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História Home Sweet Home - Passado e presente


Escrita por: vanaheim

Capítulo 13 - Passado e presente


Fanfic / Fanfiction Home Sweet Home - Passado e presente

O Sol ameaçava desapontar no leste a qualquer momento. Aquela manhã estava fria. O vento carregava a friagem, penetrava as roupas como pequenos alfinetes. Fazendo-os estremecer a cada segundo, esfregarem os braços para se aquecerem um pouco.

O gramado estava úmido da chuva que caiu de madrugada. As telhas gotejavam contas de gelo, que chiavam contra ao chão, em meio ao silêncio do horário. A chuva estava ali. Sombreava o céu, ameaçando cair a qualquer momento.

Não era o frio que incomodava Stiles. Esse era o menor dos seus problemas. O evoo ficava trocando o peso do corpo entre os pés, esfregando as orelhas geladas, remexendo os dedos. Estava inquieto. Mesmo com a promessa de que o carro não demoraria em estar alí.

Os cinco estavam empoleirados na varanda. Os olhos atento a rua vazia, apenas aguardando o táxi. Haviam trocado o calor aconchegante da sala pelo frio matinal sem nenhum motivo aparentemente; senão aquele nervosismo que àquela história havia acionado em cada um deles.

Derek e Danny conversavam baixinho, um tanto afastados. Aproveitavam os últimos minutos. Anos de conversas atrasadas.

Stiles olhava em volta de forma minuciosa. Se não fosse pelo seu irmão ficaria um pouco mais. Queria ter tido tempo para olhar mais. Desfrutar mais. Quando caminhou ao lado de Derek não recebeu aqueles olhares dos que o cercavam. Uma sensação que em sua curta vida experimentou muito pouco. De interagir com os gêmeos, que prometeram lhe mostrar locais.

— queria poder olhar a cidade melhor. — balbuciou baixinho.

Ele pensava em seu irmão. Imaginava a cara que Liam faria quando contasse sobre Beacon Hills. Evoos e niices sem coleiras. Aquela promessa de liberdade que rendia-lhe um frio na barriga.

— Não faltará oportunidade. — Ethan garantiu. — vocês podem nos visitar.

— É. — Reafirmou Aiden. Vocês podem nos visitar qualquer dia desses.

Os gêmeos assentiram em comum acordo.

Stiles fitou Derek de relance. O moreno ria de algo que Danny havia lhe contado. Parecia bem melhor, depois daquele episódio de noites atrás.

— Vamos ver. — O Stilinski balbuciou.

— Mais de um dia. Na próxima. — Ethan argumentou. — Sem toda a pressa.

Os evoos riram baixinho.

— É. Você precisa conhecer o Nagual. — Aiden disse-lhe, com um sorrisinho.

Ethan revirou os olhos. Stiles riu dos dois.

— O que é isso? — Indagou. — Nagual?

— É um pub. — Ethan contou. — Ignore ele.

— Não. Não ignore. — Aiden aconselhou. — Não é um pub. É o pub. Tem karaokê, música e comida boa.

— Parece bom. — Stiles balbuciou.

Aiden reafirmou.

— Stiles... — Ethan balançou a cabeça, por dar corda ao irmão. Mas acabou rindo.

O carro não demorou mais que alguns minutos para chegar. Após se despedirem e mais uma vez agradecerem pela ajuda, Derek e Stiles partiram.




•×•




Quando o avião pousou em nova Iorque o dia já havia clareado há tempos. Stiles teve aquela certeza suspeita de ter visto o sol nascer primeiro do que todos, só por estar a vários metros do chão, acima das nuvens.

Era um pensamento bobo e ridículo, ele sabia disso. Mas era também uma distração. Ele fazia isso como podia.

O Sol forte parecia querer ferve-los a cada passo. Ainda não era nem meio-o dia. Stiles sentia a gola da camisa empapada de suor. Lembrou do frio de horas atrás. Preferia mil vezes.

Derek enxugou a testa com o dorso da mão. Apertando as alças da mochila com a outra. Haviam deixando uma marca úmida na sua blusa, quando percebeu já era tarde. Encarou o evoo brevemente.

— Está animado? — Era uma pergunta retórica. Sabia que se pudesse, Stiles iria saltitando até greenpoint.

Não haviam conversado durante o vôo – ao menos o momento em que Derek estava acordado – e Stiles estava com aquele jeitão dele, distraído.

— Apreensivo seria mais apropriado. — O evoo balbuciou enfiando a mochila no porta-malas. Puxou a de Derek e fez o mesmo.

Fechou a porta com a mesma pressa e fitou o moreno.

Derek meneou brevemente. Segurou os ombros do evoo e o empurrou até a porta do passageiro.

— Mantenha a calma. Só mais um pouquinho. — Derek pediu, aconselhou, ladeando a frente do veículo e entrando tão logo.

O Stilinski o seguiu, esboçando um sorriso.

— Estou calmo, Derek. — Ele garantiu se acomodando no assento. — Acredite.

— Se você diz...

— Podemos ir? — Stiles indagou. Abriu a janela, o interior do carro estava quente e abafado. Ficar parado não estava ajudando.

O moreno balançou a cabeça.

— quer passar primeiro em casa? — Derek o encarou brevemente enquanto guiava o carro. Não gostava de desviar o foco, mas também não gostava de conversar sem ser olho no olho; na maior parte do tempo, ao menos.

— Não precisa fazer isso.

Stiles disse-lhe, batucava o dedo no joelho. Poderia se virar dali em diante. Não podia pedir mais. Abusar, como enxergava. E Derek parecia cansado, mesmo dormindo durante a viagem.

— Mas eu quero fazer. — Derek pontuou. Não o encarou, manteve os olhos na estrada.

O Stilinski podia se dar o luxo de virar o rosto para encara-lo.

— Acompanhei essa tua busca desde o início. Quase. Não seria agora que eu deixaria de lado... Ou você não quer que eu vá?

Stiles ficou esperando que Derek o encarasse pelo canto dos olhos – que a íris esverdeada estivesse mirando-o cheia de confusão – como sempre fazia, mas não aconteceu.

— Tudo bem. — ele balbuciou. — Já que insiste....

— Insisto. — o moreno balançou a cabeça. — E eu iria de qualquer forma. O endereço está no meu celular também.

O evoo sorriu, balançando a cabeça. Fitou o papel com o endereço que havia grudado no encaixe do rádio. Ele balançava com o vento que escorria pelas janelas. Stiles temeu que ele fosse voar para longe, mesmo agora sabendo que Derek também o possuía.

— Não está com fome? — Stiles indagou. Estava pisando no calo do homem. — Porque vai demorar.

— Comida é o de menos. — O moreno tratou de afirmar. Apesar do estômago estar murchando devido a fome que sentia. — Depois podemos parar em qualquer lugar e comer.

Stiles riu baixinho.

— Você adiando o almoço... Que estranho. — Zombou.

— Ha ha ha, muito engraçado.

Derek grunhiu, socando a coxa do castanho que se limitava a rir da sua cara. Olhou para o papel mais uma vez. Regravando o caminho que deveria fazer.




•×•




Demorou um pouco para que chegassem no bairro. O trânsito não facilitou o trajeto para eles. Enfurnados naquele veículo e a mercê das pausas de minutos em minutos, o nervosismo parecia algo contagioso.

Derek estacionou à duas casas do endereço indicado. Só por precaução. Parecia uma casa comum – não era muito diferente das demais – mas não sabia o que esperar.

Nenhum e nem outro moveu um músculo sequer. Os olhos de ambos ficaram encarando a casa ao longe. Mesmo dois minutos se passando.

Acomodado no assento do passageiro Stiles via-se travado. Como se suas articulações estivessem fundidas com ferro e fogo. Se mover era algo impossível. Encarava a casa com fixação, cada movimento atraia sua atenção; as cortinas esvoaçando, uma silhueta se movendo por detrás das janelas. O dedo havia pousado sobre a trava de segurança da porta e se mantinha ali. Ponderava a todo instante, a cada segundo um questionamento diferente. Logo agora que estava tão perto. O receio parecia corroer suas veias. Não sabia o que lhe esperava depois daquelas janelas, tábuas amarelas e porta branca. Seu pessimismo finalmente havia lhe dominado, no pior momento. Forçava-o a pensar nos contras, unicamente neles. Mentalizar imagens agoniantes.

O peito subia e descia num ritmo atípico.

Derek respeitou o silêncio do evoo até certo ponto. Fitava seu rosto contraído, a testa úmida. Sua mão pousou na de Stiles – que segurava o joelho – e a apertou, tentando passar-lhe confiança.

— Vai dar tudo certo, Stiles. — Falou-lhe. Tentava não pensar na reação do homem em se deparar com o evoo que nunca chegou. E se ele exigisse a troca? O que faria? Estava nervoso. Não tanto quanto Stiles, mas ainda nervoso.

Stiles piscou e o encarou. Mas não sabia o que dizer. Ele não possuía certeza de nada. Não controlava nada. As vezes nem ele.

— eu n...

— Não vai dar para trás, não é?! Logo agora? — Derek ergueu as sobrancelhas. A expressão era ligeiramente de decepção. Como se não o reconhecesse. Como se não fosse o evoo confiante que ameaçou quebrar seu dedo.

— E se ele já não estiver ali? — murmurou. A garganta estava seca. — E se...

— Você só vai descobrir se for até lá e bater naquela porta. — Derek o interrompeu. Antes que ele concluísse e se perdesse nos “e se?” — se ele não estiver daremos um jeito.

Disse com convicção. Ficou pensando nas próprias palavras. Encarando os olhos brilhantes sobre si. Ser o suporte de alguém era uma baita responsabilidade. Estava se esforçando.

Stiles assentiu brevemente. E voltou-se para a casa. Encarando com atenção.

— Obrigado por ter vindo.

— não deixaria você vir aqui sozinho, cara. — Derek deu tapinhas reconfortantes no ombro alheio.

Stiles se decidiu. Foi no exato momento em que um homem vinha caminhando pela calçada, seguindo em direção a casa, enfurnado naquele terno cinzento. Mexia na gravata, suspirando de calor.

Stiles pediu mentalmente que o homem tocasse a campainha. Que fosse o seu irmão abrindo a porta. Que pudesse vê-lo dali. Mas o humano simplesmente entrou. E Stiles saiu. Seus passos eram incertos, sentia Derek em seu encalço. Seu coração era uma bomba relógio com aqueles batimentos descompassado. Pois a qualquer momento descobriria qual dos seus achismos se tornaria realidade: o seu mais belo sonho ou o seu mais terrível pesadelo.



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