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História How to be a Heartbreaker - Estou voltando para você


Escrita por: sankdeepinside

Notas do Autor


Olááá!
Nem demorei tanto assim, vai. Como amanhã é feriado consegui tirar esse dia a mais das minhas obrigações para escrever. Passo o tempo todo pensando na fanfic, sem tempo para parar e escrever, que morte horrível. Queria agradecer de coração a todos que leram e comentaram na HTBAS <3 Obrigada também a todos que estão acompanhando a HTBAH, leitores novos, antigos ou fantasmas, vocês são lindos demais.
Começamos outra fase na fanfic, espero que gostem <3
Um super beijo.

Capítulo 9 - Estou voltando para você


Fanfic / Fanfiction How to be a Heartbreaker - Estou voltando para você

Estirado sobre o sofá, brincava absorto com o objeto entre meus dedos: a fotografia que ficou esquecida por muitos meses no fundo da minha carteira e só agora eu me lembrara de sua existência.

Não sei se foi aquele encontro inesperado no trem ou a sensação estranha de que havia algo errado comigo que me fizera procurar por aquela foto, só sabia que eu a estava olhando desde que acordei, três horas atrás.

Na imagem, duas pessoas: Wu Yifan e Kim Junmyeon. Ambos muito jovens e muito sorridentes. Aquela havia sido a foto que eu tirara das mãos de Junmyeon com a intenção de diminuir sua dor. Pensar naquilo fez com que um sorriso triste se abrisse em meu rosto.

No fim das contas minha atitude de nada adiantara.

Desde que o encontrei no metrô, estava sendo impossível não pensar nele. Era difícil esquecer o som melodioso de sua risada ou o modo que seus olhos se fechavam quando ria verdadeiramente. Aquele riso honesto mostrava que ele estava bem e aquilo devia servir de alívio para mim, mas por que não era? Tudo no que eu conseguia pensar era em minha terrível culpa por tê-lo tratado tão mal, e pior, não conseguia deixar de imaginar como eu estaria caso tivesse perdoado Luhan e me entregado à seus braços. Isso era o que me perturbava mais.

Gostaria de saber por que tudo aquilo resolvera me atormentar justo agora? Depois de tanto tempo? A essa altura Junmyeon já seguira sua vida em frente, eu seguira em frente. Não fazia o menor sentido querer reavivar tudo aquilo, seria como abrir feridas cicatrizadas.

Voltei meu olhar à fotografia mais uma vez, passando o polegar pela face corada e feliz de um Junmyeon adolescente. Algo começava a falar dentro de mim e ficava mais alto a cada vez que eu insistia em negar aquele fato.

Eu queria vê-lo mais uma vez.

Nem que fosse de longe. Apenas queria vê-lo, ouvir sua risada novamente, garantir que ele agora estava completamente bem. Contudo, outra voz repetia que eu não tinha direito de sequer estar no mesmo metro quadrado que ele e era verdade.

Eu fui cruel, rude e agi de forma impensada, agora eu enxergava isso, porém tentar consertar meus erros apenas iria trazer à tona uma dor que finalmente havia sido esquecida. Eu teria que lutar contra o desejo egoísta de rever Junmyeon, uma vez que eu sairia satisfeito, mas ele teria mais uma memória ruim para sua coleção e eu não podia fazer isso, era maldade demais até para um perdido como eu.

Estiquei o pescoço para ter certeza de que Jongdae não estava por perto e fiz algo extremamente vergonhoso. Trouxe aquela foto aos lábios e a beijei, fechando os olhos e deixando meu coração bater um pouco mais forte diante das memórias por trás daquele gesto ridículo. Aquilo era o máximo que eu me permitiria ter, por mais que o desejo de ver Junmyeon fosse tão forte a ponto de me deixar horas inteiras encarando uma única foto antiga.

Suspirei com toda aquela onda de melancolia nostálgica que tomava conta de mim. Aquela não estava sendo uma manhã muito boa.

Meu celular começou a tocar e torci para que fosse alguém do trabalho solicitando uma avalanche de coisas que ocupassem minha mente, mas no fim das contas era apenas Kim Jongin.

- YIXING! – Ele gritou na linha e eu rangi os dentes.

- Bom dia Jongin.

- Você ainda está em casa? – Ele parecia que estava correndo enquanto falava.

- Estou sim, o que houve?

- Eu esqueci minha bolsa com todas as demos no bar do Kyung, será que pode trazer quando vier trabalhar? Estou atrasado para uma reunião com um empresário de um cantor importante agora, não posso ir buscar.

Engoli seco. O bar de Kyungsoo também era o bar de Kim Junmyeon. Com ajuda de alguma força sobrenatural, um milagre acontecera na Terra e Kim Jongin conseguira conquistar Do Kyungsoo. Todos os dias eu me perguntava como diabos aquilo acontecera, especialmente quando eu parava para comparar a personalidade de ambos, mas o amor tem formas estranhas de agir, não é mesmo?

- E-eu... Jongin, sabe que não posso ir lá. Será que Kyungsoo não pode...

- Ele não está lá! – Vociferou e em seguida murmurou um pedido de desculpas para alguém perto dele. – Junmyeon não está lá e Kyungsoo só entra a noite. Por favor Yixing, não deve lhe tomar nem dez minutos.

Suspirei, mas não sabia ao certo se pelo alívio de Junmyeon não estar lá ou pela decepção causada pelo mesmo motivo.

- Tudo bem Jongin, eu pego sua bolsa.

- Obrigado Yixing, você é um anjo! Agora preciso desligar, tchau.

Ele desligou antes mesmo que eu pudesse murmurar minha própria despedida e por um longo instante fiquei estático encarado o celular. Eu finalmente pisaria naquele bar depois de tanto tempo e aquilo me deixava um pouco ansioso. E se Jongin estivesse enganado e Junmyeon estivesse lá em alguma escala trocada? O que eu faria?

O que ele faria?

Agitei minha cabeça e tentei não sofrer por antecipação. Corri para cozinha, onde Jongdae terminava nosso almoço e me debrucei sobre o balcão, observando-o cortar alguns legumes.

- Dae. – O chamei.

- Sim, Yixing. – Respondeu sem tirar os olhos do que estava fazendo.

- Acha que seria errado se eu ... – fiz uma pequena pausa para engolir seco – se eu procurasse Junmyeon?

- Para o que você procuraria ele? Se pretende transformá-lo em mais uma de suas conquistas...

- Não é isso. – Mordi o lábio com força, admitir aquilo em voz alta não seria fácil. – Eu sinto falta dele.

Jongdae ergueu os olhos para mim com evidente surpresa, em seguida abriu um sorriso.

- Então finalmente está acontecendo.

- Como assim? O que quer dizer?

Ele voltou a cortar os legumes, sem desfazer o sorriso carinhoso que abrira.

- Yixing, eu o conheço há anos. Você disse para mim que nunca mais se apaixonaria e por meses eu vi você se envolvendo em relações perigosas, mas eu sempre soube que aquele não era você, era apenas a sua dor lhe controlando. Você é uma boa pessoa e eu sei que você gosta de ser amado, uma hora suas transas passageiras não seriam mais suficientes.

Abaixei o olhar com tristeza.

- Escute, Yixing. – Olhei para meu amigo, que emanava bondade e complacência em seu sorriso. – Não acho que seja errado procurar Junmyeon, sempre soube que você gostava dele. Porém você agiu muito mal, precisa saber que não será recebido de braços abertos.

- Isso eu sei.

- Mas sei que Junmyeon gosta de você, se você for persistente...

Meu coração bateu forte apenas diante daquela possibilidade, porém eu estava mesmo preparado para isso?

 

-❖-

 

Parei diante do balcão com um frio na barriga quase anormal. Olhei ao redor e não conhecia nenhum dos garçons novos. Tudo bem que eu não queria dar de cara com Junmyeon assim que chegasse, mas ao menos um rosto conhecido seria bom para ajudar a me tranquilizar.

- Yixing? O que faz aqui?

Olhei para trás de uma única vez e me deparei com a cabeleira prateada e bagunçada de Park Chanyeol. Ele acabara de chegar para trabalhar e ainda estava sem uniforme.

- Hããã... Jongin pediu que eu buscasse sua bolsa do trabalho que ele esqueceu aqui ontem.

- Ah sim, certo. Me acompanhe.

Percebi que ele não exibiu nenhum de seus sorrisos receptivos, nem pareceu muito acolhedor, mas eu não o culpava por isso.

Entrei na sala dos funcionários logo atrás dele, que pendurou o casaco em um gancho e logo começou a lutar com a combinação de um dos armários. Fiquei parado num canto, esperando.

- Mas que droga, Kyung, qual a merda da sua combinação? – Resmungou em voz baixa.

Um silêncio de velório tomou conta do cômodo enquanto Chanyeol tentava descobrir a combinação do cadeado de Kyungsoo. Pigarrei e tentei puxar assunto na esperança de diminuir meu constrangimento.

- Hãã, como vão as coisas?

- Bem. – Respondeu secamente. Queria tocar em um nome delicado, mas tive medo da reação dele.

- Channie...yeol. – O chamei.

- Sim, Yixing?

- Como está Junmyeon? – O cadeado enfim se abriu e Chanyeol paralisou por um segundo.

Ele me olhou por cima do ombro com o cenho franzido.

- Muito bem, mas não graças a você.

- Ah.

- Yixing, você sabe que se fosse Kyungsoo aqui no meu lugar você estaria no olho da rua antes mesmo da campainha da porta terminar de soar, não sabe? – Abaixei a cabeça envergonhado. – Você agiu muito mal, traiu a confiança que nós colocamos em você. Pior, você feriu meu melhor amigo. Se por acaso depois de todo esse tempo você finalmente sentiu nem que seja um pouco de remorso pelo que fez, digo para você que Junmyeon está muito bem, ele não trabalha mais aqui. Minha mãe ofereceu uma vaga de gerente em um restaurante novo dela, ele está adorando. Myeon já superou tudo o que aconteceu, demorou, mas ele é forte. – Chanyeol sorriu ao pensar no amigo e senti meus olhos se marejarem. – Se pretende ir atrás dele, por favor, não vá. – Ele fez uma pausa e me olhou nos olhos. – Não vá se pretende ir embora mais uma vez.

Arregalei os olhos assustado com aquela última frase e Chanyeol sorriu minimamente antes de se voltar para o armário aberto e pegar a bolsa de Jongin.

- Ugh, que meleca é essa? – Ele esticou a mão que saiu úmida de algo que estourara na bolsa. – Tem cheiro de menta e... OH MEU DEUS! MAS QUE PORRA? – Fiquei parado sem entender bem o que estava acontecendo, enquanto Chanyeol sacudia a mão cheio de nojo de um aparente lubrificante que derramara da bolsa de Jongin. – Ah meu deus, minha mente agora está cheia de imagens obscuras de Jongin e Kyungsoo.... aqui dentro... PUTA MERDA!

No meio de seu surto, o celular de Chanyeol começou a tocar, mas ele estava com ambas as mãos sujas.

- Yixing, pegue o telefone aqui no meu bolso por favor, se for Kyungsoo ele vai ouvir tanta coisa!

Peguei o aparelho no seu bolso da frente e congelei ao ver o nome na tela.

- É Junmyeon. – Murmurei.

Chanyeol olhou para mim alarmado.

- Coloque no viva voz.

Atendi o telefone e imediatamente o coloquei no alto falante, sentindo meu coração bater mais rápido quando aquela voz macia preencheu o cômodo.

- Bom dia Channie! Já está no trabalho?

- Bom dia Myeon, estou sim.

- Escute, preciso de uma mãozinha. O pneu da minha bicicleta furou no caminho ao restaurante, estou correndo para não me atrasar. Será que tem o número de um borracheiro que possa pegá-la para trocar o pneu?

- Hã, acho que tenho sim. Mas por que diabos foi trabalhar de bicicleta? Não é meio longe?

Silêncio.

- Eu encontrei Yixing no metrô outro dia. Estou tentando evitar, você sabe, constrangimentos.

- Entendo. – O olhar de Chanyeol caiu sobre mim, que ouvia tudo com a cabeça baixa. – Vou mandar por sms o telefone do borracheiro, certo?

- Okay, obrigado! Vou desligar, tenho que correr para receber um funcionário novo e já estou atrasado. Bom trabalho Channie, até mais tarde!

Chanyeol me olhou com um pouco de pena. Um pouco.

- Me desculpe por ter que ouvir isso.

- Tudo bem, imagino que ouviria coisas muito piores se estivesse frente a frente com ele. Ah, isso me faz lembrar, será pode me passar o endereço do restaurante dele?

Chanyeol fez uma careta.

- Ele não ia gostar disso. Quer mesmo tanto assim ser esculhambado por ele?

- Eu sei. Mas eu preciso vê-lo, tentar ao menos consertar o que eu fiz.

Ele me encarou por um instante, tentando ver se eu estava sendo realmente sincero.

- Tudo bem, mas não diga que fui eu que passei o endereço okay? Ele me mataria. – Assenti com a cabeça – Certo então, mas primeiro me ajude a limpar essa sujeira. Por que diabos o seu amigo carrega lubrificante na bolsa do trabalho?

- Não me pergunte, há coisas sobre Kim Jongin que eu apenas prefiro não saber.

 

KIM JUNMYEON

 

- Entendeu tudo?

O jovem loiro diante de mim confirmou com a cabeça.

- Sim, Junmyeon-hyung

Ele parecia extremamente nervoso em seu primeiro dia de trabalho, me senti na responsabilidade de tranquiliza-lo.

- Escute Sehun, não há nada com o que se preocupar, você irá se sair bem. Além disso, acho que vai gostar de trabalhar aqui.

Aquele era o primeiro trabalho de Oh Sehun, que fora recomendado pela mãe de Chanyeol para vir trabalhar comigo. Sua família estava passando por dificuldades financeiras e ele estava desesperado por um emprego. Como nosso restaurante ainda estava no começo e ainda precisávamos de mais garçons, ela achou apropriado mandá-lo para mim.

Há alguns meses que ela inaugurou uma segunda unidade de seu restaurante italiano em outra parte da cidade e me convidou para ser o gerente. Por mais que eu amasse trabalhar ao lado dos meus melhores amigos, senti que aceitar aquele novo emprego me faria bem. E de fato fez, não apenas por ter me dado novos desafios e horários normais, como também por ser um restaurante com temática geek. Afinal, é muito mais fácil superar dor de cotovelo lendo, fazendo maratona de Star Wars e jogando vídeo game, não é mesmo?

Quatro meses se passaram e Yixing se tornara apenas uma lembrança agridoce. Depois de um longo período de resignação e sofrimento, meu coração finalmente estava limpo e livre de mágoas. Minha única preocupação no momento era ajudar Oh Sehun a se sair bem em seu primeiro emprego.

- O segredo é atender as pessoas com um sorriso no rosto e paciência. Além disso, Minah – apontei para a pequena garçonete de cabelo curto que ajustava os videogames – irá ajudá-lo em qualquer dúvida que tiver. Qualquer coisa que precisar estarei em minha sala finalizando o pedido para alguns fornecedores, okay?

- Certo, obrigado hyung. – Ele sorriu nervoso. Apesar de ser bem mais alto do que eu, era apenas um garoto.

Passei as mãos em suas costas para encorajá-lo e em seguida chamei Minah e pedi para que ela lhe passasse as instruções básicas.

- Tudo bem, pode deixar que eu explico tudo para ele, Sehun é meu pupilo agora. – Ela colocou o braço no dele e em seguida me encarou com um sorriso malicioso. Logo soube que ela estava aprontando. – Myeon-oppa, estava olhando nossos registros e descobri que seu aniversário está chegando. Já sabe como vai comemorar?

Agitei a cabeça em negativa.

- Não sei se vou comemorar esse ano.

- Bobagem! Todos nós estamos cheios de ideias para seu aniversário. Afinal, são 24 anos, não deve demorar para se alistar e nós devemos comemorar cada ano.

- Não sei se estou com clima para festa. – Cocei a nuca sem jeito.

- Deixe disso oppa, meu primo é DJ em uma boate incrível. Podíamos ir todos para lá no seu aniversário.

- Vou pensar no seu caso, Minah.

Ela sorriu e piscou para mim. Logo em seguida voltou à sua função, dando dicas para Sehun, que a seguia de perto anotando tudo.

Deixei os dois trabalharem e corri até a parte de trás do balcão para fazer um sundae enorme com muita cobertura de chocolate. Precisava preencher muitos relatórios, mas isso não poderia ser algo entediante estando acompanhado de um sorvete, não é mesmo?

 

ZHANG YIXING

 

O sol já começava a se por quando parei diante do Viva Polo Geek. Do lado de fora, era possível ver pelas vitrines que o lugar estava cheio, aquilo me ajudaria a passar sem ser percebido. Entrei e, com um pouco de dificuldade, achei um lugar vago em uma mesa para duas pessoas no canto do restaurante. Peguei o cardápio e escondi o rosto atrás dele enquanto varria o olhar pelo local a procura de alguém familiar.

- Já sabe o que vai pedir, senhor?

Ergui o rosto para o garçom e emudeci. Eu o conhecia. Conhecia bem a face que roubara Luhan de mim. Toda a cor do rosto de Oh Sehun se esvaiu assim que ele também me reconheceu, imediatamente ele se curvou para ficar mais próximo de mim.

- Pelo amor de Deus, não faça nenhum alarme. – Começou a falar em voz baixa – Eu imploro! É meu primeiro dia de trabalho e eu preciso muito desse emprego. – Ele estava à beira das lágrimas. – Chamo outra pessoa para atendê-lo, se quiser.

O encarei em silêncio, esperando minha fúria costumeira tomar conta de mim como sempre fazia a cada vez que eu pensava nele ou em Luhan, porém a fúria não veio e me dei conta que há muito eu não pensava em nenhum dos dois.

- Não se preocupe, não farei nada para prejudicá-lo.

Ele soltou o ar que estava prendendo com um suspiro pesado de alívio.

- Obrigado. – Murmurou.

Desci o olhar para o cardápio, me sentindo um pouco estranho, eu devia estar com raiva, não devia?

- Eu vou querer um sundae de chocolate. – Pedi. Ele imediatamente sacou a caderneta do bolso e anotou o pedido com as mãos trêmulas.

- Algo mais? Nós disponibilizamos fichas para partidas de videogames, mangás e livros, caso queira passar o tempo enquanto espera.

- Não, eu estou bem. – Ele assentiu e se virou para se retirar. – Ei, espere.

Sehun me encarou ainda nervoso.

- Kim Junmyeon está aqui?

- Junmyeon-hyung? Você é amigo dele?

- Mais ou menos.

- Está no escritório. – Ele apontou com a caneta para uma porta no fundo do estabelecimento. – Quer que eu peça para chamá-lo?

Neguei com a cabeça. Precisava me preparar e ter mesmo certeza de que eu ia falar com Myeon. Já que não dera logo de cara com ele assim que entrei, ainda havia chance de eu dar para trás.

- Tudo bem, eu falo com ele depois.

Sehun assentiu e se retirou.

Enquanto esperava, aproveitei para dar uma boa olhada no lugar. As paredes eram todas decoradas com papel de parede de heróis de mangás japoneses, quadrinhos e filmes nerds. Parecia o lugar em que Kim Junmyeon sempre sonhara em trabalhar e aquilo me fez abrir um sorriso.

Os funcionários eram todos muito jovens e pareciam muito à vontade em trabalhar ali, com exceção de Sehun que ainda estava muito nervoso em seu primeiro dia. Grupos de amigos se reuniam em volta dos videogames e gargalhavam alto, no outro lado do restaurante, pessoas liam livros calmamente com xícaras de café ou chá em mãos e um pouco mais ao fundo, uma jovem dedilhava preguiçosamente um teclado, que era rodeado por alguns violões e guitarras. Aquele era o tipo de lugar que eu passaria uma tarde inteira sem sequer me preocupar com o passar das horas.

Sehun chegou com meu sundae e murmurou um “bom apetite” antes de sair a passos rápidos. Aproveitei o sorvete devagar, sem tirar os olhos da porta do escritório de Junmyeon, imaginando o que estaria fazendo, qual seria a cor da sua camisa ou como estaria seu cabelo.

Terminei de tomar o sundae e o paguei. Junmyeon não saíra de sua sala e eu apenas o veria se fosse até lá. Me vi parado no meio do restaurante, sentindo o coração me socar por dentro como há muito não sentia. Era estranho que depois de tanto tempo eu ainda fosse capaz de ter todas aquelas sensações.

Olhei ao redor e ninguém me observava e em poucos segundos me vi diante da porta com a palavra “Gerente” pendurada. E fiquei lá. Imóvel, respirando com dificuldade.

Estiquei a mão para bater na porta, mas sequer cheguei a tocá-la. Eu estava com tanto medo de ver ódio nos olhos dele, ver que não havia mais a menor chance para mim, ver que eu arruinara tudo mais uma vez.

Recolhi a mão. Eu não faria aquilo. Chanyeol disse que Junmyeon estava bem, eu não tinha o menor motivo para tentar consertar algo que o tempo já havia consertado para mim. No fundo, não era perdão que eu queria, era Junmyeon. Queria poder estar em seus braços, receber seus beijos suaves e seu olhar cheio de emoções, mas eu não merecia.

Aceitei que deveria ir embora e nunca mais pisar naquele lugar novamente, dei um passo para trás para sair dali, mas então a porta se abriu.

Parei de respirar assim que Junmyeon surgiu no meu campo de visão. Se eu não esperava por aquilo, ele muito menos. Seus olhos negros se arregalaram e seus lábios se entreabriram. Deus! Como ele era bonito.

- Yixing? O que faz aqui?!

Abri a boca, mas por um instante foi como se eu tivesse esquecido de como se pronunciava as palavras.

- E-e-eu... – Olhei bem para seu rosto e a única coisa que consegui dizer foi – Tem chocolate no seu queixo.

- Hã?

Merda, Yixing!

- E-eu... queria ver você.

Uma ruga se formou em sua testa e eu soube que estava perdido. Aquele era o momento em que ele daria o troco por todas as coisas horríveis que lhe disse.

- Você está vendo. – Disse calmamente.

Concordei com a cabeça.

- É melhor eu ir.

- Também acho.

Girei nos calcanhares para ir embora, mas empaquei e me odiei por isso. Apertei os olhos e mordi os lábios.

- Myeon...

- Sim, Yixing.

- Você me odeia?

Silêncio.

- Não. – Respirei aliviado, com o coração batendo acelerado e a barriga se revirando em borboletas. – Eu já o perdoei, Yixing, se é isso que o está atormentando. No fim das contas, perdoar é o que eu faço melhor.

- Obrigado. – Murmurei.

Olhei para trás e Junmyeon me encarava com uma expressão triste e confusa.

- Por que está me agradecendo?

- Por existir. – Sorri enquanto uma lágrima que eu sequer percebera, escorria pelo meu rosto. – Obrigado por existir, Kim Junmyeon. Você é peça única.

- De nada. – Ele sorriu minimamente e achei que fosse explodir de felicidade com aquele pequeno gesto. O que estava acontecendo comigo?

- Eu vou agora. – Disse e o vi assentir em silêncio.

Fiz uma reverência completa a ele, mesmo com ele sendo da mesma idade que eu. E como imaginei que Myeon quisesse se ver livre de mim o quanto antes, saí correndo logo depois.

Parei na porta com todas as garçonetes me encarando como se eu fosse de outro planeta, olhei para trás e vi Junmyeon limpar o chocolate do queixo com um sorriso no rosto. Aquilo foi o suficiente para me fazer feliz pelo resto da semana.


Notas Finais


Só Deus sabe quando vai vir o próximo capítulo.
Essa semana tem debut japonês no EXO, já prepararam o caixão? Pena que o Yixing não vai estar no Tokyo Dome, EXO com 8 fica parecendo tão incompleto </3
Enfim, vejo vocês no próximo capítulo. Um super beijo a todos.

P.S.: Boatos que no próximo capítulo tem sexo, drogas e rock'n roll no aniversário do Myeonzinho.


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