História Improvável, o fio vermelho - Encontro na janela

Lucy Heartfilia

Não tenho palavras para descrever aquele beijo e eu estou às procurando já faz quatro dias. Vou enlouquecer! Não sei o que aconteceu. O porque aquele beijo aconteceu.

 Eu nem posso dizer que ela o roubou de mim, porque foi eu quem o conduziu e mesmo sendo meu primeiro beijo eu sabia perfeitamente o que fazer.

Mesmo tendo a sensação de que já conheço a boca dela, ainda assim foi uma primeira vez mais do que incrível.

O problema foi que depois do beijo eu literalmente expulsei a Lisanna da minha casa e fiquei a ignorando o resto da semana. Ela até tentou falar comigo, mas sempre que se aproximava eu saia de perto, ou fingia que não era comigo.

Caramba porque eu fiz isso?

Suspiro deixando o violino na base. Olho para os meus dedos, estou tocando tanto para tentar me acalmar que acabei ficando com os dedos machucados.

Levanto-me olhando o sanduíche natural deixado pela minha tia em cima da escrivaninha, eu não consegui jantar por estar muito ansiosa, não estar me alimentando direito nesses últimos dias deixa a tia Anna preocupada. Eu continuo trazendo problemas para ela.

Jogo-me na cama fitando o teto. Amanhã já é segunda, vou conseguir ignorar ela por mais um dia?

Eu não sei como agir.

Foi só um beijo certo? Não tenho que esperar nada.

Mordo o lábio, Levy disse que nunca viu a Lisanna ficando com ninguém, se isso for verdade aquele foi o primeiro beijo dela também. Mas não… eu não posso ser especial para alguém.  Eu odeio ela! Toda aquela perfeição, falta só ela sorrir e o dente dela brilhar igual as propagandas de pasta dental.

Pego o travesseiro e aperto na minha cabeça.

Chega Lucy! Para de pensar nela!

Aaaaah Deuses! Até aquele maldito cabelo rebelde não sai da minha mente! Ele me incomoda, aquela bagunça me deixa maluca, pelos  Deuses! Ela fica tão sexy.

O que eu estou pensando?

Lisanna Strauss você vai me deixar maluca!

Ok Lucy, pense em camaleões dourados! Pense em qualquer coisa que não seja aquela albina rebelde.

Escuto uma pedra batendo na minha janela. Levanto indo até lá para ver quem é o moleque sem noção que irei enforcar com meu chicote, mas me surpreendo em ver a albina Abro a janela encarando os olhos celestiais.

— Lucy… desculpa, eu… eu não queria… — Ela parece angústia e isso faz meu coração se apertar — Desculpa.

É claro que ela está preocupada com a forma que eu agi. Droga… eu sou uma idiota!

— Você sabia que tenho um celular ao qual você poderia mandar mensagem em vez de jogar pedrinhas na minha janela? — pergunto tentando manter o tom de voz baixo para não acordar minha tia.

— Eu sei… — Ela se aproxima e começa a escalar pela treliça de madeira.

— Ei! Vai acabar caindo e machucando! — falo em tom de repreensão, mas ela continua subindo até que chegue a minha janela, isso é idiotice e irresponsabilidade.

Mas tenho que confessar, estou feliz que ela esteja aqui. Sorrio. Agora que ela está perto de mim posso ver os dois novos piercings no lado direito dos lábios, duas pequenas argolas douradas que estão cruzadas.

— Baka. — Balanço a cabeça em negativo.

— Eu não queria te chatear… — Percebo que ela está enrolando a língua e a primeira coisa que passa pela minha cabeça é que está bêbada, mas não sinto o cheiro de álcool então descarto essa possibilidade — Desculpa… — O seus olhos celestes deixam claro sua preocupação.

Eu não sei o que dizer. Não sei o que pensar.  Odeio a Lisanna e  toda sua bagunça. Isso me incomoda demais. Porém, toda aquela ansiedade que eu estava sentindo foi embora quando eu a vi na minha janela.

Meu coração bate de uma forma animada quando está perto dela. Deuses… onde estou me metendo?

Olho para os lábios dela, e aqueles dois piercings a deixam ainda mais rebelde, me dando ainda mais vontade de beijá-la.

Coloco minhas duas mãos no rosto dela, olhando profundamente em seus olhos.

— Você não tem noção de como te odeio — falo dando um sorriso, e a expressão de confusão no rosto dela torna isso ainda mais interessante.

Aproximo devagar e selo meus lábios aos dela, de início ela fica surpresa, mas correspondeu meu beijo com a mesma intensidade. Ela abriu levemente a boca e posso sentir sua língua e nela sinto um pequeno pontinho metálico, afasto do beijo a encarando.

— Você colocou piercing na língua? — questiono e ela mostra a língua respondendo meu questionamento, agora está explicado porque ela está falando com a língua enrolada — Por quê? Colocou três de uma vez.

— Hãm, eu gosto, tinha tempo que queria, mas tava me faltando coragem. — Ela ri sem graça.

Rio também e sem perceber encosto minha testa na dela, nossos olhares se encontram e paramos de rir.

— Desculpa por ter agido daquela forma… eu não sei o que devo esperar, e não sei o que tô sentindo, quando falo que te odeio é verdade, mas quero você por perto. — Ela parece congelar com minhas palavras, acho que fui sincera demais, entretanto, prefiro dizer a verdade do que ficar com joguinhos — Desculpa, prefiro ser sincera do que…

— Fazer joguinho. — Ela completa minha fala colocando a mão no meu rosto — Eu te conheço há tão pouco tempo, mas…

— Tenho a sensação de que a conheço há milênios. — O sorriso dela indica que completei perfeitamente o que iria dizer — Também sinto isso.

O sorriso aumenta nos lábios dela, sua mão pousa delicadamente no meu rosto.

— E o que isso tudo significa? Quer dizer… — Coloco o dedo indicador nos lábios dela.

— Lis… eu preciso ir com calma…

— Saquei… mas pode parar de me ignorar? — pergunta séria.

Apenas afirmo e selo nossos lábios novamente em um beijo calmo,  com um pedido para irmos devagar..

— Te vejo amanhã no colégio. — Ela apenas afirma com um sorriso — Boa noite, Lisanna.

— Boa noite, Lucy.

Ela se despede e começa a descer, mas escorrega e cai de costas ao chão.

— Lisanna! — Quase grito.

— Itaiii… eu tô bem — fala se levantando, passando a mão atrás da cabeça indo em direção a moto, a qual ela sobe dando um sorriso para mim antes de colocar o capacete e ir embora.

Idiota! Fecho a janela. Olho o sanduíche em cima da escrivaninha, meu estômago ronca e vou até lá pegando-o e comendo. Toda a inquietação que eu estava sentindo, meus pensamentos turbulentos, tudo isso se foi.

 Deuses. Eu estou mesmo apaixonada por uma garota como a Lisanna?

A gente é o completo oposto. E ela é uma maga. Eu tinha que me apaixonar por uma maga?! Olho para cima, alguém aí não gosta de mim né. Eu joguei pedra no Olimpo na encarnação passada, só pode. Suspiro pesadamente, e passo a ponta dos dedos delicadamente pelos meus lábios que lentamente formam um sorriso ao lembrarem do sabor doce que Lisanna tem, um doce que só irei encontrar na boca dela.