História I find my way again (Ellie Williams x Plus Size character) - Um sonho

Ellie encolheu os ombros. Ela não iria sentir pena de uma desconhecida. Conhecia bem a si mesma e era difícil ganhar afeição com alguém, ainda por cima num mundo tão caótico como aquele.

Juliette olhou pela janela. A lua estava alta e brilhante no céu. Mesmo que brilhasse imenso, não era o suficiente para iluminar uns olhos tão tristes como os dela.

-Eu sou a pessoa mais jovem desta casa e a mais renegada também ...desde que nasci que os meus pais sempre foram rígidos apesar de me darem tudo o que eu queria. Foi dificil viajar para a América no meio da pandemia e isso custou sobretudo para mim... era apenas uma criança e os únicos amigos que tinha estavam em França..

-Porque nunca tentaste comunicar com eles? Quer dizer, eu sei que pode ser difícil por causa da pandemia, mas....acho que um dia as tuas cartas chegariam até lá....

Juliette pausou por um momento e deixou cair uma lágrima e cerrou os olhos com força. Ellie entendeu e logo baixou a cabeça. 

Na verdade Juliette viu os seus amigos de infância morrerem na sua frente devido a um ataque de infetados. Ela sabia o quão isso doía, já que tinha presenciado a mesma cena quando Riley morreu.

-Eu lamento...

-Foi uma transição rápida desde a Europa até aqui...pensei que tudo pudesse melhorar e que...pudesse fazer mais amizades, mas tudo piorou...e ninguem imagina o que é estar longe do país natal nestas circunstâncias...

Ellie continuou em silêncio apenas escutando a história.

-Nunca gostei do meu corpo e de toda a minha aparencia. As únicas vezes que sorria era quando eles estavam comigo ou quando recebia elogios do meu pai, o que era raro. Muitas vezes acho que ele não me ama...mas eu sei que ama...lá no fundo....

-Porque achas isso? Tu tens tudo o que queres aqui...

-Coisas não é sinal de amor. Ele sempre me deu tudo o que eu queria mas nunca demonstrou afeto ...nunca me abraçou ou deu um beijo na testa antes de eu dormir...

Ellie não sabia o que era ter o amor de um pai ou de uma mãe visto que os seus morreram cedo demais, mas ela tinha presenciado sim esse sentimento tão lindo. Joel cuidou dela como um pai e isso era mais do que suficiente para ela entender. 

-Assim que cheguei à América tentei encontrar alguém que me entendesse e até me ajudasse com o inglês. Tentei fazer amigos mas falhei por completo...todos olharam de lado e não tentaram me integrar. Isso só criou ainda mais inseguranças em mim...

É verdade que Juliette era uma pessoa madura demais para a sua idade, mas as paredes criadas em seu redor tinham formado uma bolha de sabão que a dificultava se comunicar com os outros e tentar ser ela mesma. Se fizesse algo de errado o seu coração apertava e afundava como se o mundo fosse acabar. O seu Cérbero continuaria a pensar naquele erro por pelo menos duas semanas. Havia dias que odiava a si mesmo sem motivo e se colocava na frente do espelho perguntando a Deus porque tinha nascido assim.

Ellie começou a entender que ela se importava muito com essas questões e ficou confusa.

-Sabes que ninguém liga para a tua estatura. No mundo em que estamos ninguém quer saber se és gorda, magra, baixa ou alta...estamos num mundo de merda e todos vão te julgar mesmo que sejas uma modelo maravilhosa...todos vão se virar contra ti e tirar tudo o que tens.

Juliette suspirou e aquelas palavras só fizeram estremecer mais o seu coração. Ellie não era de todo a melhor pessoa com palavras.

-De-desculpa...- ela suspirou e colocou a mão no rosto, entendeu que não tinha ajudado muito- o que eu quero dizer é que....acho que deverias mostrar os teus talentos e usar o que gostas de fazer para tentar ajudar o mundo. Pensa nisso. Talvez as tuas inseguranças diminuam e até deixem de existir...

-Eu não tenho nada que possa utilizar para ajudar o mundo. O mundo não precisa de pessoas choronas...

Ellie suspirou e levantou-se aproximando-se dela. Era ligeiramente mais alta e por isso o seu tom ameaçador assustava um pouco, não que fizesse de prepósito.

-Se não te mostrares capaz de enfrentar esses obstáculos vais morrer...- sussurrou e Juliette arregalou um pouco os olhos quando Ellie a encarou. De seguida engoliu a seco e desviou o olhar de Ellie.

-Eu gostava de um dia ser médica...tenho estudado imenso como posso e consegui imensas informações ...não sei como poderia realizar esse sonho, mas...é isso...

Ellie olhou nos olhos dela mais uma vez e pensou por um momento. Acabou por dar um sorriso e soltou uma risada anasalada. Juliette logo ficou corada de vergonha e cerrou os punhos, pensava que Ellie estava a zombar dela.

-Bem, isso seria bem útil, devido às circunstâncias que estamos...talvez...eu te consiga ajudar...de alguma forma. Mas terás de deixar esta casa.

Juliette olhou para ela franzindo a testa.

-O quê? Não...não, eu não posso sair daqui, o meu pai iria atrás de mim e ficaria furioso. És louca?

-Aqui dentro não vais conseguir nada daquilo que desejas. Como pretendes ser uma médica se continuares fechada aqui neste quarto luxuoso e não conheceres minimamente o mundo a não ser pelos estúpidos apontamentos que tens guardados!

Juliette começou a chorar de novo, ela odiava ter pessoas a gritar com ela.

-Não são apontamentos estúpidos! Eu esforcei-me imenso para recolher essa informação de livros e enciclopédias!!! 

-Se não parares de ser uma chorona nunca vais conseguir nada daquilo que queres!!! - Ellie continuou a gritar. Ela estava cansada daquilo

Sai do meu quarto!!