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História Hearts War - Trinta e quatro


Escrita por: arelconic

Notas do Autor


Leiam as notas finais por gentileza.

Capítulo 34 - Trinta e quatro


Fanfic / Fanfiction Hearts War - Trinta e quatro

 

REESCRITA NO DIA 04/01/2019

.34.

Mesmo sabendo que um dia a vida acaba, nós nunca estamos preparados para perder alguém.

-Nicholas Sparks.

 

Jaebum estava em pânico.

Ele pensava em um nome. Uma pessoa. Seu amor. Sua vida. Seu amor. Sua vida. Jae. Youngjae, Choi Youngjae. Ele precisava encontrar o rapaz de qualquer forma. Jaebum estava preparado, mas Choi não. Ele sabia disso. Precisava defendê-lo. Como ele estava?

Deitado no chão, Jaebum rastejou até a porta. Abriu devagar vendo tanto soldados aliados quanto soldados inimigos em luta. Uns com armas, outros utilizando força física. Mas olhando rapidamente, concluiu que em grande maioria, os norte-coreanos estavam armados.

Sua atenção foi desviada quando o Yi-Jong fez um sinal combinado do outro lado. Ele iria distrair. Assentindo para o colega, agachou o corpo preparado.

-GRANADA! -Gritou e o Coronel abriu a porta saindo correndo para o campo. Muitas pessoas foram para direção contrária enquanto ele atravessava a metade do campo. -RECUAR PORRA!

A voz do amigo fez que ele virasse para trás vendo o Yi-Jong apontar para o alto, o helicóptero. Em instantes, uma rajada de tiros foi tentando acertar ele que acelerou ainda mais os passos, preparado. Jaebum fez o mesmo, entrando em arvoredo. Os tiros ainda eram ouvidos e acertavam nos troncos de árvores. Chegaram em alguma parte que o helicóptero perdeu os rapazes.

-Eles foram embora. -Jaebum falou descansando. -Precisamos achar o esconderijo. E eu preciso... encontrar uma pessoa.

-Vamos. -Yi-Jong assentiu procurando por uma fita vermelha no alto das árvores, onde ficava o esconderijo de armas. -Ali. -Apontou para árvore e ambos correram para o local. Jaebum olhou para os lados e chutou a árvore por diversas vezes até pedaços de troncos quebrarem. Agachou e pegou quatro armas, dando duas ao Yi-Jong que escondeu uma por entre as roupas.

Quando Jaebum estava a guardar a sua arma, um barulho lhe chamou a atenção.

-Helicóptero. -Comentou, agachando colocando a arma na bota. Mas algo estava estranho. O som continuava o mesmo. Não diminuía. -Você está ouvindo alguma alteração de som?

-Não. -Respondeu olhando para o alto. -É como se ele tivesse parad-Merda!

Jaebum e Yi-Jong voltaram a correr ao ouvir disparos atrás dele. Vez ou outra, os disparos acertavam a sua frente, mas não neles, fazendo que caíssem e recuarem, assustados. Estavam fodidos. Uma explosão gigantesca no alto fez a cabeça de Jaebum latejar.

Colocou as mãos nos ouvidos sentindo dor. Não ouvia nada. Uma outra explosão lhe assustou quando o Helicóptero foi derrubado, rodando até chegar no solo e uma fumaça espalhar no alto. Finalmente estavam agindo.

Sua visão turva encarou Yi-Jong que sacudia os ouvidos utilizando as mãos. Por alguns instantes, ficou perdido. Não conseguia ouvir nada. Estava abafado.

-Estou surdo. -Murmurou levantando e aproximando do amigo. -Yi-Jong, não estou ouvindo nada.

O colega levantou e puxou o seu rosto. Apontou para os lábios onde disse em mudo “É temporário. Sacuda os ouvidos. ”

Ainda grogue, assentiu. Começou a sacudir as orelhas por um tempo até que em um momento começou a ouvir um pouco. Mas ainda assim, ouvia baixo. Mas o pouco que ouvia, foi um alívio para o Coronel. Voltaram para o campo, mirando a arma para todos os lados.

Havia mortos para todos os lados e tiros eram disparados para todos os cantos. Mas aparentemente, ninguém havia percebido as vossas presenças. Os olhos de Jaebum focaram em um local totalmente destruído assim como os outros: o quarto sete.

Como chegaria até ele no meio de tantas balas voando? Observando o seu colega que lhe olhava, percebeu que aquele momento, ele precisava contar.

-Preciso ver o Choi Youngjae e dizer algumas palavras. -Gritou no meio de tanto barulho.

-O que? -Perguntou novamente agora olhando para os lábios.

-Preciso ver Youngjae!!!

-Agora?

-Sim! -Jaebum deitou no chão, rastejou até uma coluna de pneus empilhados a 10 metros de distância. Vendo os inimigos pularem o muro, mirou neles e atirou. -Precisamos ligar para a Central e pedir reforços!

-Eu já pedi! Pre- PORRA, sai daí! -Sem esperar, Jaebum rolou para o outro lado vendo Yi-Jong atirar onde ele estava anteriormente. Em seguida, correu para o seu lado. -Puta que pariu! Precisamos saber qual a situação. O exército americano estava a caminho, mas não sei se já chegaram. Precisamos de walkies talkies, sabe onde está o Coronel?

-No gabinete do Marechal. Conseguiu transportar ele? Ele é o alvo principal, precisamos protege-lo.

-Ele está protegido. A esta altura deve estar no aeroporto. -Explicou. -Escuta aqui, precisamos ir para rua. A Coreia está sendo atacada.

 ***

Youngjae sentia as suas pernas enfraquecendo cada vez mais. Estava sozinho. Seu coração não aguentaria mais.... Sua cabeça estava dolorida. Seus pulmões parariam de funcionar a qualquer momento. Havia se perdido de Jinyoung e Dong. E havia um homem atrás dele tentando acertá-lo com uma faca média.

Corria pelas ruas que estavam cobertas de mortos. Crianças, mulheres, homens e animais. Tinha que pensar rápido. Quando viu uma loja de vidro rachado com manequins, correu para lá. Com braços dos bonecos espalhados pelo chão, pegou um e se preparou para dar um bote. Foi em vão. Ao virar, deu de cara com a faca, mas com reflexo, colocou o braço falso na frente.

Involuntariamente, chutou a barriga do adversário e avançou chutando a faca para longe. Pegou o rosto do homem brutalmente, e, rastejou até achar um degrau onde havia quina. E sem piedade, bateu a cabeça contra a quina diversas vezes.

Suspirando cansado, soltou a cabeça observando o sangue espalhar pelo chão.

-Filho da puta. -Murmurou saindo da loja.

 ***

Jaebum balançou o aparelho eletrônico.

 -Aqui é Def Soul, câmbio? -Perguntou encarando o Yi-Jong em outro canto do estacionamento -aparentemente, o lugar mais seguro-.

Lembrando de momentos atrás, se perguntou se realmente o Sunshine estava bem. O Coronel Jaebum, ao entrar no quarto sete, não encontrou o Youngjae. Porém, ao encontrar O Jinyoung, soube que o rapaz correu para as ruas, depois de ver que ficar no quartel, não sobreviveria.

-Tudo certo, aqui é Mata100, câmbio. -Im revirou os olhos gargalhando em seguida, junto com Yi-Jong, o próprio Mata100.

-Pepi, câmbio. -Murmurou o Jinyoung, acenando com uma mão.

-Bomb, câmbio. -Dong, assim como Jinyoung, acenou.

Após ver que tudo estava em ordem, Jaebum formou um círculo com eles, para explicar sobre o plano.

-É o seguinte. -Começou. -Canal sete, lembrem-se disso. Distribuam para todos que verem e expliquem a eles brevemente. Cuidado. Dong e Jinyoung, vocês estão responsáveis por ir até a embaixada e mandar a situação para nós. Preciso criar um plano perfeito, mas para isso, preciso saber sobre a situação. Descubram sobre o presidente, Marechal e sobre o exército americano, que estão para chegar ou já chegou. Eu e o Yi-Jong vamos lutar e mandar ordens.

Em concordância, todos fizeram uma reverência rápida e saíram em suas missões temporárias. Com corpo erguido, Jaebum preparou a arma e encarou o seu colega. Com os dedos, fez contagem regressiva. 3...2...

 ***

Choi escalou o muro voltando para o quartel a procura de Jaebum. Atento, mirava para todos os lados, procurando qualquer som estranho para atirar. Agachou, andando devagar, vasculhando os lugares. Quando estava a entrar na casa, colocando o pé dentro dela, recebeu um chute na panturrilha.

O grito de dor acabou assustando o Nam que sem reconhecer o colega ainda, acabou chutando o seu rosto.

-Caralho, Youngjae! -Nam colocou a arma no chão e arrastou o corpo do menor para dentro da casa, tirando a visão da porta. -Desculpa, irmão. Esqueceram de mim. Me deixaram preso no galpão.

-Nam, você está... Porra. Está doendo.  Muito bem. -Terminou segurando o nariz. -Disseram que estava morto.

-Jaebum me soltou, mas eu tive que ficar preso no galpão para confirmar o filho da puta que fodeu com o nosso país. Eu mato aquele cretino do caralho. Irmão, estouraram meu joelho. Está inchado pra caralho. Irmão... O Tae está morto. A minha garota... Merda.... Ela vai ficar em choque.

Contudo, um passo chamou atenção de Choi. Olhando para trás viu uma sombra aproximar-se rapidamente. Quando viu que era um norte-coreano, jogou a faca que havia tirado nele, mas sem sucesso. A faca passou longe, levando um chute no rosto novamente. Em contrapartida, a criatura não tinha visto o Nam, e este, atirou nele várias vezes. E toda essa cena aconteceu através da visão embaçada do moreno.

-Agiliza, irmão. -Nam forçou a perna até o menor, dando tapinha no rosto. -Agiliza.

-Temos que ir para a rua. Jaebum... Inocentes... Mortos...

-Acorda filho da puta! Tu não vai me deixar sozinho. E para começar, não temos que ir à rua. Temos que achar armas e munição.

 ***

-Pepi, câmbio! -Jaebum fez um sinal para o seu colega, apontando para o norte-coreano armado que andava pelas ruas destruídas.

-Diga.

-Aviões foram proibidos no Aeroporto, senhor. Mas, há mais de quarenta seguranças no aeroporto protegendo o Sr.Marechal e o Presidente. A Central foi explodida. Paramos em uma casa de uma senhor e o quartel não está recebendo ligações. Porém, na TV, informou que o exército americano está na nossa terra. Lutando. Senhor, já chegamos a quatro milhões de mortos.

-Entendido. Tentem encontrar um soldado americano para situar eles. Arrumem um jeito de comunicar com o presidente, precisamos de outros países para nos ajudar. Câmbio.

-Sim, senhor. Desligo, câmbio.

-Quatro milhões de mortos. -Informou ao Yi-Jong, que assentiu em silêncio. Colocou a arma no ombro e observou a cidade, destruída. -Vamos, Matar100, não podemos dar bobeira.

Ambos vão para outra rua procurando aliados. Só encontrou a 8 KM, o que significa em média, duas horas de caminhada. Perto do famoso shopping Lotte World Tower, encontrou vinte soldados do quartel, inclusive um americano. 19 Walkies foram entregues e o plano foi explicado: Todos precisavam ir para o Aeroporto de Incheon.

 *** 

Youngjae estava agachado sentindo uma rajada de balas atravessando a janela; Nam havia ido para o outro quarto. Quando o barulho parou, levantou rapidamente dando uma olhada e abaixando novamente.

Deitou no chão e rastejou até a escada. Colocou mais um pente e mirou. Três... Dois... Uma lufada de bala acertou dois homens, fazendo que os corpos rolassem nos degraus. Antes que pudesse descer, viu mais dois homens subindo. Quando eles o viram, Choi voltou correndo procurando uma saída.

-PORRA! -A única saída era janela. E com sorte, poderia parar em uma outra laje. Sem pensar, segurou a respiração, correu e atravessou a janela.

 ***

Os olhos de Jaebum encarou o moreno no ar ao ouvir o barulho de vidro quebrando. Em câmera lenta, conseguiu ver o rapaz chegar em uma outra superfície.

-Protejam-se! – Gritou ao ver por trás do Choi, uma granada atravessando pelo céu. -É UMA GRANADA!

Pela última vez, viu o moreno pular o outro prédio. Seus olhos se encontraram por poucos segundos. Antes que pudesse correr para longe da granada, ouviu disparos.

Os malditos disparos. As balas que sentiu perfurarem o seu corpo. Merda, ele precisava falar com o Youngjae. A dor, rapidamente, ficou insuportável. Mas, ele não iria desistir. Ele iria falar com o Choi.

Tentando ignorar a dor, correu para longe da granada.

Suas lágrimas rolaram pelo rosto quando um tremor fez com que ele caísse. Com muito custo, levantou e tentou fugir. Mas a fumaça espalhou pelo local atrapalhando a sua visão. E para o seu desespero, tudo silenciou. Não conseguia escutar nada. Não conseguia ver nada. Estava tudo abafado. Sua visão estava turva.

E então aconteceu de novo. O outro disparo. Uma outra bala. Seu mundo estava cada vez pior, perdendo a consciência, sentindo o seu corpo relaxar.

-Preciso falar com o Youngjae. -Murmurou e outra bala atravessou o seu corpo desabando no chão. Tentou levantar, mas não conseguia. O seu corpo não reagia.  -Eu o amo.... Não posso morrer.

Ele não conseguiria. Ele havia perdido. Ele havia quebrado a promessa. Nada estava bem. O seu mundo estava escurecendo rápido demais. Não. As cores estavam deixando de ser cores. Não. O mundo estava embaçado demais para o seu gosto. Atônito, observou o seu próprio sangue espalhando pela rua. Youngjae não podia vê-lo assim. Impeça-o, pediu, sem conseguir murmurar realmente as palavras. Eu o amo.... Diga a ele. Antes que seus olhos fechassem, pela última vez, observou o Never Ever brilhar em seu dedo.

***

Youngjae sentia o seu coração descompassado. Havia corrido tanto para encontra-lo. Seu coração estava um pouco alegre por vê-lo, mesmo que tenha sido por poucos segundos. Finalmente tinha lhe encontrado.

Em um movimento súbito, enquanto corria, atravessou a janela. Precisava vê-lo.

Observou as ruas, inseguro.

-Corre bonito, irmão. Coisa de filme. -Nam brincou aparecendo por trás dele. -Encontrei os garotos. Temos que ir ao Aeroporto de Incheon.

-Você viu o Jaebum?

-Não. -Respondeu. -Quando a granada foi jogada, cada um foi para o lado. Mas disseram que temos que encontrar o Coronel. Ele que está ordenando a missão. Vamos até os rapazes. Vamos para casa, irmão. O aeroporto está a menos de dois quilômetros.

Choi Youngjae sorriu, ansioso.

Ambos, atentos, voltaram algumas ruas.

-Merda. –Nam assustou com os disparos acertando no carro, escondendo atrás. Agacharam ouvindo mais tiros e vendo que ainda tentavam acertar o carro. -Presta atenção, irmão. Esses tiros estão por aqui. Deita no chão e atire nas pernas que ver. Atirou? Corre.

O moreno concordou, entendendo. Juntos, deitaram no chão. Viram 4 pares de pernas. Conforme ouviu, ele pegou a metralhadora -AK12- e apertou o gatilho, vendo as balas atravessarem os pés e panturrilhas. Sem demoras, correram para longe virando em uma rua qualquer. Corriam mancando, mas ainda assim, corriam rápido.

Foi quando chegaram em uma cafeteria bem famosa -agora totalmente destruída- que viram o pequeno exército carregando três corpos. Jinyoung travou na hora quando viu o amigo de longe, aproximando-se.

-Por que parou? -Dong perguntou observando os dois rapazes.

 O mundo de Youngjae havia caído exatamente naquele momento, naquele minuto, naquele lugar, naquele ponto, quando viu a mão suspensa no ar. Seus olhos fixaram na aliança e o quanto o Never Ever brilhava. Que merda...?

Todos os momentos ruins que tivera passou pela sua cabeça. A mordida do lobo, os socos e pontapés dos inimigos, as brigas com o Jaebum.... Mas nada se comparava a aquilo.

Youngjae arrependeu-se. Arrependeu-se de não ter insistido mais momentos sobre os dois, arrependeu-se de não ter aproveitado mais, arrependeu-se de ter nascido. Aos seus olhos, ele visualizava o corpo morto da pessoa mais importante para ele, a pessoa com quem ele nunca imaginaria permanecer junto há alguns meses, mas que agora, não imaginava sem.

Seus pés tomaram movimentos impulsivos. Jinyoung pediu que colocassem o corpo no chão. Tremendo, Choi colocou a mão em seu rosto. Seus olhos estavam fechados. Sua pele...

-Ei, Jaebum... –Murmurou balançando o seu corpo. –É o Youngjae.... Acorda. –O moreno sentou ao seu lado e deu uma mexida nos seus fios de cabelos. –Você prometeu.... Lembra? Ei, Acorda. Ei. Ei. Não faça isso comigo. Não me deixe.

O nó em sua garganta estava tão apertado que viu que não iria conseguir segurar por muito tempo. Balançou o corpo com mais força, sem sucesso.

-Não se quebra promessas, Jaebum. –Sussurrou, sentindo o seu coração apertar. Sendo observado por todos, cerrou os punhos, levantando em seguida. -Vocês deixaram ele morrer? Como voc-

Antes que pudesse terminar a frase, Jinyoung segurou o seu rosto.

-Ei, não faça isso. -Jinyoung falou vendo as lágrimas do menor rolando pelo rosto.

-Não. Se. Meta. Filho. De. Uma. Puta.

-Pare com isso. Pare. -Sem pensar, Choi lhe deu o soco. Mas, sem desistir, Jinyoung colou a testa na de Youngjae.  -Olhe para mim, você é forte. Você. É. Forte. Agora não é hora de chorar.  Não é hora de ficar irritado. Temos que chegar no Aeroporto. Vamos finalizar a missão.

-Finalizar porra nenhuma! -Gritou empurrando o amigo para longe. Em contrapartida, Nam deu um soco no seu rosto. Mas aquilo não parou com a dor que Youngjae sentia. -Ele morreu, porra! Ele morreu. SEUS FILHOS DA PUTA!

Nam segurou o seu rosto reparando que o menor tremia.

-Irmão, vamos finalizar essa porra toda. Estamos correndo risco parado aqui. Você conhece o Jaebum. Você sabe que ele ia pedir, não sabe? Eu sei que sabe, irmão. Você mais que ninguém sabe disso. Ouve o seu amigo ali, você é forte. Agora não é hora de surtar. Vamos combinar o seguinte? Chegando no destino, tu faz o que quiser. Destrói o que quiser, chuta quem quiser, grite com quem quiser. Agora.... É finalizar a missão. Pega essa arma e mate todos esses filhos da puta. Vamos mandar eles para casa do caralho. Vamos vingar. Ouviu. Vingar.

O Sunshine assentiu, fungando. Vingar. Vingar.

Youngjae lembrava perfeitamente a última vez que chorou dolorosamente: quando viu seu pai morrer na guerra. De fato, não havia visto o seu corpo como viu de Jaebum. Mas ao assistir a TV com a sua mãe, o jornal mostrou as fotos dos oficiais que morreram lutando. Sua mãe deixou o celular cair quando viu a foto do seu marido. Naquela idade, o Youngjae entendia como funcionavam as coisas, as regras e tudo.

Cresceu ouvindo seu pai dizer que a vida é dura e que deveriam honrar a Coréia. Não importa o quão perigoso seja a missão, tem que cumprir. Não importa quantos soldados morrem, devemos proteger o alvo da missão.

Youngjae não concordava com as palavras ditas pelo seu pai. É um por todos, todos por um.

 A situação atual dos garotos era tensa. Ambos com a mente em Jaebum, sentiam-se renovados e destruídos. Suas almas estavam em pedaços, mas os seus corpos estavam confiantes. É como se o espírito de guerra de Jaebum tivessem apossado neles.

Corriam atirando em vários inimigos. Escondiam-se em prédios, caçambas, atrás de árvores, carros, qualquer coisa que possam protege-los. Eles estavam vingando o Coronel Im Jaebum, o melhor oficial da força armada. O dia tinha virado noite e os dois países ainda estavam em guerra. Nos jornais, o assunto era somente sobre a guerra. Os números de mortos não paravam de aumentar e isso preocupava a sociedade e principalmente, o marechal que observava calado.

-Conseguiu localizar o Im Jaebum? -Perguntou para um dos soldados que estava de guarda. No alto do salão, a TV que passava o quadro de horários das viagens, fora trocado pelos jornais.

-Não, senhor. –Marechal suspirou irritado e dispensou o soldado. Voltou a ver os jornais. –Merda.

-O número de mortes aumentaou para 8 milhões de mortos e números de feridos para quase 11 milhões de pessoas. Podemos ver nesse vídeo, a situação grave da Coreia do Sul. Mais tarde, mostraremos os motivos para a essa guerra. EUA e Coreia do Sul entraram em acordo e enviaram 7000 soldados para o nosso país. As redes sociais estão lamentando por essa guerra, principalmente os americanos, portugueses e brasileiros. Milhares de pessoas já mudaram o tema das suas redes sociais para #LutoCoreiadoSul.

-Isso mesmo, Hyuna. A tag já ultrapassa de 5 milhões de citações no Twitter, temos 1 milhão de usuários usando o tema e estamos recebendo mensagens de apoio. A Venezuela e Coreia do Sul entraram em um acordo...

A guerra, em parte, só finalizou no final da noite.

Choi sentou no chão, fechando os olhos. Suas pernas latejavam, sua cabeça parecia que ia explodir e seu corpo estava totalmente dolorido. Haviam chegado no aeroporto.

 

Durante o caminho, a pequena equipe carregava o falecido, sempre atentos a qualquer barulho. Jinyoung não deixou que o Choi carregasse o corpo, no entanto, ele não reclamou. Ninguém sabia o que se passava na mente de Youngjae. Ele não murmurou uma palavra sequer, apenas observava o local. Deduziram que ele estava ignorando o que ocorreu.

O que se passava com o Youngjae era como se fosse uma luta de guerra. Nele havia um muro e um lado esquerdo estava tentando destruir o muro, enquanto a direita estava segurando, tentando proteger. Para Jae, o esquerdo estava ganhando porque o seu muro estava com rachaduras e algumas partes estavam sendo quebradas lentamente.

A cena que encontrara quando chegou no Aeroporto era extremamente triste. Haviam vários soldados deitados no chão, dilacerados, decepados, mortos, feridos, chorando, murmurando de dor. Mulheres choravam caídas no chão.

As enfermeiras corriam de um lado para outro, levando os medicamentos e objetos cirúrgicos. Os soldados que estavam pouco feridos ajudavam a carregar os corpos. Havia várias ambulâncias caídas e destruídas. Em frente ao aeroporto, havia um grande exército protegendo a entrada. Não havia sequer uma pessoa limpa e feliz no ambiente destruído.

Sentado no chão, viu a equipe colocar o corpo de Jaebum juntamente com os outros. Sentiu o seu peito doer ainda mais e sabia que o seu muro estava com horas contadas. Para distrair, foi ajudar os outros.

Sua primeira vítima foi uma mulher que havia levado 5 tiros espalhados pelo corpo. Ela chorava e murmurava de dor, enquanto a enfermeira tentava segurá-la. Youngjae aproximou-se e segurou seus braços fortemente, recebendo um olhar de agradecimento da enfermeira. Os próximos minutos foram torturantes. Jae teve que aumentar a sua força enquanto a enfermeira tirava as balas do corpo.

A segunda vítima foi um Major. Ele murmurava palavras sem sentido e olhava para o teto. Um pedaço metálico havia atravessado seu ombro. Alguns soldados cochichavam sobre o que iriam fazer enquanto um médico analisava o seu corpo. O moreno aproximou-se fazendo uma reverência para Major. Este sorriu fraco e fez uma careta sentindo dor. O médico lhe cumprimentou e voltou a analisar.

-Converse comigo, Choi Youngjae. –O major pediu com dificuldades.

-Como essa coisa atravessou seu ombro?

-Não foi bem isso que imaginei que conversaríamos. O filho da puta... me chutou, eu desequilibrei e caí em cima.

-Falta de sorte. –Jae murmurou trazendo um sorriso do Major. –Jaebum também teve falta de sorte.

-O Marechal não vai receber esta notícia muito bem. –Respondeu baixo. Permaneceu calado com olhos fechados sentindo a dor. –Não vou resistir. Pegue uma câmera, limpe meu rosto e farei um vídeo.

-Senhor, você precisa manter em silêncio. Sentirá mais dor dessa forma.

-Faça o que ele pediu. –O médico murmurou observando Youngjae. –Não devemos negar o último pedido.

Youngjae engoliu em seco, observando ao redor. Como acharia uma câmera naquela bagunça? Um dos garotos que cochichavam foi até em um canto por alguns instantes e voltou com um celular na mão. Sorriu tristemente e entregou para o Choi. Este observou o Major, que estava sendo limpado pelo médico.

-Filmarei apenas o rosto. Para não verem esse pedaço metálico.

-Certo... Uh... O que devo falar? Uh, certo. Eun Lynhuk, meu amor, quanto tempo não nos vemos. 7 meses.... É muito tempo. Provavelmente, será a última vez que me verá. Vivo, pelo menos. –Riu fraco, logo fazendo uma careta de dor. –Amor... Lembra quando nós nos encontramos pela primeira vez? Você estava com um vestido branco esperando a sua prima sentada na calçada e eu estava esperando o quartel me buscar. Foi a amor à primeira vista, mesmo você não acreditando nisso. Você ainda continua sendo a mulher mais linda do mundo. Não. Do Universo. E lembra quando chorei quando a vi entrar na igreja como minha noiva? Foi o segundo dia mais feliz...da minha vida. –O mesmo rapaz que havia emprestado o celular pegou a garrafa de água e deu a ele. –Uh... Onde estava? O primeiro dia mais feliz foi quando anunciou que estava grávida e ganhamos nossa menina. Amor, não chore muito, ok? Não gosto de te ver chorando... Hye, saiba que... Papai te ama muito, OK? Apesar de estar com catorze aninhos, eu quero que ouça três coisas importantes.... Estude muito e seja quem você quer ser. Cuide da sua mãe, ela vai precisar muito do seu apoio agora.  Não case com qualquer rapaz.

Youngjae percebia que o muro estava cada vez menor e faltava pouco para o muro ser quebrado. Estava pronto para desligar o celular quando o Major lhe chamou.

-Não terminei.... Continue gravando... Eu, Major Kim Junhoek, honrei a minha pátria lutando. Eu termino... a missão aqui...

Major sorriu e fez um sinal positivo. Youngjae encerrou o vídeo e viu o médico segurando o ombro e puxando o objeto metálico. Alguns minutos depois, Kim Junhoek adormeceu por um tempo indeterminado.

Foi apenas no outro dia, ao amanhecer, que Choi Youngjae ficou desocupado e pode respirar. Jae não queria respirar, não queria lembrar o Jaebum. Não queria ser derrubado.

O moreno foi até o banheiro no segundo andar. Observou os raios de sol atravessando a janela. Estava cansado, estava acabado. Sentiu raiva do mundo. Perdera duas pessoas na guerra. A maldita guerra. Desde que entrara no exército, sua vida estava em uma reviravolta constante. Ora ruim, ora boa. Não queria ter conhecido o Jaebum. Talvez na outra vida, em uma que não seja na guerra. Pois, na guerra, o amor é a primeira vítima.

Deixou o corpo entrar em contato com o chão e observou os feixes de luz. Naquele exato momento, permitiu-se chorar.

Um pouco atrás dele, Mark lhe observava.

Aquele era o seu momento. Entendia que ele precisava ficar sozinho. E sabia que o Youngjae mais que nunca, precisaria do seu apoio, mas ele só tinha uma certeza: o seu melhor amigo tornaria uma outra pessoa.

 


Notas Finais


Eu queria dizer que eu não queria postar antes do ano novo justamente por ser um capítulo triste. Eu não iria estragar o último dia do ano de vocês. Essa história era para ser uma fanfic original, pois só faço original, mas de alguma forma, eu senti que encaixava com 2jae. Ainda falta o último capítulo, mas quero agradecer a todos que permaneceram até agora, acompanhando a fanfic. Muito obrigada mesmo. Beijooos!


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