Leitora/Jack
Eu me sentia triste, vazia por dentro, tentava o máximo não demonstrar a minha tristeza, os meninos não poderiam saber de nada, tenho certeza que eles fariam alguma coisa para impedir, colocando suas vidas em risco, não podia colocá-los em risco.
Eu teria mais 3 dias antes que os cães do inferno viessem, eu pretendia aproveitar muito bem esses dias, não iria mais ficar triste, não iria mais me sentir vazia, queria passar esses 3 dias sorrindo, feliz com as pessoas que eu amo, sentiria falta deles, principalmente de Jack.
Eu havia me apaixonado pelo nefilim, seu jeito doce e inocente, tinha mexido comigo, e aquela caçadora rude e sem coração, foi mudando com o passar do tempo, me tornei uma pessoa melhor depois que Jack veio morar conosco, ele me ensinou que nem tudo estava perdido, que mesmo ele sendo gerado para destruir o universo, ele poderia sim, ser bom, ser diferente.
Ele havia nos surpreendido com sua força de vontade em nos deixar orgulhosos, e acabou que eu comecei a nutrir sentimentos por ele.
Já faz algum tempo que ele está conosco, eu não tinha contado o que sentia por ele, eu não me preocupava só de eu saber que o amava, já estava bom. Não esperava que ele sentisse o mesmo, os meus sentimentos já bastavam, seria até melhor se ele não sentisse nada por mim, seria menos doloroso.
(...)
Bati na porta do quarto em que Jack dormia, tinha tomado a decisão de pelo menos contar a ele o que iria acontecer, não que Sam e Dean não fossem importantes para mim, eles eram, mas nunca entenderiam.
Ouvi sua voz doce, dizendo para mim entrar, rodei a maçaneta da porta e coloquei somente minha cabeça para dentro, ele estava sentado em sua cama lendo um livro.
-Podemos conversar? - perguntei, costumava vir ao quarto dele, ficávamos conversando, ele me contava seus medos e sonhos, eu contava de minhas aventuras com Sam e Dean, hoje seria diferente.
-Claro - disse fechando seu livro e o colocando ao seu lado.
Sentei-me na cama a sua frente e o olhei, não sabia como ia começar, nunca havia contado aquela história a ninguém, já havia se passado dez anos.
- Veio me contar mais uma de suas histórias? - perguntou sorrindo,com um certo brilho nos olhos, ele sempre gostava quando contava a ele.
-Sim - falei tentando sorrir.
- E sobre o que é?
-Como eu entrei para a vida de caça - falei me aconchegando mais a sua cama - Meu pai era um ótimo caçador, ele começou a caçar mesmo antes de eu nascer, então ele sempre me ensinou a me defender, ele me levava em algumas caçadas com ele, era muito legal ver meu pai matando todos aqueles monstros, eu amava ver como ele era forte e habilidoso, queria ser igual ele quando crescesse…
-Tenho certeza que você é melhor ainda - ele falou sorrindo, acabei sorrindo junto com ele.
-Quando eu completei 17 anos, meu pai foi morto por um demônio em uma caçada, então eu fiquei sozinha, prometi vingar sua morte, então passei a caçar assim como ele, até que um dia qualquer eu encontrei o demônio que o matou, eu não consegui o matar, ele era forte, quase me matou, mas eu não desisti, o procurei por todos os lados, até encontrar Heitor…
-Quem é Heitor? - ele perguntou atento.
- Heitor foi o grande amor da minha vida, por ele eu parei, parei de andar de cidade em cidade, parei de ir a bares de estrada, parei de procurar o demônio, eu parei de caçar... Nós nos casamos, e poucos anos depois eu descobri que estava grávida- meus olhos encheram-se de lágrimas - Seu nome era Alec, lembro-me até hoje seus olhinhos verdes, e como ele fazia bico quando não estava contente com algum coisa - sorri enquanto as lágrimas desciam - Quando ele completou sete anos, fizemos uma festa de aniversário para ele, seus olhinhos brilhavam ao ver todos os seus amiguinhos festejando seu aniversário. Heitor e eu tínhamos colocado ele pra dormir e fomos arrumar a bagunça da festa, até que ouvimos um grito, fomos correndo até o quarto apavorados, quando cheguei ao quarto, o mesmo demônio que matou meu pai estava lá, segurando meu menino pelo pescoço, naquela hora o ar me faltou, eu tentei fazer de tudo para que ele o soltasse, mas ele não o soltava, Heitor tentou lutar com ele, mas ele era mais forte, e quebrou seu pescoço com facilidade, ele o matou, o corpo de Heitor caiu morto no chão, o demônio olhou para mim sorrindo, ele pegou meu filho outra vez pelo pescoço, vi seu rostinho molhado por lágrimas, fui pra cima do demônio, mas ele me jogou contra a parede, eu havia ficado meio tonta, mas ainda pude ver o momento em que ele pegou o pescoço do meu filho e o virou, me lembro até hoje do olhinhos sem vida dele, lembro-me do barulho do osso de seu pescoço se quebrando.
-Essa não é uma história muito feliz - ele falou de cabeça baixa.
-Ela não acabou ainda.
-Não?- neguei com a cabeça.
- Eu não aguentei vê-los mortos, então eu fui até uma encruzilhada, e fiz um pacto - seus olhos se arregalaram.
- Você fez um pacto?
-Sim, o demônio com quem eu fiz o pacto trouxe Heitor e Alec de volta, hoje eles moram em Nebraska, Heitor é casado e Alec já tem 17 anos.
- E você? Porque você não está com eles?
-Eles não se lembram de mim - falei suspirando - É melhor assim.
- E você? Você vai morrer?
-É provável que depois de amanhã os cães do inferno venham- Jack se levantou apavorado.
-Não, como assim? Não podemos deixar você morrer, vamos pedir ajuda - ele falava andando de um lado para o outro no quarto com as mãos na cabeça.
Fui até ele e segurei suas mãos.
-Não, Jack, isso é segredo, somente você sabe disso, eu não quero que faça nada pra mim voltar, quando eu for, eu quero que fique aqui, eu quero que lute e mostre para todos os anjos e demônios que você pode fazer a coisa certa, prometa para mim.
-Eu…
-Jack, por favor, prometa!
- Eu… prometo - ele falou me abraçando, o ouvir soluçar - como eu vou viver sem você? Quem vai me fazer companhia? Quem vai me incentivar a continuar?
- Você tem Sam, Dean e Castiel, eles vão te ajudar.
-Eu… eu te amo - ele fala choroso olhando para mim.
-Eu também te amo Jack.
-Não, eu te amo de uma forma diferente, eu não sei o que é isso, mas não é o mesmo amor que eu sinto por Castiel, é diferente.
- Eu também me sinto assim Jack, também te amo diferente.
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