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História He Likes Boys - Um babaca com B maiúsculo


Escrita por: midoriya

Notas do Autor


e aí, crianças? tudo bem por aí?
quem é vivo sempre aparece, né? k
e como uma pessoa disse nos comentários do capítulo passado, he likes boys é como uma estrela cadente, é incrível, mas não é toda hora que aparece hsjashajshas eu amo essa fanfic, ela é uma das únicas que eu quero mais que tudo escrever até o final. esses dias eu peguei pra dar uma geral na história e já tenho o planejamento dos últimos capítulos do primeiro arco da fanfic e do início do segundo arco. acredito que o primeiro termine no capítulo 11 ou 12, depende do quanto eu escrever em cada um deles.

enfim, quero agradecer imensamente a todo o carinho e aos mais de 4500 favoritos aaaaaaa (meio que parece que eu atualizo de 500 em 500, mas juro que não é proposital SHAJSJAHSAJSH É COINCIDÊNCIA shajshas), vocês sempre me deixam boiola e me impulsionam a querer trazer o capítulo o mais rápido possível pra vocês, então, sério, obrigada de coração!

e falando sobre o capítulo... acho que envolve muito sentimentos e desentendimentos sendo esclarecidos, então aproveitem o amorzinho que tá, antes do próximo tombo shajshashajshas é isso! boa leitura!

Capítulo 9 - Um babaca com B maiúsculo


Shouto tinha a mais absoluta certeza de que Midoriya podia ouvir seu coração batendo, pois ele mesmo só conseguia escutar o retumbar desesperado em seu peito, como se o universo tivesse parado por alguns instantes, imergindo-os em uma bolha onde havia somente Todoroki e Midoriya. E por alguns longos segundos, o bicolor apenas permaneceu com os olhos arregalados, atordoado sobre o que estava acontecendo e suas mãos, totalmente trêmulas, pararam no ar em meio ao movimento de segurar o esverdeado. Havia um nó em seu estômago, um frio que há muito era chamado de borboletas, mas que, naquele momento, Shouto não conseguiu descrever como nada além do mais puro pânico. Era a primeira vez que tinha um contato tão íntimo com outra pessoa e aquele era Midoriya Izuku! O garoto por quem ele era apaixonado desde sempre, aquele que o bicolor jurava que nunca teria nem 1% de interesse em si, principalmente por ele ser popular e, de acordo com Kyouka e Kirishima, o tal do “babaca número 3”. 

E, naquele momento, ao ter seus lábios inesperadamente pressionados pelos de Izuku de forma tão suave e desajeitada, Shouto não conseguiu ter sequer uma reação apropriada. Não teve a capacidade de retribuí-lo ou segurá-lo pela cintura, puxando-o para mais perto ou para se permitir sentir toda a euforia a que deveria estar submetido, pois todos os seus membros pareciam feitos de pedra, como se todo o sangue tivesse sido drenado do seu corpo, ao contrário de todas as milhares de vezes que se imaginou beijando Midoriya Izuku. Simplesmente porque apenas a ideia, a mais remota possibilidade de algo como aquilo acontecer, era irreal, era apenas algum fruto de sua imaginação ou sonhos loucos. 

No entanto, ali estava ele, vendo os cílios longos de Midoriya tremeluzindo ligeiramente à luz da biblioteca, seus olhos fechados de forma tensa, assim como suas sobrancelhas meio franzidas, como se estivesse assustado com seu próprio ato, como se, assim como Todoroki, o esverdeado também estivesse colocando todos os seus sentimentos à mostra naquele instante precipitado quando decidiu dar um passo para mais perto de Shouto e se colocou nas pontas dos pés, encurtando em definitivo a distância entre eles. O bicolor queria corresponder o beijo, ele queria apenas segurar carinhosamente o rosto sardento em suas mãos, acariciar as bochechas repletas das mais lindas estrelas e que, naquele momento, diante dele, estavam pintadas de um rosa suave, um corar que Todoroki queria elogiar e dizer como era a coisa mais linda que ele havia visto em toda a sua vida.

Porque Midoriya era um quadro, uma perfeita tela que havia sido pintada pelas mais belas cores, pelos mais deslumbrantes tons de verde, sua cor favorita no mundo, sua cor favorita no seu amor para toda a vida. Todoroki teve certeza de que Izuku seria sempre seu primeiro amor, que mesmo no futuro, ele o carregaria em seu coração como algo precioso, desejando a todo momento que ele fosse seu, para que pudesse ser seu porto seguro, seu amor e fazê-lo sorrir até seu último suspiro. Todoroki ansiava por envolvê-lo ternamente em seus braços, sonhando e planejando um futuro brilhante, que parecia tão perto agora que tinha Midoriya ali. 

Shouto queria lhe dizer tudo isso e mais, queria ansiosamente contar a ele sobre seus sentimentos, sobre o quanto havia esperado, sobre todo o medo e sobre todo aquele amor que estava enterrado em seu peito, simplesmente porque ele nunca havia se sentido tão feliz, tão TÃO imensamente e completamente cheio de felicidade que parecia que poderia explodir a qualquer segundo. Todoroki desejava tudo isso.

Mas, em meio ao pânico e à euforia, sua respiração travou e continuou paralisado mesmo quando Midoriya se afastou ligeiramente e, ainda trêmulo, abriu os olhos, encarando diretamente o rosto de Shouto, aparentemente procurando alguma reação, alguma resposta ao breve beijo que haviam compartilhado, parecendo realmente assustado. O bicolor sentia seu peito arder, pois era difícil respirar tendo aqueles olhos direcionados a si e mesmo assim, naquele mar verde, Todoroki podia ver o para o sempre, como se eles tivessem a vida toda para dizer cada palavra entalada em suas gargantas.

— T-todoroki… — Midoriya falou baixinho, parecendo ter milhares de coisas a dizer, mas, ao mesmo tempo, não soubesse como dizê-las. Shouto entreabriu os lábios então, pronto para expressar que estaria ali para ouvir absolutamente tudo que o esverdeado quisesse, que lhe daria tudo, se ele assim o desejasse. No entanto, antes que tivessem a oportunidade de conversar, de fazer qualquer coisa, ambos pularam, assustados com um barulho alto vindo direto da entrada da biblioteca. E Midoriya, após direcionar um último olhar ao bicolor, apenas correu para a saída, como se estivesse fugindo de um fantasma, deixando um Todoroki completamente desestruturado para trás, sem qualquer possibilidade de segui-lo, pois suas pernas pareciam feitas de chumbo, e seu coração batia tão rápido que temia que pudesse ter um ataque cardíaco. 

Havia sido real? Ou talvez tivesse adormecido na biblioteca e sua mente havia lhe presenteado com um sonho tão realista? Permaneceu aéreo, até que sentisse alguém balançar o seu ombro, no entanto, havia sido fácil identificar Kirishima, que entrou em seu campo de visão.

— Ei, Shouto, tá tudo bem? Você tá com uma cara de idiota — o ruivo disse, mas Todoroki não conseguiu se ligar no insulto, apenas encarou o rosto do outro, que prontamente revirou os olhos devido à falta de reação do amigo. — Depois a gente conversa sobre isso. É o seguinte, eu ia treinar, mas o Iida ligou ‘pra Kyouka, ele disse que as inscrições pro festival de bandas abriram hoje e ele quer reunir todo mundo e discutir sobre as regras. Além de ver a música que vamos enviar para a avaliação.

Sua mente se iluminou então, com a menção ao festival, que era praticamente tudo para ele e seus amigos. O acontecido com Midoriya teria que ficar para mais tarde.

— E a Kyouka? — o bicolor perguntou enquanto andavam em direção à saída do colégio, no entanto, Eijirou não precisou responder, pois logo que atravessaram o portão, avistou a amiga esperando por eles, parecendo excessivamente ansiosa. E no minuto que a viu, Shouto quis contar tudo, derramar sobre os amigos a confusão de sentimentos em seu coração e pedir conselhos sobre o que deveria fazer, porque, se fosse para ser totalmente sincero, Todoroki deveria admitir que estava perdido. E, claro, seu nervosismo e silêncio foi notado pelos dois enquanto seguiam até a casa do bicolor, mas nenhum deles tocou no assunto, apenas conversaram sobre o festival que se aproximava. 

Tinham muitas coisas para decidir e precisavam ensaiar muito, Shouto sabia. Mas mesmo enquanto desciam as escadas em direção ao porão — onde Iida já se encontrava sentado no sofá diante do notebook que repousava em cima da mesinha de centro —, sua mente insistia em voltar até Midoriya e à sensação de ter seus lábios pressionando os próprios. Não podia deixar de sentir um frio na barriga, então, fechando os olhos, repetiu para si mesmo que deveria parar de pensar naquilo por agora. Que devia focar no que Iida estava falando e ter responsabilidade sobre isso, pois era muito importante para os seus amigos. Logo, com a mente mais sóbria, Shouto se concentrou em Tenya, que já explicava sobre as regras do festival.

— … por isso devemos escolher um nome para a banda o mais rápido possível e, para poupar tempo, vamos ignorar todas as opções que o Eijirou der, porque ele claramente é péssimo dando nomes para as coisas — ele concluiu, e Kirishima respirou alto, mostrando como estava ofendido.

— O QUÊ? Que ultraje! Eu sou o MELHOR escolhendo nomes! Me digam UMA VEZ que nomeei algo e foi vergonhoso! — o ruivo se levantou, gritando aos quatro ventos como os amigos estavam errados e até mesmo seu pescoço estava vermelho e ele respirava forte, enquanto apoiava os punhos nos quadris.

— Eiji — Jirou começou, suspirando, como se só a lembrança a fizesse ter vergonha alheia. — Você colocou o nome da sua cachorrinha de Fofinha e quando eu achei que não podia piorar, você ganhou um hamster de natal e nomeou como Másculo.

Ele ainda parecia se sentir insultado, olhando para ela desacreditado.

— Mas esses nomes fazem todo o sentido! Ela é super fofinha e ele é super másculo, porque ele é macho! Não estou entendendo porque esses são nomes ruins! — a carranca em seu rosto se aprofundou e ele parecia querer continuar discutindo, mas Todoroki o interrompeu.

— Acho que podemos ouvir algumas sugestões do Eijirou, gente, ele também faz parte da banda e não devemos excluí-lo de nenhuma parte das decisões — ele mal terminou de falar e Kyouka e Iida o olharam com uma expressão de dor, sabendo que aquela era a sentença de morte deles, ao lembrar de quando Kirishima sugeriu que a banda se chamasse “A melhor banda de Másculos”. Mas Shouto estava alheio a isso simplesmente porque o seu dia estava colorido, brilhante, otimista, era o melhor dia de todos para ele; apenas os amigos não tinham consciência disso.

— O Shouto sim é um amigo de verdade! Os verdadeiros eu sei quem são! — o ruivo começou, emocionado, abrindo os braços e indo para cima de Todoroki, que rapidamente desviou do amigo, fingindo que nada tinha acontecido. Ouviu então o suspiro de Iida, que nem quis se dar ao trabalho de discutir e passou a ler em voz alta as outras regras, até que parou, franzindo a testa e levando-os a encararem o moreno. — O quê? O quê? O que ‘tá escrito aí? — Kirishima foi o primeiro a exclamar, se esticando para ver a tela do notebook e ler o conteúdo.

Mas nenhum dos três estava preparado para a alta gargalhada de Eijirou, que se levantou e começou a fazer o maior escândalo, onde tudo que Shouto conseguia entender era “eu falei, não falei?” e isso assustou tanto a ele e a Jirou, que eles imediatamente estavam em cima de Iida, tentando ler o que havia causado tanta comoção. E sim, era tão ruim quanto parecia. Todoroki se deixou cair no sofá, levando as mãos até o rosto e respirando fundo, em choque. Aquela era simplesmente a pior situação possível.

— Eu disse que deveríamos ter um quinto integrante, não disse? Eu disse que as bandas de rock geralmente tinham um vocalista masculino ou mais um guitarrista e você! — ele apontou acusadoramente para Jirou, que desviou o olhar prontamente. — Você disse que eu só queria mais um guitarrista para ficar de moleza! E agora, vejam a situação! Está nas regras que devemos ter cinco membros na banda e necessariamente precisamos de dois vocalistas — ele riu, convencido, como se tivesse ganhado a guerra do século, e, bem, Shouto não tirava a razão dele, havia tido suas ideias recusadas diversas vezes pelos amigos antes. 

Um silêncio longo e tenso se seguiu entre eles, enquanto entendiam o quão grave podia ser aquilo. Estavam ferrados, simplesmente não tinham como encontrar alguém a tempo do festival e com um mês para ensaiar e para se coordenarem. Aquilo só podia ser um pesadelo.

— O que vamos fazer? — Iida finalmente quebrou o silêncio, olhando para cada um deles, como se buscasse uma resposta mágica ou uma luz no fim do túnel. 

— Bem — Eijirou começou, tranquilamente, abrindo um sorriso. — Eu conheço alguém — com essa frase, todos arregalaram os olhos, surpresos. 

— O quê? Você conhece? Quem?! — Shouto expressou o pensamento dos outros dois e Eijirou riu, satisfeito, erguendo o celular e balançando.

— Vou ligar pra ele e dizer para que venha até aqui. Tudo bem, Shouto? — o ruivo perguntou, e Todoroki franziu a testa, por um momento questionando-se porque ele havia pedido sua permissão, sendo que ele era sempre intrometido e não se importava em pedir. Mas assentiu, afinal, o mais importante era encontrar um novo integrante e participar do festival, porque a essa altura, o sonho deles estava em jogo. Assim que viram Eijirou desaparecer escada acima, os três restantes se entreolharam, pensando a mesma coisa: “quem diabos era o vocalista que Kirishima conhecia, mas eles não?”

Todoroki então suspirou, decidindo não pensar tanto naquilo e seguiu até a bateria, sentando-se calmamente e começando a tocar alguma música aleatória, apenas para se aquecer e esperar que o outro voltasse. Mesmo se tratando de Eijirou, Shouto ainda confiava no poder de julgamento musical dele, então automaticamente ficou mais tranquilo quanto àquela questão, que minutos antes pareceu tão assustadora. Não demorou para que encontrasse um ritmo familiar, que fez Kyouka abrir um sorriso brilhante e correr para pegar o microfone para cantar Liar, sua música favorita do One Ok Rock; e Iida, vendo os dois amigos tão animados, não conseguiu se impedir de pegar o seu baixo e acompanhar a música, mesmo sem Kirishima com a guitarra principal. 

E aquele, AQUELE foi o momento que precedeu a tempestade, pois, quase no final da composição, enquanto eles ainda se divertiam, Jirou abruptamente parou de cantar e, confuso, Todoroki ergueu o olhar, sentindo todo o seu corpo gelar e seu coração doer. Pois ali, diante dele, ao lado de um sorridente Kirishima, estava Bakugou Katsuki, a pessoa que mais o havia ferido em toda a sua vida. O loiro parecia desconfortável, com os braços cruzados, os lábios pressionados em uma linha fina e o olhar desviado para um canto qualquer. O clima tenso era tão palpável que Shouto sentia uma pressão no peito e uma vontade quase insuportável de sumir dali.

Todoroki sabia que Bakugou tocava guitarra, ele havia entrado no quarto do outro, mas jamais, nem em um milhão de anos achou que Eijirou sabia disso, ou, pior, cogitava que seria uma boa ideia colocá-lo na banda.

— Pessoal, o Bakugou… — Kirishima começou, mas logo foi interrompido por Kyouka, que estava séria.

— Bakugou, poderia esperar lá fora? Precisamos conversar a sós com o Eijirou — ela disse, olhando para o loiro, que somente assentiu e tornou a subir a escada, fazendo-os ouvir o baque suave da porta se fechando. Por alguns segundos, o silêncio reinou, logo antes de Kyouka suspirar. — Me diz que o guitarrista que você disse que ia trazer NÃO é o Katsuki.

— Mas é o Katsuki — ele disse simplesmente, o que não surpreendeu nenhuma das pessoas presentes. — Olha, eu sei que podemos ter desavenças com ele, mas…

— Desavenças?! Você esqueceu o que ele fez com o Shouto na sexta-feira? — ela perguntou, entredentes, parecendo cada vez mais irritada e sem paciência.

— Não, eu não esqueci, o Shouto é o meu melhor amigo e eu pretendia conversar com ele sobre isso. O Katsuki se arrepende do que fez e…

— Há! Então porque caralhos esse filho da puta não está aqui de joelhos implorando pelo perdão dele? — a garota parecia prestes a avançar no pescoço de Kirishima, então Todoroki suspirou, se levantando e segurando o ombro dela. 

— Tá tudo bem, Kyouka — disse calmamente, e assim como estava fazendo desde que Bakugou apareceu, Todoroki continuou mentalizando o lindo sorriso de Midoriya, aquele que sempre o iluminava e acalmava as maiores tempestades em seu coração. 

— Shouto — Eijirou falou, sério e parecendo implorar para que o bicolor o ouvisse, então o encarou. — O Bakugou provavelmente vai conversar com você depois, só não na nossa frente.

— Eu não me importo com o que aconteceu antes, só quero saber sobre a habilidade musical dele, para ajudar a nossa banda — respondeu, e Eijirou assentiu, endireitando os ombros e aparentemente compreendendo onde o bicolor queria chegar.

— Ele tem uma voz realmente boa, ele tem técnica e um talento natural. Quanto à guitarra, creio que ele seja até melhor que eu, tem uma paixão nata no coração do Katsuki e uma garra muito forte — o ruivo descreveu, e Todoroki continuou olhando para ele, pensativo e pesando os prós e contras.

— Ele está disposto a entrar para a banda? Você conversou com ele sobre isso? Tem certeza que ele é bom? — Iida finalmente perguntou, ainda mantendo a expressão séria.

 — Sim, ele está disposto. E eu posso pedir para ele fazer uma demonstração para…

— Não acredito que estamos realmente cogitando essa possibilidade! — Kyouka exclamou, com as sobrancelhas franzidas e parecendo ser a mais chateada do grupo, mais até que Todoroki. Talvez por prezar muito pelos sentimentos do amigo, ela quisesse defendê-lo do ex-valentão.

— Acho que você não está entendendo a gravidade da situação, Kyouka — Eijirou disse, sério. — Nós precisamos da grana.

— Mas é o Bakugou, galera! O Bakugou! — ela fez uma careta, fingindo colocar no dedo na garganta para vomitar.

— Nós precisamos de um quinto integrante, está nas regras. E como acha que vamos conseguir dinheiro para gravar e lançar nosso álbum se não participarmos do festival? Acha que 10 mil cai do céu? — mesmo Iida perguntou, cruzando os braços.

— Não, mas… gente, é Bakugou Katsuki! Vocês não estão nem me ouvindo! Ele é um babaca com B maiúsculo! E não faz nem uma semana que ele saiu daqui depois de magoar o Shouto! — Kyouka continuou defendendo a posição dela com garras e dentes, e não parecia que alguém fora Todoroki fosse acalmá-la a respeito daquela situação, então o bicolor balançou a cabeça, seguindo até a guitarra e se virando de costas para os amigos.

— E daí? — Todoroki perguntou, interrompendo a discussão e já conectando a guitarra à caixa de som, para que o loiro pudesse usar para fazer sua demonstração. — Se ele cantar e tocar tão bem quanto o Eijirou diz, ele está dentro.

— O quê?! Shouto! — ela exclamou, indignada, no entanto, apenas um olhar de Shouto a fez se calar e então assentiu, suspirando. — Tudo bem, se você acha que não há problema, confiarei em você, mas ao menor deslize desse babaca, eu chuto ele daqui, sem me importar com a porra daquele festival, me ouviram? 

E, é claro, eles apenas assentiram e Kirishima correu escada acima para chamar Bakugou de volta para o porão. Assim que eles voltaram, os três já haviam se sentado e apenas esperavam que o ruivo explicasse a Katsuki o que ele precisava fazer. Todoroki abstraiu, tentando não ouvir absolutamente nada que fosse dito, apenas voltou a prestar atenção quando o loiro se posicionou em frente ao microfone e colocou a alça da guitarra em torno do corpo. 

— O que ele vai tocar? — Iida perguntou baixinho, e Kirishima sorriu, sentando-se ao lado de Shouto no sofá. 

— Eu disse ‘pra ele escolher o que quisesse e nós ouviríamos — o ruivo respondeu, voltando sua atenção ao garoto parado diante deles, parecendo pensar um pouco, com as sobrancelhas franzidas, logo antes de, estranhamente, olhar na direção de Todoroki por um breve momento. E, como se tivesse repentinamente se decidido, ele começou a tocar as primeiras notas da música na guitarra, arrepiando os quatro presentes com a intensidade com que ele havia começado. Já dava para perceber que ele era, sim, muito bom e tinha tanto técnica quanto habilidade natural para a música. No entanto, aquela melodia não era familiar para nenhum deles, não sabiam qual seria a banda que tocava a original. Isso é, até ele começar a cantar e Shouto ouvir os primeiros versos.

— Puta que pariu — ele murmurou, chocado. E não, ele não estava surpreso pela voz impressionante do loiro, pelo timbre ou pelo tom perfeito que ele havia adotado ao cantar, mas sim porque aquela música, a que ele havia voluntariamente escolhido tocar era a que Todoroki havia visto na casa do outro e havia gentilmente completado a letra. Todo o sangue fugiu do seu rosto, ele sabia, porque estava encarando Bakugou como se fosse a primeira vez que o via, porque SABIA, no fundo da sua alma, que aquela era a forma do loiro de, não pedir pelo seu perdão, mas sim pedir por outra chance como seu amigo. 

E aquilo, a forma como os dois se expressavam melhor com a música, fez com que o coração de Shouto ficasse mais leve, desmoronando o muro que havia construído contra aquela pessoa que ele nunca havia tido qualquer tipo de sentimento positivo. Ele se abriu para, pelo menos, ouvir o que o outro tinha a lhe dizer e sabia que não guardava mágoa no seu coração, porque enquanto assistia Katsuki tocar o refrão, Todoroki só conseguia pensar como aquela música ficaria incrível com o adicional de sua bateria. E estar disposto a, novamente, dar vida àquela música feita pelo seu antigo rival, só podia significar que tudo ficaria bem entre eles.

Assim que Katsuki terminou de tocar, seguiu-se um silêncio sepulcral, que logo foi interrompido por Kirishima, que bateu palmas animadas, levantando-se em um pulo e trocando um olhar suave com o loiro, parecendo muito MUITO orgulhoso. Havia um clima estranho entre eles, mas Todoroki se obrigou a desviar o olhar, pigarreando alto.

— Por mim, ele está dentro — afirmou, olhando para os outros dois, que ainda precisavam expressar suas opiniões. Iida levantou os polegares, confirmando, e Kyouka apenas deu de ombros e desviou o olhar. Aquela era sua forma de dizer que “sim”, mesmo à contragosto. — Então, é isso, Bakugou, bem-vindo à banda — disse ao loiro, que logo foi abraçado de forma animada por Eijirou.

— Me solta, idiota — Katsuki murmurou para o outro, e Todoroki não pôde deixar de notar que ele parecia muito mais tranquilo do que antes, como se Kirishima fosse um remédio calmante. O que era irônico, considerando o quão enérgico era aquele cara. 

— Eu tenho aula daqui uma hora, então eu tenho que correr. Mas a gente se reúne amanhã para decidir o nome da banda e o restante? — Iida perguntou, já juntando suas coisas e olhando para todos para confirmar. Após o assentir de todos, ele se despediu e subiu as escadas, deixando o clima meio estranho no porão.

— Devemos ir também, Eijirou — Kyouka logo disse, puxando o braço do ruivo para longe de Bakugou e começando a arrastá-lo para longe.

— O quê? Por quê? Podemos ensaiar mais um pouco, ainda temos tempo! — Kirishima exclamou, contrariado, apenas para receber um olhar bem sugestivo da garota, que indicou discretamente os outros dois, que pareciam igualmente deslocados ali. — AH! Entendi! Nos vemos amanhã, Shouto! Eu te ligo mais tarde, Katsuki! — por um segundo, Todoroki não entendeu o que estava acontecendo, mas, enquanto via os seus dois amigos subindo as escadas, ele entrou em pânico, dando um passo naquela mesma direção. Será que deveria fugir? Ou se enterrar no chão? Ou fazer a kátia cega e dar um tchauzinho pro loiro?

No entanto, antes que pudesse concretizar qualquer uma daquelas decisões desesperadas, ele ouviu um “ei” vindo de Katsuki, então, temerosamente, o bicolor se virou, vendo o outro com uma carranca horrorosa.

— Você vai me bater? — teve que perguntar, foi mais forte que ele. O que causou uma expressão assustadoramente surpresa do garoto.

— O quê? Não, pavê — ele revirou os olhos.

— Então porque tá com essa cara horrível de quem parece estar planejando um assassinato? 

— Essa é a minha cara normal! — o loiro rosnou, mas logo parou, fechando os olhos brevemente e respirando fundo em seguida, parecendo pensar em alguma coisa antes de calmamente cruzar os braços, na defensiva. — Eu queria conversar com você sobre sexta-feira.

— Não, obrigado — Shouto imediatamente recusou, copiando o ato do outro e também levando os braços em direção ao peito, cruzando-os, se sentindo levemente desconfortável com aquela conversa.

— Não?? — Bakugou exclamou, indignado, fazendo o bicolor dar outro passo para longe. — Escuta, eu só quero me desculpar…

— Não há nada para desculpar.

— Puta que pariu, é claro que há! — ele suspirou, apontando para a marca roxa em sua bochecha. — O idiota do Deku passou três fucking horas me socando e me dizendo o quão babaca eu fui por perguntá-lo daquela forma algo que era íntimo e que eu não tinha o direito de te fazer falar se você era gay ou não num jogo — ele parecia estar relutando muito para dizer tudo aquilo, como se fosse muito difícil e, por isso, Todoroki prestou toda a atenção no que ele falava, para ser justo. — Eu… porra, eu realmente não pensei quando te perguntei aquilo, eu só pensei que seria engraçado, porque você é totalmente boiola pelo merda do Deku e eu só achei que os dois imbecis precisavam...

— QUÊ, espera, o quê? — Shouto exclamou, com os olhos arregalados focados no rosto do loiro, que parecia bravo por ele ter interrompido. — O que você disse?

— Eu disse um monte de coisas, pavê, seja mais específico — Bakugou suspirou, impaciente.

— Sobre o… o M-Midoriya, como você sabia que eu... — apenas ao falar o nome dele, Todoroki corou até as orelhas, instintivamente virando o rosto para o lado.

— Ah, você é fodidamente muito óbvio — ele afirmou, levantando o braço para coçar o pescoço. — Desde que me lembro, você sempre seguiu ele por aí, ‘tava sempre encarando ele nas aulas e parecia estar sempre ao redor, eu já ‘tava cansado da sua cara e eu não entendia porque você fazia isso, eu costumava achar esquisito, por isso eu… bem, você sabe, o bullying — ele baixou o olhar. — Quero pedir desculpas por isso também. Porque eu não entendia… e, ah, acho que agora eu entendo.

— Como assim? Você gosta do Midoriya? — o bicolor imediatamente perguntou, preocupado, mas a cara de nojo de Bakugou imediatamente respondeu sua pergunta, nem precisava que ele colocasse em palavras.

— O quê? Não! De onde você tirou algo tão absurdo, idiota? 

— Então… se não é o Midoriya… — Todoroki achava que talvez estivesse indo longe demais, se tratando de Bakugou Katsuki, mas, ao contrário do que pensava, apenas viu Bakugou ficando vermelho desde às orelhas até o pescoço, desviando o rosto, irritado.

— O cabelo de merda está me dando aulas — ele contou, relutante. — E ele… nesse final de semana, mesmo que eu tivesse te magoado, ele foi na minha casa. Eu realmente estava me sentindo confuso, com relação às minhas atitudes principalmente; e eu estava descontando toda a minha raiva nele, mas ainda sim, ele tentou me entender e viu através de mim, me ajudando a ver o que estava errado e como consertar. O Eijirou é como um sol — Bakugou parecia absorto no que dizia, tanto que sequer reparou na expressão incrédula de Shouto direcionada a ele.

— O que… você… — gaguejou, vendo Bakugou balançar a cabeça, constrangido.

— O que eu quero dizer é que agora eu te compreendo, me arrependo de ter te tratado como lixo e peço o seu perdão — o loiro então endireitou as costas, olhando diretamente em seus olhos heterocromáticos. — Está tudo bem se não puder me perdoar agora, mas peço que pense sobre isso. Eu farei o meu melhor para mudar e me tornar uma pessoa melhor, por mim, pelos meus amigos e pelo Eijirou.

— Ah… 

— Eu quero ser seu amigo, Todoroki — ele confessou quando Shouto não soube o que dizer. — Percebi isso quando você escreveu no meu caderno, e eu realmente tentei — ele soltou uma risada baixa, meio sem graça, coçando a nuca. — Só não sabia como fazer isso e acabei piorando tudo. Mas quero ter a sua amizade, porque apesar de não te conhecer bem, sei que você é bom escrevendo músicas — ele parou e apontou para Todoroki. — E você tem um cabelo foda — torceu a boca. — Só precisa colocar pra cima, posso te recomendar um gel bom pra caralho.

Shouto então gargalhou. Ele riu até algumas lágrimas se precipitarem em seus olhos.

É, certamente tudo ficaria bem entre eles.


Notas Finais


gente, eu não revisei, porque queria postar rápido pra vocês, então qualquer errinho podem me dizer nos comentários que eu corrijo aqui

é isso! até o próximo capítulo!


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