História Incidente do destino - Capítulo Doze

Gritei e tapei meus olhos. A namorada do meu pai e ele se cobriram com a manta do sofá.

-- Harper? - Dante bateu na porta. - Tudo bem?

-- Quem é? - Meu pai perguntou com desconfiança.

-- Um amigo. - Disse descobrindo meus olhos. - Ele me trouxe para casa.

-- Eu achei que você estivesse no quarto. - Ele disse.

-- Eu avisei você que eu ia sair! - Exclamei. Chocada. Meu pai não se importava nem se eu ficasse no quarto trancada o dia todo? Meu coração afundou no meu peito e eu senti vontade de chorar.

-- Harp? - Dante bateu na porta de novo.

-- Tá tudo bem. Mesmo. Só tomei susto com meu pai.

Dante apenas concordou, sussurrou um boa noite e ouvi ele indo embora.

-- Eu vou pro meu quarto. - Disse apenas e subi as escadas correndo. Não queria ouvir mais nada vindo do meu pai. Estava magoada demais para fingir que não.

Cheguei no topo das escadas e respirei fundo, controlando as lágrimas. Não ia chorar. Não ia.

-- Piper? - Lila apareceu na porta de seu quarto.

Abri um sorriso falso.

-- Oi, meu amor.

-- Tá tudo bem? - Ela perguntou receosa.

Pigarreei e assenti.

-- A maninha pode dormir com você hoje?

Lila sorriu e assentiu fervorosamente. Abrindo a porta para mim.

Eu nem me importei com a roupa que eu vestia e que eu tinha acabado de voltar da rua. Precisava abraçar Lila. Era ela a minha única família. Pelo menos era isso que eu sentia.

Entrei em seu quarto e fechei a porta. Então nos acomodamos na sua cama pequena, enroscadas uma na outra.

-- Eu te amo muito, Lila. - Sussurrei.

-- Eu também te amo, Piper. - Ela me abraçou mais forte.

Então caímos no sono.

•••

Passei o domingo inteiro com a Dalila. Nós cozinhamos, fomos no parque e assistimos filmes. Não estava com vontade nenhuma de responder as mensagens dos meninos, eles não iriam entender porque eu estava tão abalada.

Na segunda, mal tinha entrado na escola, quando fui abordada.

-- Eu achei que você tinha sido sequestrada! - Exclamou Maverick.

-- Tá tudo bem? Você não respondeu a gente. - Caleb disse em seguida.

-- Tentamos ligar também. - Matteo acrescentou.

-- Você tá bem? - Dante repetiu a pergunta de Caleb.

-- Eu tô. - Abri um sorriso sincero. - Mil desculpas. Eu fiquei com a Lila em tempo integral e sai um pouco do celular, não imaginei que vocês iam ficar preocupados. - Olhei para os quatro. Não sabia quando, mas comecei a considerá-los demais na minha vida. - Vocês são incríveis!

-- Abraço coletivo! - Gritou Matteo. Então os quatro estavam em cima de mim, tomando cuidado para não tocar nenhum lugar suspeito.

Nos soltamos rindo. Mesmo sem um dia com ele em minha vida, tinha sentido falta.

Nos altos falantes soaram a voz do diretor para todos se reunirem na quadra interna. Os meninos ficaram preocupados porque acharam que tinha algo a ver com os jogos. Até eu fiquei.

Nos acomodamos em uma das primeiras arquibancadas. Algumas pessoas lançaram um olhar estranho para mim enquanto me acomodava no meio dos meninos. E me lembrei do porque coloquei a regra (quebrada por mim a esse ponto) de ficar longe deles na escola e fingir que não nos conhecíamos.

-- Não liga pra eles. - Dante sussurou. - São naturalmente escrotos.

Eu apenas lhe dei um sorriso nervoso.

Então o diretor começou a falar.

-- Nós iremos substituir três dos professores por algumas semanas, pois eles estão passando por um período de luto. - O burburinho começou. E os únicos professores possíveis para saírem assim de uma vez eram das matérias de geografia, física e matemática. Os três eram irmãos e lecionavam. Eram lendas na escola.

O diretor pigarreou.

-- Infelizmente a mãe deles faleceu por conta do câncer...

Minha mente nublou.

Fazia três anos. Três anos inteiros. Mas eu ainda não tinha superado, não tinha conseguido, não totalmente.

Minha mente eram flashes de quando ela descobriu a doença, então quando piorou, e ainda depois que disse que iria ficar tudo bem. Logo me lembrei de seus últimos momentos, e do velório. Meus olhos se encheram de lágrimas e ameaçaram se derrubar muito mais rápido. Não conseguiria controlar meu choro. E chorar na frente de todos estava fora de questão.

Então sai correndo dali como consegui, pedindo licença e indo para o único lugar que eu encontrei na correria, a sala que eu dava meu grupo de estudos.

Dante

Harper saiu dali praticamemte correndo. Eu e os meninos nos olhamos sem entender.

-- O que aconteceu? - Perguntou Matteo.

-- Não sei. - Caleb deu de ombros.

-- Acho que ela não tá bem. - Mave disse.

-- Se todos nós sairmos vai chamar muita atenção. Vou só eu. - Disse e me levantei.

Pedi licença para algumas pessoa e saí dali. Parei no corredor. Onde Harper estaria?

Não precisei pensar muito, pois ouvi a porta da sala de estudos batendo. Corri até lá e encontrei Harper se abraçando, ela chorava baixinho.

-- Linda...

Atravessei a sala e a abracei, Harper me abraçou de volta. Soluçando contra meu moletom, suas lágrimas molhando o tecido. Não me importei nenhum pouco.

-- Shh... - A balancei lentamente. Tentando confortá-la. Tinha alguma experiência por causa da minha irmã mais velha. Alguma vezes já a encontrei chorando e consegui acalma-la. Esperava que pudesse fazer o mesmo com Harper.

-- Desculpa... - Ela murmurou, ainda chorando.

-- Não peça desculpas por chorar, tá tudo bem.

Ela fungou.

-- Minha mãe morreu por conta do câncer... - Mumurou baixinho. Tão baixinho que eu poderia ter encoberto sua fala com um sopro.

-- Eu sinto muito. - A abracei mais forte. - Eu sinto tanto. De verdade.

-- Tudo bem. - Ela sussurrou de volta.

Então ficamos ali por mais algum tempo.

Harper

No intervalo, os meninos me levaram para almoçar no Tim's.

O jeito como eles faziam piadas para eu rir me conquistaram ainda mais. Fazia sentido eles serem conhecidos na escola. Mas todos tinham muito mais que a beleza. Todos eram absurdamente carinhosos.

-- Seu lanche, milady. - Matteo estava trazendo nossos pedidos. - E água com gás. - Disse com uma careta.

-- Obrigada. Eu não sei como você não gosta.- Disse abrindo e tomando um gole. - É uma delícia.

-- Urgh - Matteo balançou a cabeça.

-- Tá melhor? - Dante sussurou, ao meu lado.

Assenti, lhe dando um meio sorriso.

-- Obrigada.

Dante apenas sorriu de volta. Me derretendo toda.

-- Chocolate é muito bom. - Mave, que já estava na sobremesa, se deliciava com um milkshake.

-- O branco é muito bom. - Comentou Caleb.

-- Mas o preto é melhor. - Matteo acrescentou.

Mave nem prestou atenção, estava se deliciando com a bebida.

Já eu e Dante só nos olhamos, e sorrimos.