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História Hope - Capítulo Único


Escrita por: ValotDeadly

Notas do Autor


Olá!
Sim, eu voltei, graças a um paredão falso, hshuahshuahsuahushuahus
Agradeço a todo apoio que venho recebido, de todos, sem exceção, não vou citar nomes por que nessa fase foram muitos e não quero esquecer ninguém!

Beta: Janaína linda do meu <3
Capa: donna_bella

A minha beta mandou eu dizer: Gente, a fanfic foi narrada em 1ª pessoa por uma criança, por isso que a narração tá' meia informal, há também repetição de palavras e principalmente pronomes. As palavras que estão em itálico são as informações gritantes.
Edit: Se passa nos anos 90, esqueci de colocar, me perdoem!
Espero que vocês gostem e possam refletir um pouquinho comigo!!

~~ Boa Leitura!! ~~

<3

Capítulo 1 - Capítulo Único


Fanfic / Fanfiction Hope - Capítulo Único

 

“Era uma vez um menino

Livre, levado e contente.

Até que um dia,

Nas mãos do destino

Aquela alegria se foi de repente.

No seu olhar tão distante,

Um brilho bem diferente,

E seu sorriso,

Que era tão claro,

Ficou mais raro pra gente!

 

Alerta – Cézar Costa Filho e Sérgio Fonseca

 

—X—

 

Eu sempre gostei de brincar com minha irmã Taeyeon. Ela era mais velha e muito bonita. O seu quarto era todinho cor de rosa, com desenhos das princesas da Disney. Eu amava as princesas, mas o meu era todinho azul com desenhos do Mickey, eu não gostava nem de azul e nem do Mickey.

Gostava de ir ao quarto da Tae, porque ela tem um montão, um montão mesmo de Barbies, minha irmã é muito legal e sempre divide comigo. Eu adoro passar às tardes brincando com ela, de vez em quando, Taeyeon traz a Yoona, e nós três brincamos juntinhos no nosso clubinho de chá.

A Yoona é tão boazinha que me deu uma de suas Barbies uma vez, porque ela tinha muitas, e aquela tava’ com o cabelo cortado, eu fiquei tão, mas tão feliz, porque agora eu tinha a minha própria boneca, por isso dei para a Yoona um de meus carrinhos, já que eu tinha um tantão’ e nunca usava, e com o carrinho ela fez uma carruagem para suas bonecas.

Gostei tanto da carruagem que fiz para a minha Isabel também, agora quando eu vou brincar com a Tae eu levo os meus carrinhos, mas nós precisamos fazer uma garagem para a casa de bonecas não dá pra’ deixar tudinho jogado, pois a mamãe não gosta. Então nós estamos juntamos tudinho, e colocando no quarto dela.

O papai não gosta quando eu brinco com a Tae e a Yoona, ele sempre diz: “Byun Baekhyun, isso não é brincadeira para garotos, isso é coisa de mariquinha!”; eu não sei o que significa mariquinha, acho que deve ser um tipo de brincadeira nova, mas o papai disse que eu deveria brincar mais vezes com meu primo Jongdae, mas eu não gosto dele.

O Dae tem um clubinho só para garotos, ele proíbe a entrada de qualquer menina, inclusive a Tae. E eu gosto de brincar com ela e não quero ir naquele clubinho jogar vídeo game com os garotos mais velhos, mas o papai está me levando lá.

A sede do clubinho do Dae é legal, o tio Jongin fez uma casa na árvore e colocou uma televisão com um vídeo game, todos os garotos da escola querem brincar com ele, mas eu não gostava de jogar aquele joguinho de ninjas, era muito difícil. Eu preferia brincar no sossego da minha casinha com as bonecas da minha irmã.

O Dae não para de sorrir porque eu vim. Eu acho que posso brincar um pouco com ele, mas vou escolher a fitinha pra’ gente jogar, no fundo ele até que é legal, me deixou jogar no seu videogame. Eu não tenho um videogame porque é muito caro, e o papai não tem muito dinheiro.

Jogar Mário com o Dae, entrou na minha listinha de coisas favoritas, ele sempre sorri muito feliz, eu gosto disso, então sorrio de volta, ele me convidou para fazer parte do clubinho, mas não posso contar para ninguém aqui que eu gosto de brincar de bonecas. O Dae disse que os meninos do clubinho não gostam porque são tudo uns bobões, mas ele acha que é a mesma coisa que brincar com seu Gi-Joe, é tudo boneco.

Então não vou falar nadinha pra’ eles, mas eu quero continuar a brincar com a Tae e a Yoona, mesmo que o papai diga que não é coisa de menino. O Dae disse que era sim, mas eu não tenho um boneco, será que se eu pedi para o papai ele me dá? Por que eu quero um amiguinho para a Isabel.

O papai disse que vai me dar o boneco, mas me falou que era para eu deixar de brincar com as bonecas da Tae, porque não era coisa de um menino brincar.

Mesmo querendo brincar com a Tae, eu sou um menininho, não sou?

 

—X—

 

Uma vez na escolinha, a tia pediu para a gente levar nossos brinquedos favoritos e eu levei a Isabel e sua carruagem de carrinho, todo mundo riu de mim, e eu chorei. Chorei muitão, porque eu tinha arrumado o cabelo da Isabel, eu fiz até um lacinho com umas das fitinhas da mamãe, a Tae me ajudou a fazer o vestido e a Isabel tava’ lindona, não entendi o porquê que todo mundo riu. A tia me xingou porque eu tava’ chorando e fazendo birra e, minha mamãe foi chamada na escolinha e eu fiquei de castigo.

Meu papai jogou a minha Isabel no lixo e, disse que eu não merecia o boneco, eu fiquei muito, mas muito triste mesmo. Ele me xingou e me proibiu de brincar com minha irmã, ela chorou, e a mamãe apenas concordou com o papai. Eu não entendo o porquê a Tae pode brincar com bonecas e eu não; carrinhos são muito chatos, é só um vai-e-vem com as bonecas. E eu posso inventar as minhas próprias histórias brincando.

Quando a vovó meu deu um caminhãozinho cheinho de boizinhos, eu gostei, porque posso ser um fazendeiro, convidei a Tae para brincar escondido da mamãe e do papai, e foi muito divertido. O papai chegou e viu a gente brincando juntinho, ele ficou muito bravo porque a Tae tava’ brincando com o carrinho e eu com uma outra boneca, eu tentei explicar para o papai que a boneca era apenas a fazendeira, mas ele não me ouviu, disse que eu era um “boiolinha”, eu não entendi essa palavra, mas pelo jeito que ele falou, era muito, muito ruim, então eu chorei; chorei um monte e ele me bateu.

Nesse dia eu apanhei tanto que eu precisei ir de calça e blusa para a escola, mesmo estando muito calor, eu fiquei com muita vergonha dos meus amiguinhos, parecia que todo mundo sabia que eu havia apanhado, que todo mundo estava olhando para mim, então na hora do recreio eu fiquei sentado em baixo de uma árvore, porque tava’ muito quente e o Dae veio falar comigo.

Eu contei para o Dae que eu tinha apanhado do papai e, ele me disse que o tio Jongin nunca havia batido nele, eu queria ser filho do tio Jongin e não do meu papai.

Quando anoiteceu, eu contei isso para a mamãe e ela me disse que o papai do céu não gosta de meninos que falam isso dos papais, quando a mamãe foi embora a Tae veio dormir comigo, porque eu tava' chorando bastantão e, me disse que estava tudo bem, e que ela também não queria ser filha do papai.

Eu acho que o papai do céu é alguém mal que nem o papai, porque ele não gosta de muita coisa, e o papai também não gosta.

Às vezes eu acho que o papai não gosta nem de mim.

 

—X—

 

Agora todo o final de semana eu tenho que ir ao clubinho do Dae, pois o papai disse que eu iria aprender a ser homem, o que eu achei muito estranho. Por que eu já sou um menino.

A Tae não pode vir comigo, ela está lá em casa brincando com a Yoona, eu queria estar lá com elas, hoje era o dia de lacinho, e eu adoro brincar de fazer lacinhos, principalmente no cabelão da minha irmã, eu acho o cabelão dela lindo, igual ao de uma princesa.

A mamãe me prometeu que se eu fosse um bom menino na casa do tio Jongin, eu podia ganhar o meu boneco, então eu fui sem reclamar, mesmo que no carro o papai parecesse estar com raiva de mim e de todo mundo.

O papai grita muitão no carro, ele fala um tanto de palavras que a mamãe disse que eu não posso repetir, então, eu tampo meu ouvido sentado no banco, de trás do carro, e vejo o papai me olhando pelo espelhinho, e ele sempre parece bravo comigo.

Ele me disse que não posso ser filho dele, mas eu sou. Já aprendi isso na escolinha: ele é meu papai, então eu chorei, e ele me chamou de “boiolinha” de novo. Eu acho que “boiolinha” é alguém que chora muito, porque ele sempre me chama disso quando eu choro.

Quando chegamos à casa do tio Jongin, eu tava’ com vergonha, porque tinha um monte de garoto que eu não conhecia, então eu me escondi atrás do papai, mas ele ficou muito bravo, me pegou pelo meu braço com muita, muita força, e me colocou na sua frente olhando para o tio Jongin, que sorria mostrando todos os dentes.

O Dae puxou o sorriso do papai dele, a mamãe diz que eu puxei meu mal humor do papai, só porque de vez em quando eu fico bravo, e falo tudinho o que eu penso. Ela diz que eu tenho o gênio ruim, mas eu não acho que sou ruim, a Tae diz que eu sou um amorzinho e que ela sempre vai me proteger. Eu acredito mais da Tae, porque ela diz que me ama.

Eu amo a Tae, mesmo o papai dizendo que só menininha fala isso. Amo ela e falo porque é verdade. Eu amo o papai e a mamãe também, mas não posso dizer, então quando quero falar eu cochicho bem baixinho, a tia da escolinha disse que amor gera ainda mais amor, então eu falo pra’ ver se um dia o papai e a mamãe vão me amar de volta.

 O tio Jongin me mandou subir para brincar com os outros meninos, o papai, foi embora depois de mandar eu me comportar, então subi as escadas da casa da árvore.

Lá era muito legal, muito mesmo e tava’ lotadinho, acho que se eu tivesse comido mais no café da manhã, eu nem caberia lá.

Eu entrei bem expremidinho e logo o Dae me viu e me apresentou para os coleguinhas dele, eles eram da turminha da Branca de neve¹, e eu era da turminha do Peter Pan², mas todo mundo era da mesma escolinha. Eu já havia visto muitos deles, mas fiquei grudadinho no Dae porque tinha um menino que parecia não gostar de ninguém lá, ele nunca sorria e estava sempre sério socando os botões do vídeo game com força, o nome dele era Kyungsoo, tinha também o Chanyeol, ele era bem maior que todo mundo ali, e eu perguntei o porque ele ainda ia na escolinha, ele disse que havia crescido demais.

A mamãe coloca fermento no bolo para ele ficar grandão, será que a mamãe do Chanyeol comeu fermento?

Eu sei que bebês vêm da barriga das mamães, porque a tia Luna tá’ esperando um bebê e a mamãe me contou. Eu disse para o Dae que eu tava’ torcendo para ser uma priminha, e ele disse que queria um irmãozinho.

Então eu disse pro’ Chanyeol que a mamãe dele havia comido fermento e ele riu um tantão’, eu gostei dele porque ele sorri abertamente, e eu gosto de sorrisos, mas o tal do Kyungsoo disse que eu era muito burro, que o papai dele havia falado que ser grande ou pequeno era por culpa de uma tal de genética.

Eu fiquei bravo, porque eu sabia que bebês vêm da barriga da mamãe, mas o Kyungsoo disse que vinha dessa tal de genética, eu nem conhecia essa moça, eu briguei com ele, gritei altão igual o papai quando briga com a mamãe, e o Kyungsoo me bateu, e ele bateu fortão, o Chanyeol tentou separar, mas o Kyungsoo bateu nele também, então o Dae foi lá chamar o papai dele, e o tio Jongin separou todo mundo.

O tio Jongin não bateu em ninguém, eu fiquei com medo dele bater no Dae depois que todo mundo fosse embora, então eu disse que o meu primo não tinha nada a ver com a briga, e contei tudinho. Ele ficou muito bravo, mas não gritou nem nada, ele explicou que o Kyungsoo tava’ certo, e que a genética não eram uma pessoa, mas um tipo de coisa, eu não entendi direito.

Nesse dia, eu cheguei em casa com um machucado no meu rostinho, a mamãe ficou preocupada e me xingou, mas o papai disse que eu tava’ virando homem, então eu acho que virar homem é brigar, mas eu não gosto disso e prometi para a mamãe que não iria brigar com meus amiguinhos, nunca, nunquinha.

 

—X—

 

Eu me comportei mal na casa do tio Jongin e, a mamãe não queria me dar o boneco, mas o papai me deu porque eu tava’ aprendendo a ser um homem. O papai às vezes é confuso, será que ele não sabe que eu já sou um homenzinho? A tia da escola disse que eu sou um homenzinho, então eu falei isso pro’ papai e, ele disse que eu tô’ aprendendo a ser um.

O meu boneco veio com uma roupinha de soldado e uma arma, ele era bem legal, as da Tae sempre vinham com sapatos e coroa. Eu o mostrei pra’ ela, mas a gente não podia brincar junto, o papai não gostava, ela sorriu e bagunçou meus cabelos, perguntando o nome que eu ia dar pro’ boneco, e eu disse que ele ia se chamar Joe. Mas mesmo com o Joe, eu sentia saudades da Isabel, porque ela era minha amiguinha.

 Queria muito poder brincar com a Tae, eu e o Joe poderíamos proteger as princesas dela, seria tão legal, a gente podia criar uma história de reinos, igualzinho os livros que a mamãe lia pra’ gente, e depois o Joe poderia ser o príncipe, e todo mundo seria feliz para sempre. Mas eu acho que o papai não gosta quando todo mundo fique feliz pra’ sempre, porque ele tá’ sempre emburrado e bravo.

 A mamãe me disse que eu não poderia brigar mais com ninguém e que ela tava’ triste. Eu não gosto de deixar a mamãe triste, então vou ser um bom menino e vou comer toda a salada que ela me servir no jantar, eu gosto de sorrisos, quero ver a mamãe sorrindo.

Comi tudinho, tudinho, até as coisas verdes estranhas que a mamãe diz que é bom pra’ mim. Ela sorriu e, ficou feliz porque eu sou um bom menino, a Tae comeu bem pouquinho, e a mamãe disse que ela tem que aprender a ser como eu.

Eu sorri, eu gosto da mamãe, queria poder abraçá-la, mas o papai não gosta que eu fique fazendo isso. O que é muito chato.

Depois da janta, eu subi para fazer minha tarefinha’, a Tae me ajudou. Ela sempre me ajuda, eu amo muito ela, tava’ bem fácinho’, era para escrever e desenhar o que você queria ser quando crescer, eu escrevi que queria ser um príncipe e proteger a Tae, sempre, sempre, e desenhei bem bonitinho.

Na escolinha, a tia disse que príncipe não era uma profissão, e me explicou que eu poderia proteger a Tae sem ser um, mas eu queria muito ser um, ter um castelo, e poder ver as princesas em grandes bailes com os vestidos iguaizinhos o que eu fazia pra Isabel.

Eu contei pra’ tia que meu pai não gostava que eu brincasse com a Tae, e que eu queria proteger a mamãe e a Tae dele, porque doía demais apanhar, e ele sempre nos batia, mas que eu não tinha um superpoder, eu não era um príncipe e não tinha um exército, mas que eu queria muito ter, assim eu nunca mais iria deixar que nadinha de ruim acontecesse com elas.

A tia apenas sorriu e eu não gostei desse sorriso. Ela disse que eu não precisava de nada disso, que eu poderia proteger elas sendo eu mesmo, que eu já era um homenzinho.

Eu não sei o que tem de tão especial em ser um homenzinho, mas todo mundo sempre diz a mesma coisa.

No recreio eu brinquei com meus amiguinhos do clubinho, eu pedi desculpas para o Kyungsoo e ele me desculpou, acho que ele é legal também, só um pouquinho caladinho.

O Chanyeol consegue subir no trepa-trepa e eu não, mas eu não ligo, não mesmo, porque eu consigo balançar altão no balanço, eu ensinei o Soo a fazer igualzinho, acho que assim ele me perdoa mais fácil.

O Dae convidou nós três para ir no clubinho de novo, eu falei que queria levar meu Joe e todo mundo ficou animado, eu acho que o Dae tava’ certo, é tudo boneco afinal, o ruim é que não dá pra’ fazer vestidões’ e pentear o cabelo porque o Joe não tem, mas eu vou ficar quietinho, acho que se eu falar assim eles não vão mais gostar de mim, igual o papai.

Não quero que eles fiquem de mal comigo, então vou fechar minha boquinha e não vou falar nadinha.

 

—X—

 

Gosto muitão’ de brincar com meus novos amiguinhos, mesmo que eu sinta um tantão’ de saudades da Tae e da Yoona, acho que seria bem mais legal se todo mundo pudesse brincar juntinho. É tão bobão esse jeito deles de não gostar de brincar com meninas, eu disse que todo mundo é igualzinho, mas eles riram um monte de mim.

Eu fiquei muito, muito magoado e fui chorar lá na casa do tio Jongin, a tia Luna tava’ fazendo suquinho e me perguntou o que havia acontecido, eu não sou bobo e contei tudinho, tudinho. Ela me abraçou com aquele barrigão gigante e disse que ia conversar com o Dae e os meninos e que na próxima vez, eu ia poder vir com minha irmã, eu fiquei tão, mas tão feliz que agarrei o pescoço da tia Luna e disse que amava ela um montão, um montão gigantesco que eu nem consegui mostrar com minha mão e meu braço. Ela sorria tão bonito, que eu não conseguia não sorrir de volta, fiquei com a tia Luna e ajudei-a a servir todo o suquinho. Os meninos me chamaram de bebê chorão e a tia me defendeu, e disse que na próxima vez a Tae ia vir comigo, eu sorri bem bonito e quando a tia não tava’ vendo mostrei a língua pro Chanyeol que tava’ fazendo careta de nojo.

Voltei pra’ casa todo feliz, a tia Luna havia conversado com a mamãe e a Tae podia ir brincar com todo mundo na próxima semana, não via a hora de chegar correndo em casa para contar pra’ ela, mas a mamãe parecia muito brava no carro, eu me lembrei do papai porque ele sempre é bravo. Quando a gente chegou em casa, eu sai correndo bem rapidinho, rapidinho, queria muito falar com a Tae contar tudinho pra’ ela, mas a mamãe logo me alcançou e me xingou.

 A mamãe ficou muito, muito brava porque contei pra tia Luna que eu queria brincar com a Tae, e que queria levar a minha irmã no clubinho. Ela me disse que eu não posso sair contando às coisas que acontecem em casa e, que eu era um menino muito mal. Eu tentei falar pra mamãe, que eu não havia contado nadinha, mas ela não me ouviu, ela tava’ gritando um tantão’. A Tae saiu do quarto assustada, igualzinho quando viu uma barata voando no quarto dela, e a mamãe pediu desculpas para ela, dizendo que tava’ nervosa comigo.

Eu chorei escondidinho no meu quarto porque queria que a mamãe pedisse desculpas pra mim também, ela tinha gritado comigo e não com a Tae, mas eu tinha que parar de chorar, antes do papai voltar ou ele ia ficar muito bravo, porque eu tava’ chorando igual um “mariquinha”.

Limpei minhas lágrimas todinhas na fronha do meu travesseiro, limpei meu narizinho também e desci para jantar com todo mundo. Não comi nenhum legume porque tava’ chateado com a mamãe, e o papai não disse nada, apenas bebeu o seu suco que ninguém pode beber, e comeu, sem tocar nos legumes também.

 A Tae teve que ficar e ajudar a mamãe a arrumar a cozinha, eu sempre ficava com elas, mesmo que o papai não gostasse, mas eu decidi subir pro’ meu quarto e ficar quietinho com o meu Joe, eu não gostei quando a mamãe gritou comigo sem eu ter feito nadinha de errado.

Ouvi o papai dizer que a cada dia eu parecia mais com ele, e fiquei com medinho porque eu não gostava do jeito do papai. Eu não gostava de brigas, eu gostava de ficar quietinho, tudo que eu queria era ser feliz para sempre como nos livros que a mamãe lia pra’ gente.

Esperei todo mundo ir dormir e fui até o quarto da Tae, ela tava’ me esperando com o livro pra’ gente ler juntinho, já fazia muito tempo que a mamãe não lia mais pra’ gente, então a Tae lia comigo. Ela contou tudinho, como a Fera ficava boazinha e cuidava da Bela, mesmo que eu achasse que a Fera fosse morrer com a magia, quando eu fui deitar eu rezei pro’ papai do céu fazer o meu papai ficar bonzinho também, a mamãe dizia que o papai do céu podia fazer tudo, então eu ajoelhei no pé da minha caminha e pedi com muita vontade.

Quando a mamãe levou a gente pra’ escolinha ela deixou a Tae na dela e parou na minha, a mamãe só vinha na escolinha quando a tia a chamava, mas eu não fiz nadinha de errado. Fui para a minha salinha e fiquei quietinho, nem brinquei antes de bater o sinal, nem falei com o Dae nem nada.

 A aula da tia foi estranha, ela falou um monte de coisas sobre mentir e pessoas que mentem, olhando pra’ mim o tempo todo, mas eu sabia que mentir era feio, eu não fazia isso, eu até mesmo contei para a Tae quando eu peguei os vestidos das Barbies para fazer uma roupa de príncipe para o Joe.

No recreio eu fui brincar com o Dae, o Chan e o Soo, o Chan tava’ pendurado de ponta cambota no trepa-trepa, o Kyung tava’ pegando uma joaninha que tava’ na graminha e o Dae tava’ ajudando ele, fui ajudar também e acabei contando que a mamãe foi na escolinha e da aula que a tia deu. O Soo disse que a mamãe foi lá porque eu tinha feito arte, mas eu jurei, juradinho que não era isso.

Quando eu cheguei em casa eu fui perguntar para a mamãe o porquê ela foi lá na escolinha, ela tava’ fazendo a janta, virou pra’ mim e me olhou muito brava, a Tae tava’ atrás de mim e segurou a minha mãozinha quando a mamãe começou a me xingar por eu ter uma língua de trapo e contar para a tia que eu apanhava do papai, a mamãe gritava e eu só chorava, porque tudo que eu havia falado para a tia era que eu queria ser um príncipe, ter meu castelo e proteger a Tae e a mamãe.

A mamãe não me ouviu, às vezes eu acho que ninguém gosta de me ouvir, ela só gritou, gritou, a Tae tentou me defender, mas a mamãe ficou mais brava ainda.

Ela disse que não queria ter me tido como filho, ela não me queria nunca me quis.

Eu subi chorando muitão, me escondi embaixo do meu cobertor e pedi para o papai do céu fazer que o dia acabe e que tudo volte ao normal, eu até prometi que nunca, nunquinha mais, iria brincar de bonecas com a Tae, prometi que eu ia ser um homenzinho de verdade.

Mas acho que o papai do céu não me ouviu.

 Ninguém nunca me ouve.

O papai me escutou e subiu para ver o que tava’ acontecendo, a mamãe disse que eu tava’ falando mal da nossa família na escola, e o papai me bateu, bateu um montão, doeu muito mais do que qualquer outra vez, a Tae tentou impedir e levou uma cintada também, o papai bateu em todo o meu corpinho, nos meus braços, nas minhas pernas, nas minhas costas. Ele gritava que eu não merecia a família que eu tinha porque eu era uma marica, eu chorava segurando as minhas perninhas, enquanto via a Tae sendo levada do meu quarto pela mamãe.

Eu não pude ir à escola, meu rostinho estava todo machucado até um pouquinho roxo, e doía demais as minhas perninhas que ficaram muito machucadas, dava para ver a minha carninha. A mamãe não cuidou de mim igual como sempre faz quando eu fico doentinho, a Tae foi proibida de me ver no meu quartinho e eu só chorava quietinho, enquanto lia aos pouquinhos os meus livrinhos.

Por que todo mundo tinha um final feliz e eu não?

Eu não era um principezinho, mas eu era bonzinho, porque eu não podia ter essa tal de felicidade também?

 

—X—

 

 A tia Luna foi me visitar porque a mamãe disse pra’ todo mundo que eu tava’ doentinho, eu disse pra’ mamãe que mentir era feio, e ela ficou brava, eu tava’ de castigo pra’ aprender a não sair contando as coisas aqui de casa, mas o papai disse que era para eu aprender a ser um homem de verdade.

 Já fazia um tempão que eu não brincava com a Tae e suas bonecas, mas ela me deu uma escondidinho da mamãe e do papai, eu guardo ela com todo meu carinho embaixo do meu travesseiro.

 A tia Luna entrou no meu quarto e eu sorri, mesmo estando escondo embaixo do cobertor, a mamãe entrou logo atrás e parecia muito nervosa. A tia sentou com aquele barrigão que ficava cada dia maior na minha caminha e me perguntou com uma voz mansinha o que havia acontecido comigo, a mamãe logo atrás disse que eu havia rolado a escada, eu chorei porque a tia passava a mãos em meus cabelos enquanto sussurrava que tudo iria ficar bem.

 A Tae entrou no quarto e contou tudinho, tudinho: que eu gostava de brincar com ela e não podia; que o papai me batia porque eu era uma marica, a mamãe tentou a fazer sair do quarto e parar de falar, mas a Tae foi como um príncipe, me defendendo e me protegendo.

 A tia Luna me descobriu e viu todos os meus machucados, eu fiquei com muita vergonha e tentei me esconder, mas ela me abraçou e disse que iria me proteger.

Ela puxou a mamãe para conversar, e a Tae ficou comigo me dando cafuné e dizendo que nunca mais iria deixar o papai fazer isso comigo, que ela iria sempre me proteger, a gente jurou juradinho de mindinho, juramos que ficaríamos sempre juntos e que não deixaríamos nada de ruim acontecer um com o outro.

 A mamãe logo entrou no quarto, seguida da tia Luna e começou a arrumar as minhas coisinhas, quando eu perguntei o que tava’ acontecendo a tia Luna disse que iria passar um tempo com ela, o tio Jongin e o Dae, lá na casa deles, eu perguntei se a Tae podia ir e a mamãe respondeu que não.

 

 

 Agora, eu moro juntinho com o tio Jongin, a tia Luna, o Dae e a SooJung, que nasceu quando a neve começou a cair. O tio Jongin nunca me bateu, nem a tia Luna, eles cuidam muito bem de mim. Eu sinto um montão de saudades da mamãe e do papai, mas eu não posso mais ver eles, o tio Jongin tá’ tentando conseguir que eu possa ver a Tae.

Eles dizem que eu faço parte da família e eu fico feliz porque um dia eu desejei ser filho do meu tio, mas eu sinto muita, mas muita falta da Tae, aqui eu tenho um montão de bonecas e até o Dae brinca comigo, o Chan e o Soo continuam vindo no clubinho que o Dae disse que era meu também, eu ensinei eles a brincar de castelo encantado e eles me ensinaram a jogar o joguinho de ninjas.

 Nesse ano, eu me comportei muitão, comi todos os legumes, ajudei a tia Luna a cuidar da SooJung, não briguei com o Dae, fiz todas as minhas tarefinhas, fui um bom menino, então eu vou colocar os meus sapatinhos na janela enquanto eu peço ao Papai Noel e ao papai do céu que me deem a Tae de volta, ajoelhadinho, enquanto limpo minhas lágrimas, e eu peço que eles me deixem cumprir a minha promessa.

 

Tudo que eu quero no Natal é: poder abraçar a minha irmã.


Notas Finais


¹ e ² - Em algumas escolas usam os contos de fadas e flores como o nome da turma.
A música do começo é cantada pela Xuxa e era a minha cantiga de ninar, toda a noite minha mãe cantava lindamente (mentira o lindamente, mas eu era criança pode), percebe-se o nível de lucidez da pessoa pela sua cantiga de ninar.
https://www.youtube.com/watch?v=WNdI5gTsbqk

Eu realmente não escrevi isso para passa de fase, sinceramente a minha vida está uma loucura e em meio a diversos problemas eu acabei tendo um puta crise de identidade. Quando eu decidi voltar a escrever, era para expor meus ideias, e eu deixei isso de lado no concurso, ligando o meu lado competitivo.
A minha meta com essa fic foi pensar, primeiro eu mesma, e depois levar isso aos leitores, se eu conseguir passar qualquer mensagem com ela, a meta foi cumprida, e eu vou estar feliz.
E as notas, que sejam para que eu amadureça e cresça como pessoa e como autora.
Muito obrigada por tudo!
<3


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