, com uma expressão cheia de escárnio, como se ansiasse ver a reação de espanto do rei de Chinhwa, mas isso não aconteceu.

Afinal, ele já sabia dessa informação.

— É sério que você fez esse alarde todo só por causa disso? E ainda bateu nele!?

— Você já sabia? — Bogum finalmente se pronunciou, muito surpreso pela reação pacífica de Jungkook, e isso só deixou na cara que ele queria mesmo criar o caos em nossas vidas.

Então o mais novo enfim notou aquele outro alfa ali e o olhou de cima a baixo com desdém. Pelo visto, Jungkook já tinha entendido toda a situação e soube que ele foi a pessoa com quem tive minha primeira vez.

— Huh, sim, eu já sabia, e não vejo razão para todo esse escândalo — bufou. — E você é quem?

— Duque Park Bogum, Majestade — respondeu com sarcasmo e Jungkook apenas arqueou suas sobrancelhas, claramente não dando a mínima ao título nobre dele. Insignificante, era isso que Bogum era.

— Você entenderia todo esse ''escândalo'' se soubesse que agora o Taehyung, por lei, vai ter que se casar com o Bogum — meu pai revelou e dessa vez a reação de incredulidade se fez presente no outro rei, que pareceu muito atordoado com a notícia. — Quando um ômega perde a virgindade, é direito do alfa o ter como sua propriedade, e agora o duque está reivindicando o seu direito sobre Taehyung.

Por um momento, Jungkook se mostrou perdido e extremamente confuso, deixando evidente que não tinha conhecimento dessa lei. Em seguida, olhou de maneira assassina para o Bogum, seus olhos ganharam um brilho selvagem e ele avançou na direção do duque, que se retraiu de medo. Por um momento, jurei que Jungkook fosse atacá-lo. Eu não acharia ruim caso acontecesse.

Porém, meu pai alcançou o braço do outro rei antes que algo violento ocorresse.

— Calma, Jeon — Taemin disse.

— Que merda de lei é essa? — Jungkook questionou retoricamente, ríspido e cético.

Se soltou do meu pai sem um pingo de sutileza, passando a andar de um lado para o outro, pensativo.

— Eu preciso ficar a sós com o meu marido — falou para todos, irredutível, marcando seu território somente com essa fala.

— Precisamos falar sobre isso agora, Jeon — meu progenitor tentou insistir naquela discussão, mas o alfa mais novo parecia impassível.

— Não vou falar nada com ninguém sem antes conversar com Taehyung — ditou. — Agora saiam.

Os três se retiraram e, antes disso, Jimin me lançou um olhar cheio de medo e carregado de pesar, como se sentisse pena de mim. E eu só queria que ele me envolvesse nos seus braços, que me dissesse que tudo aquilo só estava sendo um pesadelo e que logo logo eu acordaria desse sonho horrível. Mas não era pesadelo nenhum, era tudo real.

E eu tirei essa conclusão quando senti o estofado macio do sofá se abaixar ao meu lado, mostrando que Jungkook havia se sentado ali. Não ousei levantar meu olhar para ele, muito constrangido e abalado com toda a situação.

— Olha, eu sei que você está mal e que provavelmente não quer falar sobre isso, mas nós temos que conversar, Tae — ele disse com um tom de voz muito ameno, completamente diferente de poucos minutos atrás, e era possível sentir seus olhos postos sobre mim. Eu só assenti levemente, tentando não chorar. — Você quer se casar com ele? — perguntou, a voz saiu falhada. Foi somente assim que percebi que tudo isso que está acontecendo agora também estava o afetando. Me virei para ele nesse mesmo instante.

— Não! — não hesitei em responder, ávido, e inevitavelmente lágrimas já foram formadas no canto dos meus olhos. — Eu não quero, Jungkook! Eu não sabia que ele ia fazer isso comigo e eu realmente não queria que tivessem te envolvido nessa bagunça toda! — falei rapidamente, tropeçando nas minhas próprias palavras enquanto o choro já corria lentamente pelas minhas bochechas.

— Ei, calma — ele falou mansamente, segurando em meus ombros de maneira reconfortante. — Você não tem culpa de nada disso, está bem? Esse tal Bogum que foi um idiota por ter te traído ao contar um segredo e ainda mais por ter agido tão desonrosamente com o fato de que você confiou sua virgindade a ele — falou e eu desviei o olhar, muito envergonhado. — Não sinta vergonha disso, Tae. Você não fez nada errado e não há problemas nisso — garantiu, colocando seus dedos no meu queixo, erguendo-o um pouco, e eu levantei meu olhar marejado para ele. — O que você quer fazer?

— Eu quero ficar com você, Kookie — choraminguei, olhando-o nos olhos, e o mais novo pareceu surpreso com minhas palavras, sem saber exatamente como reagir. — Não quero ser de mais ninguém — desabafei, voltando a chorar com mais intensidade.

Após um tempo estático e em silêncio, como se tentasse digerir minha fala, Jungkook se aproximou de mim e passou um de seus braços pelas curvaturas dos meus joelhos, erguendo meu corpo apenas o suficiente para me colocar sentado em seu colo, me aninhando em seu calor corporal extremamente confortável e no seu cheiro acolhedor. Me senti protegido instantaneamente.

Eu segurei firme na vestimenta dele, escondendo meu rosto em seu peito, chorando muito, deixando toda a mágoa, raiva e desgosto sair de dentro de mim. Seus braços me apertaram com mais força, em busca de me reconfortar. Era indescritível o fato de que só bastava estar no abraço dele para que todas as ameaças do mundo sumissem, porque ali eu sabia que estaria sã e salvo, longe de qualquer coisa que pudesse me machucar e, caso eu já estivesse machucado, seria no abraço de Jeon Jungkook que minhas feridas iriam cicatrizar.

— Se é isso o que você quer, então vamos dar um jeito em toda essa situação, juntos — falou baixinho e só então notei que ele sorria minimamente, provavelmente porque se sentiu satisfeito com o que ouviu de mim.

E eu sequer tive tempo para me sentir tímido ou constrangido pois, ao levantar meu rosto para o Jungkook, ele ocupou meus lábios com os seus, num beijo singelo e terno, me passando segurança e a certeza de que, não importa como ou quando, no final ficaríamos juntos.

Seu hálito quente e saboroso envolveu meu paladar, trazendo um gosto de lugar seguro junto de sua saliva doce, e eu me derreti sob sua língua quente, ainda soltando algumas lamúrias e choramingos durante o beijo, desejando que aquele momento jamais chegasse ao fim. Minhas mãos alcançaram a nuca dele e eu procurei sentir sua pele macia enquanto me deleitava daquele beijo.

Seus braços me envolveram de tal forma que eu me senti numa redoma repleta de amor, cuidado e carinho. Me senti num lugar inalcançável para qualquer mal ou dor, e aos poucos os sentimentos negativos dentro de mim se desfizeram, apenas com aquele beijo e a presença do alfa. E eu soube que tudo ficaria bem, contanto que eu o tivesse ao meu lado.

Mas isso era muito egoísta, porque Jungkook era um rei e tinha Chinhwa para governar. Eu não poderia ocupar todo o tempo dele com uma confusão que criei sem intenções.

Nos separamos do beijo, porém continuamos com os rostos próximos, nossas respirações estavam descompassadas e nossos lábios, vermelhos. Eu abri meus olhos vagarosamente e encontrei o alfa me olhando com tanto carinho que um calor se apossou de meu peito. Ele elevou seus dedos até minha testa, tirando minha franja dali com delicadeza, deixando um selar logo em seguida.

— Vou ficar aqui em Haewon com você até que tudo se resolva — disse, ainda afagando minhas madeixas loiras.

— Mas e o seu reino? Você tem um povo para cuidar — o lembrei, pesaroso. Eu, de verdade, gostaria de tê-lo comigo, mas eu sabia que não era certo.

— Vou escrever uma carta para o Yoongi. Ele, junto com o Parlamento, vão saber governar tudo corretamente, não vai ser um problema. Não vou te deixar sozinho, ainda mais depois de saber que seu pai te bateu — justificou desgostoso, se mostrando, mais uma vez, irredutível. — Eu detesto seu pai. Detesto, detesto, detesto!

Sua mandíbula estava travada e isso deixou sua raiva evidente, até mesmo sua presença de alfa oscilou, mostrando o quanto ele estava irado. Mas, ao mesmo tempo, ele parecia tentar se controlar, justamente para não soar agressivo como meu pai.

— Não foi nada, ele estava de cabeça quente e-

— Taehyung, jamais diga que ''não foi nada'' — Jungkook olhou sério nos meus olhos, sua expressão estava rigorosa. — Ninguém tem o direito de te agredir, nem mesmo o seu pai.  Ele violou sua integridade física e eu me sinto péssimo por não ter chegado antes — suspirou. — Eu sabia que eu não deveria ter te deixado ir embora do meu castelo, deveria ter te sequestrado mesmo — e balançou a cabeça negativamente, decepcionado consigo.

E isso me fez rir baixinho, trazendo uma sensação ínfima de bem-estar, porque era assim que eu me sentia sempre que estava com ele.

— Vou conversar com seu pai agora. Vamos para seu quarto e para que você descanse, com certeza deve estar muito exausto psicologicamente. Eu vou resolver toda essa situação, eu prometo — e selou nossos lábios rapidamente, me impulsionando para levantar do seu colo. — Vou te levar até lá e chamar o Jimin para cuidar de você.

 

* * *

 

Jungkook P.O.V

 

Meu coração palpitava a cada segundo, pois quanto mais eu pensava sobre o assunto, pior eu me sentia. Mal eu conseguia imaginar, então, o que o Taehyung deveria estar passando.

Eu inspirei profundamente, tentando me transmitir calma, antes que eu finalmente adentrasse a sala em que Taemin me esperava. Minha cólera inflou ao vê-lo novamente. Ele me olhou cheio de expectativas, como se esperasse uma reação diferente de mim. No entanto, pareceu decepcionado quando me mantive impassível de novo.

Arqueei a sobrancelha diante disso. Ele realmente pensou que eu mudaria de ideia?

— Me explique como funciona essa lei — eu pedi, tentando ao máximo ser direto e formal.

Isso porque eu não queria ter outro surto para cima dele, por mais que, no fundo, eu desejasse isso.

Respirei profundamente mais uma vez, lembrando a mim mesmo: por Taehyung.

— Não há muito a ser explicado, Jungkook — ele falou, impaciente.

Diferente de mim, o alfa não parecia querer evitar conflitos.

— Claro que há! — exclamei, indignado. — Afinal, qual o propósito de uma lei incoerente como esta?

— ''Incoerente''!? — ele bradou, parecendo ofendido.

Taemin balançou a cabeça negativamente, como se desaprovasse minha atitude. Mas, ainda assim, voltou-se para mim, sentando-se numa poltrona esverdeada no canto da sala, induzindo-me a fazer o mesmo. Preferi me sentar numa poltrona um pouco mais longe, a uma distância que me fizesse ouvi-lo, mas que evitasse algum provável descontrole de minha parte. Eu sentia resquícios de ira correndo por minhas veias e isso ficava ainda mais sensível junto daquele homem à minha frente.

— Bom, como eu espero que você já saiba, é uma tradição que o ômega preserve sua virgindade até o casamento. É o considerado puro, correto. Assim, o sexo tem o único propósito de reprodução — ele foi explicando, ao mesmo tempo que eu tentei ao máximo controlar minha feição de desgosto; agradecendo mentalmente por ter escolhido aquela distância segura. — Então, foi esperado que se tornasse uma lei. Apenas transformaram o óbvio em algo legítimo.

— Somente me diga, como contornar essa situação? — eu perguntei, querendo ser direto, pois quanto mais eu ouvia qualquer merda saindo da boca dele, mais eu queria devolver o que ele fez contra Taehyung, só que mil vezes pior. — Taehyung não quer se casar com Bogum, você sabe disso — inconscientemente, meu coração aqueceu só de pensar que, na verdade, era comigo que o ômega queria se casar.

Se casar de verdade.

E, pela primeira vez, o rei pareceu concordar comigo, assentindo levemente.

— Embora eu pense que Taehyung não tem que querer nada, percebo que você possui intenções de manter o casamento. Concordo com isso e saiba que priorizo sua vontade, visando nossas conexões econômicas — e limpou a garganta. — Se esse casamento entre Bogum e Taehyung acontecer, não vai ser bom para minha imagem — falou mais para si mesmo, desviando o olhar. Eu franzi o cenho.

— Que imagem? — quando eu vi, mal pude controlar minha fala.

Mas, no final, valeu a pena ao ver a feição do mais velho se distorcer em indignação.

— O quê?

— Eu quis dizer, como vamos manter essa... imagem? — reformulei a frase.

Taemin olhou para mim com uma pose relaxada, como se já soubesse exatamente o que fazer.

— Vai ser fácil. Bogum é um duque, dificilmente a corte vai levar em conta a denúncia dele. Nós estamos acima na hierarquia, Jungkook. Nossa palavra vale mais.

No entanto, eu arqueei a sobrancelha com as suas palavras, duvidoso. Eu definitivamente não acreditava no que ele dizia. Depois de tudo que eu já passei em meu reinado, eu sabia que os nobres eram tudo, menos confiáveis.

Eles nunca quiseram uma monarquia, afinal.

— E se a denúncia não for revogada?

— Ela vai...

E se, Taemin? — eu repeti, firme e impaciente.

O rei olhou em minha direção, parecendo profundamente arrependido e decepcionado por eu não cumprir suas expectativas de ser um babaca como ele é, e como meu pai foi. No entanto, ainda voltou-se para mim, mantendo uma pose defensiva.

— Você sabe como funciona a lei, Jungkook — ele disse e foi o necessário para que eu finalmente compreendesse.

Eu ofeguei, extremamente exausto com a situação.

Taehyung passaria por um julgamento e definitivamente não seria nada fácil vencer contra a nobreza; esse bando de cobras pareciam realmente dominar os tribunais. Mas, opcionalmente, ele poderia apelar a inocência por um combate; só que essa era uma escolha igualmente arriscada.

— Você tem que mandar o seu ômega negar até o fim, certo, Jeon? — ele voltou a falar, muito sério. — É a única maneira para ele ser considerado inocente, então insista. Ninguém poderá saber que ele é impuro.

Crispei os lábios, tentando conter uma resposta ácida. Era indignamente ver que ele parecia evitar chamar o próprio filho pelo nome e se referia a ele como o "meu ômega", e ainda por cima achar que eu tinha o direito de ''mandar'' Taehyung fazer algo.

— Para onde vai? — o alfa questionou quando eu já me encontrava na porta.

— Falar com o Taehyung.

— Nós precisamos decidir, Jungkook!

Eu bufei impaciente, lançando-lhe um olhar que eu podia ter certeza de que foi cominador. Não me arrependia, no entanto; Taemin merecia bem pior depois do que fez Taehyung passar.

— Não temos que decidir nada. Essa é uma decisão só do Taehyung e você sabe disso — falei e voltei a me aproximar dele, fazendo questão de manter nossos rostos próximos. — E jamais ouse encostar um dedo nele novamente ou eu juro que não responderei por mim mesmo caso isso ocorra uma segunda vez. Prometo que se isso acontecer, você nunca mais verá seu filho de novo — foi tudo o que eu disse antes de me retirar, deixando o alfa a sós com sua feição enraivecida.

Mesmo assim, eu acelerei os passos, a fim de chegar no quarto do loiro o mais rápido possível. Por isso, tentei ao máximo me recordar o caminho baseado no que me lembrava deste castelo.

Desviei de inúmeros corredores, atraindo a atenção de servos, que me cumprimentaram, mas pareciam estranhar o meu comportamento nada nobre. As cortesias de um rei, definitivamente, não me importavam agora, pois tudo o que eu queria era chegar no meu ômega.

No entanto, eu ofeguei em surpresa num desses corredores. Parei no meio do caminho, atraindo a atenção do outro alfa, que também pareceu abismado com a minha presença ali.

Era a pessoa que eu menos esperava encontrar, agora, neste castelo.

Era, também, aquela que eu menos gostaria de ver novamente, depois de tanto tempo.

— Jungkook!? — ele exclamou, quase sem reação, porém erguendo uma pose defensiva.

— O que você está fazendo aqui!? — minha voz soou irritada.

Uma onda de sentimentos nostálgicos me atingiu no momento. Eu senti raiva, decepção, vingança. Tudo caiu sobre mim de uma maneira avassaladora, corroendo-me por dentro, e eu soube que precisava externar tudo isso.

Eu já o havia deixado escapar uma vez, e eu não deixaria de novo.

Então, eu não pensei duas vezes antes de ir em sua direção, com toda minha cólera acumulada.

 

* * *

 

Taehyung P.O.V

 

Afundar no colchão do meu quarto fez o meu peito se revirar inteiro, num misto de sensações.

Talvez porque eu já estivesse acostumado com isso, pois sempre que meu pai pisava na bola, eu fazia esse mesmo ritual: me jogava em meu colchão, chorava bastante, e Jimin aparecia logo em seguida com alguns biscoitos roubados da cozinha.

Mas, dessa vez, era diferente.

Eu não estava apenas decepcionado com o meu pai, mas também com Bogum, cuja virgindade confiei; e também com a sociedade em si, por impor o que eu devo fazer com o meu próprio corpo.

Além disso, outra coisa havia mudado e eu reparei nisso quando vi a porta abrir, revelando duas pessoas, o que indicava que Jimin não estava sozinho para me consolar.

— Jin? —  eu falei, sentando-me na cama, confuso; ele não costumava aparecer quando eu me sentia mal.

Crispei os lábios. Tínhamos mudado também, pois antes nossa relação era formal demais, mesmo que eu sempre tentasse ultrapassar essa linha. Mas, atualmente, havíamos nos tornado amigos de fato. E eu gostava disso.

O ômega sorriu ternamente para mim, como se confirmasse que realmente estava ali para me dar apoio. Os dois sentaram-se na minha cama, um de cada lado. Reparei também que havia uma bandeja de cupcakes nas mãos do mais velho, enquanto meu conselheiro carregava um pequeno balde com água.

— Meus cupcakes sempre fazem qualquer um se sentir melhor — Seokjin disse mansamente.

Eu observei os bolinhos, reparando que deveriam ter sido feitos com muito carinho. Tinham uma cobertura rosa com alguns granulados coloridos, além da textura macia. Eu sorri, achando fofo, e levei o alimento à boca, mesmo sem tanta de vontade de comer. No entanto, quando dei a primeira mordida, a massa dissolveu-se em minha língua e meu estômago revirou-se, porque estava realmente uma delícia.

Contudo, ao contrário do que qualquer um esperava, um rio de lágrimas escaparam ao sentir aquele sabor por algum motivo, como se a glicose tivesse desencadeado um gatilho em mim e eu tive a necessidade de externar tudo que estava sentindo. Então, eu desabei.

Mesmo assim, os dois ômegas ao meu lado aproximaram-se, sem falar uma palavra sequer ou demonstrar algum sinal de julgamento. Eles apenas me abraçaram com muita ternura, me permitindo chorar mais.

— Eu... não entendo — finalmente pronunciei, mesmo depois de tanto tempo. — Como eu pude ser tão idiota...? Eu praticamente vivo para evitar esse tipo de situação e acabei em uma! — eu bradei em fúria, sentindo mais lágrimas se formarem no canto dos meus olhos.

— Não é culpa sua ele ser um babaca, Tae — Jin falou, acariciando meus cabelos.

— Mesmo que ele tivesse alguns comportamentos duvidosos, você não tem culpa de não ter notado — Jimin se pronunciou pela primeira vez, afagando minhas costas.

— Vocês estão certos — concordei, suspirando em meio às carícias dos dois, que faziam eu me sentir acolhido. — Mas e agora? Não quero me casar com ele!

— Sabemos, Tae — Jimin assentiu, em meio a um suspiro cansado. — E nós daremos um jeito nisso — garantiu, firmando os seus dedos pequenos nos meus. Jin fez o mesmo, e eu sorri, sentindo-me melhor. — Agora venha, deite aqui e me deixe colocar o pano molhado em sua bochecha.

Meu melhor amigo me puxou pelos ombros para que eu pudesse deitar em seu colo. Em seguida, tirou um pano do balde com água que trouxe e torceu o tecido, logo depositando-o no lado do meu rosto atingido pelo tapa de meu pai. Senti a região, antes quente e dolorida, se anestesiar pelo contato do pano gélido. Até mesmo me senti melhor depois disso.

— Por que os alfas são tão idiotas? — indaguei repentinamente, observando o teto bonito de meu quarto enquanto minha cabeça ainda estava no colo de Jimin. — Eles juram que são melhores, que podem chegar com os privilégios deles e pisar em nós, ômegas e betas. Se acham os donos de tudo, de nosso corpo, de nossas ações e de nossas palavras. E, caso algo não ocorra como eles querem, ainda nos batem. Ridículos.

— Eu entendo a sua indignação, Taehyung, mas não se pode generalizar — Jin interveio, afagando meus fios dourados. — Nem todos os alfas são assim. Jungkook e o Namjoon são exemplos disso.

— O Yoongi também... — Jimin completou, tímido, as bochechas ganhando uma coloração rósea adorável.

— Vocês têm razão, não são todos os alfas que são ridículos assim, apenas aqueles que se assemelham ao meu pai e ao Bogum — concordei. — Argh! Eu não quero me casar com ele! Imagina só estar com alguém que gosta daquelas roupas horríveis!? Sério, por que ele usa tanto verde com vermelho? Parece o papai Noel! — eu bufei com indignação, arrancando risadas dos meus amigos.

O clima parecia pesar menos agora.

— Ele usa tanto gel que eu consigo ver o cabelo dele brilhar a quilômetros! Quem que usa tanto gel assim!? — Jimin acrescentou, entrando na onda e nos fazendo rir ainda mais.

Eu balancei a cabeça, dando mais uma mordida em meu delicioso cupcake. Dessa vez, o gosto doce se dissolveu, e eu não quis chorar. Na verdade, me senti mais leve. Eles realmente fazem qualquer um ficar melhor, afinal!

— Falar mal dele... me deixou melhor, até. Vamos, me digam mais coisas ruins sobre ele! — pedi com animação e os ômegas pareceram pensativos com isso.

— Ele não tem uma bunda legal — Jin falou de repente, dando de ombros, e nós nos viramos para ele na mesma hora, surpresos; quando que ele havia se tornado assim? — O quê? Isso conta muito para mim! Ou não viram a do Namjoon?

Essa foi a gota d'água, e acabou que nós três afundamos em gargalhadas, em meio a um clima que contrastava completamente com o de alguns minutos atrás. Eu enxuguei o canto dos meus olhos, que agora continham lágrimas de riso, e não mais de tristeza.

Meu coração pulsou no mesmo instante. Estar ao lado deles me fez perceber que, com certeza, eu ia sair dessa. Em hipótese alguma eu estaria sozinho. De repente, me senti um ômega muito sortudo por ter todos eles ali comigo.

Nós três pegamos mais cupcakes, mantendo um silêncio confortável.

— O Jungkook tem uma bunda legal... — dei continuidade ao assunto, falando em meio a um suspiro e sem ter medo de soar como um tolo apaixonado.

Mas, antes mesmo que os ômegas pudessem concordar, um baque alto chamou nossa atenção. Nós três entramos em alerta e trocamos olhares duvidosos, nos levantando subitamente para correr em direção ao corredor, de onde vinha o barulho.

Mas quando chegamos no local, nós ofegamos em surpresa.

— Jungkook!? — exclamei, descrente.

— Namjoon...? — Jin parecia tão surpreso quanto eu.

Isso porque ninguém esperava ver os dois alfas brigando.


Notas Finais


e vcs acharam que os conflitos tinham acabado né?? haha mas o que será que aconteceu entre o JK e o Namjoon hmm?

e aquele trio é a coisa mais fofaaa e eles falando mal do Bogum foi tudooo kkkk e o Jin ein, minha gente 😳

enfim, as coisas ainda vão começar a desenrolar para eles, só queríamos saber: como vocês acham que eles vão sair dessa? rs

esperamos que tenham gostado 💜💜

e nao se esqueçam de dar uma olhada na fic perfeitaa da @m4ry_tk e da @Biih-san (que tbm é ABO):

https://www.spiritfanfiction.com/historia/tres-e-melhor-do-que-dois-taekook--abo-20695893


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