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História Hellsing - Caminho para a Eternidade 2 - "Bom Homem"


Escrita por: Lady_Miss_Chief

Notas do Autor


ATENÇÃO! Essa fic é uma continuação direta do Caminho para a Eternidade (1), portanto, é essencial que tenha lido a anterior para compreender todos os eventos que irão ocorrer aqui. Obrigada!

Capítulo 23 - "Bom Homem"


Fanfic / Fanfiction Hellsing - Caminho para a Eternidade 2 - "Bom Homem"

As mãos pequenas avançavam por galhos finos, quebrando-os com os dedos enquanto dava passos firmes adentrando na floresta, ao longe, um cachorro negro parado a encarava, o reflexo do sol em seu olhar deixava-o com uma luz avermelhada e perigosa, não que a pequena se importasse, parecia fascinada demais por aquele canino que a atraiu do parque municipal, determinada, as pernas curtas prosseguiam, sujando o tênis rosa de terra.
- Ei, volte aqui cãozinho! – Ela gritou enquanto observava o cachorro avançar mais adentro pelas arvores de troncos espessos.
A menina franziu a testa, emburrada, sempre quis ter um animalzinho de estimação, mas porque nenhum parecia gostar dela? O pensamento a deixou extremamente emotiva por um segundo, mas ela rapidamente levou o braço gordo ao olho que ameaçava cair uma lágrima, odiava ser filha única, odiava ser tão... Sozinha. Nem na escolinha conseguia fazer muitos amigos, todos pareciam evita-la sua vida toda... Repentinamente a menina ouviu passos atrás de si e virou o rosto, mas a floresta parecia ter se fechado atrás de si de tão densa, uma sombra se fez presente, assustando-a e a fazendo correr na direção contrária, aquela no qual o cão negro de olhos vermelhos tinha ido, ela avançou sem cuidado dessa vez, fazendo os galhos dos arbustos e árvores se prenderem em seu cardigan azul claro, o rasgando. Os passos atrás dela pareciam cada vez mais altos, evidenciando que aquela assustadora forma sombria estava chegando mais e mais perto.
Num ato de desespero, a menina tentou subir numa das árvores, vacilando rapidamente o pé sobre o tronco e caindo no chão, fazendo seu queixo ser projetado contra a madeira, machucando-a, ela não gritou, embora lagrimas se formassem rapidamente e caíssem pelo seu rosto redondo pela dor que se assolava em seu rosto, sabia que não podia dar sinal da onde estava, mas isso não pareceu ser o bastante quando duas mãos agarraram sua cintura fazendo-a a gritar alto em resposta, se debatendo no ar.
- Seras! – Ouviu a voz desesperada de sua mãe por trás e virou o rosto, fitando a bela mulher loira de cabelos longos a segurando com um semblante desesperado em seu rosto. Então... Ela era a sombra na qual a fugia?
- Mamãe! – Ela respondeu, reconhecendo-a e se virando, jogando-se nos braços calorosos de sua progenitora.
Com força, sentiu que sua mãe segurou seus ombros, afastando-a do abraço que estava prestes a dar.
- O que deu em você? – gritou, balançando-a – Como pôde sair correndo e entrar na floresta sozinha? – Os olhos da mãe rapidamente caíram lagrimas enquanto ela continuava chacoalhando a pequena pelos ombros – Me responda Seras!
A menina sentindo o peso de toda aquela aura de terror da mãe rapidamente sentiu os olhos se encherem de água também, nunca tinha visto sua mamãe assim, e foi tudo por culpa dela...
- Tinha... Tinha... Um cachorrinho... – Ela virou o rosto, enquanto as lagrimas não permitiam que falasse com clareza, tentando erguer a mão e apontando para adentro da floresta – Ele correu pra ali mamãe... Eu queria que ele fosse meu amigo...
- Você não pode fazer isso!!! – A mãe gritou, forçando-a a encarar ela de novo, desesperada – Tem ideia de como eu fiquei? Você desapareceu!
Com angustia subindo por seu peito, pronto para transbordar pelos olhos, a criança abriu a boca, chorando muito alto enquanto se desesperava com a possibilidade de ter se perdido ali para sempre. Alguns segundos se passaram, até a pequena sentir as mãos da sua mãe envolverem sua cabeça, a puxando pra um abraço apertado contra seus seios.
- Me desculpa, mamãe!!! – Seras gritou, enquanto as mãos pequenas envolviam as costas de sua mãe, agarrando-lhe a camisa lilás.
- Está tudo bem meu amor... – A mãe falou, agora acariciando sua cabeça com cuidado, afundando a mão nos fios loiros curtos da filha, após alguns minutos, percebendo que o Seras se acalmava e seu choro diminuía, a mãe desfez o abraço, olhando-a nos olhos enquanto passava a mão nas bochechas rosadas da filha.
- Apenas me prometa que nunca mais fará isso, está bem?
- Eu... Prometo, mamãe – A pequena respondeu, encarando-a com os olhos grandes marejados.
- Um dia você vai ser mãe e vai entender que fazemos de tudo por nosso filho... – Ela se inclinou rapidamente dando um beijo na bochecha de Seras.
A menina sorriu felizmente novamente, como se toda dor e culpa tivessem sido magicamente tirados de si pelo toque abençoado de sua mamãe, ela logo se levantou, esticando a mão para Seras, que aceitou prontamente e a guiou para fora daquela floresta aonde aquele estranho cachorro de olhos vermelhos a havia atraído.
- Mãe... – ela comentou distraída enquanto olhava para as folhas secas sob seu pé – Eu não vou ser mamãe, vou ser policial que nem o papai! – resmungou.
Ouviu a mãe rir alto por um minuto, obrigando-a a olhar pra cima, brava.
- É sério mãe! – A menina confirmou, batendo o pé sobre a terra.
- Claro que será minha pequena policial! – A mãe respondeu, enquanto a puxava para fora daquela escuridão da floresta – Mas um dia, vai encontrar um bom homem e... As coisas simplesmente vão acontecer, você verá.
A menina franziu a testa incomodada com aquela previsão, o que significava um “Bom homem?” ela pensou sem parar enquanto avançavam, talvez... A pequena constatou, um “bom homem” seja um homem igual ao papai!


Seras Victoria riu sozinha enquanto a memória lhe era revelada, um vento frio soava pela Romênia aquele fim de tarde, ao longe, o sol se punha dando ao céu um degrade alaranjado tão belo que parecia ter sido pintada por um grande artista, ela colocou as mãos nos próprios braços enquanto sentia os seios encostarem no parapeito da sacada do castelo, lembrava de ter visto o sol nascer, o que lhe confirmava que esteve ali por tempo demais pensando sobre como sua vida parecia ter ficado de ponta cabeça, respirou fundo pensando na frase de sua mãe, Alucard definitivamente não seria aprovado pela família, ela riu baixo considerando a situação por um momento.
- É... Mãe... A senhora estava certa sobre eu ser mãe, agora sobre o “bom homem”...
Ela sussurrou enquanto fixava o olhar nas nuvens, apesar de ser um monstro, uma vampira, parte de si ainda tinha fé de que existia alguém lá encima que ainda gostava dela, apesar de tudo o que fez nos últimos meses...
- Signorina*, mandou me chamar? – A Voz do Maximillian soou detrás dela, de forma receosa, provavelmente pelo último encontro deles o doutor ter aberto a boca demais e exposto as mentiras de Alucard.
- Sim, chamei – Ela confirmou, ainda com o olhar fixado no céu que pouco a pouco escurecia – Agora só falta....
- Estou aqui. – A voz de Alucard a fez virar o rosto, o Vampiro estava encostado do lado direito a porta da sacada com os braços cruzados, pela postura, Seras se questionou há quanto tempo ele estava ali, exatamente atrás dela, de fato, ela não dormira com ele essa noite, nem dormira na realidade, primeiro ficou vagando sem muito rumo pelo castelo, perdida dentro da própria revelação maternal que sofrera, por fim, quando o sol ameaçou nascer, ela subiu as escadas e foi até uma das poucas sacadas do castelo, observar a manhã mais uma vez.
Ela virou todo o corpo, encostando as nádegas contra a sacada, Alucard a encarava fixamente, apesar da escuridão no qual a Romênia era mergulhada a cada minuto, o olhar brilhante em vermelho chama de seu mestre parecia estranhamente ameaçador visto daquela distância. Já o Doutor parecia um adolescente deslocado no primeiro dia de aula, movendo as mãos constantemente, ajeitando o jaleco branco que usava, os óculos, como se não estivesse confortável com a situação.
- Primeiramente... – Ela disse, fazendo o Doutor fixar o olhar nela, mas Alucard não se moveu –Eu não sei como essa criança venho para aqui, eu não sei que tipo de brincadeira do destino é essa, tudo que sei é que ele é meu... – Ela sentiu um arrepio percorrer o corpo e rapidamente fixou o olhar no de Alucard que entortava a boca de desprezo – Nosso. – Ela se corrigiu rapidamente – Seja como for, eu preciso saber de quantos meses eu estou.
Percebeu que Maximillian olhou pros lados, como se tentasse confirmar que aquilo era uma pergunta, disfarçadamente ele tossiu, ajustando os óculos quadrado no rosto másculo.
- Seras, é complicado... – Ele começou, vacilante – Podemos supor que talvez você possa estar de três meses de acordo com o início dos sintomas, mas sendo sincero, sua barriga parece pequena demais pra isso... – Por um momento ele fixou o olhar em Alucard – A verdade é que eu não sei, precisamos fazer alguns exames pra determinar como essa criança está e tentar prever seu nascimento, mas estamos andando numa neblina densa aqui, não sabemos de absolutamente nada, você é única, seu caso é único, você pode ter essa criança daqui há seis meses como uma mulher humana, como pode ter daqui um ano.
Ela respirou fundo, aquela resposta não era exatamente o que ela esperava, mas era difícil esperar algo diferente do Maximillian, apesar dos pesares, ela sabia que não havia melhor pessoa no mundo inteiro capaz de lidar com tudo aquilo que estava acontecendo com ela, ninguém conhecia a anatomia de um vampiro ou de qualquer monstro como a família Frankenstein, Alucard realmente soube escolher bem, ela precisava admitir.
- Então eu continuarei me alimentando indevidamente? Perdendo o controle? Atacando? – Ela questionou abrindo as mãos perante Maximillian.
- Vai – Alucard respondeu, fazendo o Doutor fechar a boca imediatamente.
- Sim! – Ele se virou, apontando pra Alucard – Mas estava refletindo, creio que podemos tentar prever isso antecipando e satisfazendo seus desejos antes que eles cheguem ao ponto de te fazerem perder o controle.
A Vampira se calou, e começou a caminhar de um lado pra outro, percebeu que Alucard a seguia com o olhar vigilante e andou em direção a ele, parando a sua frente, ela ergueu as mãos, tocando o rosto frio dele, o vampiro pareceu genuinamente surpreso com a aproximação e relaxou os ombros largos, embora ainda estivesse com os braços cruzados sobre o peito.
- Eu tomei uma decisão – Ela disse, com o olhar fixado no dele, embora esperasse que Maximillian também ouvisse – Eu quero que vocês me acorrentem, coloquem algemas em mim, me coloquem numa cela, eu não sei... Apenas me prendam, porque assim mesmo se eu perder o controle terei a tranquilidade de saber que ninguém perdera a vida no processo  – Ela falou finalmente, agora virando o rosto pro doutor.
Ouviu o hálito quente de Alucard bufar em seu rosto, soltando um “argh” baixo enquanto ele revirava os olhos para trás. Ela o encarou de novo, segurando seu rosto com ambas mãos para que ele se concentrasse nela.
- Escute-me Mestre, eu levarei essa gravidez até o fim, não importa os desafios e provações que precisarei passar para isso, porém... Eu não posso fazer isso enquanto eu temer perder o controle e assassinar mais pessoas inocentes no processo.
- Você é idiota – Alucard disse erguendo o lábio superior e exibindo as presas.
- Me prometa que fará isso – Ela pediu, descendo a mão pelo rosto dele e segurando seu laço vermelho no pescoço, com os olhos fixos no dele.
- Me recuso – o vampiro respondeu – Não aceito que se coloque nessa situação tão degradante em prol da vida de outros vampiros inúteis.
- Você citou minha consciência cristã e está correto – Ela falou descendo o olhar e se distraindo com a gola branca da camisa dele – E exatamente pelo mesmo motivo que mentiu pra mim sobre os assassinatos em prol disso, precisará agora aceitar minhas condições pelo mesmo motivo – ela virou o rosto, olhando para o Doutor que lentamente balançava a cabeça positivamente enquanto seu olhar vago apresentava o quanto ele raciocinava sobre o assunto – Além disso... – Ela recomeçou – Nós concordamos que devemos ser os únicos a saber dessa gravidez, estou correta?
- Sim, definitivamente – Maximilliam falou se aproximando dela enquanto batia a palma da mão esquerda fechada sobre a direita aberta enfatizando a decisão como um martelo – Te expor iria condena-la a perigos e ameaças nunca antes vistos, pra começar, se a pegarem, você vira objeto de estudo de grandes corporações ao redor do mundo, podendo cair diretamente na CES, ou pior... Muito pior que isso...
- Os Iscariots – Alucard falou a contragosto fazendo uma careta – Se aqueles bastardos souberem disso vão fazer de tudo para impedir o nascimento dessa criança.
Os três ficaram ali na sacada, parados por algum tempo enquanto sol terminava de se pôr por completo, mergulhando-os na escuridão sombria da noite na Romênia, ficaram quietos, inclusive Alucard que continuava com uma aura estranhamente perturbadora, ela podia sentir no sangue dele que de alguma forma ele parecia extremamente tenso, e embora ele não soubesse que ela havia percebido aquela emoção pela primeira vez nele, isso a comoveu profundamente, porque sabia que tudo aquilo estava relacionado a ela e ao bebê.
- Estamos decididos? – Ela falou expondo um sorriso enquanto encarava os outros dois homens altos a sua volta, não importa o que aconteceria a partir daquele momento, tudo que ela sabia é que estava depositando sua vida e a de seu filho nas mãos deles.
- Sim, estamos – Maximilliam falou colocando o dedo no centro do óculos e o erguendo até a face assumindo uma postura séria  – Prometo pela honra da família Frankenstein que ninguém saberá dessa gravidez, Signorina Victoria.
- Por favor, pode já fazer os preparativos, você mais que ninguém conhece a fraqueza de um vampiro e saberá como me manter algemada da forma correta.
Ele concordou enfaticamente com a cabeça, fazendo os fios castanhos balançarem perante sua face, em seguida se virou, abrindo a porta dupla de madeira e adentrando no castelo rapidamente.
A Vampira respirou fundo enquanto ouvia os sons dos passos de Maximillian ficarem cada vez mais distantes, por fim, virou a face pra seu mestre, observando-o na mesma posição tensa de outrora, fitando-a como se a analisasse.
- Mestre... Eu... – Ela começou, sem saber o que dizer exatamente, podia sentir que ele com certeza estava infeliz com aquela decisão de passar meses acorrentada em algum canto do castelo, mas contava com seu bom senso para compreender a situação.
- Desde quando você começou a ser tão convincente Policial? – Alucard disse repentinamente, descruzando os braços, como se tivesse lido sua mente.
- Passei trinta anos aprendendo com a melhor – Ela sorriu, aproveitando da guarda baixa do seu homem para se aproximar mais dele, encostando os seios fartos no seu tórax, e envolvendo as mãos pequenas em volta de seu pescoço, deslizando a ponta das unhas longas sobre sua nuca, acariciando-o.
- Sir. Integra estaria orgulhosa de você – Alucard comentou, enquanto abaixava a guarda e tocava o quadril da vampira.
- Meu mestre também está? – Ela perguntou de forma manhosa, descendo a mão direita e brincando com o laço vermelho no pescoço dele, repuxando a fita com os dedos.
Alucard levou a mão esquerda ao queixo dela, segurando-a enquanto a olhava profundamente nos olhos, a vampira se sentiu por um momento sendo engolida pelas chamas que queimavam dentro de seu mestre, não que isso a perturbasse mais, havia uma época em que olha-lo nos olhos era tão assustador como encarar o próprio Lucifer, não mais... Tudo que ela desejava agora era ser queimada por todo aquele fogo que irradiava de Alucard. Percebeu que ele levou o dedão a seu lábio inferior forçando-a abrir a boca lentamente, com delicadeza, ele levou o dedo na sua presa direita afundando o dedão ali até que saísse uma gota de sangue.  
- Ah... Estou... Completamente – Ele disse, enquanto a encarava por cima de forma orgulhosa – E não me refiro apenas a sua eloquência verbal, Draculina.
Enquanto a pequena ficava nas pontas dos pés para beijar aquele homem tão assustador e poderoso a quem entregara sua vida e eternidade, sentindo a boca dele preencher a sua com cuidado, invadindo seus lábios com a língua longa, degustando-a como uma fruta recém colhida, de forma mais romântica do que ela já havia sentido antes, ele envolveu os braços longos pelo seu corpo pequeno, abraçando-a com força, possuindo-a profundamente, seu corpo relaxou instantaneamente como se a saliva dele fosse uma droga anestésica como nenhuma outra, sim... Talvez Alucard não fosse um “bom homem” pro resto do mundo, mas definitivamente seria o melhor homem para ela e isso era tudo que importava, a vampira pensou enquanto mergulhava sua própria língua na boca de seu mestre.


* Senhorita em Italiano

 


Notas Finais


Primeiramente FELIZ 2021 A TODOS!

É engraçado como eu achei esse um dos capitulos mais "bonitos" que escrevi nessa Fic, ele mostra um pouco como é a visão de Alucard perante Seras, eu não pretendo transformar Alucard em outro homem como vejo muitas fics fazerem, tornando-o um principe encantado, ou adaptando sua personalidade ao que é mais é mais "aceitavel", ele é um vilão pro resto do mundo, ele é cruel e frio, mas pra Seras ele é o belo homem sombrio que a salvou da morte, ele é seu heroi, seu mestre, o único elo de amor dela na terra após a partida de Integra, e para Alucard, Seras é o mesmo. Eu me pergunto o que essa criança poderá influenciar na vida de ambos... Obrigada pelos comentários, pelo incentivo e carinho de sempre.

Insta: @lady_miss_chief


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