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História I hate, my love - Sol e Lua!


Escrita por: Crisvogt

Capítulo 8 - Sol e Lua!


POV CAMILA

Cheguei em casa muito sorridente e Sofia estava preparando a janta, na verdade seu sanduiche.

- Nossa Kaki! Pelo jeito essa tua voltinha lhe fez muito bem né? – Sofia disse sorrindo ao passar margarina no pão. Realmente eu não conseguia esconder meus sentimentos e reações.

- Estou só feliz, sinto que minha maré de azar está prestes a acabar. – disse parada e encostada na porta da cozinha.

- Fico feliz por você estar assim, te ver mal estava acabando comigo! Só uma coisa, cuidando com as coisas que deixa espalhada e perdida por ai. – fiquei sem entender com o que Sofia estava dizendo e então ela apontou para a mesa, vi que estava falando da carta de nosso pai que deixei embaixo da almofada quando ela chegou. Com a mensagem de Lauren, sai tão apressada que me esqueci de tirá-la de lá.

Dirigi-me até a mesa e peguei-a, foi então que percebi que a carta estava amassada.

- Você leu a carta Sofia? – disse séria encarando-a.

- Sim Camila, eu li! Não pense que me importo com qualquer palavra que ele disse, eu li porque me preocupo com o que ele pode fazer a você. Preocupo-me com as ilusões que ele pode por em sua cabeça. Você sempre foi mais emotiva e mais fácil de manipular. Preocupo-me demais com contigo Camila! – agora ela estava séria e me encarando.

- Mas Sofia, e se ele estiver realmente arrependido? Se ele apenas quiser fazer as pazes? Não pensa que nosso pai pode sentir nossa falta? Afinal somos seus filhos, sangue de seu sangue! Você não pensa nisso? – eu tentava ver o lado de nosso pai, acreditava que ele nos queria ao seu lado novamente.

- Camila, esse homem nem deve ser chamado de pai, não merece essa consideração, nunca exerceu seu papel, nunca esteve nem ai para nós, nos abandonou para ir morar com outra mulher, não nos deu mais noticias, nunca veio nos ver e agora depois de crescidas e independentes quer se reaproximar? Acha mesmo que são saudades? Você é adulta e não pode ser tão ingênua assim, por favor! – Sofia se apoiou na mesa e não parava de me encarar por um segundo, sua expressão era de preocupação mesmo.

- Sofia não quero brigas por conta disso. Essas respostas só terei ao reencontrar com ele e estar cara a cara, quer você ou não. Isso somente ele poderá me dizer. – fui até ela e a abracei por trás. – Eu te amo muito e sei que só quer me proteger e me ver bem, mas já sou adulta e está na hora de arcar com as consequências de todos meus atos. Você não pode querer me proteger de tudo e de todos.

- Adulta? Às vezes eu acho que sou mais que você! – disse rindo.

Comemos os sanduiches que ela preparou, tomamos nossos banhos e fomos dormir.

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Passaram-se alguns dias desde quando fiz as pazes com Lauren, estávamos no forte do inverno. Conversávamos sempre por mensagem e eu ia quando podia à cafeteria para poder vê-la, mas não ficamos mais.

Eram 7h00min da manhã, quando acordei com o barulho do meu celular indicando uma nova mensagem.

“Bom dia Camz, vamos acordar! Hoje estou de folga e quero poder passar o dia todo ao seu lado, você topa? Se sim, me encontra na Praça da Catedral as 9h00min em ponto, sem atrasos! Estarei lhe esperando!”

Abri um sorriso enorme, me espreguicei, levantei e fui direto para o banho. Sofia já tinha saído para seu cursinho de moda que havia começado há poucos dias. Depois de me vestir bem agasalhada e me arrumar, fui até à cozinha e comi um rápido sanduiche. Não sabia se voltaria cedo, por isso deixei um bilhete pendurado na geladeira, avisando Sofia para que não se preocupasse comigo e com minha demora. Tranquei a porta, peguei o elevador e desci para o hall de entrada. Passei pelo porteiro e como estava muito feliz, dei um bom dia sorridente e empolgado, mas como de costume aquele mal-encarado apenas me olhou e voltou a ler seu jornal sem me responder, soltei uma risada por saber que aquela seria mesmo a reação dele, nunca vi aquele homem feliz.

Apesar de todo o frio que fazia, o dia estava ensolarado. A praça que Lauren estava me esperando ficava um pouco longe de onde eu morava e como Sofia estava com o carro, resolvi chamar um táxi.

Cheguei na praça e era nítido ver o que o inverno causava. Todas as árvores estavam secas, sem folhagens. Bem no meio daquele local, sentada em um banco estava ela. Lauren estava ouvindo música com seus fones de ouvido, toda agasalhada e linda como sempre. Assim que me viu, abriu um sorriso lindo e veio em minha direção. Ficamos abraçadas por alguns instantes, quer dizer tentamos ficar abraçadas, mas estava meio que impossível, devido ao tanto de casacos que nos duas usávamos.

- Que bom que você veio Camz! Não estava a fim de passar meu dia de folga naquela casa olhando para a cara emburrada de Ally.

- Não acha que está na hora de sair daquele lugar e da companhia daquelas garotas, principalmente de Ally?

Lauren se afastou de mim e ficou me olhando.

- Isso tudo é ciúmes Camila? – ela sorriu e não parava de me olhar para não perder nenhum movimento meu.

- Ciúmes? Eu? Claro que não! Digo isso porque penso em sua saúde mental e no seu bem estar. Ninguém merece conviver com pessoas que não gosta. – eu era péssima mentindo.

- Eu gosto de Dinah e Normani, são ótimas amigas, o problema é Ally, mas não posso expulsá-la, pois é amiga das meninas também. Já pensei muito nessa possibilidade, porém como te falei uma vez, não tenho condições de morar sozinha e com minha tia não cogito essa possibilidade de jeito nenhum.

Caminhamos por toda a praça, contamos as novidades, Lauren me pediu sobre o estado de Dona Dorte, contei que estava se tratando em Washington e sempre que podia sua sobrinha me mandava noticias, ainda estava fraca, mas estava melhor, então ela me disse que quando a doce senhora retornasse para casa, queria conhece-la. Saímos da praça e estávamos andando na rua, quando encontramos um desses vendedores ambulantes que estava vendendo aquelas pulseirinhas e colares trançados.

- Senhor, eu quero dois colares! – Lauren parou repentinamente, até levei um susto de sua atitude.

- Pode escolher senhorita!

Lauren olhou, olhou, até que escolheu dois, pagou o senhor e saímos. Os colares eram idênticos, na cor preta, a única diferença é que na minha existia um pingente de sol, enquanto que na dela havia um pingente de lua.

- Que lindas! Algum significado especial para os pingentes, ou só achou bonito? – perguntei.

- Primeiro deixa eu te perguntar uma coisa. Você se identifica mais com o sol ou com a lua?

- Definitivamente com a lua. Não sei se consigo colocar em palavras o porquê, eu só acho que eu sempre amei a lua e sempre achei ela linda. E eu sempre gostei de personificar ela como uma amiga, além do mais, eu posso estar rodeada de pessoas que sempre me sinto sozinha e frágil, assim como a lua.

- E você?

- Sempre me identifiquei mais com o sol. O perfil desse astro combina exatamente comigo, que sempre tento fazer o papel de forte e durona, mesmo que seja só na aparência. Posso estar só, mas sou forte como o Sol. Podemos dizer que esses pingentes nos representam.

- Mas então porque estão trocados?

- Faz sentido usarmos um colar que representa a outra pessoa, uma forma de sempre ter por perto. O significado por trás disso pode ser o algo como: “Eu sou da Lua e ela é minha” - “Eu sou do sol e ele é meu.”

Lauren então colocou o colar em mim e eu retribui seu gesto.

- Que lindo Lolo!

- Lolo? – me olhou com cara de dúvida.

- Ah você criou um apelido para mim, queria criar um para ti, não gostou? – perguntei envergonhada.

- Gostei sim, amei! Ninguém nunca me chamou assim. – falou sorrindo.

- Que bom, fico feliz! Voltando ao assunto do poema, vou recitar pra ti:

“Quando o sol e a lua se encontraram pela primeira vez, se apaixonaram e começaram a viver um lindo amor.  Deus decidiu que o sol iria iluminar o dia e a lua iria iluminar a noite, e por aquela razão eles teriam que viver separados. E ambos foram invadidos por uma tristeza. (…) A Lua ficou depressiva, apesar do brilho que Deus deu, ela se sentia sozinha. O sol, por sua vez, ganhou o título nobre de “estrela-rei”, mas isso não o fez ficar feliz. O sol decidiu perguntar se Deus poderia ajudar a lua. “Senhor, ajude a lua, por favor. Ela está mais frágil do que eu e ela não consegue aguentar estar sozinha.” E Deus, então, criou as estrelas para fazer companhia a lua.  Hoje, ambos vivem separados. O sol finge estar feliz, mas a lua não consegue esconder sua tristeza. O sol brilha pela paixão por ela. Deus então decide que nenhum amor nesse mundo é impossível, até mesmo para o sol e para a lua. Foi nesse momento que ele criou o Eclipse. Hoje, o sol e a lua vivem esperando por esses momentos dados a eles, que custam muito para acontecer. Quando você olha para o céu, você pode ver o sol cobrindo a lua. (…) Esse ato de amor foi chamado de Eclipse.”

Quando terminei de recitar, olhei para ela e para minha surpresa, Lauren me deu um breve beijo e me abraçou com força.

- Você é maluca? E se nos verem? – disse sorrindo e no fundo nem estava me importando se estavam ou não olhando.

- Eu gosto tanto de você Camz que não me importo se alguém estiver olhando ou não! – Lauren dizia séria, me encarando, mantendo seu olhar no meu, até que um carro passou por nós e buzinou.

- Que desperdício heim! – dizia o motorista com sorriso sarcástico. Automaticamente sem combinarmos, as duas mostraram os dedos do meio para ele, assim que notamos o que havíamos feito, começamos a rir e seguimos caminhando.

Contei para Lauren que havia reprovado na seleção para ballet e disse o quanto aquilo tinha me deixado frustrada, ela então me disse que gostaria muito de um dia me ver dançando, prometi que um dia levaria ela assistir uma aula minha. Conversamos o dia inteiro e caminhamos até nossos pés doerem. Paramos em um restaurante para almoçar e voltamos a caminhar. Lauren me fez parar em um petshop e queria levar todos os animais embora, tive que tirar a força de dentro da loja.

O dia passou voando e assunto não nos faltou. Falamos sobre o emprego que eu queria arrumar, sobre a família de Lauren que morava no interior, sobre Sofia e até meu pai. Desabafei sobre tudo, ela me ouvia atentamente e me dava conselhos. Lauren era realmente o sol que estava iluminando minha vida.

- Eu acho que você deveria ir vê-lo, pelo menos se fosse comigo, eu iria! Obter as respostas que estão te assombrando, te tirando o sossego e depois processar com calma Camila. Já sei! Na próxima semana tenho folga novamente, posso ir junto, eu vou contigo se não tem coragem para ir sozinha. – Lauren disse enquanto estávamos sentadas em um banco perto de uma loja de calçados.

- Vou confessar que tenho certo medo, mas se alguém for comigo, talvez seja mais fácil mesmo! – falei “alguém”, mas no fundo sabia que só seria fácil se esse alguém fosse ela, outra pessoa em seu lugar não seria a mesma coisa.

- Então está fechado! – apertamos as mãos como se fosse um trato.

Quando me dei por conta, já havia anoitecido, estava tarde, o dia passou tão rápido que nem notamos.

- Sofia já deve ter chego, preciso ir Lo. Espera, você não quer jantar conosco? Não quer conhecer Sofia? – fiquei encarando e vi Lauren ficar vermelha.

- Eu sou meio envergonhada, não quero incomodar. – disse corada.

- Quero muito que você vá, tenho certeza que Sofia irá gostar de ti.

- Tudo bem eu vou, mas antes quero passar em casa me arrumar, caminhamos o dia todo, não estou apresentável.

- Faremos assim então, você vai, se arruma e te pego às 21h em frente ao Café, não quero passar em sua casa pra não correr o risco de dar de cara com aquela tua ex insuportável. – terminei a frase com um nó na garganta.

- Combinado! – nos levantamos, nos abraçamos e ao se despedir, não aguentei e lhe dei um beijo de cinema ali mesmo, sem me importar se alguém nos visse.



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