I Need You
Após correr sem rumo por incontáveis minutos Sakura se encontrou sozinha no parquinho de uma praça, estava vazio e poucas pessoas caminhavam por perto fugindo da chuva que começava a cair.
A noite estava fria e a ventania forte.
A garota limpou as lágrimas que teimavam em descer, controlando o choro de irritação. O rosto estava avermelhado e a maquiagem já havia borrado.
Sakura se sentou em um balanço e abraçou seu corpo tentando se proteger do frio da noite. Olhou para os pés e tirou os sapatos de salto que já estava a incomodando a algum tempo.
— Que pesadelo.
Suspirou descansando o rosto nas mãos não se importando com as pequenas gotas de chuva que molhavam seu corpo. Estava irritada, incrédula e chateada. As pessoas que mais amava mentiram e esconderam sua verdadeira face a vida inteira. Se sentia uma estranha e frustrada, já não sabia mais quem eram as pessoas que viveram ao seu lado por todos esses anos.
A noite que seria comemorativa estava sendo um fiasco, primeiro havia decepcionado seu melhor amigo e agora tinha descoberto que morava em uma família de lobos.
Santo Deus em que mundo estava vivendo?
— Filha. — a voz suave de Mikoto ecoo a sua frente.
Sakura prendeu os lábios entre os dentes com força e não ousou levantar a cabeça.
— Eu sei como se sente e não a julgo. — Mikoto se aproximou sentando-se no balanço ao lado.
Sakura não respondeu e a mulher abriu o guarda-chuva que segurava colocando-o sobre sua cabeça e da filha.
— Sei que está chateada mas não saia dessa forma, deixou a todos preocupados.
— Mentiu pra mim. — Sakura acusou em um chiado baixo.
Ela não suportava mentiras.
— Não foi exatamente uma mentira, digamos que guardamos segredos, humanos não podem saber da nossa verdadeira identidade Sakura mas você teve esse privilégio, só estávamos esperando a hora certa para lhe contar tudo. — a calma e delicadeza que as palavras eram desferidas destruíam qualquer barreira que Sakura tentava erguer.
Não conseguia ficar irritada com sua mãe.
— Lobisomens não existem. — a garota resmungou.
— licantropos é a palavra mais certa para nos definir, não se preocupe pois nós não saímos nos transformando na lua cheia e matando pessoas. — Mikoto disse com uma pitada de humor fazendo Sakura encara-la.
O sorriso genuíno que havia no rosto de sua mãe a deixou desarmada.
— Isso é muito pra mim.
— Continuamos sendo os mesmos de sempre querida, somos sua família e nunca faríamos mal a você porque te amamos e tudo que queremos é o seu bem.
Sakura assentiu em silêncio, não duvidava do amor que sentiam por ela e talvez devesse aceitar aquele problema e enfrenta-lo mesmo sendo algo um tanto inusitado.
— Vamos para casa ou vai pegar um resfriado. — Mikoto se levantou quando a chuva se intensificou e Sakura a seguiu.
— Me desculpe.
— Querida você não precisa se desculpar por nada, vai dar tudo certo. — a Uchiha sorriu abraçando a filha.
(...)
Ao chegarem em casa já não havia mais ninguém, apenas Sasuke sentado ao sofá observando o vazio a sua volta. Estava inquieto e se levantou assim que avistou a mãe e a rosada. Os olhares se encontraram por alguns segundos e ele não escondeu a preocupação.
— Você está ensopada. — a olhou dos pés a cabeça em repreensão.
Sakura humedeceu os lábios voltando a abraçar o corpo molhado desviando sua atenção de Sasuke.
— Vou me trocar. — ela avisou seguindo para as escadas a passos rápidos.
Sasuke se virou para mãe a procura de respostas e Mikoto se aproximou apoiando a mão no ombro do filho.
— Ela vai ficar bem. — consolou.
— Eu preciso conversar com ela. — ele suspirou bagunçando os cabelos impaciente.
— Acho melhor deixar pra depois...Sasuke.
Mikoto meneou a cabeça observando o filho subir as escadas apressado. Quando se tratava de Sakura ele perdia completamente a postura.
— Espero que se entendam de uma vez por todas. — Mikoto suspirou sentando-se no sofá mais próximo.
O Uchiha terminou de subir os degraus e seguiu caminho pelo corredor parando em frente a porta de Sakura, respirou fundo acertando os punhos na madeira repentinamente.
— Quem é? — a voz da garota saiu abafada.
— Sou eu abra.
O silêncio reinou o deixando mais agoniado.
— Já estou indo dormir. — ela murmurou baixo.
— Tsc. Abra a porta Sakura.
Tudo ficou silencioso e poucos minutos depois a rosada apareceu enrolada em um roupão de banho vermelho. Sasuke a analisou e se irritou ao ver que ela não o encarava, seus pés pareciam mais interessantes.
— Olha pra mim. — pediu impaciente e nervoso.
Não suportaria ser evitado por ela.
— Sakura olha pra mim. — o pedido saiu mais como uma ordem.
— O que? — ela engoliu em seco ao encara-lo.
Seu coração sempre batia mais forte quando ele estava perto, mas agora parecia tudo mais sufocante.
— Está com raiva? — perguntou a analisando.
A garota tinha uma expressão calma e um olhar feroz.
— Não. — Sakura respondeu com indiferença frustrando ainda mais o Uchiha.
— Não minta. — rugiu.
— Eu quero dormir. — ela respirou fundo.
— Vai me evitar agora? — Sasuke apertou os punhos sentindo seu corpo tenso.
Estava odiando aquela situação, quando se tratava de Sakura tudo se tornava mais complicado.
— Não Sasuke eu só estou cansada, minha cabeça está doendo e só vai piorar se você continuar a falar. — ela suspirou massageando as têmporas.
— Eu só não quero que me evite.
O olhar que ele lhe lançou quase a fez vacilar mas ela tentou ser forte.
— Não vou, boa noite. — Sakura tentou fechar a porta e ele a segurou sem dificuldade.
— Espera, tem outra coisa que você precisa saber sobre nós.
— Mais segredos? Acaba logo com isso então, coloque todas as cartas na mesa porque eu não confiarei em você até que pare de esconder as coisas de mim Sasuke. — Sakura se exaltou sentindo a raiva se alastrar em seu corpo.
Encarava o moreno a sua frente de queixo erguido e uma expressão fechada demostrando toda sua frustração. Estava cansada de tantos segredos, odiava quando escondiam as coisas de si.
— Foi o melhor a se fazer. — Sasuke murmurou com calma.
— Melhor pra quem? Pra você? — retrucou arisca.
— Tudo o que eu fiz foi para o seu bem, você é humana e humano nenhum deve saber sobre nós. Essa é uma regra que jamais deverá ser quebrada. — explicou desejando que ela entendesse e parece de trata-lo daquela forma.
— E porque está me contando agora? — Sakura o olhou desconfiada.
Sasuke bagunçou os cabelos fitando os olhos verdes curiosos e acusadores.
— Por que você será uma de nós. — disse por fim.
Sakura ficou em silencio o fitando confusa.
— Como?
O Uchiha deu um passo a frente deixando seus corpos quase colados. A eletricidade que os puxava só os faziam sofrer com todo aquele desejo de estarem juntos. Sasuke se controlava para não empurra-la para aquela cama e faze-la dele naquele exato momento.
— Você é minha mulher, minha marcada, companheira para o resto da eternidade. — a firmeza em suas palavras a deixava zonza.
Ele não esperava explicar daquela forma, desejava que ela estivesse calma não irritada quase o expulsando do quarto mas estava farto de guardar tudo para si.
— Sasuke o que você... — Sakura perdeu o fôlego não conseguindo desviar o olhar do Uchiha.
— Nossos relacionamentos não são iguais aos dos humanos, nós temos alguém predestinado para a vida inteira. É algo impossível de controlar, quando encontramos essa pessoa não tem mais volta, é um sentimento forte, verdadeiro, você é capaz de dar a sua vida por ela.
Sakura se encontrava encabulada e completamente sem fala. A intensidade na qual ele a encarava não estava ajudando em nada.
— Está...me dizendo que eu sou essa pessoa pra você? — gaguejou sentindo seu coração bater mais forte.
— Quando coloquei os olhos em você era só um bebê, mas naquele momento eu soube que seria minha e esperei todos esses anos por esse momento. — Sasuke circulou os lábios da garota com o polegar fitando fixamente os olhos verdes.
— Sasuke. — ela sussurrou sem folego.
— Você sente não é? Sente o quanto somos ligados um no outro, essa atração que nos puxa todas as vezes que estamos próximos. Não sabe o quanto eu sou louco por você pequena.
Sim ela sentia, sentia tanto que não conseguia suportar ficar longe dele.
— Eu... Preciso dormir. — Sakura sussurrou quase sem voz.
Precisava colocar seus pensamentos em ordem e Sasuke não estava ajudando com toda aquela declaração e sentimentos fortes.
O moreno soltou um suspiro e se afastou a contra gosto. Daria o espaço e o tempo que ela precisasse até que aceitasse tudo. E mais uma vez teria que esperar.
— Boa noite. — O Uchiha disse por fim lhe dando as costas.
Sakura o observou se afastar e se trancou no quarto correndo para sua cama se enfiando embaixo do cobertor.
— Meu deus. — sussurrou afundando o rosto no travesseiro.
Não conseguia controlar as batidas desenfreadas do seu coração e a euforia em seu peito. Com certeza não dormiria naquela noite.
(...)
Diferente dos outros dias Sakura não havia acordado tão disposta, muitas coisas torturavam sua cabeça e ela tentava colocar tudo em ordem.
Se encontrava péssima e tudo parecia estar contra si, pequenas coisas um tanto inusitadas começaram a acontecer e a rosada culpou noite mal dormida que teve. Afinal não era de seu perfil quebrar a maçaneta da porta e o registro do chuveiro sem nem ao menos se esforçar.
Realmente ela não estava nada bem.
Não viu Sasuke pela manhã e agradeceu por isso. Aquela história de companheira para a vida inteira a deixou encabulada e ela não estava preparada para vê-lo ainda.
Não conseguia controlar suas emoções quando estava perto do moreno.
Na escola estava sozinha outra vez já que seu melhor amigo não lhe dirigiu a palavra. Ela poderia suportar aquilo mas não por muito tempo. Shino estava a decepcionando duramente.
Ela só queria que as coisas entre eles voltassem a ser como antes.
As aulas pareciam não ter fim e ela não estava se sentindo bem, estava inquieta e seu corpo suava. Sakura estava tensa, tentava se concentrar na aula mas o estopim veio quando a mesma quebrou sua caneta ao meio em apenas um girar de dedos.
A incredulidade era grande, olhou a sua volta e ninguém havia visto. Respirou fundo passando a mão pelo rosto ao se levantar abruptamente atraindo algumas atenções.
— Com licença. — murmurou para o professor antes de sair apressada da sala.
Seguiu direto para o banheiro amarrando os cabelos em um rabo de cavalo bagunçado.
— O que está acontecendo com você Sakura?
Parou em frente ao grande espelho observando sua imagem agonizante. Estava péssima, podia ser comparada a um zumbi. Molhou o rosto tentando se acalmar e quando tentou pegar uma toalha o porta toalhas veio junto.
O que diachos estava acontecendo consigo? De onde estava vindo toda aquela força?
Olhou horrorizada para suas mãos e parede vendo os parafusos caindo pelo chão, agora ela havia ficado assustada. Sem pensar direito soltou o objeto na pia e saiu apressada do banheiro.
Havia algo errado consigo e já estava começando a ficar assustada. Queria correr para bem longe dali mas se esbarrou em alguém no primeiro passo que deu.
— Você está bem? — Sai perguntou a segurando.
— Estou. — respondeu agoniada se soltando das mãos do garoto.
Tudo que ela menos queria era conversar com alguém agora.
— Você não me parece bem. — ele a analisou por completo.
— Estou bem.
Sakura passou pelo garoto e se apoiou na parede se sentindo zonza. Sua cabeça doía e tudo girava, sua visão estava ficando turva.
Grunhiu levando as mãos a cabeça. O que estava acontecendo?
— Sakura.
Ouviu apenas o grito de Sai antes de tudo escurecer.
O garoto correu e conseguiu a segurar antes que a rosada caísse no chão.
— Minha nossa. — ele suspirou olhando impressionado para o corpo adormecido em seus braços.
(...)
Karin fazia o almoço concentrada nos temperos que cortava na panela e em Naruto que estava sentado na mesa ao lado desanimado.
— Algum problema? — ela perguntou já não aguentando mais aquele silêncio.
O loiro não era de ficar calado e mesmo com pouco tempo de convivência ela havia percebido que ele não estava bem.
— Não é nada eu só estava pensando. — Naruto sorriu forçado.
— Pensando em alguém especial?
— Não sei se é tão especial assim. — resmungou.
Karin o olhou desconfiada e se aproximou cruzando os braços.
— Ontem você seguiu uma garota a festa inteira, ela é alguma coisa sua? — perguntou interessada.
— Não, acho que ela não quer ser nada minha. — soltou um suspiro tentando não parecer abalado.
Nunca havia conhecido uma garota tão difícil como Hinata.
— Eu acho que ela só está se fazendo de difícil, você precisa mostrar que não está tão afim, não fique correndo atrás dela como um cachorrinho desesperado.
O Uzumaki esfregou a nuca se mexendo inquieto na cadeira.
— Acontece que eu estou desesperado, não consigo controlar isso, algo em mim necessita daquela garota e a relutância dela está me matando. — respondeu frustrado.
Nem conhecia Hinata direito e ela já estava o deixando maluco.
— Não me diga que ela é a sua... — Karin não conseguiu completar a frase meio surpreendida.
— É, e eu não estou sabendo lidar com isso. — o loiro soltou um muxoxo.
— Uma bruxa, uau você está ferrado irmãozinho. — Karin fez uma leve careta.
— Isso eu já sei. — ele sorriu sem humor.
No momento em que colocou os olhos na morena soube que estava fodido.
— Mas se a bruxa é mesmo sua companheira ela não vai conseguir relutar por muito tempo, dizem que a distância é dolorosa. — Karin murmurou pensativa.
— É mas parece que ela não está nem ai pra mim. — Naruto bufou.
— Não se preocupe, logo ela estará aqui com você.
O Uzumaki acentiu se levantando e se aproximou da ruiva.
— Valeu por tentar me ajudar. — sorriu abertamente a fazendo sorrir de volta.
— Estou aqui quando precisar, já fiquei longe o bastante de você.
— Eu queria ter te conhecido antes ruivinha. — Naruto lhe deu um abraço apertado.
— Eu também. — ela sorriu devolvendo o abraço.
— O cheiro está bom, ao menos agora eu vou comer uma comida decente.
— Ninguém merece comer macarrão instantâneo todo dia. — Karin fez careta voltando para o fogão.
— Até que é gostoso.
— Vou te mostrar o que é comida de verdade, pega corta essas cenouras.
— Você é quem manda ruivinha.
(...)
Sasuke entrou em casa tirando a jaqueta que vestia a jogando sobre o sofá. Sabia que sua mãe reclamaria mas não se importava no momento.
Olhou a sala a sua volta encontrando o local vazio e caminhou pela casa estranhando o silêncio que estava, Sakura e Mikoto costumavam fazer barulho quando estavam em casa.
O Uchiha entrou na cozinha e encontrou sua mãe sentada a mesa. Pela forma que ela estava ele logo notou que havia algo errado. Mikoto segurava firme o telefone em mãos e seu olhar estava aflito.
— O que aconteceu? — se aproximou atraindo a atenção da mulher.
— Ligaram do colégio. — ela o fitou cautelosa vendo a expressão calma do filho se contorcer.
— Sakura...onde ela está? — Sasuke fitou a mãe visivelmente alterado.
Mikoto balançou a cabeça confusa.
— Ela sumiu.
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