História Idas e vindas - Desaparecido

O frio só aumentará desde que chegara até Sourin. Havia passado uma noite enrolada em cobertas grosas para se manter aquecida. Durante o dia não havia sentido tão frio como sentia agora. Talvez porque durante o dia, ainda lhe restava um fiapo de sol para aquecer a terra gelada de Iceberg.

Juvia se concentrou em outra coisa. Seu corpo permaneceu enrolado nas cobertas, mas sua mente voou para longe, seguindo o curso dos ventos para atingir a mente de quem queria ver no momento. Gray estava sentado no sofá de seu apartamento, focalizando o nada. Sobre a mesa de centro havia uma foto desfocada, mas reconheceu vagamente o local. Como ele havia conseguido aquela foto era um mistério, mas pelos pensamentos do rapaz, soube o que ele queria fazer.

Gray repassava sua conversa com o mestre algumas horas antes. Ele lhe mostrara a foto, que fizera questão de revelar, e dissera que deveria ir atrás de Juvia. O mestre o sentenciou a ficar quieto e em casa, ou o expulsaria da guilda. Tremendamente abalado pela resposta recebida, voltou para seu apartamento, ficando mais emburrado do que já estava pela manhã. Se encostou no sofá e suspirou pesadamente. Retirou do bolso da calça, o bilhete de Juvia e o releu novamente.

-Eu... não entendo.- ele disse depois de certo tempo.- eu sinto você aqui...-  colocou uma mão na testa, pensativo.- mesmo você estando longe... e eu...- Se curvou para frente deixando que sua lagrima escorresse até a ponta de seu nariz e cai-se no carpete ao chão.- não entendo o porque de você ter ido, se você se preocupa com o fato de que eu poderia ter morrido.- Juvia conteu um grito assustado, em seu quarto em Sourin.- Eu me preocupo com você a cada momento. Principalmente agora...

Alguém chacoalhou Juvia, a tirando do transe que a envolvia com Gray. Por um momento não conseguiu se lembrar quem era que estava a sua frente, mas depois que sua visão e memoria voltaram, identificou Hannah em meio a um borrão de sua visão.

-Você está bem?- ela perguntou com seus olhos verdes calmos.- Ouvi você resmungar e fungar. Achei que estive-se chorando.- Juvia piscou os olhos e deu um sorriso fraco.

-Não era isso. Juvia apenas se desligou por um momento e acabou indo parar onde não devia.- Sua voz estava um pouco deprimida e Hannah notou. Fez uma cara de quem estava disposta a ouvir mais, e Juvia suspirou, derrotada.- Acho que posso confiar em você.- Hannah se sentou na cama ouvindo atentamente a garota chuva.- Eu tenho um problema...

-Eu sei. –Hannah disse.- Eu peguei algumas memorias de sua mente. Só o essencial, mas eu sei sobre “ele”.- enfatizou ao falar sobre Gray. Juvia sobressaltou-se.

-Pegou algumas memórias?- Corou ao se lembrar de sua ultima noite com Gray e Hannah riu da colega de quarto. Sentou-se na ponta da cama, enquanto Juvia permanecia enrolada nas cobertas.- O quanto sabe sobre Juvia?- pediu com a coberta na cara.

-Algumas coisinhas...- desdenhou simploriamente.- Digamos que eu tenha pegado o essencial. Eu tinha que recolher dados sobre seu passado, e como Makarok havia dito que viria um garoto achei estranho. Então peguei umas memorias de seu passado para ter certeza de que podíamos cofiar em você.- Explicou aclamando a menina. Juvia fez uma careta.

-isso não deveria doer?- Hannah ficou confusa. “Doer o quê?” Ela queria perguntar, mas se limitou a fazer uma careta.- Hannah disse que doía para extrair informações.

-Ahhhh, isso.- Hannah riu- era apenas para assustar Kemi. Não doí de verdade. Você no máximo sente alguns choques.- Juvia se lembrou da sensação que tivera quando Hannah lhe passou informações.

-Ann... Como funciona sua magia?- Hannah sorriu e tremeu.

-Chega mais pra lá que te conto.- Juvia se ajeitou na cama de solteiro, e deu lugar para Hannah.- Eu sou boa com coisas mecânicas. –Começou depois de se cobrir com os diversos cobertores de Juvia.- Tudo se concentra em minha mente. Posso me comunicar com as maquinas, e consigo ver as linhas de transmissões espaço temporais.- Juvia piscou os olhos sem entender.

-Espa... o quê?

-Espaço temporais.- repetiu Hannah.- eu posso controlar as ondas de radio, aparelhos eletrônicos... e o subconsciente. – Juvia piscou os olhos novamente.

-Quer dizer que ninguém está salvo de sua habilidade?

-Mais ou menos isso.- Hannah franziu o cenho- Existem aqueles que conseguem bloquear minha passagem para o subconsciente, impedindo-me de conseguir fazer uma analise de informações.- ela parecia ter ficado nervosa. Seus olhos fitaram o vazio por um tempo.

Juvia pressionou um indicador contra o outro esperando um novo assunto surgir. Era queria voltar a se concentrar em Gray e nos motivos de ele estar certo, mas Hannah voltou a falar:

-Como você conseguiu?

-O quê?- pediu inocentemente.

-Ficar com o garoto que ama.- Juvia foi pega de surpresa. Suspirou fundo.

-Ann... Juvia nunca desistiu de amar Gray... mesmo que ele me esnoba-se na maioria das vezes. Quando Juvia precisou dele, ele estava lá.- seus olhos vagaram se concentrando em Gray novamente.- estava lá da primeira vez, e ainda está me aguardando. Juvia sempre agiu como ela mesma... agradecendo por ele ter salvado ela...- olhou para Hannah. Os olhos dela pareciam brilhar e logo em seguida ficaram opacos. Suas memórias com Gray passaram rapidamente pela cabeça.

-É lindo...- comentou Hannah observando as mesma imagens. Juvia exaltou-se.

-Hannah!- e a derrubou da cama.

Quando as duas levantaram na manha seguinte, Clay dizia alguma coisa sobre como o prisioneiro estava pelo alto falante da base. Juvia se levantou e tomou um banho quente, vestindo em seguida, uma das roupas de Hannah. Juvia detestou as cores apagadas e preferiu seus tons de azul, mas não protestou e vestiu as roupas. Um sobretudo cinza e calça de lã preta, com um par de botas cinzas escuras.

-Bom dia garotas.- Cumprimentou Clay tomando um gole de café, no ponto de encontro da manhã: a cozinha. Estava sentado em um banco com um jornal em mãos. Parecia ler uma mateira sobre o clima, que desde que se lembrava, continuava o mesmo.  Hannah murmurou um bom dia seguido de um bocejo e Juvia o cumprimentou corretamente, servindo-se de chá quente e biscoitos.

-Alguma noticia do Mikel?- Perguntou Hannah sentando-se desajeitada em um dos bancos e enchendo sua xicara de café forte e pegando o biscoito que Clay iria comer de sua mão. Clay franziu a testa e pegou outro biscoito, tirando os olhos do jornal e olhando para Hannah que mantinha um sorriso torto o rosto.

-Nenhuma. Perdemos contato com ele a dois dias. Não temos como saber onde ele está. Apenas vamos torcer para ele não ter sido capturado.- Tomou um gole de seu chá, que já começava a esfriar. Nada durava quente por muito tempo naquele lugar. Juvia franziu a testa. Mikel era quem ela deveria encontrar.

-Onde ele está?- Pediu depois de tomar um gole de seu chá. Clay ergueu os olhos do jornal novamente.

-Ele saiu em busca dos membros da Skeletons of Death. E isso já faz uma semana. Há dois dias ele se perdeu em uma tempestade de neve e perdemos o contato com ele.- Levantou sua xicara para tomar outro gole, mas está estava vazia.- Pode me passar o bule?- Juvia assentiu.

-Hm.. ele dev..deveriaa... vol..voutar hoge- Disse Hannah de boca cheia. Juvia e Clay fizeram uma careta reprovando o comportamento da garota.- Que foi?- pediu sem culpa alguma. Clay revirou os olhos e largou o jornal em cima da mesa, estampando a primeira pagina.- Ann... temos um problema...- disse Hannah ao ler a manchete.

-Eles tomaram a prefeitura de Miras. Não vai demorar muito para eles conseguirem achar este local.- Comentou Clay enquanto Juvia tentava ler o jornal.- Eles tomaram as estradas do Reino. Sabiam quando Juvia chegou e sabem que estamos com um deles. Se eles pegaram o Mikel, estamos ferrados. Ele é velho e pode acabar dando a língua nos dentes.

Juvia leu manchete e ficou um pouco assustada. Qual era o tamanho do poder que aqueles caras possuíam? Um arrepiou desceu sua espinha quando leu novamente.

“Skeletons of Death  invadem a prefeitura de Miras e causam a morte de 15 funcionários e deixam outros 7 feridos”