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História How to be a Heartbreaker - Me resgate e eu nunca mais serei o mesmo


Escrita por: sankdeepinside

Notas do Autor


Olááá!
Por um milagre da vida, nesta semana não tive aula em dois dias seguidos e consegui finalizar o capítulo! Que btw é o penúltimo! Pois é, estamos na reta final da htbahzinha, mas eu vou deixar o mimimi para o próximo capítulo, tá?
Esse capítulo tá bem melzinho, mas no final tem uma surpresa sobre a última side story que vou fazer no universo da HTBAH.
A música do capítulo é Rescue Me, do Daughtry, acho que link não funciona nas notas iniciais né? Mas não vou colocar link no final pq eu é que não vou dar spoiler pra vocês. Então se quiserem ir no YT e buscar a música fiquem a vontade, mas quem não quiser tá de boas (mas a música é bem amorzinho).
Espero que gostem!
Um beijão!

Capítulo 12 - Me resgate e eu nunca mais serei o mesmo


Fanfic / Fanfiction How to be a Heartbreaker - Me resgate e eu nunca mais serei o mesmo

Minha boca estava extremamente seca e o ar parecia faltar enquanto eu parava diante daquela ponta. Limpei as mãos suadas no jeans e levei o dedo a campainha, sentindo o estômago se contorcer com todas aquelas borboletas malditas.

Era um encontro.

Um sorriso idiota se abriu em meu rosto enquanto eu constatava aquilo pela milésima vez naquele dia. Eu sairia em um encontro com Kim Junmyeon naquela noite e eu estava a ponto de cair morto no chão, tamanha minha ansiedade.

Ouvi o clique da maçaneta sendo girada e prendi a respiração. Droga Yixing, você é um adulto, haja como um e não como um adolescente.

Quando a porta se abriu, meu sorriso se desfez pela metade, a cabeleira negra que surgiu não era de Junmyeon, mas sim de Do Kyungsoo. Ele deu um passo para fora e fechou a porta atrás de si, parecia exausto.

- Você já sabe o que eu tenho para dizer, não sabe, Yixing? – Respondi agitando a cabeça em uma lenta afirmativa. – Não vou mentir e dizer que eu aprovo isso, porque eu não aprovo. Você traiu a confiança que eu coloquei em você, a confiança que todos nós colocamos. Você machucou meu melhor amigo quando ele ainda tentava se reerguer e só por isso eu tenho vontade de te chutar para longe daqui.

- Eu sei. – Disse fracamente com o olhar no chão, eu sequer tinha coragem de encará-lo.

- Mas eu não sou o hyung do Junmyeon, ele é mais velho do que eu e responde por tudo o que faz. Se ele decidiu te dar uma última chance, é porque o coração dele é melhor do que o meu e Deus sabe o quanto ele é bom em dar segundas chances, a quantidade de vezes que ele perdoou Yifan pode comprovar isso. Mas ele já sofreu demais, se você estragar mais essa vez não vou permitir que se torne outro ciclo vicioso, ele merece mais. Ele merece felicidade.

- Eu sei. – Repeti. – Não vou estragar dessa vez. – Ele me olhou com descrença, porém prossegui. – Mas se por acaso acontecer de estragar... não se preocupe, eu mesmo faço questão de deixá-lo em paz.

- Acho bom.

Kyungsoo cruzou os braços e um silêncio estranho pairou entre nós, até ele suspirar e abrir um sorriso mínimo.

- Okay, Yixing, eu vou chamá-lo. Ele já está esperando por você há horas.

 

KIM JUNMYEON

Era estranho, mas ao mesmo tempo familiar, sabe, olhar para ele. Seu sorriso se abria com timidez, de forma contida, envergonhada. Peguei seu olhar sobre mim, me encarando fixamente inúmeras vezes enquanto suas mãos buscavam as minhas enquanto caminhávamos.

Era Zhang Yixing ali comigo. Por um bom tempo aquela imagem dele caminhando ao meu lado parecera ser apenas mais uma das minhas ilusões tolas e ainda assim... ele estava ali. Era real.

Falava sobre seus amigos, sua família e seu trabalho, em seguida sempre finalizava com uma pergunta sobre os meus, sobre minha vida, sobre coisas que ele ainda não tivera a oportunidade de saber, como minha cor favorita, meu prato favorito, meus jogos, meus animes, meus livros.

Era um encontro legítimo e poderia facilmente ser um dos melhores que eu tivera na vida se não fosse por aquela sombra que o encobria a cada vez que meu olhar recaía sobre ele. A sombra daquelas palavras frias.

Para ser honesto, eu estava com medo. Com medo de entregar meu coração mais uma vez e ter que recomeçar pelo que deveria ser a milionésima vez, com medo de gostar dele demais, com medo que não ser gostado de volta. Entretanto evitei pensar naquilo, eu não podia me negar aquela tentativa apenas por medo. Ao menos enquanto eu sabia que o queria demais para meu próprio bem.

Depois de pegarmos o metrô e caminharmos conversando por quase meia hora, Yixing finalmente apontou para nosso destino, a praia Wangsan, em Incheon.

Ele, que carregava a case do violão nas costas durante todo o percurso, se sentou na areia fofa e pousou a case ao seu lado, soltando um longo suspiro de cansaço. Fiz o mesmo e abracei os joelhos, fitando-o com atenção. Àquela altura eu já aceitara que jamais conseguiria odiar Yixing, por mais receios que eu tivesse em relação a ele, Zhang Yixing já havia me conquistado quando roubara meu coração cinco meses atrás. Sabia que ele tinha um bom coração, só restava saber se aquele coração estava pronto para mim.

- Yixing, posso perguntar uma coisa delicada?

Ele olhou no fundo dos meus olhos e abriu um pequeno sorriso.

- O que quiser saber.

Apertei os lábios hesitando por um instante.

- Por quê voltou? Pensei que estivesse feliz com sua vida sem sentimentos.

O pequeno sorriso tímido dele se alargou.

- E eu estava.

- Mas então...

- A culpa foi toda sua.

Franzi o cenho diante daquela resposta. Primeiro ele me acusava de ter arruinado seus planos e agora ele me acusava novamente por não ter deixado que ele continuasse com sua vida de libertino? Como ele podia me culpar sendo que eu sequer estava em sua presença? Abri a boca para protestar contra aquela afirmação, mas ele prosseguiu.

- Foi você que apareceu no meu caminho com esse seu sorriso encantador naquele dia no trem. – O polegar de Yixing tocou meu queixo enquanto eu o encarava surpreso. – Eu estava bem Junmyeon, mas ser uma pessoa sem sentimentos nunca seria o suficiente enquanto eu soubesse que seu sorriso habitava o meu universo que eu. É como comer terra quando você sabe qual o sabor de um banquete.

O polegar dele subiu até contornar meu lábio inferior.

- A partir do instante que vi você naquele dia no trem, eu me dei conta de que nem todo o sexo do universo poderiam se equiparar a ter você, mas que droga Junmyeon! Até ter o coração partido por você seria melhor do que aquilo.

Coloquei minha mão sobre a dele e a afastei do meu rosto.

- Você está enganado, Yixing. – Meu olhar encontrou o dele e não consegui disfarçar a ponta de ressentimento – Eu jamais partiria o seu coração.

Yixing aproveitou o contato de nossas mãos e entrelaçou os dedos nos meus.

- Tem razão, e ainda assim eu agi como um idiota e parti o seu. – Ele levou nossas mãos entrelaçadas até próximo do rosto e depositou um beijo nas costas da minha – Por isso eu vou me arrepender para sempre.

Apoiei a cabeça nos joelhos, sem tirar os olhos dele por um único instante. Era tão bom, aquele carinho, aquele toque morno. Fazia tanto tempo que eu não recebia aquele tipo de afeto, que apenas o toque de Yixing sobre minha pele bastou para me fazer estremecer. Ah, Yixing, não brinque comigo.

- Você não respondeu minha pergunta. Por que voltou?

- Porque eu quis tentar. Quis saber se você poderia curar minhas feridas, mas acontece que o tempo já as havia curado e agora quando olho para você não penso mais em alguém com as mesmas dores que eu.

Meu coração começava a bater mais forte no peito, a voz de Yixing tão próxima eriçava os pelos da minha nuca e sua colônia suave fazia com que eu me sentisse... em casa.

- E pensa como? – Minha voz saiu em um sussurro involuntário.

- Penso em alguém que eu quero beijar até desmaiar. – Ele sussurrou de volta com os lábios tocando levemente minha orelha e fazendo meu corpo inteiro se arrepiar.

- Ah. – Foi tudo o que consegui dizer, mas dentro de mim meu coração batia acelerado enquanto meus outros órgãos pareciam lutar ente si.

Merda, Yixing, não me faça me apaixonar assim tão fácil.

Yixing corou violentamente e desviou o olhar para as próprias mãos.

- Eu sei que já disse isso, mas eu realmente quero me desculpar com você. Eu fui um cretino. Reclamei tanto por ter tido o coração partido por pessoas sem piedade e apenas agi exatamente assim com você.

- Está tudo bem, eu já perdoei você.

- Eu sei que sim, você sempre aguentou as porradas da vida bem melhor do que eu, bem melhor do que qualquer pessoa que eu conheço.

Dei de ombros.

- É um talento natural. – Abri um meio sorriso para ele.

- Eu invejo você.

Um silêncio incômodo se colocou entre nós. Pigarreei e desviei o olhar.

- Você ainda sofre por ele? Por Luhan?

Yixing agitou a cabeça em uma negativa.

- Não vou mentir e dizer que é como se ele nunca tivesse passado por minha vida, pois eu ainda me lembro de tudo o que mais amava nele, mas sei lá, não dói mais. – Yixing pegou o case do violão e começou a tirá-lo de lá, engatando uma pergunta sem me olhar nos olhos. – E Yifan, ainda fala com ele?

- Sim, ele almoça no restaurante uma vez ou outra.

- E...?

- Ele vai bem, está namorando.

Yixing tentou conter o sorriso que se abriu em seu rosto, mas não deu muito certo e logo ele ergueu o olhar para mim, repleto de um brilho encantador que quase me fez acreditar que o que ele sentia por mim era algo mais do que apenas atração.

- Me parece que o caminho está livre em ambos os lados.

- Sim. – Sorri de volta para ele e em seguida me deixei cair de costas na areia macia, fitando o céu repleto de estrelas enquanto ele dedilhava os primeiros acordes no violão – Você vai cantar para mim?

- Sim, mas já peço desculpas de antemão, meu lado romântico está um pouco enferrujado.

- Não tem problema, o que importa é que seu lado romântico ainda existe.

Fiquei sentindo a brisa e os resquícios da maresia, sorrindo feito um idiota para o céu enquanto a voz doce de Yixing adentrava meus ouvidos, minha pele, minha alma.

- Our story's old, older than the wind. It's been in sight for years, how can we pretend that we all know just how it's gonna end?

Os acordes ficaram mais fortes e olhei para Yixing, ele sorria docemente enquanto cantava e tudo o que eu queria fazer era… beijá-lo até desmaiar.

- Rescue me in the middle of the ocean crashing down, it's always hard to breathe. Some say, it's hard to make the changes. Rescue me and I'll never be the same.

Era isso. Sempre me considerei uma pessoa forte, que pode resistir calado a uma grande quantidade de coisas, mas Yixing cantando um pedido de perdão para mim debaixo das estrelas, na companhia do som das ondas do mar, com certeza não era uma delas. Estava perdido, era meu fim ali, diante daquele par de olhos negros hipnotizantes, daquele sorriso de lábios grossos e daquela covinha saliente. Eu o queria para mim. Eu queria ser dele. Eu o amava.

- Rescue me in the middle of my darkest hour. Time will tell if I never really had the power. Some say, it's easier to give up on it I say, it's time to rescue me.

Quando a música acabou, Yixing recolocou o violão na case e me olhou intensamente.

- Vou beijar você agora. – Falou enquanto se debruçava lentamente sobre mim.

- Por favor. – O puxei pela gola da camisa e choquei nossos lábios.

Subi as mãos por suas costas, sentindo o calor de sua pele logo abaixo das roupas, enquanto explorava seus lábios com um misto de urgência e deleite. Já havia provado muitas coisas boas na vida, mas nada se comparava ao sabor e a maciez daqueles lábios nos meus. Era mais entorpecente que qualquer droga, mais aconchegante que qualquer cama, mais revigorante que qualquer vitamina e curava mais do que todos os médicos de Seoul.

Suas mãos escorregavam lentamente pela minha face enquanto eu saboreava sua boca e chupava seu lábio inferior. Deus, como eu amava os lábios dele. O aroma de seu perfume impregnava em meu corpo inteiro, me deixando ainda mais embebido de paixão. Emaranhei as mãos em seus cabelos curtos, sentindo a textura de seus fios sobre o meu toque, percorri seu rosto com a ponta dos dedos, memorizando cada pequena nuance de sua face para o caso de aquilo tudo acabar cedo demais. Ao menos eu teria aquela memória sob meus dedos.

As coxas de Yixing pressionavam as minhas e prendiam o meu corpo, mas não havia a menor necessidade daquilo, eu não tinha a menor intenção de fugir. Yixing segurou meus pulsos acima da minha cabeça e separou os lábios dos meus, me fazendo grunhir em desaprovo, mas a reclamação durou apenas um segundo, já ele logo colou aquele mesmo par de lábios deliciosos à pele sobre minha jugular, me fazendo gemer com um chupão intenso que deixaria uma marca nada discreta.

- Jun-myeon-ah! – Falou ofegante enquanto segurava meu queixo e colava sua testa a minha. Seus olhos estavam fechados e nossos cílios quase podiam se tocar. Sua respiração batia contra a minha e seu hálito suave me fazia ansiar por mais um beijo, e mais um, e mais um... – Eu amo tanto você.

 

ZHANG YIXING

Um arquejo escapou de seus lábios assim que eu terminei de pronunciar aquelas palavras.

Merda, Yixing!

Me arrependi imediatamente de ter colocado aquilo para fora, não era a hora, era muito cedo, meu Deus, ele ia se afastar. Fiquei imóvel, temendo abrir os olhos e me deparar com algo ruim em seus olhos.

- Me desculpe, me desculpe, por favor não vá embora... – Sussurrei desesperadamente em seu ouvido. – Você não precisa me amar de volta.

Apertei mais meus olhos, afundando o rosto na curva de seu pescoço.

Naquele breve instante me dei conta de que aquilo era amor. Amor verdadeiro. Eu estava sendo sincero, ele nem mesmo precisava retribuir aquele sentimento, eu apenas não queria machucá-lo, nem queria que nada jamais o machucasse. Se eu precisasse me manter longe para aquilo, eu o faria, com muita tristeza, mas Deus sabe que eu faria.

Ah Junmyeon! Você me curou.

Ele segurou meu rosto entre suas mãos sujas de areia e me puxou um pouco mais para si, sussurrando algo que apenas eu seria capaz de ouvir.

- Não seja idiota Yixing, eu também amo você. – Ele roçou o nariz do meu e sussurrou ainda mais baixo – Não estrague as coisas dessa vez, okay?

Agitei a cabeça em uma afirmativa, sentindo os olhos se encherem de lágrimas que eu realmente não gostaria de derrubar. Abri os olhos e avistei aquele sorriso enorme, cheio de dentes e que fazia seus olhos brilhantes quase sumirem.

Meu coração batia com tanta força e tão alto que achei que estava prestes a morrer, mas aquilo não era morte. Aquele sorriso, aqueles olhos, aquele perfume em sua pele, aquela pessoa... Kim Junmyeon.

Kim Junmyeon era vida.

Comecei a rir feito um idiota, beijando-o sem conseguir parar de rir, fazendo-o rir comigo com aquela alegria explosiva que eu sequer lembrava se algum dia já experimentara com tamanha intensidade. Encarei seu rosto corado e seus cabelos negros completamente bagunçados e, meu Deus, como eu o amava.

E ele me amava também.

Tomei seus lábios nos meus, explorando-os com calma, aprofundando o beijo com a língua, enquanto sentia seus braços me envolverem pela cintura, me prendendo a si.

- E agora? – Perguntei ofegante, com um sorriso que mal cabia em meu rosto, repleto de ansiedade.

- Agora me faça desmaiar, Yixing.

 

 

BYUN BAEKHYUN

É isso, sou um fracassado.

Não pude evitar de pensar quando vi as portas do meu último fio de esperança serem fechadas. Minha empresa faliu, meu último relacionamento havia sido um desastre, eu havia sido despejado e todo o dinheiro que eu tinha no bolso eram 10,000 won.

Eu devia estar desesperado, mas tudo o que consegui fazer foi encarar aquelas portas fechadas em silêncio com uma única coisa em mente: Eu falhei.

Não que falhar fosse algo incomum para mim, até porque não era, nunca fora. Desde que me conheço por gente, tudo o que eu toco automaticamente tem uma alta tendência a fracassar, quebrar ou não ser bom o suficiente. Já era uma parte de mim. Byun Baekhyun era sinônimo de fracasso.

Mas ao menos ali, naquela agência que eu mesmo fundara, dei meu sangue e meu coração. Ao menos ali eu tive esperanças de que daria certo. Virei noites em claro, gravei campanhas inteiras com minhas próprias mãos e voz, carreguei caixas e implorei pessoalmente por clientes, mas no final tudo foi em vão.

Mais uma vez o destino mostrava que eu nasci para fracassar.

Respirei fundo sem saber o que fazer, apenas pensando que precisava aliviar aquela dor, mesmo que por algumas horas. Fiquei mais alguns instantes observando a porta fechada, agarrado a uma caixa de papelão com os meus poucos pertences e em seguida dei meia volta, descendo a rua a passos lentos, tentando pensar no que eu deveria fazer.

Uma brisa fria antecipava o período chuvoso e meu casaco não era quente o suficiente, então caminhei tremendo, com a cabeça baixa para que ninguém visse as poucas lágrimas que eu derrubava sobre o papelão.

Meu primeiro pensamento foi buscar ajuda, eu precisava dos meus amigos se não quisesse terminar como um mendigo e sabia que eles seriam capazes de me ajudar, mas uma única coisa me impedia: meu orgulho.

Eles me alertaram o tempo todo, dizendo que minhas ideias eram tolas, que meu caminho não explorava todo o meu potencial, mas como eu poderia ser mais, se nem mesmo aquilo eu conseguia ser? Se até coisas simplórias eu conseguia errar e arruinar? Não estava pronto para admitir isso para eles, ao menos não naquela noite.

Caminhei até o quarteirão de Yixing e Jongdae, porém me recusei a implorar por abrigo. Me recusei a admitir que eles estavam certos sobre mim o tempo todo. Entrei em um bar familiar, disposto a gastar meu último tostão com álcool, ao menos o quanto desse para me deixar entorpecido. Depositei minha caixa sobre o balcão e me sentei num banco diante dele, contente pelo ar ali ser aquecido. Estava cansado e desanimado, por isso foi um absurdo quando o bartender surgiu diante de mim com um sorriso do tamanho do universo.

- Boa noite! O que vai querer?

Ergui o olhar para encará-lo e me dei conta de que o conhecia, era Park Chanyeol. O amigo de Junmyeon que uma vez, há um bom tempo atrás, Jongdae nos obrigou a invadir a festa de aniversário. Olhei bem para ele, os olhos negros reluziam com um brilho vivaz, enquanto seus lábios exibiam um sorriso gentil, o cabelo platinado caía sobre a testa pálida e ele me encarava de cima, era bem mais alto do que eu me lembrava. Aquele era um cara que não tinha problemas na vida.

- Hããã... – pensei nos meus 10,000 won. Que tipo de bebida dava para comprar com aquilo? – Qual é sua bebida mais barata?

Chanyeol fez uma careta.

- Oh, você não vai querer beber aquilo.

- Não importa, quanto custa?

Ele apertou os lábios, mas provavelmente não fazia parte de sua obrigação discutir com um cliente.

- 5,000 won, mas já vou avisando que é uma cerveja caseira que meu chefe faz, é horrível.

- Me dê duas doses. – Coloquei a nota de 10,000 no balcão e Chanyeol soltou um suspiro.

- Parece que está tendo um dia ruim huh? – Disse ao pegar a nota e se afastar em busca da bebida.

- O pior dia de todos. – Respondi em voz baixa.

Me debrucei sobre o balcão, cruzando os braços e afundando o rosto entre eles. Era o fundo do poço e parecia tão doloroso. O baque de um copo largo batendo sobre a madeira me fez virar o rosto.

- Tome por sua própria conta e risco, não diga que não avisei. – Chanyeol disse para mim, mas seu olhar agora se recaía sobre outra coisa. – Oh, você gosta de One Piece?

Uma das mãos de Chanyeol invadiu minha caixa e retirou dela uma miniatura de Portgas D. Ace, meu personagem favorito de One Piece.

- Ah, sim. – Respondi desanimado enquanto puxava o copo para perto de mim.

- Eu gosto de One Piece.

- Percebi. – Os olhos negros de Chanyeol caíram sobre mim como se finalmente estivessem me vendo. – Eu não conheço você? Você me parece familiar.

Dei de ombros.

- Sou um dos amigos de Yixing que invadiram seu aniversário.

- Oh sim, claro. Minseok, certo?

Sorri com a confusão injusta, Minseok era tão melhor do que eu.

- Não, Baekhyun. Byun Baekhyun.

- Oh, sim, certo. – Chanyeol sorriu para mim e apontou para meu cabelo tingido de um vermelho vivo – Nós dois somos os estranhos dos nossos grupos, não é mesmo?

Consegui dar uma risada mínima, ele estava repleto de razão. Beberiquei a tal cerveja caseira e logo no primeiro gole tive um ataque de tosse que fez meus olhos se encherem de lágrimas.

- MEU DEUS! – Afastei o copo de cerveja com o peito em chamas.

- Eu avisei! – Chanyeol começou a rir e deu um peteleco na minha testa. – Preciso atender uma mesa, mas recomendo que beba um copo d’água. – Ele colocou uma garrafa de água diante de mim e saiu.

Abri a garrafa imediatamente e bebei tudo a largos goles. Aquela com certeza havia sido a pior coisa que eu já colocara na boca, e olha que eu já coloquei a boca em muitos lugares duvidosos.

- Ah, merda. – Praguejei em voz baixa.

Havia gastado todo o meu dinheiro naquela cerveja horrível e eu agora não tinha mais nada para varrer os problemas da minha mente. Até na hora de fazer besteira eu fazia besteira.

Me debrucei sobre o balcão novamente, batendo a testa continuamente na madeira do balcão.

- Burro, por que você sempre arruína tudo? Burro, burro, burro... – Uma mão grande se colocou entre minha testa e o balcão me impedindo de batê-la mais uma vez.

- Qual é o seu problema? – Aquela voz grave parecia próxima demais dos meus ouvidos e estranhamente um arrepio percorreu minha espinha.

Ergui o rosto e me deparei com os olhos de Park Chanyeol a poucos centímetros dos meus. Lindo.

Mas então eu comecei a chorar.

Toda a frustração, todo o orgulho ferido, chutes, mancadas, erros e toda a enxurrada de mágoa que havia em mim transbordou de uma única vez. Não aguentava segurar mais nada por nem um segundo sequer. E então eu chorei, mesmo sendo um homem adulto e maduro, eu chorei feito uma pequena criança.

Segurei meu rosto deixando as lágrimas caírem na madeira escura, sentindo o peito arder a cada soluço. Eu estava perdido e não via uma saída para toda aquela dor.

Diante de mim, Chanyeol cruzou os braços.

- Você quer que eu ligue para Yixing? – Neguei freneticamente com a cabeça.

- Não, por favor, eles não precisam dos meus problemas nessa noite.

Chanyeol agitou a cabeça em uma negativa de desaprovação, mas ele então suspirou e colocou outro copo diante de mim, dessa vez com um bom conhaque.

- Beba e depois disso me diga qual o seu problema. Seus amigos podem não precisar deles, mas talvez eu sim.

Ergui o olhar para ele com confusão, eu parecia um pequeno animal assustado, mas Park Chanyeol apenas sorriu para mim. Um honesto e gentil sorriso que quase me fez chorar um pouco mais.

- Apenas beba. – Repetiu e foi atender mais uma mesa.

Quando Chanyeol voltou, eu já havia entornado toda a bebida e disparava todas as minhas frustrações em meio a lágrimas e soluços. Me sentia ridículo por estar me abrindo tão honestamente com um garçom, mas ele transmitia uma paz de espírito tão grande e tão livre de julgamento, que talvez aquela fosse a única vez que meu coração se sentiria à vontade para se abrir.

Assim que terminei de desabafar, as lágrimas já desciam menos e meu peito parecia finalmente se aliviar. Meus olhos encontraram os dele e o que vi em seu olhar era... compreensão. Ele sabia do que eu estava falando e algo me dizia que ele me entendia completamente. Aquilo se confirmou quando sua mão se emaranhou em meus fios vermelhos e seu olhar parecia ver debaixo da minha pele.

- Escute, Baekhyun – Disse em um tom sério que me fez acreditar em cada palavra. – Você não é o perdedor que pensa que é. Vou ajudar você a sair dessa, acredite em mim.

Abri um sorriso amargo.

- Se você pode fazer milagres...

- Oh, mas é claro que eu posso. O primeiro deles é que agora você tem uma casa.

- Casa?

- Sim, minha casa.


Notas Finais


Vai ter ChanBaek meus caros amigos. Estou nervosa pois me sinto muito fora do meu quadrado escrevendo com couple popular (?), mas problemas meus à parte, vai ser uma one shot e devo postar junto com o último capítulo.
Reza a lenda de que se o dels sagrado Kim Junmyeon deixar, no próximo capítulo tem outro lemon.
Espero que tenham gostado.
Até o último capítulo da htbah #xora
Beijões :*
P.S.: Aqui a música pra quem quiser ouvir (disse que n ia colocar mas coloquei pq sou vida loka) https://www.youtube.com/watch?v=R4RDj1ITtI0


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