1. Spirit Fanfics >
  2. Inachevé >
  3. Pequeno Milagre

História Inachevé - Pequeno Milagre


Escrita por: PJ_Redfield

Notas do Autor


Boa tarde, meus amores ^^
Prontos para mais dessa delícia que é CLAIERS???
E hoje... Vamos conhecer as crianças Redfield's uhuuuuuuuulll \o/ \o/ \o/
Espero que gostem!
Boa leitura...

Capítulo 28 - Pequeno Milagre


Fanfic / Fanfiction Inachevé - Pequeno Milagre

* * * Claire –Redfield’s House – 14 de julho de 2013 – 09:15 a.m. * * *

 

Confesso que eu estava adiando este momento, não porque eu não queria que soubessem ou porque a notícia não tinha me ajudado a continuar a viver, mas porque eu sabia, que mesmo sendo algo feliz, ao mesmo tempo, era algo que não conseguia não trazer a dor e a infelicidade junto.

É um bebê... Nosso filho.

É uma alegria que mal cabe em meu coração.

Porém, meu coração está em pedaços e os pedaços, já feitos em migalhas, não sobrando muito para dar espaço a felicidade. Mas eu sabia que se existia alguma coisa no mundo que pudesse me ajudar a TENTAR seguir em frente, era o pedacinho dele que agora vive dentro de mim. Nosso 1%, o fruto do nosso amor, nosso pequenino que enfrentou todas as dificuldades possíveis e conseguiu, mesmo com todos dizendo ser quase impossível, ele conseguiu existir.

E isso é maravilhoso... Mas... Ainda dói.

Tudo ainda queima, as lágrimas vêm facilmente e às vezes continuo a me sentir um nada, porém, agora eu não estava mais sozinha. Por mais que a dor e a saudade atrofiassem minha alma, eu não precisava mais encarar tudo aquilo sozinha e por mais que minha consciência quisesse me fazer cair no chão e ficar, eu não podia... Porque há um serzinho dentro de mim que só tem a mim agora. Ele depende de mim para tudo e não posso de maneira alguma desistir dele e se eu desistir de mim, será como se desistisse do meu bebê também.

Então, por mais que doa... Preciso seguir.

Não sei direito para onde, mas preciso sobreviver por ele.

Por nosso filho, nosso bebê, ele precisa de mim mais do que nunca.

E por mais que eu saiba que esta nova vida dentro de mim trará um pouco de conforto a todos que sofrem pela ausência do seu pai... Sei que também todos sentirão dor por saber que esta criança nascerá já órfão, sem a presença do pai que certamente seria o melhor do mundo. Um pai que já queria tanto um filho que acho que apenas por esse desejo, deu força para esse pequenino resistir e lutar para ter uma chance de viver.

E eu ainda nem sei se é menino ou menina.

O Piers queria dois de cada ou mais, então... Júnior ou Juniara?

Sorrio de leve com o pensamento, mas permaneço sentada no carro, acariciando com cuidado minha barriga que agora eu sentia claramente a curvatura se formando com minha pequena criaturinha ali dentro. Abaixo os olhos na direção e coloco a outra mão sobre, tentando sorrir mais um pouco.

-- Você veio para me salvar, não foi? Porque sem você, eu não teria razão alguma para seguir em frente, mas você... Sem dúvidas é um anjo que seu pai me mandou com esse objetivo.

Fecho meus olhos tentando imaginar nosso bebê sorrindo e faço o mesmo, mas ao sentir meus olhos começarem a marejar, desvio e respiro fundo. Não quero chegar já assim ou vai virar mais choradeira do que já será.

-- Certo... Vamos conhecer seus tios? Outro dia vai conhecer seus avós, mas acho que é melhor eu começar pelos tios e primos, eles vão ficar felizes de te conhecer, sendo Júnior ou Juniara. Vamos?

Abro a porta do carro e saio a passos lentos, já vendo a imagem entristecida do Endrick encarando o céu pela janela. Seus olhos pareciam marejados e ele brincava distraído com o detalhe do sofá.

Sorrio com a saudade dele apertando no peito também e ao olhar em minha direção, aceno, mas... Ele arregala os olhos e sai correndo dali. Meus pés param automaticamente.

Ué, mas o qu...?

O que eu fiz de errado?

Ele nunca fugiu de mim, então...?

Mas ao ver a porta principal se abrir com o Chris aparecendo com uma expressão de surpresa, tento sorrir, ainda sentindo os músculos do rosto doerem por fazer isso, mas precisava mostrar que estava... “Bem”.

-- Claire? Por que não atendeu minhas ligações?

-- Porque eu tinha planos de vir aqui mesmo, então...

-- Eu estava quase indo de atrás de você, aconteceu alguma coisa?

Quando os braços dele me alcançam, o abraço forte e aproveito cada segundo do carinho dele. E parecendo perceber minha necessidade de carinho naquele momento, ele me abraça mais forte e respiro fundo em seu peito.

-- Estava com saudades...

-- Eu também, irmã... Como você está?

-- Precisava vir... Contar sobre... – Minha boca para.

-- Aconteceu alguma coisa?

-- Sim, mas... Vamos entrar? Eu conto lá dentro.

-- Sim, vamos sim, venha.

Ele continua com os braços ao meu redor e eu caminho ao lado dele até entrarmos na casa. Vejo a Sophie brincando no chão da sala com suas bonecas e vou até lá dar um beijo em seus cabelos, mas com o sorriso doce dela em minha direção já estendendo os bracinhos pequenos para mim, a pego no colo e por um momento, imagino que daqui há alguns meses, será o meu... Ou a minha.

-- Cár! Cár!

-- Sou eu, meu amor...

Abraço seu pequeno corpinho e ela retribui, brincando com meu cabelo.

-- Pies! Pies! Pies!

É, eu imaginei...

E mesmo vendo o olhar sem jeito do Chris ao ver quem a pequenina pedia, afasto um pouco o rosto, percebendo os olhos dela em direção a porta como se procurasse ele ali. Mas sorrio sentindo a dor apertar mais forte e acaricio sua bochecha vendo o sorriso dela desaparecer.

-- Ele não veio, meu amor...

-- Pies... Pies?

-- Não... Ele não está aqui.

A dor vem com tudo... Queima, destrói.

Mas “algo” dentro de mim tenta dizer que tudo vai ficar “bem”.

Então respiro fundo e enfim vejo a Jill aparecer, fechando a porta do Endrick de atrás dela tentando ao máximo esconder a expressão preocupada. Ela sorri e me abraça, mas eu já sabia que algo não estava certo.

O que é que deu nele?

Será que ele está bem?

Está chateado comigo ou...?

-- Claire, que bom que veio!

-- Jill... Ah, cadê o Endrick? Impressão minha ou ele fugiu de mim?

Me afasto em forma de piada, mas ao ver o olhar que ela troca com o Chris, percebo que joguei verde e sem querer colhi maduro. Então ele está SIM fugindo de mim. Mas não faço ideia do porquê, afinal, ele era o primeiro a pular para fora da porta e vir me receber quando eu estacionava o carro na frente da casa.

O que eu fiz para ele adotar esta atitude?

-- O que aconteceu, Jill?

-- Ah, nada... Impressão sua.

-- Impressão minha ele me ver pela janela e correr assustado?

Ela desvia e sorri tentando disfarçar, me puxando parra sentar no sofá e noto que o Chris senta tentando fazer o mesmo. Mas olho desconfiada para os dois me perguntando o que seria de tão grave para eles nem ao menos conseguirem disfarçar de forma digna e aceitável.

-- Como você está, Claire?

-- No momento sem entender porque vocês não me respondem.

Jill desvia e noto mais uma troca de olhares entre os dois.

-- Qual é, gente... Sério que vão me tratar como se eu não estivesse vendo a expressão torta de vocês, os olhares sem jeito e a alta necessidade de mudar de assunto? O Endrick é meu sobrinho e é claro que há uma razão para ele estar me evitando, parem de tentar miseravelmente esconder isso de mim porque não está dando certo.

Outro olhar, até um suspiro prolongado do Chris.

-- Ele não está bem, Claire...

-- Por quê? Aconteceu alguma coisa?

-- Sim, aconteceu... É por causa do Piers.

O nome acerta em meu peito como uma espada.

Mas desvio fingindo esconder bem e sou sincera ao mostrar incompreensão.

-- Como assim?

-- Sabe que o Endrick nunca foi a melhor criança do mundo com o Piers por birra e ciúmes de você, mas... Ele gostava, tentava esconder, mas ele gostava. E quando contamos sobre o que aconteceu... – Jill para.

-- Ele ficou triste com o que houve? É normal, mas...

-- Ele se culpa, Claire.

Chris finaliza e um baque ainda maior me acerta.

Mas por quê? Meu Deus, ele é só uma criança...

-- Como assim, Chris?

-- Ele se culpa porque sabe que infernizou vocês e acha que você o odeia agora por causa de tudo o que ele fez... E também sente falta do tio. Ele não está dormindo direito e acorda aos gritos, chora o dia todo e quando te viu, ficou com medo de te encarar por isso tudo.

Não, Endrick, meu Deus...

-- Não acredito nisso, ele não merece essa culpa.

-- É o que estamos tentando dizer a ele, mas até agora não tivemos sucesso.

-- O Pi... – Parei, dói demais – Nunca odiou o Endrick, ele sempre soube que era birra de criança, então jamais o Endrick pode sequer cogitar a possibilidade de se sentir culpado. Nunca.

-- Sim, sabemos, mas...

-- Eu vou falar com ele, deixem comigo.

-- Não sei se é uma boa ideia, Claire... – Jill desvia.

-- Deixa ela falar com ele, amor... Se tem alguém que o Endrick sempre ouviu foi ela e agora com toda essa situação, realmente só a Claire para mostrar a ele que isso é bobagem e que não está brava com ele. Deixe que ela vá.

Chris fala carinhoso e estende a mão gentilmente para ela que sorri, desta vez trocando um olhar amoroso e atencioso. Mas notando a dor que aquele “simples” momento causava em mim, desvio deles e levanto do sofá.

-- Vou lá falar com ele...

-- Boa sorte.

Saio apressada em direção a porta me sentindo um monstro por tudo aquilo. Sei que não fiz nada, mas se tivesse tentado conversar mais com o Endrick ou sei lá... Enfim, não é justo uma criança carregar um fardo tão pesado e horrível desses nas costas.

Coloco a mão no trinco e abro devagar, já podendo ouvir o choro baixo dele no quarto. Empurro a porta devagar, vendo ele na cama, encolhido, com o rosto escondido entre os braços. Meu coração se parte com aquela cena e fecho a porta de atrás de mim, andando devagar até ele e sentando ao seu lado.

Quando percebe isso, ele limpa os olhos e vira para mim, mas assustado ele arregala os olhos outra vez e se apressa em sair da cama, só que sou mais rápida pegando em seu braço com cuidado para não machucá-lo e me dói a alma notar que ele afasta o máximo que pode o rosto de mim.

-- Endrick, sou eu, a tia Claire...

Não que isso vá ajudar, mas...

-- Endrick, olha para mim... Olha para mim.

Me ajoelho diante dele esperando por uma resposta e quando lentamente ele decide virar o rosto em minha direção, me dói ainda mais ver seus olhos inchados e expressão de tristeza. Porém, antes de eu pensar no que dizer, ele pula em meus braços me abraçando e retribuo gentilmente, mas ao ouvir ele voltar a chorar, mais forte que antes, o aperto em meus braços já sentindo meus olhos querendo acompanhá-lo e meu coração arder outra vez.

-- Endrick, está tudo bem... Tudo bem....

-- Me desculpa, tia... Por fav-vor, me desculpa...

-- Endrick, meu Deus, pare com isso, você não tem culpa de nada!

-- Não, é c-culpa m-minha, me desc-c-culpa, t-tia...

Ele me abraça mais forte e o puxo para o meu colo o levando de volta para cama aos prantos e mesmo sempre sabendo lidar com ele, neste momento eu estava apavorada em pensar que não sabia nem por onde começar. Sei que sou a última pessoa que servirá para consolar alguém, ainda mais por causa DISSO, então... Deito na cama com ele ao meu lado e acabo chorando junto com ele.

 

* * * Claire – Claire’s House – 12 de agosto de 2011 – 19:43 p.m. * * *

 

Sim, eu confesso.

Eu jurava que ele ia me ligar assim que o horário de trabalho dele terminasse.

Mas o dia acabou, esse começou e o sol já está quase desaparecendo e ainda estou encarando o meu celular com a cara mais feia possível, me perguntando onde que eu errei desta vez. Dei meu número e deixei MUITO claro que queria que ele ligasse e que SIM, queria sair, queria tomar café e queria passar mais tempo com ele.

E por mais que eu tenha sentido meu corpo inteiro ruborizar, ADMITI QUE FUI LÁ DE ATRÁS DELE! Eu nunca imaginei que teria essa coragem e tamanha cara de pau, mas eu fiz! Eu disse com todas as letras!

ENTÃO POR QUE AINDA NÃO ME LIGOU?

SERÁ QUE FICOU RINDO DE MIM DEPOIS QUE SAÍ?

ME ACHOU MUITO DESESPERADA OU NÃO ME PERDOOU?

Droga... Talvez ele tenha medo que eu surte de novo e o mande embora outra vez. E não o culpo, mas garanto que não acontecerá de novo. Quem sabe ele percebeu que realmente estou na dele e notou que, sei lá, não sou bem eu que ele quer. Talvez a modelo de capa de revista enfim o amarrou.

Eu não sei... Não sei.

Devo ter assustado ele ou... Não sei.

Mas eu tinha certeza de que hoje seria um dia em que estaria sorrindo à toa.

E olha só para mim agora... Afundada no sofá, pacotes vazios de salgadinhos para todo lado e casa virada na bagunça, porque estava “ocupada” demais esperando uma ligação para não lavar nem ao menos a louça do dia. Em minha rotina normal isso jamais aconteceria, mas quem disse que com Piers Nivans na minha vida, quero uma rotina normal? E de qualquer forma, não tem como ele aparecer do nada na minha porta, então tudo bem.

Quem liga para bagunça?

Hoje, nem eu.

-- Você tem uma nova mensagem em sua caixa de mensagens eletrônica...

Quando meu celular bipa sozinho por essa mensagem, dou um salto no sofá me atrapalhando toda com os dedos para colocar para rodar. E ao começar, espero com o coração disparado.

-- Você não continua jogada no sofá esperando, não é!?

INEZ? FALA SÉRIO!

Largo o celular no canto falando sozinho e me jogo no móvel outra vez.

-- Relaxa, ele vai aparecer... Acha que vai perder uma ruiva dessas? Nem em sonho, ele sonha com você ainda mais do que você sonha com ele.

Impossível...

-- Toma um banho e dá uma ajeitada na cara, porque nunca se sabe... E se não me obedecer, não vá dizer mais tarde que não avisei! Ah e outra coisa, temos que marcar aquele rolê no shopping, pensa que me esqueci? Aposta é aposta e você perdeu... Sei que vai me agradecer mais tarde.

Aposta meio com falta de caráter, mas tudo bem...

Tenho que concordar com ela – sem dizer isso em voz alta – que preciso dar uma repaginada. Minhas roupas são muito sérias e formais demais, não quero que pensem que o Piers está com a irmã, prima ou tia dele... Credo.

-- Vê se me ouve! Amanhã apareço aí para... Saber os detalhes.

Mas do que é que ela está falando?

-- Tchauzinho, ruiva!

Ela desliga e estreito os olhos.

Ela sabe que já estou boa o suficiente para cometer um assassinato e esconder o corpo sozinha, então... O que é que está tramando? Se bem que, vindo da Inez, ela sempre está tramando algo e/ou falando coisas estranhas mesmo.

Levanto do sofá, me arrastando até o armário para pegar outro pacote de salgadinhos, olhando pela janela mais um dia acabar e eu ainda ali na fossa e na seca total.

E se ele não ligar? E se ele desaparecer?

Acho que assim eu ia me desiludir de vez da raça masculina.

Mas não, ele... É diferente. Sei disso.

Fico ali, sonhando com ele e imaginando meu celular tocar onde seria ele me dizendo para marcarmos um café para amanhã porque não aguenta mais de saudades de mim como eu não aguento dele. Mas nada... Silêncio. A não ser pelo som de um carro parando na minha rua e barulhos no meu jardim.

Quem pode ser?

E então alguém bate na porta.

Cara, não quero visitas, minha casa está um cocô. E eu também.

Mas largo o salgadinhos sobre a mesa e vou até a porta, passando os dedos pelo cabelo para ao menos me sentir um pouquinho apresentável. E quando abro a porta... Sou atacada por alguém que pula em meu colo.

-- TIA CLAIRE!

-- Endrick, que saudades!

-- Não deu para segurar mais tempo ele lá em casa...

O abraço mais forte e sorrio para o Chris com a Jill que trocam um olhar.

-- Ele vai te dar trabalho hoje, hein...

-- Posso ficar aqui, tia? O papai vai levar a mamãe para jantar!

-- Claro que pode, meu amor!

-- Ebaaaaaa!

Ele comemora em meu colo e me abraça mais forte, comigo fazendo um sinal para eles entrarem embora tivesse me esquecido da situação da minha casa. E embora a Jill não ligasse porque havia aprendido que com duas crianças – principalmente quando uma é o Endrick – , era impossível manter uma casa limpa.

E eu, bom... Não tenho crianças, mas... Bom... Dane-se.

-- Puxa, passou um furacão aqui, hein!?

Meu irmão não perde a chance de me zoar, claro...

-- Não estava a fim de faxina hoje.

-- Ótimo, porque o Endrick ia revirar tudo mesmo...

-- Chris!

Jill o repreende e ele revira os olhos rindo.

-- Verdade, esqueci, com a “tia Claire” ele é de dar inveja em anjos...

Ela estapeia o ombro dele que ri ao estender os braços para o Endrick.

-- Vem cá, garotão!

Ele pula no colo do pai que o pega fingindo pesar.

-- Não devia ter te dado aquele chocolate escondido no almoço...

-- Como é que é? CHRIS!

Jill o repreende e ele nota a bobagem que falou, saindo dali de fininho apenas a olhando de canto enquanto brinca de aviãozinho com o Endrick que ri sem parar. Rimos ao observá-los, mas quando a pequena Sophie se move no colo da Jill abrindo os olhos castanhos e sorrindo ao me ver, estendo os braços para ela que dá aquele risinho gostoso ao sentir meus braços.

-- Ela vai ficar também?

-- Não, imagina, não quero te dar tanto trabalho... O Endrick pediu muito para vir e como o Chris queria me levar para jantar, unimos os dois, mas não deu tempo de avisar, me desculpe. Tudo bem para você?

-- Claro que sim, sabe que adoro ficar com ele!

-- Ótimo... Eu coloquei o vídeo game dele na bolsa para te dar menos trabalho.

-- Imagina, Jill! Vamos nos divertir muito como sempre...

Sophie ri em meu colo e viro para ela dando beijinhos nas mãozinhas que tentavam alcançar meu rosto. Que saudade dessa pequenina... O Chris, a Jill e essas duas crianças são minha família, então quanto mais tempo ficar com eles, mais feliz eu me sinto.

-- Tem certeza que não quer deixá-la aqui?

-- Sei que o Endrick já te dá trabalho sozinho...

-- Sim, mas... Deixem os dois aqui, saia apenas você com o Chris para ter o momento de vocês. De verdade mesmo, não me incomodo, pelo contrário, fico muito feliz de ter os dois me fazendo companhia.

Sophie se remexe para levantar e fica em pé no meu colo, esperneando para ir para o chão. Mas quando a coloco, ela agarra minhas duas mãos, tentando se equilibrar, só que ainda as perninhas dela não tinham força para isso com apenas minha própria força a mantendo em pé.

-- Vamos nos divertir muito... Não é mesmo, Sophie?

-- Quem é a princesa do papai, hein!?

Chris se aproxima deixando o Endrick esticado no chão ofegante e a Sophie se desmancha em sorrisos ao se esconder na minha perna. Ele se aproxima ameaçando pegá-la e ela grita, cheia de risos na direção dele.

-- Quem é a minha bonequinha linda, hein, meu amor? Vou pegar!

Ele avança para as minhas pernas para pegá-la e ela grita aos risos com ele a abraçando e a enchendo de beijos, fazendo eu e a Jill rirmos... Se existe um pai mais babão e amoroso que o meu irmão, não pode ser desse planeta. Não é possível ter tanto mel assim no mesmo lugar.

Mas nisso, o Endrick levanta do chão e pula nas costas dele o desiquilibrando o fazendo cair, mas com todo o cuidado para não machucar a Sophie que ria descontroladamente sentada no peito dele.

-- Jill... Socorro...

Chris fala e Jill ri ao ver a cena.

-- E então, tem certeza que se vira sozinha com eles?

Ela pergunta para mim e eu rio ao concordar.

-- Pode deixar, eu me viro sim!

-- Ótimo, vamos, grandão?

Ela vira para ele me fazendo acompanhá-la e vemos ele encher os dois de cócegas e os três rindo como completas crianças, então a Jill abre a porta o ameaçando e ele levanta com os dois no colo.

-- Vamos antes que fique tarde.

-- A princesinha vai ficar com a tia Claire também, vai?

-- Cár!

Ela fala ao olhar para mim e a pego no colo.

-- É Claire, amor... Mas tudo bem, sei que é difícil.

-- Cár!

Rimos com ela, mas quando vê a Jill ameaçando ir embora, estende os braços para ela choramingando e a mãe a pega rapidamente a ninando e a abraçando forte em seus braços.

-- Mama!

-- Ei, meu amor... Mamãe e papai logo voltam, tudo bem?

Endrick corre para ela também a abraçando pela cintura e a Jill ri.

-- Logo voltaremos, ajude a tia Claire a cuidar da sua irmã, tudo bem?

-- Pode deixar, mamãe!

-- E se comporte ou não te trarei mais, ouviu?

-- Sim, eu prometo, mamãe!

-- Ótimo... Até mais tarde meus amores!

-- É sempre assim, nunca eles me querem nas despedidas, é só “mamãe” e “mama” para todo lado, “papa” e “papai” é só na hora de comer ou de ganhar chocolate escondido.

Eu rio com o Chris inconformado e o Endrick ri, pulando no colo dele outra vez e a Jill o olhando de canto enquanto dá um último beijo na filha e a entrega para mim que ajeito um dos cachinhos dela para longe do rosto.

-- Verdade, conversaremos sobre isso no caminho, Chris Redfield.

-- Oh-ow... Vá com a sua tia, vá e não destrua nada.

-- Vou ensinar a tia Claire a jogar o game novo que ganhei!

-- Ótimo, mas só taque fogo dentro do jogo, ok!?

-- Pode deixar, papai!

Ele o coloca no chão e o pequeno pega a bolsa com a mãe dando um último abraço nela e correndo para agarrar minha cintura. Me despeço do casal que sai feliz, mas antes de entrar no carro, abanam e gritam de lá.

-- QUALQUER COISA, NOS LIGUE!

-- PODEM DEIXAR! TENHAM UM BOM JANTAR E NÃO SE PREOCUPEM!

Eles entram no carro e somem de vista, me fazendo fechar a porta e receber outro abraço apertado do Endrick que tinha um sorriso de orelha a orelha no rosto me fazendo formar o mesmo no rosto, já que se tinha alguém no mundo para me fazer sorrir agora, era ele.

-- Obrigado por me deixar ficar, tia!

-- Imagina, Endrick... Estou feliz que veio! O que vai querer comer?

-- Bolo de chocolate!

-- Isso não é bem um jantar...

-- Mas fez um para mim na última vez!

-- É verdade... E sou tia, meu dever não é educar, é mimar.

-- SIM! BOLO DE CHOCOLATE!

-- Ótimo, mas vai me ajudar! E não conta para sua mãe!

-- Ebaaaaaa!

Ele comemora e me acompanha até a cozinha, sabendo exatamente quais travessas pegar e onde estavam. O ajudo pegando alguns ingredientes e deixando a Sophie brincando sobre o tapete ao meu lado, mas entre os risos e piadas, eu notava que farinha e fermento se espalhavam “magicamente” pela minha mesa, pia e cozinha, mas como amanhã não tenho compromisso mesmo... Não é problema.

E agora sim tenho a desculpa de “crianças em casa”.

-- Mamãe vai ficar louca se souber do bolo!

-- Por isso mesmo você não vai contar ou seremos dois que vamos apanhar!

-- E o papai... Ele sempre me dá chocolate escondido!

É... Acho que o Endrick tem um certo controle sobre os Redfield’s mesmo.

-- Dedurando seu pai, hein!?

-- Ele quem contou para mamãe!

-- Me passa a farinha, linguarudo!

Ele ri e alcança o pacote para mim.

-- E agora, o que vai?

-- Ah... Leite?

-- Sim, passa para mim. E agora?

-- Ovos! Deixa eu quebrar!

-- Nada disso, a última vez que tentou, voou ovo para todo lado menos para o lugar certo, então deixa essa parte comigo mesma.

-- Acho muito injusto!

-- Injusto é eu tendo que limpar o chão depois...

-- Ei, sou criança!

-- Mas grande o suficiente para rir da minha cara!

-- Ah não... Não lembro de nada disso.

Ele engole o riso e o empurro de cima do balcão o fazendo rir, mas quando me empurra o potinho de fermento provando que realmente já tinha decorado a receita, sorrio.

-- Fermento para terminar!

-- Ótimo e... Tcharám! Pega a forma para mim!

Ele corre até a forma do bolo e começa a prepará-la sozinho para receber massa me fazendo rir e ser a tia mais babona por sentir orgulho no meu sobrinho e afilhado. Então ele a estende para mim e despejo a massa, a colocando no forno.

-- O seu bolo é o melhor, tia!

-- Alguma coisa tenho que saber fazer melhor que sua mãe, não é!?

-- Ah, mas aí já é covardia se comparar a mamãe...

-- Você é do mal, sai daqui!

O empurro outra vez e rimos juntos, comigo fazendo sinal para o pacote de farinha para guardé-lo. Ele o desliza em minha direção, mas quando aperto para fechar o pacote, um pouco de farinha espirra em meu rosto dando um ataque de risos no Endrick.

-- VOCÊ FICOU TODA BRANCA, TIA!

Ele cai na gargalhada e pego um punhado de farinha na mão.

-- Ah, é mesmo, hein!? VOCÊ TAMBÉM!

Acerto o rosto dele o fazendo rir ainda mais e assim... Sim, farinha e fermento para todo lado comigo e ele jogando um no outro até tudo acabar e começarmos a jogar do próprio chão no outro.

-- Toma essa!

-- Toma você, seu anãozinho!

-- Ah-há, te acertei bem no nariz, tia!

Levanto as mãos mostrando arrego e ele faz o mesmo, rindo, todo branco como eu e a Sophie ri ao meu lado, me deixando vê-la toda coberta de farinha também. Rimos, mas começo a entrar em desespero ao rezar para que a Jill tivesse deixado pares de roupas extras na bolsa.

-- Déck! Déck!

Sophie estende os braços para o Endrick que a pega no colo gentilmente.

-- Acabamos com a tia Claire, não é mesmo, Sophie?

-- Cár! Cár!

Rimos outra vez e levanto, a pegando dele e o vendo pegar um dos panos no armário, para me ajudar a limpar. Mas quando ouço alguém bater na porta... Gelo. Socorro, não, NÃO PODE SER.

SE FOR A JILL...

SE ELA NOS VER NESSE ESTADO...

EU COM OS FILHOS DELA DESSE JEITO...

Nunca mais verei meus sobrinhos.

-- Quer que eu abra, tia?

-- Sim, mas... Se for sua mãe, jogarei toda a culpa em você.

-- O quê? Mas você quem começou!

-- Se ela souber disso nunca mais te trará para me ver e o meu bolo de chocolate será uma vaga lembrança para você assim como todos os doces furtados antes das refeições! Anda! E faça cara de culpa!

-- Hum... Injusto.

-- Nem sempre a vida é justa, Endrick... Vai! E cara de coitado!

Ele dá um risinho de canto e vai para porta comigo de atrás, mas quando a Sophie começa a tossir no meu colo, eu volto para cozinha dando tapinhas leves em suas costas até que... Eca.

-- Sophie!

Ela ri ao vomitar em cima de mim e reviro os olhos.

Coberta de farinha, roupa de mendiga, descabelada, cara de zumbi... O que é ter vômito em cima de mim também? E não importa, não tenho ninguém para impressionar mesmo, então...

-- Não conheço nenhum Piers! Vá embora!

ESPERA AÍ, COMO É?

Olho para porta, mas não podia ver quem estava lá fora, mas pela cara de bravo do Endrick e pela iniciativa de fechar a porta na cara de quem quer que fosse, corro para porta o atropelando e a abro.

-- PIERS?

Quase berro ao vê-lo ali.

SOCORRO, O QUE ELE ESTÁ FAZENDO AQUI???

MEU DEUS, COM TANTOS MOMENTOS TINHA QUE SER AGORA???

DESCABELADA, MALTRAPILHA, SUJA, FEDIDA E VOMITADA???

E AGORA QUE ELE DECIDE APARECER?

E COMO CONSEGUIU ME ACHAR?

-- Claire, eu... Desculpe, eu... Não queria atrapalhar, eu...

Piers, meu Deus... Que saudade.

Todo sem jeito e... Ah, meu Deus... Rosas brancas?

Ele bateu na minha porta com um buquê de rosas brancas, isso é real?

-- Não, é que eu...

Como se fala mesmo?

Ele estava todo arrumado e eu sentia o perfume dele daqui... O cabelo bem penteado, barba toda feita e camisa social com uma calça jeans escura que fez meu coração estremecer. Mas quando meus olhos encaram o buquê enorme em suas mãos, de vez que perco a fala. E mesmo fantasiada de mendiga, decidi me esquecer disso por um momento e deixar eu me derreter pelo que eu tinha na minha frente.

-- Eu só dei uma passada mesmo, não vim para ficar...

Você acha que veio até minha casa lindo, arrumado, cheiroso, com um buquê de rosas e com todo o resto da sua perfeição e te deixarei ir embora? Mas nem mil farinhadas e vomitadas me fazem não te arrastar para dentro da minha casa AGORA.

-- Ótimo. Então tchau.

Endrick empurra a porta e a seguro um segundo antes de bater.

-- Endrick, sua mãe deixou roupa extra na bolsa para você?

-- Acho que tem uma camisa...

-- Ótimo, vá se trocar.

-- Mas, tia...

-- Agora!

Falo entredentes e ele olha feio para o Piers, mas sai dali.

Então viro para ele outra vez e ajeito a Sophie – também suja – em meu colo.

-- Entra, Piers, entra...

-- Ah não, não quero atrapalhar, eu só queria...

-- Entra, Piers, ande, por favor.

Ele parece ficar na dúvida, mas me afasto da porta sem querer que ele fuja e o vejo entrar, mas a bagunça completa da minha casa me faz ficar super vermelha de vergonha, embora... A farinha do meu rosto esconda isso.

-- Por favor, não note o furacão que passou aqui...

-- Tudo bem, duas crianças, eu entendo.

Ele sorri de lado e engulo o suspiro apaixonado.

-- Sim, o Endrick é bem terrorista quando quer, então...

Desculpe, Endrick, mas a culpa tem que ser sua.

-- Entendo... Tudo bem, não se incomode. São do Chris?

-- Sim, já os conhecia?

-- Só por foto. O garoto tem a cara dele e essa mocinha... É a cara da Jill.

Ele se aproxima e quando vou afastar a Sophie por saber que era só um estranho olhar para ela que começava a chorar, a vejo toda de sorrisos para ele. Então a olho curiosa puxar o dedo dele para perto.

Isso é sério?

Meu Deus, nem a Sophie resiste...

-- Pronto, tia, estou limpo!

Endrick volta do meu quarto agora limpo, mas os olhos ríspidos em direção ao Piers, continuam. Na verdade acho que estão piores... Se tem alguém que sempre teve um ciúmes enorme por mim, esse alguém é o meu sobrinho. Ele detesta qualquer homem que se aproxime de mim e apenas pelo Piers ter batido na minha porta, com certeza Endrick já o odeia muito mais do que odiou qualquer outro.

Ele fareja o perigo e... Isso definitivamente está “fedendo”.

-- Eu trouxe... Para você.

Piers estende o buquê e me derreto...

Meu Deus, esse homem é perfeito.

-- Ah, obrigada... Endrick, coloca na água para mim, por favor?

-- Hum... Tudo bem.

Piers estende as flores para ele que pega sem o menor jeito arrastando no chão e “acidentalmente” as derruba, mas quando o encaro feio e ele nota, as pega depressa e obedece direito.

-- Fica a vontade, eu vou me trocar e trocar a Sophie, tudo bem?

-- Eu só estava de passagem, não quero atrap...

-- Não atrapalha, Piers! – Interrompo – Fica a vontade, já volto!

Ele sorri sem jeito e vou até a cozinha me abaixando até o Endrick que olhava feio para o Piers. Sei que é um perigo deixá-los sozinhos e meu “pretendente” sair correndo em um minuto nunca mais querendo me ver, mas preciso me limpar e parecer humana outra vez.

-- Endrick, escute...

-- Quem é ele? Não gostei.

-- Endrick, se comporte! Vou me limpar e já volto...

-- Ele vai ficar aqui? Não gostei dele!

-- Eu gosto dele! Se comporte!

-- Não quero ele com a gente.

-- Endrick!

MEU DEUS, ENDRICK!!!

DAI FORÇAS PARA MIM E PACIÊNCIA PARA O PIERS!!!

-- Endrick, escute...

Ele olha para mim com cara de birra.

-- Ele é um amigo muito querido para mim... Se não gosta dele, não fale nada. Vou apenas tomar um banho rápido e dar um banho na Sophie e já volto, e, juro por Deus que se eu voltar e ver que o expulsou, sujo ainda mais minha casa, ligo para sua mãe e coloco a culpa toda em você!

-- Ela vai me deixar de castigo para sempre!

-- Não se você se comportar!

Bagunço o cabelo molhado dele que faz cara feia e deixa as rosas num vaso, indo para sala e lingando o vídeo game fingindo não notar a existência do Piers. Melhor assim. Mas quando aquele homem me olha de canto antes de sentar no sofá, minha única vontade é de me jogar nos braços dele.

Piers... Que saudade.

Seu olhar, seu cheiro, seu toque... Preciso de você.

Dou um meio sorriso a ele e corro para o quarto, indo direto ao banheiro, arrancando minha roupa e a da Sophie e me apressando para não dar chance ao perigo (também denominado Endrick).

MEU DEUS, O PIERS ESTÁ NA MINHA CASA!

PRECISO FICAR PERTO, TOCÁ-LO, CHEIRÁ-LO, BEIJ... Certo, calma.

Mas ele está aqui... Preciso me apressar e ficar o mais decente possível!

E dar um jeito de ter ao menos um minuto sozinha com ele!

DEPRESSA, CLAIRE, DEPRESSA.

Piers Nivans está na sua sala...

E dessa vez, não vai escapar.

 

* * * Claire – Redfield’s House – 14 de julho de 2013 – 10:02 a.m. * * *

 

Continuávamos ali deitados na cama um de frente para o outro. Ele alisava meu cabelo com carinho enquanto ainda deixava as lágrimas dos olhos em silêncio, me deixando ver que naquela cabecinha se passavam mil e um pensamentos.

-- Ele me odiava muito, tia?

-- Não, ele nunca te odiou... E ficaria bem chateado se visse você agora desse jeito. Não pode se culpar por uma coisa dessas, meu amor, nada disso é sua culpa e tenha certeza de que seu tio acha o mesmo onde quer que ele esteja.

-- Hum... E você, tia? Me odeia?

Ah, Endrick...

-- Claro que não, Endrick, nunca!

-- Mas eu era muito mau para ele, me desculpe...

-- Tudo bem, Endrick... Seu tio te amava e ele entendia suas razões, está tudo bem. Pare de se culpar por isso, por favor.

-- Mas... Eu queria pedir desculpas para ele...

Eu queria fazer tantas coisas com ele, Endrick...

Mas não podemos mais, por mais que me doa por completo.

Porém... Há outra pessoa que podemos “usar” para nos sentirmos melhor.

-- Posso te contar um segredo?

-- Claro que sim, tia... O que é?

-- Na verdade... Quero que me ajude a contar aos seus pais.

-- E o que é?

Ele me olha curioso e sento na cama com ele fazendo o mesmo. Ainda estava com olhos marejados, mas o inchaço já tinha diminuído, então pego em sua mão e coloco sobre a minha barriga, vendo a expressão de confusão dele.

-- O tio Pi... O tio Piers... Colocou um bebezinho aqui dentro.

Endrick arregala os olhos agora surpreso e sorrio sentindo as lágrimas voltarem, mas desta vez com a mistura de dor, perda e saudade, com amor, alegria e conforto.

-- Muito em breve você terá um primo para brincar, Endrick... E tenho certeza de que o tio Piers ficaria muito feliz se você me ajudasse a cuidar do pedacinho dele e meu que logo vai nascer.

-- Verdade, tia? Tem um bebê na sua barriga?

-- Sim, tem sim...

Sinto uma lágrima escorrer e sorrio ao sentir ele amorosamente acariciar minha barriga e permitir que o sorriso voltasse a aparecer em seus lábios. Realmente este pequenino é nosso milagre que veio em forma do melhor presente possível para aliviar nossa dor.

-- Você me ajuda a cuidar dele?

-- Sim, tia, sim! Será que o tio Piers não vai ficar bravo?

-- Não, pelo contrário... Ele ficará muito feliz de saber que vai me ajudar.

-- E é um menino ou uma menina?

-- Ainda não sei.

-- Tia, eu... Prometo que vou cuidar de você e dele. Eu prometo.

Ele volta aos meus braços e sorrio outra vez, sentindo as lágrimas dominarem meu rosto com a alegria enfim conseguindo vencer a dor. Ainda doía, ainda queimava, mas aquele pequenino em meu ventre e o carinho sincero daquela criança tinham o poder irrevogável de salvar a minha vida.

-- Vem comigo até a sala?

-- O papai e a mamãe não sabem?

-- Não, ainda não... Quer me ajudar a contar?

-- Eu posso? Eles vão querer cuidar de vocês também.

-- Sim, é claro... Vamos.

Ameaço pegá-lo no colo, mas ele se afasta.

-- Não, tia, pode machucar meu primo!

Rio com a atitude dele e me sinto estranha ao ouvir aquele som saindo de mim depois de tudo. Mas limpo as lágrimas e estendo a mão o fazendo pegá-la rapidamente enquanto seguimos para sala onde os pais dele nos olham curiosos, porém não conseguem esconder o sorriso em ver que tínhamos nos acertado.

-- Eu e o Endrick queremos conversar com vocês.

-- Oh-ow... O que vocês quebraram no quarto?

Chris faz a piada e o Endrick ri, parecendo aliviá-lo em vê-lo assim.

Sento sobre o sofá e puxo o meu sobrinho para o meu lado, com ele me abraçando e mantendo a cabeça deitada sobre meu braço. A Jill ao lado do Chris e ambos esperam curiosos por eu começar a falar e desta vez sendo eu ao trocar um olhar com o Endrick, eles riem e respiro fundo antes de começar.

-- Aconteceu uma coisa e eu queria muito que vocês fossem os primeiros a saber, por isso eu vim... Queria até ter tido forças de vir antes, mas não consegui. Precisava de um tempo para entender, para digerir tudo e pensar em como seria daqui para frente.

-- Claire, o que voc...?

É, acho que é agora...

Sinto as lágrimas inevitavelmente voltarem aos meus olhos e sem saber ao certo quais palavras usar, abaixo os olhos e coloco a mão em minha barriga. Então volto os olhos neles que seguiram o olhar até minha mão e ambos empalidecem totalmente surpresos.

-- Ele... Ele me deu alguém por quem continuar a viver.

Sorrio em meio as lágrimas e o Endrick volta com a mãozinha sobre minha barriga, acariciando com carinho e o abraço mais forte. Mas ao ver meu irmão levantar do sofá com os olhos marejados, ele se abaixa ao meu lado ainda com olhos fixos na minha barriga e abaixa a cabeça tentando esconder as lágrimas que também começavam a escorrer de seus olhos.

-- Estou grávida, Chris... Estou esperando um filho dele.

-- Claire, voc... – Ele para.

Escuto a voz chorosa falhar e o abraço, sentindo que ele coloca a cabeça em meu colo e passa os braços ao redor de mim do jeito que podia. Mas eu podia ouvir o choro baixo dele enquanto sentia mais braços ao nosso redor sendo os da Jill, que sentou ao lado do Endrick e nos abraçou como podia.

E quando meu irmão levanta a cabeça limpando o rosto, ele sorri, com a mesma mistura de dor e alegria que eu geralmente carregava e coloca a mão sobre minha barriga. Ele sorri mais e seus olhos brilham em minha direção.

-- Está grávida?

-- Estou... Estou sim.

-- Mas como... Há quanto tempo?

-- Não sei direito, mas descobri há alguns dias...

-- E já sabe o que é?

-- Não, ainda não...

-- Claire, isso...

A voz dele falha outra vez e ele senta ao meu lado no sofá com os braços ao meu redor, mas volta uma mão a minha barriga. Eu correspondo ao carinho e sinto que as lágrimas escorrem pelo rosto dele, ainda mais quando o Endrick também me abraça e coloca a mão sobre a dele.

-- Vamos cuidar de você, minha irmã... E desse pequenino também.

Sorrio com as palavras e vejo que a Jill também chorava.

-- Ele veio para nos salvar... A todos nós, sabe disso, não é!? Ele é um herói como o pai dele antes mesmo de nascer porque veio para nos ajudar a passar por tudo que está acontecendo. – Ele sorri e olha para minha barriga – Tenha certeza de que já é muito amado, pequeno... Ou pequena.

As lágrimas escorrem por meu rosto, mas eu conseguia me sentir bem melhor, dum jeito que não achei que seria possível depois de tudo. Mas as lágrimas de felicidade em conjunto e o amor que eu já podia sentir deles para a minha pequena sementinha na barriga, já fazia o coração de mãe voltar a ter forças para se reconstruir e poder oferece todo o amor que este bebê merece.

-- Mamãe... Eu quero cuidar da tia Claire e do meu primo.

Endrick olha para Jill e ela sorri acariciando seu cabelo.

-- Todos vamos cuidar, meu amor...

-- Sim, mas eu... Quero cuidar deles e... Posso ir para casa dela?

Sorrio com o pedido, mas a Jill balança a cabeça em negação.

-- Não, Endrick, sua tia precisa de sossego agora e...

-- Mamãe, por favor, quero cuidar dela como o tio Piers faria.

As palavras doem, mas o pedido sincero aquece meu coração.

-- Tudo bem por mim, Jill... Ele me ajudaria muito, com certeza.

Ela me olha na dúvida e troca um olhar com o Chris, mas meu sobrinho olha para mim com olhos tristes e outra vez marejados. Então pega em minha mão e acaricia gentilmente meu rosto me fazendo sorrir sem entender.

-- Vou cuidar de você, tia... Assim como você cuidou de mim quando achei que tinha perdido a mamãe para sempre. Você sempre esteve comigo e agora, é minha vez de estar com você e de cuidar com você como o tio faria se estivesse aqui. Você deixa?

As palavras me fazem desabar de vez e minha visão embaça por completo, mas sorrio mesmo assim e o puxo num abraço desajeitado agradecendo por ter essas pessoas maravilhosas ao meu redor.

-- Claro que pode, meu amor... Claro que sim.

-- Vou cuidar de você e do bebê, tia, eu prometo.

-- Obrigada, Endrick... Obrigada.

O abraço mais forte e outra vez sinto os braços do Chris ao meu redor, assim como os da Jill. Podia ouvir o choro baixo de todos nós se misturar e o amor intenso nos unir ainda mais – se é que isso é possível.

E eu sei, que onde quer que meu Piers esteja... Ele está feliz.

Feliz por ver que amamos a ele e ao nosso pedacinho.

Prometo dar todo o amor a ele, Piers... Ou ela.

Eu juro que sempre falarei de você.

E jamais será esquecido.

Hoje e para sempre, você estará fixo em nossos corações como o melhor companheiro, melhor amigo e melhor pai que poderiam existir. E esse pequeno pedacinho do nosso amor ouvirá isso todos os dias, para assim, ter a certeza de que jamais existiu um homem melhor.


Notas Finais


Sim, partiu meu coração...
Mas nas lembranças, se preparem, porque a continuação está imperdível ;-)
Espero que tenham gostado, pessoal ^^
Até a próximaaaa *--*
Bjooon <3


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...