História Hush Hush - You remember?

Eu não sei o que está acontecendo comigo, parece que desde que eu vim para o Brasil, a 1 mês, logo depois que o Matt se estabilizou, foi pra casa, e esqueceu de metade da vida dele , inclusive de mim, sei lá, parece eu  também esqueci quem eu sou.
Isso tudo, que aconteceu realmente mexeu comigo e, ultimamente a única coisa que tem me mantido ocupada é minha escola nova aqui no Brasil e tentar  descobrir quem é @45phill.
Pois é, isso também ainda não acabou.
Agora aqui estou eu, na casa da Ana, que voltou pra ficar comigo, falando sozinha andando de um lado para o outro, tentando achar uma desculpa plausível pra faltar o tão esperado baile anual.
Não parece, mas um mês é muito tempo para as coisas mudarem, por exemplo, a um mês atrás eu estava em uma sala de espera, tentando manter a calma por saber que Matt estava entre a vida e a morte.
Quando ele acordou, foi a melhor sensação que eu senti em toda minha vida, foi como se eu estivesse prendendo a respiração por todo aquele tempo, mas aí veio a notícia, de que uma amnésia temporária ou não, havia acontecido.
Enfim eu já passei por muita coisa nos últimos meses, assim como ele, e todos meus amigos, que por sinal fazem muita falta, eu sei que logo vou voltar pra casa, mas eu preciso me acostumar com a ideia de que quando eu chegar lá, eu não vou passar de uma desconhecida para ele.

 - Vic! Você não vai se arrumar? - Ana entrou no quarto me tirando de meus pensamentos - você vai ir né? 
  
- O que? - pedi realmente confusa - ah, o baile? 

- É, sua boba! Vem eu sei que você não teve bons momentos aqui no Brasil, por causa de tudo que aconteceu, mas você precisa se divertir! -  ela disse tentando ser convincente.

- Ana, Aninha, você sabe que eu não quero ir! Não me obriga. - disse fazendo bico, eu realmente, não quero ir.

- Eu tentei te dar opção, você errou a resposta, então eu te obrigo! Você vai sair dessa cama, tomar banho, colocar uma roupa apresentável, e ir para aquela festa, nem que eu tenha que ligar pra sua mãe te obrigar. - ela disse tudo e saiu do quarto.

É, parece que eu vou ter mesmo que ir.

Levantei da cama, e quando fui entrar no banheiro, meu celular que estava em minha mãe, vibrou, desbloqueei e li a mensagem que era da Maho, ela dizia: 

" - Vic, você foi embora já faz um mês, faz ideia? Todo mundo ta com uma puta saudade tua, você vai voltar pra sua casa, onde os seus amigos estão, onde a sua família está, onde o Matt esta, ou vai continuar mentindo pra você mesma pensando que está bem? Vic, o Matt pode até ter esquecido, mas ele não te viu desde que voltou pra casa, ele até  esqueceu, mas o sentimento continua com ele.
Nós fizemos amizade com ele de novo, e ele é o mesmo palhaço de sempre, volta e pega de volta o que é seu. :) "

Terminei de ler, bloqueei a tela do celular, e entrei no banheiro com a mensagem da Mahogany na cabeça, ela tinha razão, eu nem tentei.
Depois desse baile, eu vou comprar uma passagem de volta, eu preciso resolver isso tudo.

P.O.V desconhecido: 

O garoto não morreu, mas esqueceu de tudo que pudesse me prejudicar, então posso mantê-lo vivo por mais tempo.

Já a Victória, muito ingênua, pensa que vai a esse baile, se divertir e se sentir bem, o que ela não sabe é que eu sempre estou um passo à frente.

P.O.V Victória:

Eu estava pronta, estava usando um vestido qualquer da Ana, e um sapato preto também da Ana, meu cabelo estava solto, e era preso por uma presilha pequena.
 Assim que Ana ficou pronta, seu pai nos levou até o colégio.
 
*15 minutos depois*

Entrando no auditório, logo vi meus colegas, que, sim falam português, mas essa escola é bilíngue, os alunos fazem prova para entrar aqui, só conseguindo passar se falam inglês e português fluente, justamente para receber alunos de fora.
Fui na direção da mesa com o ponche, e peguei um pra mim e um pra Ana que estava atrás de mim.
Chegamos à mesa dos nossos colegas, e conversamos por um tempo, até que resolvi contar a Ana sobre minha decisão de voltar para casa.
 
- O que? Vic, tem certeza? Você sabe que ele... - ela ficou sem saber continuar a frase.

- Que ele o que? Não se lembra de mim? Não lembra de nada? É, eu sei, claro que não esqueci, não tem como esquecer desse tipo de coisa, mas eu tenho minha vida lá, minha família e amigos... - fui interrompida por uma Ana furiosa.

- Seus amigos? E eu sou o que? Você vai me deixar aqui de novo Vic, eu queria ir com você, mas como vou explicar pra minha mãe essa mudança de ideia do nada? Você acha que ela vai me deixar? Não, claro que não, e aí a gente vai se ver de novo, talvez em um ano ou dois... - ela acabou de falar e me encarou, só consegui pensar em como ela estava sendo egoísta, e mesquinha em pensar apenas nela, quando meus problemas só aumentam.

Eu apenas virei as costas e fui indo em direção da saída, eu precisava de um ar apesar de ter chegado a pouco, as palavras de Ana giravam em minha cabeça, a gente nunca tinha brigado, e era horrível.
Sentei no chão de um dos corredores com as costas encostadas nos armários.
Ouvi meu celular tocar, e o tirei da bolsa, vendo que o número era desconhecido, muitas coisas passaram pela minha cabeça, se fosse ele? Se ele tivesse voltado? E se não for ele? Se alguém tiver mudado de número? Na duvida resolvi atender.

chamada ON: 

" - Alô? - disse assim que atendi.
- Você não aprende, não é mesmo? - a voz masculina disse. Merda, qual é o meu problema? Por que eu atendi? Agora é melhor tentar descobrir alguma coisa, apertei no botão para gravar a chamada, e continuei falando.

- Quem é? - pedi tentando não demonstrar medo.

- Você sabe Victória, eu sei que sabe. - a voz respondeu, claro que eu sei quem é.

- O que você quer? - pedi ainda tentando manter a calma.

- Vingança, mas como já deve ter ouvido, " vingança é um prato que se come frio", por isso toda essa demora, mas não se preocupe sua hora vai chegar, a propósito, lindo vestido, essa cor azul marinho fica bem em você. - ele disse e em seguida a chamada foi encerrada, me fazendo ficar arrepiada, eu estava apavorada, comecei a olhar a meu redor, não tinha nada nem ninguém lá, e logo lembrei que precisava fazer as pazes com Ana.

Levantei, e fui andando para dentro da festa, mas assim que fui empurrar a porta senti algo sendo colocado em minha boca, e não consegui manter os olhos abertos.