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História House Of Hards - Dois


Escrita por: chimchix

Notas do Autor


Oe!
Seguinte, estou postando esse capítulo no lugar da Débora, então depois ela aparece para dar as notas de forma decente , vlw flw u.u

Boa leitura <3

Capítulo 2 - Dois


Acordei e Jonathas dormia que nem uma pedra do meu lado. Era bem de manhã ainda e fazia muito frio e eu estava com um pijama de manguinha e shorts, ainda não tinha aberto minha mala, ia levar um século para achar meu moletom. Pisei descalça no chão gelado e andei até a porta, quase voltei para trás, mas se eu quisesse achar um emprego teria que começar cedo.

Fui andando até meu quarto e ao mesmo tempo checando as portas para achar um banheiro, eu fazia isso na ponta dos pés tentando não acordar ninguém, porque visivelmente ninguém tinha feito a retardadisse de levantar antes das cinco horas da manhã. O corredor pareceu ter um quilômetro. Cheguei até a última porta, ou o banheiro era ali ou a gente teria que fazer as necessidades no jardinzinho da frente.

Era o quarto do Jimin, não consegui ver o rosto dele, mas o ronco não negava que ele estava dormindo, e muito bem. Não controlei meus olhos e analisei um pouco o quarto, ainda havia algumas caixas que não tinham sido abertas, ele tinha se mudado fazia pouco tempo mesmo. A única parte do quarto dele que estava totalmente arrumada e pronta eram as estantes, cheias de medalhas, fotos dele dançando, e alguns posters de grupos sul-coreanos ao lado, dava para notar que ele tinha passado muito tempo arrumando aquilo ali. Eu abri um sorriso, pelo menos nós tínhamos algo em comum, eu também amava dançar, fazia só dois anos que tinha parado com o ballet e logo pensei na minha promessa de ano novo de que voltaria a fazer, pensei comigo "hoje mesmo eu vou atrás de uma escola de balé", fechei a porta de novo.

É incrível como a gente pode conhecer as pessoas só olhando o quarto delas, naquele momento eu descobri que ele era dançarino, que dançava muito bem e que essa era uma das melhores partes da vida de sua vida. Mas ainda não tinha achado o banheiro.

Andando até o meu quarto percebi que o banheiro era ao lado dele, beleza! Isso me pouparia um trajeto desse toda manhã. Tomei um banho e me troquei, tentei ficar mais apresentável, afinal eu iria procurar um emprego. Quando finalmente terminei de me arrumar e desci já estavam todos tomando café da manhã na bancada da cozinha.

– Bom dia... – Falei e eles notaram minha presença.

– Bom dia... – Todos disseram em uníssono, menos o Jimin. Será que ele era surdo ou que?

– Quer comer alguma coisa... querida? – A senhora Park me ofereceu, ela percebeu que mesmo eu estando na minha casa, eu tinha vergonha de sair pegando comida. Acho que ela pensou em falar meu nome, mas ficou com medo de pronunciá-lo errado, achei um tanto bonitinho.

– Obrigada. – Agradeci sorrindo para ela e me sentei junto aos outros deixando minha bolsa no chão, algumas cadeiras da mesa tinham sido puxadas para lá, a casa era grande, mas não tinha sido feita para acomodar oito pessoas.

– Por que acordou tão cedo hoje? Você nunca acorda antes das 8. – Minha mãe perguntou pegando um pedaço de pão com manteiga e me entregando, eu comia só isso no café da manhã, nunca ia me acostumar totalmente com a comida coreana.

– Ah, eu resolvi não perder tempo, vou procurar um emprego. Eu trabalhava na nossa antiga cidade, não vou deixar de trabalhar agora. A faculdade não vai ir lá e se pagar sozinha. – Eu falei pra ela, ela tinha se oferecido mil vezes para pagar minha faculdade, mas eu achava um absurdo sendo que já tinha 21 anos e podia muito bem fazer isso.

–Você gosta de complicar as coisas não é? Podia trabalhar na floricultura com sua mãe. – Minhyuk abriu a boca para uma coisa que não fosse comer, minha mãe comprou uma floricultura na cidade, não sei como ainda não estava no lugar organizando tudo como ela gostava, do jeito que ela adora trabalhar.

– Mãe, eu não gosto de trabalhar lá, e pra ajudar tenho alergia a pólen. – Que irônico, ela com uma floricultura e eu com alergia a pólen. As épocas de primavera pra mim são as piores.

Meu telefone tocou, olhei a tela com o nome "Amorzão" eu ia editar o contato dele naquele dia. Olhei pra eles, fiz um gesto como pedido de licença e sai da cozinha.

– Oi? – Eu queria perguntar "o que você quer ligando essas horas?", mas me contive.

– Poxa, faz dois dias que você não fala comigo, não está com saudade?

– Estou... – Eu estava mesmo, queria não estar, mas era inevitável não ficar mal em pensar que iria demorar tanto tempo para vê-lo de novo. Por enquanto estava tudo legal, mas quanto tempo ia demorar pra eu pirar por não ver as pessoas que eu estava acostumada?

– Eu também... – Ouvia a respiração ofegante dele, ele devia estar caminhando. – Só queria dizer que consegui uma folga e vou ir te visitar daqui a duas semanas. Isso mesmo. Duas semanas. – Ele riu do outro lado da linha.

– Sério? – Quase gritei e olhei para cozinha, todos continuavam a comer com o olhar fixo na comida e ocasionalmente falando alguma coisa, mas Jimin tinha o olhar pousado em mim, meu sorriso passou de um sorriso de felicidade para um de situação sem graça. Ele virou o rosto.

– Sério, já comprei as passagens, te vejo em duas semanas amor. – Ele disse e eu queria ter me sentido muito animada, era uma notícia ótima, mas só consegui pensar que quando estávamos juntos sempre havia brigas e eu não queria isso de novo. Talvez saber que tínhamos pouco tempo juntos, nos desse uma trégua.

– Ótimo... Como estão as coisas aí?

– Estão indo bem. – Ele respondeu. – Preciso ir baby. Tchau.

– Ok, tchau amor. – Falei e desliguei. Era isso que me irritava nele, ele nunca queria saber como as coisas estavam comigo, não tinha como ele ter noção de que eu estava passando por um problema como esse agora, mas me deixava incomodada que ele nem se importava em checar se estava tudo bem ou não.

Acho que ele só me tinha como namorada para ter alguém que ligasse pra ele. Porque ninguém no mundo ia se importar com ele de graça. Era isso que eu estava fazendo.

Quando voltei pra cozinha minha mãe me olhou esperando eu falar quem era e o que queria. Coisa de mãe.

– Era o Alan... – Eu me sentei e todos olharam pra mim, Jonathas revirou os olhos. – Ele vai vir aqui daqui a duas semanas. – Eu avisei todos, afinal a casa não era só minha, eles precisavam saber que alguém de fora iria passar uns dias lá.

– Ah, seu namorado? – Jihyun, o mais novo, perguntou e eu fiz que sim com a cabeça, eu desviei um pouco o olhar, mas vi que Jimin deu uma cotovelada nele. Liguei as coisas, e só o Jimin poderia ter contado para ele que eu namorava. Depois disso ele levantou levando sua tigela até a pia e deu a volta na bancada para ir até a escada. Por um momento todos fizeram um olhar de confusão perante a atitude dele, mas depois se voltaram para mim.

– Fale pra ele que ele será bem vindo. – A senhora Park disse com aquele jeitinho dela, meu deus eu queria abraçar essa mulher.

– Pode deixar... Senhora Park. – Assenti. Ao observar a cozinha e como ela era linda parei os olhos no relógio de parede. Estava atrasada. Dei um pulo na cadeira fazendo um barulho e me olharam assustados. – Tenho que ir, até mais.

Eu fiquei o dia todo entregando currículos em escritórios e até em uma cafeteria. No final de tarde passei na frente de uma escola de dança, lembrei da minha decisão e  resolvi entrar. Se eu não fosse impulsiva do jeito que sou, deixaria de tomar muitas atitudes que foram boas para mim. Até o cheiro daquele lugar me deixava bem, não sei o que eu estava esperando para voltar a dançar. Ser bailarina era meu primeiro sonho, mas depois de um tempo ele tinha ficado meio apagado e eu vi que precisava fazer uma faculdade, escolhi biologia, era o mais próximo do que eu gostava quando estava na escola. Odiei completar o ensino médio na Coréia do Sul, imagina como seria fazer uma faculdade...

Fiquei impressionada como foi tudo muito rápido, preenchi alguns papéis e pronto, só precisava comparecer na próxima aula.

– Você gostaria de conhecer o espaço? – A recepcionista perguntou e eu olhei para o relógio, não sei por que, eu não tinha mais nada para fazer, mas quis parecer uma pessoa ocupada.

– Pode ser, tenho um tempinho. – Dei uma risada, rindo da minha própria desgraça.

O lugar era enorme, cada sala tocava uma música diferente, mas elas nunca se encontravam. Eu amei, era tudo o que eu queria um lugar que eu pudesse vir depois de um dia cansativo e usar meu corpo para extravasar. Passei por uma porta olhando de relance e logo voltei para trás. A moça ficou confusa com a minha atitude e voltou também. Olhamos pela janelinha de vidro que tinha na porta e encaramos o menino que estava dançando. E ficamos um tempo assim.

– É o Jimin, um dos nossos melhores, incrível não é? – Ela disse e eu tive que concordar as fotos não eram como a realidade, parecia que ele ia sair voando enquanto dançava. Calma seca a baba.

– Sim... Incrível. – Meu pensamento foi de admiração para preocupação. O menino ia pensar que eu estava o seguindo. Agora meu objetivo era fazer com que ele nunca me visse ali.

Terminei de conhecer o lugar e agradeci a mocinha que me acompanhou, nem perguntei o nome dela porque da próxima vez que eu fosse lá já ia ter esquecido. Cheguei em casa coloquei a bolsa num canto e sentei no sofá com os pés pra cima. Depois de um tempo olhando para o nada e vegetando, eu precisava daquele momento, eu notei que a casa parecia que tinha encolhido, agora alguns móveis nossos também estavam ali, espremidos, parecíamos aquelas famílias acumuladoras de cacareco.

– Eai como foi? – Jonathas chegou e se jogou ao meu lado no sofá.

– A gente vai precisar arrumar isso aqui depois não é? parecendo um depósito! – Falei olhando pra bagunça, havia mais dois sofás que não tinham utilidade.

– Sim, vão levar o que não precisa pra garagem... – Ele disse encarando a bagunça também. – Enfim. – Voltou o olhar para mim e eu também olhei para ele. – Eu perguntei como foi.

– Eu não sei , vão me dar à resposta algum dia dessa semana... – Falei olhando minhas unhas. –  E me inscrevi num curso de balé de novo. – Sorria de orelha a orelha.

– O QUÊ? – Ele gritou. – Por que fez isso?

– Porque eu quis?

– Você lembra o que aconteceu da última vez... – Ele falou abaixando o tom de voz, parecia um presságio.

– Pode acontecer com qualquer um. – Falei decidida. – E a única pessoa que devia estar preocupada sou eu, e eu não estou já passou. – Ele emburrou, eu não queria mais falar sobre aquilo também e liguei a TV como sinal de que a conversa estava encerrada e a gente iria ver o que eu quisesse.

A porta abriu e Jimin passou por ela com uma mochila nas costas, ele olhou para nossa direção.

– Oi Jon. – Ele disse, acho que ele não conseguia pronunciar Jonathas direito, ou ele realmente tinha dado esse apelidinho pro meu irmão, foi o que pareceu, pois ele acenou de volta animado. Fiquei esperando meu oi e ele não veio, o garoto virou o rosto e subiu, presumi que ele iria tomar um banho, estava pingando de suor.

– Qual é a dele? – Perguntei pro meu irmão quando vi que o Jimin já tinha chegado ao último degrau. Ele só fez um gesto com o ombro tipo "sei lá". Não entendia porque ele estava daquele jeito comigo, talvez fosse coisa da minha cabeça, será que ele não gostou de mim? Eu odiava quando as pessoas não gostavam de mim. Me incomodava de uma forma o ele nem olhar para minha cara, e virar o rosto quando eu o olhava.

Minha mãe entrou na sala com luvas e botas de limpeza.

– Estava dando um trato na garagem para colocar essas coisas. – Disse apoiando no sofá que só estava lá para ocupar espaço. – Como foi hoje querida?

– Foi bem...

– Ela voltou para o balé. – Jonathas me interrompeu, eu quis socar a cara dele repetidamente, ele disse porque sabia qual seria a reação da minha mãe e que iria me deixar mal, talvez ao ponto de me fazer desistir. Odiei ele por um instante, eu só queria ter a chance de eu mesma contar, com calma, e não ela limpando a casa e de repente "Oi, a Helena voltou para o balé".

– Ah Helena... – Minha mãe tinha uma feição chateada. – Tem certeza que quer fazer isso? – Ela sabia que eu estava decidida, não tomaria essa decisão se não fosse pAra me enfiar de cabeça, mas mesmo assim esperou ouvir um não.

– Tenho! Faz dois anos! Não vai acontecer de novo! – Levantei do sofá e peguei minha bolsa, sabia que tinha um sermão me esperando.

– E se acontecer Helena?! – Dessa vez meu padrasto entrou na sala, ótimo mais um do grupinho "não vamos deixar ela esquecer as coisas ruins e seguir em frente sendo feliz".

 – E se acontecer, eu vou estar preparada! É isso, não preciso que vocês respeitem minha decisão! – Na verdade eu não precisava, mas queria muito que eles o fizessem, queria convencê-los a me apoiar. – É só uma aula! – Falei alto e repeti na minha mente "só uma aula".

– Nunca foi só uma aula pra você. – Minha mãe soltou um suspiro. – Sabe disso... – É eu realmente sabia, mas iria fazer o possível para que daquela vez eu fosse só uma aluna querendo fazer algo em seu tempo livre, e que por acaso tivesse escolhido o balé.

– Mãe, chega. Eu realmente achei que vocês fossem ficar felizes por mim. – Falei engolindo o choro, meu irmão olhava para mim e para minha mãe, parecia estar assistindo um jogo de tênis.

– Nós estamos preocupados com você. – Ela disse, era mesmo verdade, porém eu não precisava mais dessa preocupação, uma preocupação que só iria me atrapalhar.

– Você sabe que não foi só você que sofreu, nós sofremos junto com você, te vimos passando por tudo. Se não vai parar por sua causa, pare por nós. – Minhyuk disse.  Que papo é esse de "pare por nós"? Que tipo de pais iriam querer deixar sua filha amendrotada desse jeito? Se eu estava totalmente confiante, agora eu já começava a vacilar pensando em voltar na escola de dança e cancelar minha matrícula. Eles conseguiram tirar toda as minhas expectativas e jogar no lixo e além disso me fizeram lembrar de uma das piores épocas da minha vida, que eu realmente queria esquecer. Mas não ia admitir.

                – NÃO VOU PARAR! – Não aguentei e gritei mesmo. – Vou ir lá e vou fazer cada aula, com o mesmo esforço. – Dei uma última olhada para minha mãe e subi as escadas batendo o pé, não queria que ela ficasse preocupada comigo, mas ela tinha que entender...

Se tem uma coisa que eu odeio é quando as pessoas colocam empecilhos para eu fazer uma coisa que quero muito, caramba eles deviam me apoiar.

Quando eu fui abrir a porta do quarto para me trancar lá e talvez chorar Jimin apareceu, estava com os cabelos molhados e tinha toalha e escovas de dente na mão, tinha acabado de sair do banho. Eu pensei em falar um "oi" ou dar um sorriso, mas ele estava sendo um idiota comigo então virei o rosto e peguei na maçaneta.

– O que aconteceu com você? – Indagou ele não num tom curioso, mas preocupado. Eu estava com aquela cara que a gente faz quando está prestes a chorar, mas se força a não fazer isso, uma cara muito estranha.

– Ah, agora você fala comigo ? – Revirei os olhos e novamente peguei na maçaneta para entrar no meu quarto.

– Quero saber por que você parou de dançar. – Ele disse com uma leveza, como se fosse à coisa mais normal me ignorar e depois bater vir um papinho sobre o passado. 

– Nós somos amigos agora? – Eu estava muito irritada, primeiro o sujeito não me da um oi se quer e depois vem querendo saber da minha vida como se fosse íntimo. Deixou a educação guardada na gaveta.

– Somos parceiros de dança. – Ele sorriu, foi ai que eu quase o puxei para sentar comigo no chão e passar a noite inteira contando da minha vida. - Vai me contar? - Ele disse vendo que eu tinha travado e não respondia. 

– Eu tive uma contusão no joelho, por isso parei de dançar. – De novo fui entrar no quarto e ele tornou a falar. Eu queria que ele falasse, queria que cada vez que eu ameaçasse entrar pela porta ele continuasse perguntando, e senti que podia responder, eu só não queria sentir o que estava sentindo.

– Pareceu mais grave que isso... – Ele disse se referindo a discussão lá embaixo, ótimo, meu segundo dia com uma família ‘’super gente boa’’ e já tinha causado a impressão de filha mal educada que não respeita os mais velhos e faz o que da na telha.

Eu fiquei em dúvida se contava ou não, mas ele parecia ser o único ali que iria me entender, e eu precisava de alguém pra conversar. Se eu entrasse no meu quarto iria ligar para alguma amiga que provavelmente ia estar ocupada, e só conseguiria falar mais tarde. Coloquei as duas opções na balança e joguei minha bolsa no chão, logo me sentei no assoalho de madeira e ele sentou do meu lado, a conversa ia ser longa. 

 


Notas Finais


Isso é com a Débora também.

Até o próximo capítulo ^^

Débora, eu mesma kkkkkk só espero que vocês tenham gostado!
Vou tentar postar o próximo cap amanhã, caso não dê certo, também não vou demorar muito! Beijinhos <3


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