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História Ilha do Medo - Pressentimento


Escrita por: MissRedfield

Notas do Autor


Oiiiie, voltei.
Espero que estejam gostando da história <3

Capítulo 3 - Pressentimento


-Claire? –a voz era fraca, porém inconfundível.

Steve!

Olhei para o leste da plataforma onde segundos atrás Steve havia sido arremessado pela criatura bizarra que eliminei com um único tiro do rifle de Alfred. Corri e mergulhei de joelhos sentindo a fina camada de neve congelar ainda mais os meus dedos da mão. Estiquei o pescoço e o vi pendurado em um metal solto da plataforma. Seu rosto estava quase roxo de frio, mas quando me viu seus olhos ganharam um brilho incrível de alivio.

-Você está viva. - disse com um sorriso fraco.

-Essa fala devia ser minha. –respondi soltando o rifle e me debruçando para alcançar seu braço. Com muito esforço consegui puxa-lo de volta para a plataforma. Ficamos estirados no chão congelado. Meu corpo inteiro tremia, não sei se de frio ou devido à adrenalina. Talvez os dois.

-Eu sinto muito, Claire. –Steve quebrou o silêncio, mudei de posição e olhei brevemente para ele.  Vi o desespero e angustia em seu rosto. Ele se sentia culpado por não ter conseguido matar a criatura segundos atrás e por ter me deixado sozinha. Meu coração ficou apertado no peito. Ele quase morreu tentando me salvar, de novo, e mesmo assim sentia muito.

Eu é que sentia muito.

Deus, ele só tinha 17 anos e sua vida já fora destruída pela maldita Umbrella. Steve era um bom garoto, merecia uma vida normal, com estudos, festas e todas as preocupações de um simples adolescente. Matar monstros e lutar pela própria vida só devia acontecer em um jogo de videogame.

-Não se preocupe, dessa vez eu o peguei. Você pega o próximo monstro, tá? –falei tentando não chorar. Eu me sentia tão culpada e tão mal por ele.

-Sim, eu vou. –Steve respondeu tão veemente que não consegui conter o sorriso.

-Legal. –levantei do chão gelado e olhei ao redor. –Agora que tal darmos o fora desse lugar de uma vez por todas? –Steve se ergueu concordando. Apoiados um ao outro, próximos o suficiente para manter nossos corpos aquecidos, seguimos em direção à escada. Estava ansiosa para que aquele pesadelo chegasse logo ao fim...

 

-Claire? –a voz de Leon me fez voltar à realidade. Pisquei algumas vezes e olhei em seus olhos, ele tinha a mesma expressão de aflição que predominava no rosto de Chris nas últimas semanas–Está tudo bem? –apenas assenti. Estávamos em um restaurante no centro da cidade, o movimento era continuo por ali, independente do dia, da hora ou do clima.

 Era Nova York, as pessoas nunca se cansam de andar pra lá e para cá.

-Você tem certeza? –Leon insistiu querendo me fazer falar. Estávamos aguardando a chegada de nossos pedidos, o lugar estava tão cheio que nosso almoço seria praticamente um jantar.

-Eu só estava pensando... em Steve. –admiti sabendo que o motivo de estar ali era esse: compartilhar meus demônios com Leon, por mais que ele não entendesse a minha dor.

-Achei que fosse isso. –ele desviou o olhar e fiquei grata. Seus olhos estavam inundados de pena e isso me fazia sentir fraca e vulnerável. Não que eu não estivesse assim, mas lembrar de minha fragilidade só me dava mais vontade de chorar.

-A culpa não foi sua. –ele falou de repente voltando a me encarar. –Nada teria feito diferença. –na verdade eu tinha que discordar. Steve só foi pego porque não consegui protege-lo, não fui capaz de reagir com rapidez e atirar nos malditos tentáculos... eu podia ter feito alguma coisa. Eu deveria ter feito.

Mas agora era tarde demais.

-Pare com isso. –Leon pediu me fitando com aquele olhar.

-Parar com o que?

-Você sabe o que. –ele buscou pela minha mão que estava pousada em cima da mesa. –Você está com aquele olhar, de culpa. Não foi sua culpa, Claire. Não deixe esse sentimento consumir você. –minha mão estava fria, mas o toque de Leon a aqueceu. Ele sabia como era doloroso perder alguém, aquela mulher de vermelho em Raccoon... Ele ficara abalado. Mas continuou seguindo em frente sem se remoer pela culpa. Talvez ele soubesse lidar com a dor melhor do que eu.

-Eu sinto muito, Leon. Não estou sendo uma boa companhia. Você não devia se preocupar com meus problemas. –pensei em me levantar e ir embora. Voltar para o meu quarto e me enfiar embaixo dos cobertores e ler algum artigo que alimentasse minha raiva pela Umbrella me parecia uma ideia boa. Mas Leon apertou levemente minha mão.

-Quero que fique comigo hoje. Está precisando de um amigo do seu lado. Seus problemas também são meus problemas e acho que deveríamos superar isso junto. –vi um sorriso se formar em seus lábios. –Além disso, ainda não te contei metade dos meus problemas.

-E você tem algum? –sorri com a careta que ele fez.

-Está brincando? Estamos sentados aqui a um tempão e meu estomago não para de reclamar. Eu estou com fome. Muita fome...–foi nesse instante que nosso almoço chegou.

-Seu problema acaba de ser solucionado. –falei enquanto o observava sua empolgação com a aproximação do garçom. Tinha a sensação que ele só estava fazendo aquilo para me ver sorrir. Se a intenção fosse essa estava funcionando.

 

Durante o almoço conversamos sobre assuntos mais leves que não envolviam as criações horrendas da Umbrella ou traumas que vivenciamos em Raccoon ou, no meu caso, em Rockfort. Mas de alguma forma terminamos tocando no assunto e notei o quanto estávamos ligados aquilo. Não tinha como fugir.

Leon me informou tudo que Sherry enfrentou nas mãos do governo nos últimos meses. Eles precisavam testar seu sangue, a estabilidade do vírus em seu DNA e tudo isso era doloroso para ela. Queria me fazer presente para segurar sua mão e dizer que tudo ficaria bem. Mas Simmons não permitiria.  Ele queria deixar tudo no sigilo.

-Sherry é só uma menina, nós somos tudo que restou para ela depois do que aconteceu em Raccoon, ela precisa de nós.

-Ela precisa de você. Todos os dias ela sente a sua falta. –Leon comentou e isso me fez sentir a pessoa mais egoísta do mundo. Fiquei tão focada em minha dor que acabei esquecendo que Sherry fora a pessoa mais traumatizada de toda aquela história. Perdeu os pais, os amigos, viu coisas que jamais deveria ter visto...

-Se Simmons permitisse...

-Vou falar com ele mais uma vez. Uma visita sua dará forças para que Sherry continue lutando. –enquanto conversávamos minha atenção foi desviada para a televisão do outro lado do balcão. Novamente as imagens de Raccoon eram exibidas. Os noticiários só falavam sobre isso. O assunto renderia até que a Umbrela fosse responsabilizada por tudo que aconteceu.

-É uma droga. –Leon comentou de repente, percebi que ele se referia ao noticiário. –Sabia que o T-vírus já circula no mercado negro? Estamos longe de extinguir essa praga.

-Raccoon foi só o começo. Dói imaginar que a qualquer momento podemos ver tudo se repetindo. –ficamos em silêncio enquanto observávamos as imagens. Um filme estava passando por minha cabeça naquele momento, aposto que Leon também revivia tudo mais uma vez.

 

Já passava das dez da noite quando Leon me deixou em casa. Chris ainda não havia chegado, então para não me sentir sozinha liguei a televisão. Passar o dia com Leon tirou um peso de meus ombros. Dividir nossas experiências e compartilhar nossos medos me fez sentir melhor e não tão sozinha.

Mas a dor ainda estava dentro de mim.

“-Muitos sobreviventes da tragédia de Raccoon foram diagnosticados com alguma perturbação mental. Algumas vítimas que recebem acompanhamento psicológico relataram estar sofrendo perseguições e alucinações com supostos monstros.”

Retirei o meu casaco e o deixei no quarto.

“-Tem sido complicado auxiliar essas pessoas na superação de um trauma. Muitos pacientes já recorreram a automedicação, o que não é aconselhável. Essas pessoas que vivenciaram a tragédia precisam de apoio.”

Verifiquei o celular em busca de alguma mensagem de Chris, mas ele não havia dado satisfação alguma. A televisão continuava ligada na sala.

“-Doutor, o senhor acha que há como superar o que aconteceu?”

De repente todas as luzes se apagaram. Uma queda de energia, mas que ótimo! Fui em direção ao terraço e reparei que meu prédio era o único mergulhado na escuridão.  Aquilo não era nada bom. Será que havia algum problema na instalação?

Antes de sair do terraço, eu finalmente notei sua presença pela primeira vez. Ele estava parado na esquina, talvez a uns 50 metros do meu prédio. Usava um casaco escuro e aparentemente pesado. Aquela distância não conseguia ver o seu rosto, seus traços eram indefinidos. Não podia ver seus olhos, mas sabia que estava olhando diretamente para mim. Podia sentir o peso de seu olhar, era palpável.

Tentei ignorar. Só podia ser paranoia. Meu prédio estava completamente escuro, ele não podia estar olhando para mim. Era coisa da minha cabeça. Delírio. Quero dizer, meu bairro não era tão movimentado, não havia muitos pedestres circulando, principalmente naquele horário. Mas os poucos que havia se moviam, era isso que os nova-iorquinos faziam. Andar com objetivo. Mas aquele homem estranho estava imóvel como uma pedra e olhando fixamente em minha direção.

Mordi o lábio, nervosa. Tentei olhar para o outro lado e ignora-lo para que a situação não ficasse ainda mais estranha. Quando tornei a olha-lo ele permanecia me encarando. Não fazia questão de disfarçar. Os pelos de meu pescoço ficaram arrepiados como de um animal exposto ao perigo.

Não quis levar aquilo adiante. Estava escuro e a distancia entre nós era grande. Ele só podia estar com o olhar fixado em qualquer outra coisa que estivesse no terceiro andar como eu. Liguei a luz da lanterna do celular e resolvi sair do apartamento. Descobrir o motivo do apagão e esquecer as paranoias que minha mente estava criando.

Chegando ao térreo, consegui ouvir a conversa entre o porteiro e o zelador.

-Os fios foram cortados. Vamos precisar chamar um eletricista.

-Que maldito prejuízo teremos com isso. –a conversa foi se afastando acompanhada pelos passos dos dois. Pelo visto a falta de energia fora proposital. Minha mente começou a elaborar diversas teorias, relacionando o ocorrido ao cara estranho que eu havia visto minutos atrás me encarando.

Será que ele era o responsável?

Sai do prédio e tentei encontrar o estranho, mas não o vi em nenhum lugar. Não sei por qual motivo, mas um suor frio começou a brotar de minhas mãos e um arrepio percorreu todo meu corpo. Tinha a sensação de que algo ruim estava prestes a acontecer.


Notas Finais


E então?


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