História Helô e Stenio Para Sempre - 9 - Bronca da amiga

A chefe de polícia estava compenetrada no trabalho, mas uma mensagem da melhor amiga informando que a esperava no estacionamento da PF, faz Helô largar tudo e ir ao encontro dela.
—Mai, fiquei preocupada quando recebi sua mensagem dizendo que estava me esperando aqui. Aconteceu alguma coisa? — pergunta assim que entra no carro do lado do carona.
— Aconteceu muitas coisas, Heloísa.
— Foi com o Lucas?
— Não! Foi com você e só fiquei sabendo hoje cedo, a Drica conversou comigo, Heloísa.
— Ah! — solta o ar que prendia, recostando-se no banco.
— Por que você não me contou que a Drica está indo morar em São Paulo? Sempre nos falamos sobre tudo, amada.
— Eu ia contar, mas não tive tempo.
— E precisa de tempo para me mandar mensagem?
— Mai, você não prefere entrar e tomar um café?
— Heloísa, te chamei aqui porque na sua sala tem o Pedro e não teríamos a mesma privacidade. Também não posso sair para conversamos em outro lugar, daqui a pouco preciso visitar a Dona Leonor que quer reformar umas joias.
— Não tem muito o que dizer sobre esse assunto. Drica armou pelas minhas costas uma mudança para São Paulo, já está decidida a isso e a família do Pepeu vai junto. Pronto! Ficarei mais uma vez longe dela e da Alice.
— E por isso você decidiu tratar mal a menina como fez na mensagem ontem?
— Ela mostrou as minhas mensagens? — a delegada se irrita.
— Mostrou! Você está pegando muito pesado, Heloísa.
— Maitê, você ouviu o que eu disse? Ela armou tudo sem me dizer NADA. Que tipo de mãe eu sou se minha própria filha faz as coisas pelas minhas costas?
— Você não teria apoiado do mesmo jeito.
— Como saberemos se ela não me deu a chance?
— Amada, eu te conheço tão bem. Você sempre ataca quando se sente magoada e é exatamente isso que está fazendo com a Drica, atacando, sendo dura e querendo magoar do mesmo jeito que ela te magoou por não contar antes sobre a mudança.
— Eu não estou atacando a Drica, só deixei claro que não concordo com essa maluquice.
— Heloísa, olha pra mim.
— Maitê, não vem com psicologia de bolso não.
— Você precisa ouvir a verdade e era o que o Stenio deveria ter feito se não fosse tão medroso em relação a você.
— Que verdade, posso saber?
— Heloísa, seu comportamento é ridículo e como sua amiga tenho obrigação de falar na sua cara. Pelo que entendi você não deixou a Drica se explicar direito. Hoje cedo conversei com ela e as razões são mais que válidas. No lugar dela eu me mudaria também. Três marcas nacionalmente conhecidas querem contratá-la, não ficou explicito, mas é óbvio que eles preferem que ela esteja mais perto deles lá em São Paulo.
— Ela poderia muito bem viajar quando fosse necessário.
— Poderia, mas é muito mais conveniente já estar por lá. Outra coisa, é por um tempo. A Drica me falou que não pretende se desfazer do apartamento que o Stenio deu pra ela.
— Maitê, nada justifica a Drica apenas me comunicar sobre a mudança.
— Para de colocar as coisas dessa forma, Heloísa.
— Não gostei do jeito que ela fez tudo às escondidas.
— A Drica está em São Paulo nesse momento, sabia?
— Já foi?
— Não definitivamente. Nos encontramos no aeroporto e conversamos. Ela e o Pepeu foram acertar as coisas sobre o apartamento novo e Drica tinha que assinar os contratos. O Stenio não deve ter te falado, mas ele enviou um estagiário com ela para auxiliar na parte contratual.
— O Stenio não falou nada.
— Deve ser porque você está se comportando como uma tirana.
— Também não é assim, Mai.
— É assim, sim. Em todos os momentos da sua vida, quando você se sente magoada ou excluída de algo, se torna uma Heloísa irritante e megera.
— Maitê!
— É melhor que você ouça de mim que sou sua amiga. Se estou sendo dura com minhas palavras, é porque não quero que você perca tudo que conquistou com a sua filha nos últimos anos.
— Será que conquistei algo mesmo? Ela preparou uma mudança e não me disse nada, isso diz muito.
— Diante da sua reação, acho que a Drica tinha toda razão em esconder os planos dela.
Depois de um tempo em silêncio, processando tudo que tinha escutado, a delegada volta a falar.
— Essa distância nos fará regredir, Mai!
— Não, Helô.
— Estava tudo tão bem, agora com a Drica morando em São Paulo...
— A distância física não acabará com a linda relação mãe e filha que vocês têm hoje em dia, Heloísa.
— Será que não?
— A Drica foi para São Paulo e volta na segunda, mas você pode ligar pra ela e conversar. Seja sincera, diga que ficou magoada e que não concorda, mas que apoia a mulher que ela está se tornando. Assinando com essas marcas, ela estará em comerciais, outdoors. Teremos o rosto da sua filha espalhado por cada canto do Brasil, delegada.
— Ela está ficando famosa com essa internet. — ela diz e acaba sorrindo, o orgulho inflando no peito.
— Pensa pelo lado positivo, Helô. São Paulo é pertinho, você pode viajar quando a saudade da Drica e da Alice apertar.
— Ah Maitê! Eu fui um péssima mãe por tanto tempo, passei a maior parte da vida dela longe... agora que está tudo bem ela simplesmente decide ir embora... sinto que nunca estou perto o suficiente da Drica e me sinto uma mãe fracassada... — ela suspira e pela primeira vez depois daquela briga a delegada deixa as lágrimas virem a tona. O choro finalmente começando a aliviar seu coração.