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História Harvest Moon: Life In Summer Valley - O Lado Loiro


Escrita por: LorenaLuiza e Balleseros

Notas do Autor


Um ladrão muito safadinho entra em cena. :D

Capítulo 5 - O Lado Loiro


POV. LOUISE
A temperatura esquentando no fim da primavera já mostrava que o verão estava aparecendo. Sempre ficava quente demais em Summer Valley, o que fazia os animais ficarem irritados e produzirem menos. Precisávamos fazer algo para refrescá-los e, ao ler um catálogo, tive uma ideia. Fazer um pequeno lago no meio do campo onde as vacas pastavam e as galinhas ciscavam. Mas, para isso, precisaríamos de dinheiro e estávamos quase sem nada, o que complicou um pouco. Então, estabeleci uma meta. Conseguir grana para o tal laguinho até a metade do verão. E para isso precisaríamos economizar bastante.
Dylan pensou em se esforçar para ganhar a competição no Festival de Vacas, pois se ele ficasse em primeiro, segundo ou terceiro lugar ganharia um pouco de dinheiro. Não acreditei muito nisso de vencer, mas não quis colocar meu irmão para baixo. Então o animei e o incentivei a dar seu melhor.
A coisa estava tão feia naqueles tempos que mal tive dinheiro para comprar as sementes que eu precisava. Pensei em plantar abacaxis, de acordo com uma pesquisa que eu tinha feito, eles dariam mais lucro apesar de demorar mais para crescer. As sementes eram caras demais e não pude comprá-las. Tive que me contentar com sementes de cebola e tomate, que eram as mais baratas. Comprei o que dava e plantei bem no começo da estação, para aproveitar o tempo o máximo que pudesse.
Eu já dedicava a maior parte de meu tempo à fazenda e, claro, fazia umas visitinhas ao Ivan. Mesmo que o conhecesse tão pouco, eu gostava muito dele. Nunca fui o tipo de pessoa que se apaixona fácil, já que desde nova eu só gostei de verdade de uma pessoa. Eu ainda falava com essa pessoa, o Leo, que foi meu namorado quando eu tinha uns catorze anos. Meu melhor amigo até hoje. Não contei a ninguém sobre o que sentia pelo Ivan, pois ainda não tinha certeza se ele sentia o mesmo por mim e também porque é vergonhoso contar coisas tão íntimas para outras pessoas...
Numa das minhas saídas para comprar alimento para roedores para Bóris, fui até o pet shop perto de casa. Leo abriu um sorriso enorme a me ver entrando.
– Esqueceu que eu existo, é, Louise?
– Desculpa Leo! Eu estava sem tempo para vir até aqui.
– Achei até que você estava doente, mas te vi cuidando das flores do Festival outro dia.
– É mesmo, o Festival... Não te vi por lá.
– Eu te vi, mas você estava com um amigo e nem prestou atenção em mim.
– Desculpa.
Fui até uma prateleira e peguei um saquinho de ração. Tinha um coelho enorme, cinza e dentuço na embalagem. Levei para o balcão para pagar.
– Comida pra coelho?
– É. O Dylan arrumou um, ele é marrom e se chama Bóris.
– Você vivia dizendo que queria ter um quando era pequena... – paguei e Leo colocou a ração numa sacolinha transparente.
– Eu sei, eu sei, mas não acho tão legal agora que tenho. Mas, e aí, tudo bem com você?
– Tô bem melhor agora que você finalmente veio me ver.
Desviei o olhar do rosto dele. Leo sempre foi carinhoso comigo e eu sempre me senti mal por ser chata e não conseguir retribuir a atenção toda que ele me dava.
– Ér... Cadê o seu avô?
– Ele só vem uma vez por semana para checar o estoque. Você precisa falar com ele?
– Não, eu só quis saber, mesmo.
O rapaz deu a volta e saiu do balcão. Nós dois fomos para fora e ele sentou no degrau da entrada da loja, enquanto eu ficava de pé, pronta para ir embora.
– Como vão as coisas na fazenda?
– Tá tudo bem. Nós compramos uma vaca e queremos fazer um lago no campo.
– Que ótimo – ele sorriu. Já fazia tanto tempo desde que eu o vi que nem me lembrava daquele sorriso.
– Eu preciso ir agora. Tchau, Leo.
– Vê se volta, hein? Vou ficar esperando.
Voltei para casa e servi uma boa quantidade de comida para o Bóris. Ele ficou lá com a cabeça mergulhada no potinho e eu fui para fora. Não estava a fim de cozinhar, então só peguei uma maçã e comi. Decidi plantar as sementes do lado de fora de casa para ver se crescia algo por lá, pois a fazenda estava muito... Vazia, eu acho.
Outra coisa que me incomodava além daquele vazio todo era o aperto que era a casa onde morávamos. Era um desconforto total ter que ficar no mesmo quarto do que Dylan. Eu era completamente desorganizada e ele, tentando arrumar a casa, sumia com as minhas coisas. Não dava para aguentar, tínhamos que dar um jeito, aumentar ou algo do tipo. Morar na outra casa que ficava na fazenda estava fora de questão, pois por dentro ela caía aos pedaços. Tudo o que queríamos fazer pedia dinheiro demais... Droga!
Num dia qualquer, quando eu levava alguns tomates para a dona Graziela, passei ao lado do prefeito. Ele e um policial que eu não conhecia discutiam nervosos alguma coisa.
– Oi, sr. Jacob, o que aconteceu? – perguntei, deixando a cesta com os vegetais no chão.
– Uma casa foi assaltada na semana passada, a da dona Graziela. Pobrezinha dela, Louise, eu não sei o que fazer! – o prefeito arrancava os cabelos de preocupação e o policial falava com alguém no celular.
– Nossa! O que foi que levaram?
– A tevê e o computador. Isso nem é o pior! Você precisa ver o estado da coitadinha. O neto não estava em casa quando o ladrão entrou.
– E você sabe que horas ele apareceu?
– Imagino que tenha sido umas dez da noite. Como aqui é uma cidade pequena, todo o mundo já está dormindo a essa hora e não deve ter sido difícil para o Lado Loiro entrar.
– Aquele cara é um idiota! Deixa a avó sozinha em casa numa hora dessas! Tudo bem que ele precisa trabalhar, mas por que não arruma um trabalho durante o di... Espera! Você disse o Lado Loiro?! Como sabe que foi ele?
– Uma moça que voltava de uma festa para casa viu um loiro pulando a janela. Não sabemos se foi mesmo o Lado Loiro quem fez isso, mas desconfiamos. Estou desesperado, e se ocorrer outro roubo por aqui? Eu ficarei doido, Louise, doido!
– Eu vou ver como ela está. Eu já estava indo até lá, não vai custar nada, eu vou tentar acalmá-la.
Apanhei o cesto e fiz uma breve despedida à Jacob e ao policial. Em alguns minutos, eu entrei na casa da dona Graziela. Vários móveis estavam derrubados e os vasos das flores que ela tanto amava estavam rachados e jogados no chão. A senhora repousava em sua cadeira de rodas, como sempre, rodeada por alguns médicos. Reconheci a ajudante do médico da cidade, Kristina, que fazia algumas perguntas para ela.
– Dona Graziela! Tudo bem com a senhora? – fui para perto, abrindo caminho naquele monte de gente.
– Luisa, meu amor! Era um rapaz tão lindo, você adoraria tê-lo visto, minha querida... Eu estou ótima! Posso morrer feliz depois de ver aqueles olhos azuis...
Respirei fundo para não me irritar com ela.
– É Louise, dona Graziela. Ele não te machucou nem nada?
– Como uma pessoa tão doce poderia me machucar, minha filha? Ele tinha mãos de fada, tão macias e bonitas!
– Parece que o ladrão roubou o coração da dona Grazi, Louise – comentou Kristina, rindo.
Não devolvi a risada. Não estava vendo a menor graça naquela situação.
– A senhora podia me explicar direito o que aconteceu?
Ela não pôde começar a falar. Dylan entrou correndo, desesperado.
– Dona Grazi! A senhora tá bem?!
– É claro que estou! Theodoro, seu inútil, saia da frente e deixe o meu querido passar! – ela deu um tapa no ar e Dylan foi até ela. Recebeu um beijo barulhento na bochecha e pareceu aliviado por encontrá-la inteira. – O que esse bando de estúpidos está fazendo aqui? Eu estou bem, já disse! Vocês acham que eu vou morrer por qualquer coisa, que absurdo. Se quiserem saber o que aconteceu, eu digo: um cara lindo entrou aqui e arrancou as flores do meu vaso. Eu quase voei para cima dele, pois eram minhas flores favoritas! Mas eu estava vendo minha novela e fiquei com preguiça de sair do lugar. Aí, ele perguntou educadamente se podia desligar a tevê por um minuto e me entregou um arranjo lindíssimo com as flores que arrancou.
Dona Graziela apontou para um arranjo de flores azuis que estava sobre uma cômoda e então continuou.
– Eu fiquei derretida com a educação daquele moço! Então, ele tirou a tevê de cima do móvel e levou para fora. Theodoro ficou bravo, mas eu não liguei muito, não. Ele pediu para usar o computador do meu neto e eu achei que não tinha problema, então deixei. O rapaz foi até o quarto e voltou com aquele troço nas mãos. Foi preciso ele fazer umas três viagens para carregar tudo para fora, mas não me importei, pois a presença dele na casa deixava tudo bem mais bonito. Quando foi embora, deu um beijo na minha testa e foi aí que vi aqueles olhos lindos dele, ai, que olhos... Aí ele pulou a minha janela e vazou.
Todo o mundo estava boquiaberto com a calma dela diante dos fatos. Eu mesma não pude acreditar em tudo o que ela dizia! Todos os que estavam dentro da casa começaram a arrumar os móveis, endireitar os quadros da parede e foram embora. Eu também precisava ir, então saí antes de Dylan. Ele gostava muito da dona Graziela, e ela também gostava dele como se fosse seu próprio neto.
Para dizer a verdade, ninguém dormiu tranquilo naquela cidade. Eu me assustava a cada barulhinho de nada que ouvia. Coloquei um machado embaixo da cama, só para certificar que estaria armada caso alguém entrasse.
Poucos dias passaram e ninguém soube de mais nada. Tirei o machado debaixo da cama e guardei no galpão, convencida de que nada aconteceria. O ladrão devia ter ficado satisfeito e ido para outra cidade. Mas eu estava errada.
Na noite do dia em que retirei o machado, fui dormir bem tarde. Dylan já estava roncando quando me deitei. Fiquei acordada por um tempo, só pensando, mesmo. Estava quase dormindo quando ouvi a porta do andar de baixo ranger lentamente. Fiquei com medo e curiosidade ao mesmo tempo. Levantei e dei uma cutucada em Dylan.
– Dylan, acorda! Acorda! – dei um empurrão nele, sussurrando, mas nada do meu irmão acordar. – Que merda! Não tem homem nesta casa, não?
Fui até o banheiro e peguei uma vassoura. Melhor do que descer desarmada. Desci descalça, na ponta dos pés para, seja lá o que fosse a coisa, não me ouvisse. E tinha mesmo alguém lá.
O “alguém” estava sentado no chão com Bóris no colo e fazia carinho nele.
– Shhh, coelhinho, fica quietinho, tá? – falava a voz. E era voz de homem.
Bóris estava trinta vezes mais tranquilo do que o normal. Estava escuro demais para ver o rosto do homem, se era o loiro ou não. Fiquei quieta, só para ver o que mais ele iria fazer. Colocou Bóris num canto e pegou a torradeira no armário. Enfiou no casaco. Minha torradeira novinha! Ah, eu ia pegar aquele cara e dar uma surra muito bem dada nele.
Preparei a vassoura e terminei de descer a escada. O ladrão pareceu não me perceber e continuou de costas. Então, o cabo da vassoura bateu na parede, fazendo barulho. Ele se virou num pulo e, quando percebi, eu estava deitada no chão e a vassoura estava longe. Imobilizada pelo ladrão, que arfava tão surpreso quanto eu.
– Tsc, achou que ia me pegar?
Pensei em gritar por Dylan. Abri a boca para falar, mas logo fui impedida pela mão do homem. Era mesmo tão macia e tinha um cheiro bom... Espera, no que é que eu estava pensando? Ele podia me matar!
Ele passou a mão no bolso e tirou alguma coisa. Era uma lanterna. E era minha, também! Quer dizer que ele tinha ido até mesmo ao galpão de ferramentas? Ele acendeu a luz e colocou diretamente no meu rosto, me fazendo apertar os olhos. Pude ver seu rosto graças à luz. Era mesmo loiro, tinha olhos azuis e era bonito. Sim, eu podia estar prestes a morrer, mas reparei nisso.
– Mas que linda moça eu achei aqui por aqui! Acho que vou roubar você pra mim! Será que cabe no meu bolso?
O Lado Loiro desatou a rir da própria piada estúpida. Não acreditei que aquilo estava acontecendo, santa Deusa da Colheita... Aproveitei que ele afrouxou a mão e mordi o mais forte que pude.
– AI, CREDO! SUA MAL EDUCADA! SUJA! VOCÊ NÃO FOI EDUCADA EM CASA, NÃO? EU TE ELOGIO E VOCÊ FAZ ISSO COMIGO! – ele olhou para a própria mão e largou a lanterna no chão. Senti um gosto estranho na boca. Era sangue? Sei lá. Só sei que comecei a rir da reação dele. – Ah, você está rindo, né? Vamos ver quem vai rir quando você tiver o castigo que merece!
Nem eu nem ele pudemos reagir ou tentar entender o que aconteceu. Dylan desceu correndo e apanhou a vassoura do chão, então começou a bater no ladrão com o cabo.
– AI! O! QUE! É! ISSO! – gritava o ladrão, a cada vassourada que recebia.
Pude levantar e me recompor, por causa da ajuda que recebi. Depois de mais algumas vassouradas, Dylan conseguiu nocautear o pobre do ladrão. Chamamos o prefeito e ele acionou a polícia. Descobrimos que ele se chamava William e era realmente o Lado Loiro, então minhas suspeitas estavam certas. Ele entrava na casa de suas vítimas, seduzia as moças – e, se duvidar, os homens também – e levava tudo sem problema algum. Sorte que comigo isso não aconteceu, ufa...
Ele finalmente foi preso e os noticiários da tevê pararam de repetir a mesma ladainha o tempo todo. E é claro que Dylan foi tratado como herói e todas as meninas da cidade ficaram ainda mais doidas por ele. Ainda bem que ninguém soube que eu estava envolvida, pois não gosto de ninguém atrás de mim me elogiando nem nada do tipo...

Notas Finais


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