A noção de normalidade é extremamente relativa. Para você, ver e saber de coisas estranhas, era algo normal, acontecia todos os dias em um piscar de olhos, por isso nunca desconfiou que algo estivesse errado. Nunca sentiu o medo, que as outras pessoas diziam sentir ao entrar na floresta, ou andar nas ruas a noite, nada de ruim chegava a ti, mesmo que tentasse, nada a machucava.
Deveria ter desconfiado, mas por causa da frequência, você acreditava que era sorte, algo normal que poderia acontecer com qualquer um.
Porém, naquela noite, tudo caiu por terra. Durante o jantar, você teve uma grande briga com seu pai, na frente de sua família e criados da casa. Ele queria que se casasse com um dos melhores partidos da vila, mas você não amava aquele homem, então se negou a fazer aquilo, o que deixou seu pai furioso.
Depois de muitos gritos e ameaças, presenciados pela família e criadagem, em um ataque de fúria, seu pai tentou lhe bater, para fazer com que o obedecesse, mas a mão dele nunca chegou a ti.
– Desculpe senhor, não posso permitir que faça isso. – Sua amiga e criada Nayeon disse, erguendo a cabeça para encara-los com um olhar sério e concentrado, nunca a tinha visto daquela forma, possuída pelo ódio.

Ver seu pai voando de encontro a uma parede, sem nada tê-lo tocado, te assustou muito, mas saber que sua melhor amiga de infância fez aquilo, te amedrontava ainda mais. Porém, não teve tempo para fazer ou dizer algo, Nayeon te levantou do chão, estava apressada. Quando os gritos começaram, ela puxou sua mão e te levou correndo para dentro da floresta.
Estava em choque e apenas se permitia ser levada, não sabia para onde ou para que, mas enquanto ouvia todos na casa as chamando de bruxas, amaldiçoadas de vários nomes que não conseguia compreender, seguir Nayeon parecia-lhe a melhor opção.
Não sabia porquê ainda seguia a garota, mas não tinha coragem de tirar sua mão da dela. Correram muito, até seus pulmões doerem e as pernas arderem. Quando pensou que não aguentaria mais, viu uma cabana no meio da floresta. Entrando na clareira, ouviu um farfalhar e olhando ao redor, viu todas as árvores se unindo, não deixando espaço para que qualquer coisa maior que um rato passasse.
Vocês apressadas entraram na cabana. Nayeon tranca a porta, se permitindo escorregar por ela e deixar que seu corpo finalmente descansasse. Você não estava muito diferente, deitada no chão, com os pulmões implorando por ar e as pernas bambas, sua mente girava pela falta de oxigênio, sentia que poderia desmaiar e morrer de exaustão a qualquer segundo.
– Eu sinto que vou vomitar. – Diz sem forças para se mover.
Nayeon engatinha até seu corpo, toca sua bochecha e sussurra algumas poucas palavras, que você não compreende. Aquilo te fazia se sentir melhor, não totalmente, mas o ar já entrava mais fácil em seus pulmões e seu corpo te obedecia. Não aconteceu o mesmo com ela, que se permitiu deitar no chão, estirada, tentando se recuperar do enorme esforço físico.
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