História Imaturo. Taekook - Vkook - 14

- JUNGKOOK! - sua voz saiu um tanto alta demais. - o que está fazendo aqui?! - estava confuso e curioso, mas não se movendo ara ir até mim. 

- há algo que preciso falar, cara.. 

- fale por mensagem, tenho que viajar agora.

 - não, por favor, não. f-fica, eu só preciso de alguns minutos e-

- eu não tenho "alguns minutos".

Não reconhecia a face angelical de Taehyung, a qual eu sempre admirei e quis tocar com mais intimidade. O garoto de sobretudo marrom estava me olhando com certa irritação, normal, neutro, tudo ao mesmo tempo. Não parecia ter interesse em me escutar, sua viagem parecia ser a coisa mais importante no momento. 

Já para mim, ele era a única coisa que eu deveria me preocupar. 

- bobeira! - disse uma velhinha, ainda na fila. - você tem 10 minutos 'pra ouvir o garotinho ai! vai, ninguém liga não,  escuta ele.

Amei essa velhinha baixinha. Taehyung suspirou fundo, ainda querendo embarcar, mas se auto parou.  Escondeu a passagem nas mãos e virou-se a mim. 

- diz.

Suspirei aliviado. Há tanto tempo que guardo tudo só para mim, há tanto tempo que sinto-me morrer por dentro, parecendo estar guardado um segredo de pátria quando, na verdade, é só um sentimento novo e puro. Quer dizer, não tão novo assim; 10 anos já é uma vida, se for considerar. Há uma vida que tenho um amor só para mim, e isso corrói demais, não quero continuar sentindo tal dor.

Respirei para manter a calma e decidi falar. 

- Tae, - comecei. - eu agradeço muito a minha mãe por ter me levado naquele parquinho caindo aos pedaços. tive muito arranhão, inclusive um que nunca cicatrizou, você sabe, mas não me arrependo porque eu encontrei você lá.  Quando éramos pequenos, a única coisa que gostei em você foi ter uma mãe tão boa a ponto de me dar um sorvete. 

Você foi meu melhor amigo durante toda minha infância, foi e é muito criativo para brincar. Eu amava nossas novelinhas, principalmente quando havia casamento. Éramos inocentes e não sabíamos muito bem das coisas, mas, mesmo não sabendo, eu sentia um amor enorme por você. Senti que deveria ficar perto de você até ficar velho. 

Nós prometemos ficar juntos para sempre e olha ai, você está indo embora. Mas eu não te culpo, talvez você realmente... - parei por um momento, buscando minha escondida coragem. - talvez, você não tenha percebido, mas sempre fui apaixonado por você.

 - q-quê?

- o sentimento foi aumentando a cada dia. - ignorei sua pergunta e continuei minha confissão. - Antes era inocente, mas chegou no nível em que sonhava coisas eróticas com você. Tae, você sempre disse que não aceitava homens com homens, nem mulheres com mulheres, mas pode me aceitar? porque eu te amo.

Quando fui entendendo tudo, percebi que não gostava de garotos, eu gostava de você! Só você, ninguém mais. Você sempre deixou claro que não iria se apaixonar por um garoto, não queria decepcionar seu pai.

Então eu escondi meus sentimentos de você. - respirei um pouco audível para continuar: 

Talvez porque você fosse me abandonar. Não posso confirmar tudo nesse mundo, mas confirmo que te amei desde o primeiro dia que te vi. Desde lá até aqui. 

O local ficou em silêncio, um ccompleto silêncio que, não me pergunte como, era confortável e desesperador ao mesmo tempo.  Algumas pessoas boquiabertas, outras sorrindo, outras confusas; entretanto, todos nos observavam. 

- Jungkook.. por que.. você nunca me falou isso?

- eu falei de todas as maneiras possíveis, foi você que não entendia. no começo, fiquei confuso, mas enquanto meu pai estava vivo, pedia conselhos a ele. ele me disse que estava tudo bem, mas que eu esperasse, que eu era muito criança 'pra entender. 

- quando toco no assunto, meu pai grita comigo.. - murmurou, como se realmente não quisesse ser ouvido.  - isso não importa, não importa nada! Você deveria ter falado para mim!

- deveria, Taehyung? eu deveria?! - me aproximo, mas não mais que um passo. - e se eu te dissesse, o que você ia dizer? que tem nojo de mim? que não vai ser meu amigo? que vai me abandonar? que vai fingir que nunca me conheceu!?

- não, Jungkook! eu nunca faria isso! e-eu não seria capaz! 

- não era o que dizia suas ações, Tae. - falo totalmente sincero, ao lembrar de quantas vezes o mesmo me olhava com repudia quando o assunto era homossexualidade. 

- m-mas eu não faria nada disso!

- então, o que você faria?! - esbravejei.

- eu diria que te amo, que tudo isso que você sente é r-recíproco!

 Meu queixo caiu, um perfeito "o" foi formado entre meus lábios.  Como isso tudo que senti foi recíproco? eu o amava e era amado também? a que nível, exatamente?

 - m-mentira, menti-ra.. - falo falhado.

- sabe o que aconteceu quando fui dizer ao meu pai os efeitos que você causava em mim?!

- mentira, mentira..

-  foi isso! - ergueu sua camisa, mostrando um pouco de seu abdômen, mas o suficiente para mostrar uma cicatriz de queimada. Algo não pequeno. - fui marcado com uma colher que ficou dois minutos no fogão, Jungkook!

- mentira, isso é mentira!

- em outro momento, tive cortes por todos os meus dedos! se lembra quando você me perguntava o que era aquilo? como me machuquei?

- p-pare! pare de mentir!!

- acha que eu deveria ter colocado você nisso? 'pra mim, eu era o único a sentir isso!

- então você mente 'pra mim desde lá? - minha voz saiu baixa.

 - você não? - restruca. - você falava de garotas, então eu tinha que falar também, e então você falava mais. - suspirou fundo. - foi tão difícil negar todos aqueles beijos.. que você queria me dar.. a figura do meu pai me assombra. mas você mentia! mentiu sobre o que mais, Jeon? vai me dizer que mentiu mais?!

- m-menti. sobre Lisa, menti sobre todas as outras garotas, menti que precisava ficar sozinho, quando na verdade eu estava louco para te beijar, menti naquele dia da balada em que expulsei do quarto, porque, na realidade,  eu estava excitado; eu menti.

Em sua face, havia algo indecifrável. Uma mistura louca entre decepção e surpresa, o que deixava meu coração mais apertado ainda, querendo pular.

- você não passa de um mentiroso, Jeon. - praticamente cuspiu as palavras. - você prometeu não mentir 'pra mim.

 - acontece que cresci, que nem sempre devo falar as verdades. mas você também não passa de um mentiroso, você também mentia a si mesmo! não me culpe, você também teve medo!

- tem razão, mas não vou perder minha vida por alguém que só mentiu. vou embarcar nesse avião e espero não voltar para cá. aliás - verificou o grande relógio da parede azulada.  - seus minutos acabaram. 

- tam dam. Passageiros do vôo 07, por favor, embarcar.

Taehyung deu de costas para mim, e eu fiquei observando-o. Ele não é capaz de me amar, não é capaz de amar ninguém. Sou um medroso sim, mas fui contra tudo e todos para dizer quem amo; se isso é o que tem que acontecer, que aconteça, já estou muito fraco para tentar mais uma vez.

Eu desisto de Kim Taehyung. Mas fica a lição mais dolorosa e fria que deveria ter ficado, meu coração está muito mais leve, tirei o peso do coitadinho e agora ele está melhor. Está todo amaçado sim, todo amarrotado,  mas nada que o tempo não resolva. 

Caminhei até uns banquinhos que haviam no local, não poderia ir embora para casa agora - apesar de querer -, pois estou muito cansado. Minha respiração se normalizou, tudo que fiz foi enviar uma mensagem para Jimin, avisando que ele não precisava entrar no aeroporto, e que eu já estava indo embora - outra mentira. Mas preciso de um tempo comigo mesmo, meu único e melhor amigo.

Estou destruído por dentro, é o que posso dizer por hora. Acabei de ser chicoteado por palavras que nunca pensei ouvir, acabei de ser deixado por alguém que, tecnicamente, me ama, assim como eu o amo. Mas, decidiu seguir o medo, a incerteza, não o coração, o sentimento, o que sentia.

Não quero alguém assim, não quero; não quero e não vou lutar sozinho em uma relação que precise de duas pessoas. Já amei sozinho, descobri que amava junto, descobri que posso ser e estar sozinho; isso já não é de assustar, dez anos me provou isso, lhes digo com convicção. 

 Um vulto passou rapidamente por mim, me deixando confuso e surpreso: Taehyung estava se ajoelhando diante de mim, enquanto tentava tirar alguma coisa de seu bolso. Estava nervoso,  completamente nervoso.  Suas lágrimas caiam aos montes, ele estava todo trêmulo e mal conseguia ficar ajoelhado.

 - o que voc..

- v-você s-se lembra d-disso, J-j-jungkook? - ergueu-me uma caixinha de plástico simples, logo abrindo-a. Olhei detalhadamente o objeto quase não acreditando da sua existência. Alternei meu olhar para o garoto que segurava seu choro de uma forma que parecia doer, rasgar. - v-você lembra?

 - lembro, mas.. mas.. como...por que você ainda tem isso?

- e-eu sempre guardei.

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Saí saltitando da lojinha de bugigangas da esquina, não escondendo a minha felicidade em ter aquilo em mãos. Passei correndo pelo parque, tentando ver se Taehyung estaria lá e assim dar-lhe meu presente, mas não o vi. Deve estar em casa. Cheguei nos pequenos degraus da portinha pronto para gritar seu nome, mas o vi em seu atrás do quintal, brincando com uma pequena rosa.

 Abri o portão empoeirado e entrei com tudo, saltitando e escondendo meu presente de si.

- TaeTae! - grito.

 - q-que susto, que susto! 'táqueopariu, Kook!

- xingando? vou contar 'pra sua mãe!

- desculpa, mas  por que está gritando assim? - levanta-se batendo palminhas para retirar a terra.

- vamos brincar de casamento, Tae. comprei uma aliança de plástico para você, mas não consegui comprar uma 'pra mim. 

- AISH! SERIO? OBRIGADO, KOOK! 

Taehyung começou a me abraçar loucamente, parecendo que eu ia morrer daqui uma hora,  manchando minha camisa pela terra que estava brincando.  O castanho ainda sorria largo e foi até o jardim que sua mãe tanto ama, observando algumas flores. Retirou as mais bonitas e as mais coloridas - que mais tarde, a mãe dele ia reclamar. -, voltando até mim com elas nas mãos. 

- vamos! - enroscou seu braço no meu.  - não vejo a hora de me casar com você.

- ah, mas é claro que sim, meu amor!

 Entramos na novelinha. Decoramos o caminho com algumas pétalas, Taehyung pegou uma toalha de mesa e alguns doces que sua mãe comprou ontem, e eu busquei o refrigerante que tinha em casa. Estava quase sem gás, mas não ligamos para isso. 

Caminhamos sobre as pétalas, Taehyung não parava de sorrir e nem eu. Quando chegamos no jardim, me ajoelhei e peguei delicadamente em suas mãos. Deve ser fácil como nos filmes! 

- Taehyung, você quer casar comigo? 

- claro que sim!

Coloquei a aliança rosa de plástico em seu anelar, logo me levantando e recebendo outro sorriso seu.

 - hora do beijo!

- n-não podemos.. hn.. mas eu queria, Kook..

- e quem disse que não vamos?  - peguei sua mão e a beijei, logo tendo minha mão beijada por ele, também. - pronto!

 - Kook, quem será a esposa? 

- ninguém, somos dois garotos, seremos dois maridos. 

- para sempre?

 - para sempre!

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- guardei isso esse tempo todo, sempre indo dormir enquanto sonhava com o dia que iria chegar. - diz.

- m-mas..

- Jungkook, eu te amo desde que te conheci. Nós mentimos um para o outro todos os dias, mas sempre nos amávamos. Quando meu pai me queimou, tive medo por você, você não podia se machucar! Doeu tanto..

- ele é ridículo, Tae! - falo estridente, desejando socar aquele idiota. Quem tem coragem para fazer isso com o próprio filho? com um ser humano?! - pode ser seu pai, mas estou odiando! 

- isso não importa agora, só importa você saber que também sofri. 

- mas e Ji? Você a beijou..

- e limpei a boca sem seguida. - diz dando de ombros. - não é nojo por garotas, mas senti que estava traindo você, mas você beijou Jimin, então.. eu queria devolver. 

Ele suspira, voltando: - podemos ser jovens. Ainda estamos no caminho da formatura. claramente seria imprudência se casar, mas.. Já estamos tanto tempo juntos que sinto-me casado com você. Então, Jeon Jungkook - mordeu seu lábio inferior, nervoso. -, você quer namorar comigo? hn, eu sei qu..

Interrompi-o com um beijo desajeitado, o puxando para mim. Percebi um sorriso aparecer em seus lábios enquanto estavam nos meus. Taehyung trouxe uma de suas mãos para minha cintura e a outra em minha nuca, puxando os fiozinhos. Estou sentindo-me um fogo. Uma brasa ardente e brilhante, com sua própria luz, sem precisar do próprio fogo. Estou sentindo os lábios deles e.. porra, são tão gostosos! juro que não provei sabor melhor, nem chocolate chega perto! 

Nossas línguas se encontram, e então, foi uma guerra por espaço. O ar se fez rapidamente, mas voltamos a se beijar novamente. Taehyung ficou de pé, me pegando no colo, tive que entrelaçar minhas pernas em sua cintura. Contando com esse? bom, é o quinto beijo.

Tê-lo é, digamos, a melhor sensação de todo o mundo!

- porra, a gente era muito idiota!- diz ele tendo um ataque de riso.

- você é um ótimo ator, filho da puta! - falo como ele, quase morrendo de rir. - seu vôo... - falo receoso. O vôo era caro, de primeira classe e bem requintado, ele perderia muito dinheiro. Mesmo, lógico, prefiro mil vezes que ele perdesse esse maldito, mas ainda pensava nos gastos.

- meu vôo é destino à sua boca, bobão! - diz selando nossos lábios novamente. - a partir de hoje, não haverá mentiras! não importa o que diguem, quero você! Só você! 

- lindos, parabéns, nossa, lindos, lindos! 

Todos ali olhavam para nós, e só agora percebi isso; me sentia numa novela muito mexicana e melosa.

 - xô, gente, vão viajar! - diz o segurança do local. - e vocês dois, eu quero um filho, hein?

- posso virar barriga de aluguel! - diz uma moça humorada.

- relacionamento a três nem a pau, né? - brinca um moço, e nós enfezamos a cara.

Isso foi extremamente estranho, mas garantiu um ar total de humor. 

- olha, vejamos só.. - diz Jimin se aproximando. - "ain, Jimin, eu estou indo embora, não me espera", " ain,  nem estou no aeroporto"  e ai, Jeon, seu nome é mesmo Jeon ou você mentiu até nisso?

- não fala assim do meu bebê! -diz Taehyung me abraçando, como se fosse me proteger de todo o mundo. 

Era incrível como o ar simplesmente mudou. Antes, tudo em nevoeiro e escondido do mundo, e agora estou vendo um céu limpo e lindo acompanhado de um sol. Lógico que era apenas uma imaginação; onde estávamos não podíamos ver o céu de maneira alguma, mas se fosse possível, o veríamos em tons foscos e dando adeus a grande estrela que nos acompanha durante o dia. 

Taehyung pegou sua mala, esta que estava no chão, e pôs-se a arrastá-la junto consigo, ao meu lado. Jimin repetia nossa ação, nos seguindo, e sorria largamente, realmente feliz por tudo ter dado certo. Entramos no carro do mesmo, sentindo o vento bater contra nossa pele ao ver que o veiculo estava em movimento. A mão grande do garoto que tanto amo não parava de me acariciar e sua boca não saia da minha;  não conseguíamos nos separar. Era um sonho que deveria ser vivido. 

Jimin, apesar de estar ocupando o espaço de vela humana, não interveio em nada. Não perguntou onde deveríamos ir, se era para casa, para um parque, para um restaurante ou uma lanchonete muito simples e cheia de frituras; não havia lugar ideal para estar, Taehyung estava ao meu lado, isso me fazia contente e satisfeito. Tendo seus lábios nos meus e, em seguida,  tendo minhas bochechas sendo acariciados por seus dedos longos, eram mais que suficiente.

Seu sorriso era de criança, a criança inocente e feliz que fora, e agora parecia ter pego essa fase novamente. Finalmente estou amando e sendo amado. 

Na verdade, sempre fui amado, só que eu não sabia disso - veje só que injustiça!  Nada mudou; ele continua sendo o céu, a faísca que queimava-me e aquecia-me, mas que desejo e aglomero que apenas me esquente; seja ora meu sol, ora meu céu.