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História I hate, my love - Reencontro!


Escrita por: Crisvogt

Capítulo 14 - Reencontro!


POV CAMILA

Pelo que dizia nas placas que víamos no caminho, estávamos quase perto de nosso destino, a casa de meu pai. Lauren havia adormecido fazia algum tempo e meu estomago doía cada vez mais ao pensar que estava prestes a rever meu pai e conhecer minha irmã mais nova. Eu não sabia como seria recebida pela esposa do meu pai e nem como seria a reação deles a me ver. Tantas perguntas rondavam meus pensamentos e não havia ninguém que pudesse respondê-las. Sacudi a cabeça com a intenção de parar de pensar nisso, mas foi em vão.

Aos poucos Lauren foi acordando, parecia cansada, sorriu ao me ver.

- Você deve estar cansada também não é Camz? É uma pena que não sei dirigir, se soubesse, trocava de lugar contigo para que pudesse descansar um pouquinho. Você precisa dormir, está muito tensa.

- Precisar, eu preciso, mas não conseguiria fechar os olhos por nada, estou muito nervosa com tudo isso.

- Não fique meu amor, logo tudo irá se resolver! Agora relaxa.

Cruzamos o portal da cidade. Era um lugar bonito, apesar de ser bem simples. Tinha muitas arvores casinhas simples, animais e crianças brincando pelas ruas, havia também um posto de gasolina e grandes montanhas ao fundo. Resolvi parar no posto perguntar ao frentista para que lado ficava aquele endereço, ele então me olhou sério e parecia meio angustiado.

- Fica logo ali moça, depois daquela curva, a terceira casa à esquerda com portão azul.

Agradeci e segui a informação conforme ele havia me indicado. Os dedos das minhas mãos estavam formigando, talvez por dirigir tanto, mas no fundo eu sabia que o nervosismo também estava contribuindo para isso. Avistei a casa, mas parei o carro bruscamente antes de chegar.

- Eu não vou conseguir Lo, não da, não consigo!

- Camz, calma! Eu estou aqui contigo, tudo vai dar certo, tudo irá ficar bem! Seu pai deseja vê-la. Se quiser virar a voltar e ir embora, tudo bem estarei contigo na decisão que tomar, mas acho que se chegou até aqui, não deve desistir, está tão perto agora. Vá lá, diga que o perdoa que o ama e o deixe partir em paz.

Respirei fundo, liguei o carro e dirigi até chegar em frente à casa. Era um local simples, uma casinha azul de madeira, assim como o portão, tinha um jardim muito bem cuidado com diversas roseiras, que devido o frio não havia rosas. Desci do carro e fiquei parada olhando tudo com o maior cuidado e curiosidade, Lauren também e veio ao meu lado.

- Deixa que eu faço isso para ti! – Lauren deu alguns passos para frente e começou bater palmas.

Eu estava tão nervosa que parecia que iria vomitar meu estomago para fora e isso que não havia comido nada até o presente momento. Não demorou muito e uma garota que parecia ter no máximo uns quinze anos saiu na janela e logo após abriu a porta, parecia estar intrigada com a presença de duas estranhas paradas em frente à sua casa.

- Meu Deus, como ela é parecida com Sofia! – disse para Lauren perplexa com a semelhança entre a garota e minha irmã Sofia.

- Pois não? – disse a garota que se encaminhou até o portão.

- Ana? – Lauren perguntou.

- Sim, eu mesma! – respondeu com cara de assustada.

- Sou eu Ana, a Camila! – Falei fazendo a maior força para desatar o nó que estava em minha garganta desde que sai de casa.

- Ai meu Deus! – ela deu grito e apressou-se para abrir o portão e então me abraçou apertado, confesso que eu não esperava por aquilo e fiquei sem reação, Lauren então me olhou e sorriu, fez sinal com a cabeça para me incentivar a abraçar minha irmã também.

Ana era tão linda, meiga e doce, realmente lembrava muito Sofia e não somente na aparência física. Não podia acreditar que tinha mais uma irmã caçula, porque nunca me contaram sobre a sua existência? Poderia ter ensinado à ela tantas coisas, assim como ensinei para Sofia, quantos lugares poderia ter levado ela para conhecer, mas enfim, nunca é tarde para começar fazer algo e agora é a hora. Tudo iria começar por aquele abraço.

Quando Ana se afastou do abraço, que foi um dos melhores que eu já recebi na minha vida, ela me encarou nos olhos sorrindo, já chorando. Ana era uns dez centímetros menor que eu e tinha o cabelo mais escuro também. Sofia era a cara do meu pai e eu lembrava mais a minha falecida mãe. Ana tinha os olhos mais claros, devia ter puxado a sua mãe, mas em geral era de longe mais irmã de Sofia do que eu em termos de fisionomia.

- Eu achei que vocês não viriam, ou se viessem não pensei que fosse tão rápido! Se você é Camila, então você deve ser a Sofia? – Ana perguntou à Lauren.

- Não Ana, essa é a Lauren, veio para me acompanhar na viagem, nunca viajei sozinha, assim longe! – respondi meio envergonhada pelo fato de Sofia não estar conosco.

- Onde está Sofia? - perguntou ela olhando em direção ao carro e depois para Lauren.

 - Sofia não vem Ana! -disse enquanto secava as lagrimas que já tinham se criado.

 - Você é bem diferente do que eu imaginava! Nosso pai fala muito sobre vocês! Ele ia me levar para conhecê-las, mas acabou adoecendo! Entrem, por favor! - disse ela empurrando mais o portão para que pudéssemos passar!

Eu dei uma olhada nervosa para Lauren que sorriu meigamente e daquele sorriso eu pude tirar a força de que precisava para dar os primeiros passos para dentro do quintal muito bem cuidado. A casa era simples, como já disse, mas muito organizada, a sala tinha um grande tapete vermelho vinho e moveis sem luxo algum, porém muito bem limpos e bem distribuídos pelo ambiente. Pude ver na parede alguns retratos quando entramos.

- Estão com sede? Vou buscar alguma coisa para vocês beberem! - Disse Ana passando por uma cortina que separava a sala da cozinha. Aproveitei a ida dela e me aproximei dos porta retratos e pude ver um bebê pequeno, que devia ser Ana, algumas fotos do meu pai pescando, uma mulher que deveria ser a minha madrasta, e me assustei ao ver um porta retrato em cima de uma mesinha de canto. Sofia devia ter uns treze anos e eu vestida de bailarina sorridente ao seu lado. Não imaginava que eu iria ver uma foto minha na casa do meu pai, mas ali estava ela. Ana entrou na sala com três copos em uma bandeja simples.

 - Trouxe um suco de laranja, espero que gostem fiz agora a pouco! E as laranjas são colhidas aqui do quintal mesmo! - disse ela sorridente. - Lauren sorriu e pegou um copo, eu ainda estava nervosa com aquilo tudo, então aceitei por educação.

 - Não acredito que você esta aqui na minha sala! - disse Ana me encarando sorridente. Ela tinha um ar muito maduro para uma garota de apenas quinze anos, talvez seja por morar numa zona rural, ou isso é de família, pois eu era igual a ela.

 - Eu não acredito que tenho mais uma irmã! Como fui saber isso só hoje pela manhã? Por que nunca me ligou, ou nunca escreveu?

- É complicado Camila, o nosso pai sempre disse que vocês, na verdade Sofia nunca gostou dele! Ele tinha medo de vocês me tratarem mal ou algo do tipo, por ser meia irmã! Sempre quis manter contato, sempre ouvi ele falar de meus irmãos! De como você dança, de como Sofia tem um gênio forte igual ao meu! O pai sempre me falou da sua mãe, da sua tia que cuidou de vocês! Ele me prometeu que me levaria para conhecê-los assim que ele pudesse conversar a respeito desse assunto. Mas acabou adoecendo! Como você viu não temos muitos médicos e muito menos recursos para o tratamento! - pude notar lagrimas já se formando nos olhos de Ana. - Camila, que bom que você está aqui, ele vai ficar muito feliz em vê-la! - concluiu ela sorrindo e secando de leve as lagrimas.

 - Onde ele esta? Posso vê-lo? E sua mãe Ana, o que ela disse a respeito disso? - perguntei contendo a vontade de ir abraça-la novamente.

- Minha mãe está trabalhando, ela que esta sustentando a casa no momento, o governo ajuda por que ele não pode trabalhar, mas não dá para pagar as contas só com essa ajuda. Eu fico aqui cuidando dele! Ele está dormindo a proposito, tomou um medicamento forte que dá muito sono, sempre dorme depois que toma! - terminou ela triste.

 - Mas o importante é que estamos aqui! - disse Lauren quebrando aquele clima tenso. - Ana sorriu para ela e ficou um silêncio incômodo na sala.

- Ana, você sabe de algum lugar que possamos ficar aqui na cidade, uma pensão ou hotel para passarmos essa noite? - perguntou Lauren já sabendo que eu não queria ficar ali.

- Fiquem aqui em casa! Podem ficar no meu quarto! Eu durmo na sala sem problemas! Tem uma pequena pousada no centro, mas dizem que é ruim e tem baratas! Aqui é melhor! - sorriu ela com a maior simplicidade. Lauren me olhou esperando que eu falasse algo.

- Não queremos incomodar, ficaremos na pousada! Só quero ver ele antes de ir! Posso? - disse um tanto aflita.

- Claro Camila! Por favor, por aqui! - disse Ana se levantando um pouco chateada com a situação de não aceitarmos ficar na casa com ela.

Levantei-me e segui ela por um pequeno corredor de madeira, entrei em um quarto mal iluminado. Pude ver em cima da pequena cômoda muitos remédios e um copo com água. Uma cadeira do lado da cama e um homem magro e careca deitado nela, meu coração apertou como se nunca mais fosse bater! Aquele não era meu pai, não era o homem forte e vivaz que eu me lembrava.

- Vou deixar você a sós com ele! - disse Ana baixinho saindo pela porta. Eu olhei pra ela desesperada querendo gritar para ela não me deixar ali sozinha com ele, mas ela já tinha saído pela pequena porta. Eu me virei encarando meu pai ali naquele estado e me sentei na cadeira ao lado da cama.

Fiquei por um tempo sem reação, aquilo era muito estranho para mim! Eu perdi minha mãe e agora estava prestes a perder meu pai! Seria eu e Sofia novamente, eu sei que sempre foi assim, eu e ela desde sempre, mas era estranho pensar que eu iria ficar realmente órfã, sem meu pai e sem a minha mãe. Era algo que eu nunca imaginaria que me assustaria tanto. Ele estava no soro, e imaginei se não precisava estar num hospital apropriado, mas como Ana disse ali as situações eram aquelas e pelo o que eu via, ela estava cuidando dele muito bem.  Automaticamente eu segurei na sua mão, estava quente. E comecei a chorar, baixinho mas intenso. Eu chorei por que eu precisava, eu chorei por que fui forte por muito tempo, por que eu estava ao lado do homem que esperava meu perdão.

 - Pai o senhor pode me escutar? - Sussurrei em meio aos soluços do meu choro desesperado. - Pai eu te perdoo! Não teria por que não fazer isso! Não é!? O senhor é um ótimo pai, posso ver isso pelo modo que criou a Ana! Sei que o senhor não foi presente na minha vida como eu queria que fosse, mas eu sei que o senhor foi para ela, pois ela cuida e fala do senhor como se você fosse o seu herói! Eu sei que não está me escutando, mas eu fiquei orgulhosa quando coloquei os pés nessa casa! Vi que tem uma filha que te ama muito! Você teve seus motivos quando partiu, mas eu te perdoo por isso! Obrigada por cuidar tão bem dela! - eu chorava tanto que sentia as lagrimas caindo em minha blusa. Quando senti a mão dele apertar a minha. Por mais que ele estivesse fraco e debilitado por causa da medicação, seu aperto foi forte! Eu levantei a cabeça e vi ele me encarando pelo canto dos olhos, sem mexer a cabeça. Num esforço fraco eu ouvi as palavras:

- Minha bailarina! Você veio!  - ele ainda segurava a minha mão com força, como se fosse me perder ali para sempre. - Me levantei e o abracei como pude! Orgulhosa dele por criar a minha irmã nas condições que tinha, mesmo não sendo eu.



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