História Harry Potter e a Serpente de Cristal - Capítulo Bônus

O lugar era lúgubre e empoeirado, poderia estar intocado pelos últimos mil anos, mas a luz que vinha das janelas dizia algo diferente. O homem bateu na porta suavemente e teve de esperar longos minutos antes que ela fosse aberta.

- Esta será uma das noites mais estranhas de toda a minha vida. – Disse Sirius Black dando passagem ao recém-chegado. – A casa está cheia de ratos, talvez sua cobra possa ajudar em alguma coisa, mas o rato nas masmorras é meu.

O homem estava completamente diferente desde a última vez que se encontram a menos de três meses, ainda estava magro e com aspecto doentio, mas o banho e o corte de cabelos sem dúvidas fez milagres para sua aparência.

Lorde Voldemort se permitiu um pequeno sorriso que era imperceptível ao outro homem, ele caminhou até a sala de estar e se sentou como se fosse dono do lugar. Black bufou e o seguiu jogando-se em uma poltrona em frente a lareira que levantou ainda mais poeira. Voldemort irritado, acenou com sua varinha e rapidamente o lugar estava impecável, Black revirou os olhos.

- Eu mesmo teria feito isso, mas acontece que não tenho mais uma varinha. – Lamuriou-se o homem infantilmente. – Todo esse trabalho e não pude falar com Harry por mais de dez minutos... Remus não deveria estar lá.

- Você foi um tolo. Levar o garoto Weasley para a Casa dos Gritos, era a coisa mais estúpida que alguém poderia fazer... – Rebateu Voldemort, sua voz sibilada fazendo o homem se arrepiar visivelmente.

- Eu queria pegar aquele maldito rato, mas o idiota do garoto não o soltava por nada.

- Você deveria ter me dito que Pettigrew estava vivo.

- Para que? Pra você matá-lo?! Nem pensar, aquele pedaço de lixo é meu. E tem mais, eu não sou seu subordinado. Tenha isso em mente.

- Você deve ter em mente que a única razão de você estar fora de Azkaban é porque EU te tirei de lá, e EU sou o único que pode fazer você se aproximar de Harry. – Bradou Voldemort se irritando com a insubordinação do homem.

- Você é a razão de eu ter ESTADO em Azkaban para começo de conversa. Você deveria ter detido Dumbledore, Lilian e James deveriam estar vivos...Tudo isso é sua culpa. – Acusou o homem levantando-se repentinamente. – Onde está Regulus?

Voldemort encarou o fogo trepidando na lareira por um longo tempo, sabia que cedo ou tarde teria de ter aquela conversa com Black, mas ele desejava ferrenhamente que fosse tarde, contudo seus planos dependiam da cooperação do homem, ele engoliu um suspiro resignado, decidido a não mostrar qualquer emoção.

- Seu irmão está morto. – Os olhos cinzentos de Black se arregalaram. – Regulus foi morto alguns dias depois dos Potter. Junto com dezenas de outros comensais.

- Como? Por que?

- Aquela noite foi um caos, muitos dos meus comensais foram capturados, assim como você foi, mas a maioria não teve a sorte de ser mandado para Azkaban. Aqueles que não tinham qualquer informação útil foram executados, e muitos outros morreram durante interrogatório nos dias que se seguiram. Seu irmão foi um deles.

- Quem o interrogou? – Sirius sabia como os interrogatórios eram feitos, até descobrir sobre o plano de Dumbledore ele próprio presidiu alguns deles.

- Alastor Moody. – Respondeu o homem e Sirius pareceu compreender imediatamente o peso dos acontecimentos, ele se sentou novamente.

Alastor era louco, obcecado com a perseguição aos bruxos das trevas, muitos do aurores o consideravam cruel e insano, muitas de suas ações beiravam o sadismo. Sirius conhecia o homem, foi treinado por ele, e podia imaginar perfeitamente o quanto seu irmão sofreu antes de morrer, ele desejou que ele próprio pudesse tê-lo matado.

- Vou matá-lo.

- Antes de fazer algo estúpido, pense. Você foi um auror, e como auror certamente aprendeu que matar alguém simplesmente por vingança te faz perder uma grande fonte de informação. E desperdiçar uma possível vantagem tática.

- Eu não preciso escutar você seu bastardo. Não estou do seu lado nem NUNCA estarei! – Gritou Sirius se levantando outra vez.

- Nagini, prenda-o. – Disse Tom e a cobra antes deitada no chão se moveu com incrível agilidade, enrolando firmemente o corpo do outro bruxo, suas presas se mantinham a uma distância milimétrica de sua jugular esperando o comando de seu mestre para acabar com aquela vida. Voldemort se levantou e ficou parado na frente de Black. – Entenda uma coisa Black, eu não tenho paciência com pessoas estúpidas e nesse momento você está sendo imensamente estúpido. Você só está vivo porque pode me ser útil e porque temos um objetivo em comum...

- Que objetivo em comum eu poderia ter com você?! – Murmurou o homem tomando cuidado de não se mover muito, as presas de Nagini poderiam matá-lo a qualquer momento.

- Muitos na verdade. Para começar queremos Alastor Moody fora do caminho, queremos Dumbledore desmascarado e queremos a segurança de Harry Potter!

- Fingindo por um segundo que eu acredite que você quer proteger o Harry… O que acontece quando Dumbledore for desmascarado? Você toma o controle do mundo bruxo e mata todos os nascidos trouxa?!

- Você não sabe de nada Sirius Black, a única coisa que conhece dos meus planos são baboseiras manipuladas que Dumbledore conta a todos… Você realmente acha que eu teria tantos seguidores se meus planos fossem tão medíocres assim?! Nascidos trouxas não me incomodam, o único problema com eles é a contaminação cultural que sofreram dos próprios trouxas com quem vivem e isso pode ser facilmente resolvido...

- Você quer dizimar os trouxas então? – Perguntou o outro, a raiva ainda era clara em sua voz e Voldemort riu.

- Dizimar os trouxas?! Isso é ridículo e extremamente inviável, principalmente se considerarmos o quanto sua tecnologia evoluiu em comparação com qualquer coisa no mundo bruxo. Não quero dizimá-los. Meus planos para eles são mais eficientes e muito mais inócuos. Mas esse não é o ponto agora.

- E qual é o ponto?

- Você é o ponto! – Disse o homem, encarando-o profundamente – Seu relacionamento anterior com Remus Lupin, e sua ligação com Harry Potter, além de suas habilidades como bruxo e conhecimento interno das estratégias de Albus Dumbledore tornam você uma peça valiosa… Eu te soltei e permiti que encontrasse Harry em Hogwarts, embora tenha sido um exercício inútil e quase catastrófico. Cumpri com a palavra que lhe dei e agora quero que você cumpra com a sua...

- Eu não costumo voltar atrás com a minha palavra. – Disse o outro orgulhosamente, mesmo que contrariado.

- Então pare de se comportar como uma criança mimada, temos coisas a fazer e medidas a tomar, Dumbledore sabe que eu estou de volta e logo logo fará um movimento, está na hora de eu fazer o meu.

- O que devo fazer? – Perguntou o homem resignado.

- Deve encontrar Remus Lupin e convencê-lo de que Dumbledore é uma fraude.

- Eu planejava fazer isso de qualquer forma. Considere feito.

Voldemort riu outra vez da arrogância do ex-grifinório a sua frente.

- Vai ser muito mais complicado do que você imagina! – Disse ele estalando os dedos para indicar que Nagini poderia soltá-lo. – Lupin se encontra neste momento vivendo com Severus Snape e ele é a única forma de você se aproximar de seu antigo namorado.