História Heart tied to the devil - No qual Anezka entrega sua vida ao diabo.

Desnorteada, não pude mais ouvir as súplicas de minha mãe ou as indagações de Roose. Meu corpo estava inerte, meu coração pulsava vagarosamente, quase imperceptivelmente. A única certeza que me consumia é que tudo havia acabado, o sofrimento, a angustia, a dor. Finalmente eu havia morrido, não havia nada do outro lado, apenas uma eterna escuridão. Mas essa mesma escuridão trazia alivio, paz as minhas tormentas.

Porém, como eu mesma disse, meu coração ainda pulsava. Não demorou para que minhas pálpebras pesadas fossem abrindo, calmamente. Minhas íris ainda turvas mostravam-me a pior desgraça que podia ocorrer. O doce véu da morte não havia coberto meu rosto e Ramsay também não parecia feliz com isso. Suas grandes esferas esbranquiçadas estavam fixadas em meu rosto pálido, eram indecifráveis e amedrontadoras, como se ele fosse pedir para que eu me ajoelhasse, clamando por perdão por ainda estar ali, respirando.

— Milady...

As palavras escaparam por seus lábios com vagar. Nesse instante um gélido frio atravessou minhas vestes, em um arranque, soergui meu tronco, na esperança de identificar onde eu me encontrava. Bolton interceptou-me, fazendo com que eu voltasse a pousar-me sobre seu braço. Seu polegar escorregou sobre as maças de meu rosto, massageando-as. Aproximou-se de mim ao ponto que eu sentia sua respiração quente tocar a minha pele. Sua mão encontrava-se cravada em minha garganta, pressionando-a sem muito brutalidade.

— Meu pai não quis falar o que há de tão especial com você ao ponto de leva-la a Forte do Pavor tão urgentemente. Talvez você seja mais uma bastarda dele, não é mesmo? — A medida em que ele dizia, a força na qual ele colocava sobre a minha garganta, aumentava — Diga-me, Anezka. Você morreria para provar seu amor por mim, sua lealdade?

Chacoalhei meu crânio, assentindo. Seu polegar escorregou por meu lábio inferior e percebi claramente, mesmo que o som de sua voz não fosse emitido, sua palavra “diga”.

— Sim, milorde. Eu morreria!

— Muitas mulheres já fizeram isso. Mas, seria capaz de entregar seus dias para mim, sua vida, cada batida de seu coração e suspiro até seu último dia?

— Sim.

A saliva atravessou minha goela como um caco de vidro, um nó se formou na mesma e um pequeno sorriso se formou no canto de meu rosto, com o resto de força que me restava. Ramsay retribuiu o gesto, mas seu sorriso transbordava maldade.

— Espero que cumpra sua promessa, milady Umber. Odeio mentirosos.

Meu corpo foi abandonado violentamente sobre o solo coberto de neve. Lutei para recuperar ao menos um mínimo de energia que me fizesse levantar e montar o cavalo junto ao bastardo Bolton. Antes mesmo que eu conseguisse mover um musculo, ele já cavalgava para longe com alguns homens de sua tropa. Não sabia para onde ele estava indo, não sabia onde eu estava, não sabia de nada. Não sabia o porquê daquilo e se sairia viva.

— Ramsay...

Choraminguei, sentindo algumas lágrimas percorrerem minha face. Sentei-me com dificuldade e rapidamente cai novamente. O que seria de mim?