Hinata tinha acabado de entrar no prédio quando viu Atsumu no parquinho. O loiro está junto das vizinhas deles, correndo atrás de uma menina. Hinata para onde está por um segundo, pensando se deve ir até lá.
Antes que chegue a uma conclusão, Atsumu lhe vê ali. Ele acena com um sorriso no rosto, diz algo para as duas mulheres e depois corre na direção de Hinata.
— Hey — comprimenta, se aproximando. — eu passei no seu apartamento mais cedo e não te encontrei lá.
— Eu estava no médico — Hinata responde.
— Tá tudo bem?
— Sim, foi só uma consulta de rotina que eu decidi parar de adiar agora que estou desempregado — sorri. — acho que você conseguiu resolver aquele problema.
— Consegui sim. Deixa que eu te ajudo com essas sacolas.
Hinata começa a dizer não, mas Atsumu não lhe dá ouvidos. Ele pega as sacolas das suas mãos e se dirige até o prédio, os dois atravessam o saguão e dão a sorte do elevador já estar ali.
Da última vez que se viram, suados e quentes pelo que tinham acabado de fazer, Atsumu acabou tendo que ir embora rápido por conta de algum problema com o irmão mais novo. Isso foi há dois dias e Hinata não teve notícias dele desde então.
Um misto de sentimentos o preencheu naquele meio tempo: preocupação, tristeza e uma sensação de abandono da qual ele se envergonha muito. Ele não queria, mas acabou se lembrando de quando Kageyama lhe deixava sozinho por dias e depois voltava como se nada tivesse acontecido.
São situações diferentes, mas que fazem Hinata se sentir do mesmo jeito. Ele se sente uma droga por isso.
Yachi o ajudou a lidar com tais sentimentos, a loira foi embora algumas horas atrás para lidar com problemas na delegacia, aparentemente o delegado Terushuma tinha sido assassinado.
— Tenho uma boa notícia para você — Atsumu diz enquanto ajuda Hinata a guardar as compras. — Já resolvi meus problemas com meus inimigos, então você pode voltar para o seu apartamento.
— Sério? — os olhos de Hinata brilham.
— Sim — assente. — você parece bem feliz, não gostou desse apartamento?
— Gostei, mas todas essas coisas caras não são para mim. Eu me sinto um sangue suga usufruindo desse seu apartamento — Torce o nariz. — mas amei a geladeira com água na porta. — Pega um copo de vidro no armário e o coloca no dispenser de água.
— Você pode levar ela pra casa se quiser.
— Definitivamente não! — Hinata nega após beber água. — Pare de me oferecer presentes!
— Mas é inevitável — Atsumu faz bico.
— Aprenda a evitar!
Atsumu ri. Ele dá a volta na bancada da cozinha e para ao lado de Hinata, ainda com um sorriso no rosto.
— Eu posso te oferecer um convite ou você vai recusar também?
— Depende do convite.
— Eu vou dar uma festa na boate hoje, um negócio só para os mais chegados. Tá afim?
— Por que você tá me convidando se é só para os chegados?
— Por que eu tô dando em cima de você, Hinata! — Atsumu responde, como se fosse óbvio. — eu quero beber contigo, dançar e depois vir pra cá fazer uma baguncinha. — conta sorrindo.
"Então é isso que as pessoas fazem quando gostam de alguém" Hinata pensa consigo mesmo. Ele não consegue deixar de sorrir.
— Posso levar a Yachi? — pede.
— É claro — dá de ombros. — A festa começa às 20h, eu passo aqui para te buscar.
— Certo.
Eles ficam parados em silêncio, Atsumu está com as costas apoiadas na bancada e Hinata debruçado sobre ela. O ruivo olha para Atsumu sem saber exatamente o que quer fazer, mas ele sabe que quer fazer algo.
— São 16h ainda — Hinata divaga, olhando o relógio na parede. — A gente podia fazer alguma coisa até às 20h.
Atsumu observa Hinata se aproximar, ele se afasta da bancada e tenta tocar Atsumu. Quando o loiro percebe isso, ele desvia rápido.
Foi uma reação automática, quase como se sua pele repelisse qualquer toque. A confusão e a tristeza na face de Shouyou foram evidentes.
— Desculpa! — Atsumu pede, percebendo o que fez. — eu não queria… não foi… você não-
— Tá tudo bem, Atsumu — Hinata abaixa as mãos.
— Não, não tá tudo bem — Atsumu suspira. — eu tinha vencido essa merda há anos, não lembro quando foi a última vez que eu impedi alguém de encostar em mim! — cobre o rosto, voltando a se apoiar na bancada. — me desculpa.
— Não precisa se desculpar, eu entendo — Hinata diz. — você não me deixa te tocar e eu acho que não mereço seu amor. Estamos no mesmo barco.
— Um barco lamentável.
— Um barco onde estamos por culpa de outras pessoas — Hinata acrescenta. — Não estamos aqui porque queremos.
— Você parece um psicólogo falando assim.
— Talvez eu vire uma agora que estou desempregado — Shouyou considera.
— Sério?
— Não — ri negando com a cabeça. — Meu negócio é ser policial, nada além disso — sorri, olhando para Atsumu.
O loiro retribui o sorriso. Hinata fica mil vezes mais bonito quando fala das coisas que gosta.
— Você quer ver um filme? — ele oferece. — Eu fico no meu canto e você no seu.
— Parece uma boa — Atsumu aceita. — posso escolher?
— É claro — Hinata responde, se afastando da bancada.
Os dois deixam a cozinha, indo para a sala de estar.
[...]
A boate está mais vazia do que o normal, mas com a mesma animação de sempre. Garçons desfilam de um lado para o outro com bandejas nas mãos e pessoas preenchem a pista de dança, fazendo passos desajeitados porém no ritmo da música.
A festa acabou de começar, Atsumu e Hinata chegaram juntos, porém o loiro se afastou por um momento para brindar com os amigos. Hinata ficou no bar com Yachi enquanto os mais velhos bebiam e falavam sobre algo.
— Tudo bem entre vocês? — Yachi indaga ao lado dele, se movendo no ritmo da música. A festa vai ser um open bar e a loira já está usufruindo disso.
— Sim, na medida do possível.
— Isso é bom?
— É o que a gente consegue fazer por enquanto — olha para o loiro, ele está rindo de algo. — Quem foi que inventou os traumas? Essa é a coisa mais desnecessária do mundo!
Assim que Hinata para de reclamar, uma taça é colocada na sua frente, sobre o balcão do bar. Faz tempo que ele não vai ali, mas ainda não esqueceu da aparência do drink Criminal.
— O Atsumu mandou isso para você — o barman diz, empurrando o drink para Hinata.
— Obrigado — Hinata agradece, foi assim que a história deles começou, isso se ele desconsiderar aquele sequestro estranho. — você pode-
A voz de Hinata morre na garganta quando observa o rosto do barman. É ele. Sakusa Kiyomi. O ex namorado de Atsumu. A última vítima de Kageyama.
— Obrigado, Omi — a voz de Atsumu tira Hinata se seus devaneios. Hinata iria pedir para Sakusa fazer um Criminal para Atsumu também, mas o loiro já está com um na mão.
— De nada — Sakusa diz antes de se afastar, os olhos dele param em alguém na multidão e ele sorri por baixo da máscara, indo na direção da pessoa.
Hinata o acompanha com os olhos. Sakusa sai do bar e vai para a pista de dança, onde abraça um homem. Os olhos de Hinata se arregalam quando ele vê que o homem é Ushijima Wakatoshi, seu ex-colega de trabalho.
— Hinata, eu vou no banheiro — Yachi avisa, ela coloca o próprio celular no bolso de Hinata antes de sair.
— Ei — Atsumu lhe chama. — você não colocou ele nesse barco.
— O que? — Hinata franze o cenho.
— Você disse isso hoje de tarde, sobre nós estarmos em um barco onde não entramos por vontade própria — o loiro explica. — não foi você que colocou o Sakusa no barco dele.
— Como você sabia que eu estava pensando nisso?
— Você finge mal, seus olhos transparecem tudo o que você sente — o Miya dá de ombros. Um garçom passa por eles carregando uma bandeja com petiscos e Atsumu a pega, sorrindo para o garçom. — come isso aqui, tá uma delícia.
Hinata aceita e enfia um dos petiscos na boca, aquilo é realmente delicioso e fica melhor ainda acompanhado pelo drink de maracujá.
— Atsumu — Hinata chama em um tom intrigado, apontando na direção de duas mulheres. — aquela ali dançando com a minha vizinha é a prefeita?
— É — Atsumu ri, olhando naquela direção. Kenma e Akaashi estão dançando juntas, a primeira vestindo um vestido vermelho e a segunda, um vestido preto. — ela é minha sócia — sussurra, como se fosse um segredo, e realmente é.
— Meu deus — murmura, surpreso. — todos aqui são seus parceiros do crime?
— Exatamente. Todos, menos você — segura o queixo de Hinata e beija a boca dele. — você é o meu parceiro de filmes românticos.
— Ainda não acredito que você me fez assistir 10 coisas que eu odeio em você — Hinata comenta, se referindo ao filme que viram naquela tarde.
— E vou te fazer ver High School Musical da próxima vez — cantarola, se afastando do rosto do ruivo para beber os últimos goles do drink em sua mão.
Uma pessoa chama Atsumu e o loiro se afasta, dizendo para Hinata que volta logo. Enquanto ele sai, Yachi volta.
— Meu casal é tão lindo — ela debocha.
— Yachi — Hinata se vira para a melhor amiga. — Você sabe chupar uma boceta?
— É claro que sei, sei chupar tudo o que dá pra por na boca — ela responde, pegando alguns petiscos da bandeja sobre o balcão. — Quer um tutorial?
— Sim.
Yachi para de mastigar e olha para Hinata com o cenho franzido, o que faz ele corar. O ruivo tenta consertar a situação:
— É que eu não tenho a mínima ideia de como se faz isso, no momento o Atsumu não parece pronto pra deixar eu tocar ele, mas se um dia estiver pronto eu quero fazer ele se sentir bem, sabe? — explica, envergonhado. — meu Deus, que vergonha! — exclama quando Yachi começa a rir.
— Tá tudo bem, Shou, eu vou te ensinar a teoria, mas você só vai aprender mesmo quando for praticar, okay? — Hitoka diz, segurando o riso.
— Okay!
— Vem cá, preciso retocar a maquiagem e minha necessaire ficou no meu carro — Yachi chama, começando a se afastar do bar.
Hinata termina seu drink antes de seguir a loira, ele avista Atsumu no meio do caminho e sinaliza para ele, mostrando que vai dar uma saída.
Enquanto Hinata não volta, Atsumu conversa com Osamu, que não está se divertindo.
— Tá pensando naquilo ainda? — Atsumu suspira ao ver o irmão quieto. Osamu não responde, ele nem precisa.
Assim que as coisas com Katsu se resolveram, Atsumu correu de volta para o irmão. Eles se abraçaram, se certificaram de que estavam bem e depois Osamu disse um nome: Rintarou. Segundo o gêmeo mais novo, o garçom por quem ele tinha se apaixonado era na verdade um Suna que estava fugindo da família.
Ouvir aquela história não agradou Atsumu nenhum pouco, pensar em alguém com o sobrenome Suna vivo lhe deixava enjoado, mas ele fez um esforço pelo irmão. Osamu disse que Rintarou era o único filho do antigo chefe Suna com a esposa dele, Atsumu já tinha o poupado uma vez e iria fazer isso de novo pelo irmão.
Rintarou nasceu em berço de ouro, porém em uma família que não iria se esforçar para lhe entender e com um pai que não o via como homem. Ele era uma versão mais rica de Atsumu e Osamu.
O Miya mandou pessoas procurarem por Rintarou, mas até agora nada. Essa demora está deixando Osamu inquieto.
— Nós vamos encontra-lo, não importa onde o Katsu tenha escondido ele — Atsumu promete, abraçando os ombros do irmão e beijando a testa dele.
Osamu assente. As luzes da boate mudam de cor, ficando vermelhas. Isso quer dizer que uma apresentação de pole dance está prestes a começar.
As pessoas se reúnem em volta do palco circular onde a barra está posicionada. Uma música de suspense começa a tocar e um homem entra no palco, desfilando até a ponta. Ele sorri para todos, especialmente para sua esposa.
— GOSTOSO! — Kenma grita na platéia, aplaudindo o marido.
Kuroo manda um beijo para ela, antes de tirar uma venda de seda de algum lugar, provavelmente de um bolso escondido em seu shorts muito apertado. Ele amarra a venda atrás da cabeça enquanto Crazy in love começa a tocar.
Todos estão assistindo a performance com olhos atentos, em certos momentos a plateia vai ao delírio e em outros todos ficam impressionados com os movimentos de Kuroo. Notas de dinheiro caem no palco ao redor da barra, sendo pisadas pelo salto alto de Kuroo.
— É impressionante — uma voz comenta atrás de Atsumu, ele vira o rosto para o lado e vê que é Kita.
— Realmente.
— Você costumava fazer pole dance uns anos atrás, se lembra?
Atsumu franze o cenho, sem entender porque Kita está falando daquilo. Ele assente mesmo assim.
— Você estava fazendo uma performance naquele dia — Shinsuke continua falando. — tinha dinheiro voando para todo lado enquanto as pessoas enchiam a barriga com a comida que você envenenou.
— Por que nós estamos lembrando disso? — o Miya questiona.
A performance chega ao fim, Kuroo está de joelhos no chão e retirando a venda. Ele sorri enquanto ofega e pega algumas das notas ao seu redor. Kenma se aproxima do palco, dizendo algo que Atsumu não consegue ouvir e puxando o elástico do shorts do marido para colocar dinheiro ali dentro.
— Acho que é uma situação semelhante — Kita volta a falar quando as pessoas param de gritar e bater palmas. — Agora nós temos uma grande quantidade de criminosos juntos, um show de pole dance e comida envenenada para todos os lados.
— O quê? — Atsumu se vira para trás, observando o sorriso cínico de Kita.
— Eu vi que você adorou os petiscos, assim como todos aqui — ele continua falando. — acho que vocês todos tem apenas alguns minutos antes de começar a fazer efeito. — sorri. — não se preocupe, eu e o Aran vamos cuidar de Takahoma depois que você morrer!
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.