História Heartbreak Hotel - Eyes

Johnny e Chittaphon estavam se retirando do bar, subindo as escadas. Ten parecia exausto, e que a qualquer momento rolaria aqueles degraus abaixo.

Eles passaram da porta do bar, e Chittaphon seguiu Johnny, que o levou em direção a um carro preto, em um pequeno estacionamento atrás do bar.

O carro parecia muito bonito. Ten não sabia ao certo a marca, mas não dava a mínima, de qualquer modo.

Johnny olhou para o rosto de Chittaphon como se estivesse aguardando um comentário sobre algo, ou que o pequeno dissesse alguma coisa antes de entrar no carro. Mas, Ten estava tão lerdo, e bobo que nem se ligou nesse detalhe.

Johnny desbloqueou o carro e deu a volta para abrir a porta ao lado de Ten.

O garoto logo ao entrar apoiou sua cabeça no vidro do carro e fechou os olhos enquanto Johnny dava mais uma volta para finalmente levar Ten pra casa.

— Você está se sentindo bem?

— Sim, eu estou ótimo. Só tenho um compromisso amanhã, e eu me lembrei de repente.

— Oh... — Johnny balançou a cabeça em forma de entendimento. Mas sabia que não era só isso. — Qual é mesmo o seu nome?

— Ten. Ten Chittaphon. Vim da Tailândia. — disse finalmente.

— Ten... como o número dez?

Chittaphon riu e afirmou com a cabeça.

O moreno percebeu que o carro do garoto era extremamente cheiroso, assim como ele. Era muito confortável, e havia muitos CDs, álbuns de diversos artistas, e uma pequena bagunça de sacolas, remédios, e embalagens de papeis de balas. 

Ten achava incrível a energia que havia na bagunça das pessoas, se ele falasse isso em voz alta provavelmente seria julgado estranho, mas nesse momento ele não se importava.

Johnny reparou os pequenos olhinhos curiosos em cima de suas coisas.

— A bagunça te incomoda?

— Não, nem um pouco. Acho interessante e curioso a energia que esse amontoado de coisas carrega.

Johnny o olhou sério, mas como se estivesse maravilhado com o que tinha acabado de ouvir.

— Você é inacreditável. Estou realmente chocado com você.

Ten o olhou de canto e sorriu sinceramente.

— Parece até que você não se choca com nada nunca. — disse o menor rindo.

— É porque isso nunca acontece. Talvez seja a primeira vez que eu encontro alguém interessante por aqui.

— Você é aqueles caras que não podem ver um rostinho bonito, não é? Típico... — Ele disse com um tom de voz entediado.

— Só gosto de aproveitar. Ah, fala sério, você parece que nunca se divertiu tanto como hoje. Pode admitir. — Johnny o olhou sacana aguardando uma resposta que provavelmente já sabia.

— Ok, eu me diverti muito hoje. Na verdade, foi a primeira vez que eu fico bêbado desse jeito. Eu sinto que eu posso fazer o que eu quiser.

— E você pode. Aliás, eu fiz de propósito. — Ten se ajeitou no banco e olhou Youngho com uma cara de quem aguardava uma explicação.

— Nem todas as pessoas são boas e inocentes igual a você, Ten Chittaphon.
Você parecia perdido, e sem o álcool tenho certeza que você não aproveitaria tanto. Se estivesse sóbrio ficaria preocupado a noite inteira. Mágico, não é?

Ten estava sem reação. Aquilo fazia todo sentido. Se ele não tivesse aceitado as doses que Johnny havia pedido ele ficaria preocupado com as coisas mais bobas ao seu redor. Isso fez ele se lembrar de seu primo e ficar desesperado no mesmo momento.

Ten pegou o celular em seu bolso, e começou a tentar digitar algo, mas ele estava muito alterado e não conseguia manter o controle de seus dedos.

— Droga! — gritou alto sem se dar conta. E rapidamente tampou as bocas com as duas mãos.

Johnny riu do pequeno, e perguntou se ele desejava ajuda.

— Sim! Sim! Eu fiquei preocupado de repente com ele. Ele não apareceu, vai que ele foi sequestrado ou algo assim? — Chittaphon estava falando muito rápido e coisas difíceis de entender.

— Não precisa exagerar. Talvez ele tenha arrumado alguém e esquecido de você. Acontece.

— Você não o conhece. Ele não esqueceria de mim assim... eu acho.
Johnny pegou o celular e escreveu rapidamente como se nem estivesse alterado. Virou o celular na direção de Ten e dizia:

"Quem escreve aqui é uma linda companhia do Ten. Ele está bebâdo mas muito preocupado com você. Então, responda de volta."

Ten riu.

— Linda companhia?

— Sim. Você não acha? — Johnny sentou de lado no banco pra olhar melhor o rosto de Chittaphon.

— Acho. — Ten disse sério olhando nos olhos de Johnny, mas logo depois riu.

— Eu realmente não esperava por essa resposta.

Os dois trocaram olhares mais uma vez e um silêncio estranho se instalou no carro.

— Você não acha isso estranho? — Ten disparou.

— O que?

— Esse silêncio que permanece quando nos olhamos.

— Eu apenas estou esperando você se tocar.

— Se tocar? Do que você fala?

— Eu não sei você Ten Chittaphon, mas eu estou olhando assim pra você por um único motivo. Eu estou louco pra te beijar.

Chittaphon não sabia o que respondia ou como lidava com aquela situação. Ele nunca havia presenciado isso antes. Ten tinha atração por homens, mas nunca havia beijado um.

Ten se arrumou no banco arqueou as sobrancelhas e respirou fundo se sentindo enjoado.

Johnny olhou pra ele preocupado, e com receio do que tinha acabado de falar.

— Eu disse algo errado?

Ten saiu do carro correndo, e foi em direção a uma pequena viela próxima dali do estacionamento. Apoiou sua mão na parede e vomitou tudo o que bebeu naquela noite.

Ele sentiu uma grande mão nas suas costas.

— Esqueci de comentar que esse é um dos efeitos colaterais desse liquido mágico. Perdão.

Johnny tirou um rolo de balas do bolso de sua calça e entregou pra Chittaphon.

— Obrigado, eu acho.

Ten se recuperou, e colocou três pastilhas de uma vez na boca.

— Por um momento achei que fosse algo comigo. — Johnny sorriu.

— Provavelmente você não irá querer me beijar nesse momento, não é? — Ten disse formando um bico.

— Provavelmente não. — Os dois riram voltando pro carro.

— É melhor agora eu ir realmente pra casa.

Ao entrarem no carro Youngho se preparou, pegou no volante e começou a dirigir. Ten passou seu endereço pra Johnny, que julgou estranho alguém morar em um hotel.

O trajeto para o hotel foi calmo e silencioso. Ten estava sentado virado para o banco do motorista onde estava Johnny. Mais uma vez observando o rosto dele. Ele deve ter pensado alto demais pois sem querer disse:

— Você é realmente lindo, Johnny. — disse manhoso.

Youngho deu um sorriso gostoso olhando de canto para Ten.

Chittaphon aleatoriamente sentiu um peso em suas pálpebras fazendo ele dormir ali mesmo. Sem nem se importar.

Youngho nem sequer percebeu que Ten tinha acabado de dormir.

Ao chegar no hotel, Johnny estacionou. E só depois de estacionar observou Ten dormindo profundamente.

Ele não sabia como o acordava pois o rosto dele era tão angelical, que ficava difícil tentar.

Johnny chacoalhou Chittaphon carinhosamente.

— Ei, chegamos.

Ten murmurou algo incompreensível e se ajeitou no banco mais uma vez voltando ao seu sono.

Johnny teve uma ideia. Saiu do carro, e deu a volta e abriu a porta que se localizava o Chittaphon, e o pegou no colo.

Ten colocou seus braços em volta do pescoço de Johnny, e assim ficou. O pequeno era extremamente leve, e Johnny achou engraçado.
Ele bateu a porta do carro com os pés, e ativou o alarme.

Johnny foi até o hall do hotel, onde parou e olhou de um lado para o outro procurando por alguém que o auxiliasse. Mas não foi necessário.

— Segundo andar, quarto 56. — disse Ten sussurrando.

Johnny entrou no elevador com ele. E observou o garoto mais uma vez dormindo igual um anjo em seu pescoço.

O elevador se abriu e ele foi em direção ao quarto. Johnny perguntou sussurrando sobre as chaves e Ten pulou do colo de Youngho e pegou as chaves em seu bolso abrindo a porta imediatamente.

Chittaphon correu até sua cama e se deitou como se fosse uma criança.
Johnny fechou a porta e se sentou-se ao lado de Ten.

— Não vai tirar os seus sapatos?

Chittaphon não respondeu.

O garoto fez esse favor, e tirou os sapatos de Ten.

Ele estava indo em direção a porta pra ir embora, quando escutou a voz do pequeno.

— Obrigado por cuidar de mim, Johnny.
Ele balançou a cabeça em afirmação e sorriu de canto.

— Nos veremos de novo? — Ten disse sentado na cama com as pernas cruzadas.

— Você realmente acha que eu te deixarei escapar, Ten Chittaphon?
Deu um ultimo sorriso, e saiu do quarto.

Ten caiu na cama e seu sorriso foi nas orelhas pensando no que tinha acabado de ouvir. A noite passou mais uma vez com um flashback na sua cabeça. E depois de muito pensar em Johnny, finalmente dormiu.