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História Incógnito VKook - Taekook - Um baile


Escrita por: BtsNoona

Notas do Autor


Olá, leitores-amores!

Tudo bem com vocês? Tô morrendo de saudades e exausta hahah
Me perdoem qualquer erro nesse capítulo, depois de ler 546 vezes a gente acaba deixando passar uma coisa ou outra... só vou conseguir revisar 100% amanhã, mas queria postar logo hoje!
Estou ansiosa para saber o que vocês vão achar <33

Eu acabei dividindo esse cap em 2, me perdoem. Explico melhor nas notas finais :)

Boa leitura!

Capítulo 41 - Um baile


Fanfic / Fanfiction Incógnito VKook - Taekook - Um baile

Um baile.

E mesmo que durante um bom tempo Jeongguk pensou que esse baile não passava de uma grande bobagem, estava nervoso.

Merda, estava muito nervoso.

Achou que este não seria o caso – afinal, não passava de uma festa de formatura com algum DJ meia boca e uma terrível comoção sobre quem seriam o rei e rainha do terceiro ano, o resultado que provavelmente não surpreenderia ninguém.

Mas que se danem as tradições ridículas, não era isso o que importava. 

Essa seria a última vez em que pisariam no colégio todos juntos, os seis. Jimin, Hyeyeon, Liz e Taehyung não estariam lá no próximo ano. Pensar em não vê-los todos os dias trazia um vazio no peito.

Balançou a cabeça numa tentativa de afastar o pensamento. Arrumou a fivela prateada do cinto e fechou o paletó. Já estava atrasado. Só uma última olhada no espelho, prometeu. Por insistência de Songyi tinha puxado o cabelo para o lado e deixado a testa à mostra. Vestia o terno preto que comprara para o casamento de seu primo, quase três anos atrás. Agora, o conjunto estava um pouco justo. Mas ainda servia.

Ao descer do quarto, encontrou sua mãe o esperando na sala. Ela abriu um sorriso ao vê-lo e assobiou baixo, sobrancelhas erguidas.

— Uau… – elogiou num tom brincalhão. Jeongguk revirou os olhos.

— Por favor, não.

Ela bufou, contrariada, mas o sorriso não deixou seu rosto.

— Você não me deixa aproveitar nem um pouquinho. – reclamou, aproximando-se do filho. Imediatamente alcançou a gravata verde, tentando ajustá-la mesmo sem necessidade. – Você vai com Taehyung? – perguntou baixinho.

— Não. Com Songyi.

— Hm. – suspirou. – Sinto muito, coelhinho. Talvez ano que vem, na sua formatura, hun?

Jeongguk não respondeu. Realmente esperava que no próximo ano pudessem ir juntos a sua formatura. Que todo mundo já soubesse e que não fosse assim tão chocante se entrassem de mãos dadas. Que pudessem se beijar na pista de dança, como todos os outros casais da sua idade. O estômago de Jeongguk deu uma cambalhota. Céus, esperava que ainda estivessem juntos, depois de um ano todo.

Pensar nisso o deixava ansioso.

— Talvez. – foi só o que disse, dando o assunto como encerrado. 

Seu pai apareceu logo depois, armado com o celular, determinado a tirar uma centena de fotos de Jeongguk vestido de terno e enviar para os seus amigos, se gabando.

— Onde está sua acompanhante, Guk? – perguntou, determinado a irritá-lo. Merda, será que os pais não percebem como podem ser chatos? – Vai com a garota que você gosta?

— Não. – bufou, sem paciência. – É só a Songyi. Aliás, tenho que ir. Ela já deve estar me esperando na porta. Estou atrasado.

Jeongguk deu o fora de lá o mais rápido que pôde.

Vestiu o casaco de inverno sobre o terno e decidiu que iria a pé mesmo. Não queria passar nem mais um segundo ouvindo as perguntas de seu pai. Além disso, era um bocado estranho – e também agradável – fazer o mesmo caminho até a escola com terno, gravata e sapatos sociais.

Já estava terminando de anoitecer e, ao chegar perto da entrada externa do ginásio, – a porta que utilizavam para eventos esportivos – Jeongguk pensou que Songyi iria matá-lo pelo atraso.

Estava certo. Foi recebido com um olhar assassino. Ela o esperava do lado de fora, agasalhada apenas com um sobretudo fino, as pernas descobertas.

— Seu babaca, estava esperando eu congelar?

— Por que você não entrou sem mim? 

— Não ia entrar no baile sozinha. – bufou, e Jeongguk fez menção de tirar seu casaco para dar a ela, mas Songyi negou com a cabeça. – Anda, vamos logo. Você tá atrasado.

— Sinto muito.

— Tudo bem. – revirou os olhos. – Pelo menos seu cabelo ficou bom.

Correram pela entrada iluminada até o portão decorado com tecidos e luzinhas piscantes. A quadra não parecia a mesma, toda enfeitada com brilhos e cores, e já era possível ouvir ao longe a batida grave de alguma música animada. Pararam na área dos armários, onde a comissão improvisou um guarda-volumes. Songyi tirou seu sobretudo e, finalmente, Jeongguk deu uma olhada no tal vestido verde que ela tanto falara nas últimas semanas. Era de um verde profundo, as mangas caídas revelando os ombros nus, e o tecido justo na cintura abria-se como flor, numa saia curta bem armada. O cabelo ruivo estava solto, as pontas enroladas em cachos tangerina caindo sobre a clavícula ossuda. Parecia uma fada, Jeongguk pensou. Uma fadinha bem pequena e magricela, pernas finas e pálidas, dançando sob a saia verde. Frágil, como uma fadinha feita de porcelana.

— Então? – ela sorriu, alegre, e rodopiou, segurando as pontas do vestido. – Que tal?

— Você tá linda. – elogiou, e apontou para a própria gravata. – Estamos combinando.

Songyi analisou por um segundo e contorceu a boca.

— Bom, quase. Seu verde é um pouco mais quente, meu vestido tem tons azulados no fundo. – disse, cheia de propriedade. –  Mas acho que na foto não vai dar pra notar muito.

Após guardarem os casacos, entraram na fila, já curta, das fotos oficiais do evento. Songyi reclamou, mas não conseguiu esconder o ânimo. Depois de tiradas as fotos clássicas – e super bregas – em frente ao cenário branco, enfim entraram na quadra. 

Jeongguk não sabia qual era o tema da festa mas, definitivamente, a quadra estava irreconhecível. A comissão devia ter roubado todos os pisca-pisca da cidade, pois as luzinhas brancas se espalhavam por todo lado, brilhando sobre um fundo de tecido preto. Haviam cortinas de cetim, flores brancas, balões transparentes, mesas arrumadas com arranjos delicados e velas falsas.

— Nossa. – Jeongguk olhou ao redor, impressionado. – Deve ter dado um trabalhão.

— Ficou lindo, não ficou? Primeiro achei o tema muito brega, mas eles arrasaram na decoração.

— Qual é o tema?

— Você me deixa nas nuvens.

— Hãn? – virou-se para a amiga, confuso, e ela soltou uma risada.

— O tema é você me deixa nas nuvens.

— Ah. – Jamais teria adivinhado, mas fazia todo sentido.

Infiltraram-se no meio dos estudantes, a procura de seus amigos. Era estranho ver os rostos de todos os dias em roupas formais, ternos e vestidos brilhantes. Não demorou para que Jeongguk notasse a figura baixinha pulando de um lado para o outro, numa comprida camisa cinza de botões com as mangas dobradas, para fora das calças, e uma gravata terrivelmente estampada. Era Hyeyeon, claro. Rapidamente reconheceu a figura de costas ao lado dela, e as borboletas no estômago bateram suas asas.

Mordeu os lábios, nervoso, e se aproximou dos dois de braços dados com Songyi. Taehyung se virou e ofereceu um meio sorriso tímido. 

Jeongguk teve que prender a respiração, deslumbrado. Não era mais o garoto de uniforme, mochila e tênis surrados daquele primeiro encontro, mas um homem. O terno preto estava um pouco largo, o que ainda lhe dava aquele familiar ar adorável, mas a mão dentro do bolso deixava à mostra a camisa branca para dentro das calças, o cinto de couro com uma grande fivela prateada, a cintura fina. Taehyung sempre fora alto e esbelto, mas agora portava-se com as costas eretas, o maxilar cortante e ombros imponentes. Os olhos, entretanto, continuavam tão, tão doces.

— Hyung? Merda, você está lindo.

— Hm, obrigado. – agradeceu, o olhar alternando entre o rosto de Jeongguk e os próprios pés. Mesmo sob a luz parca, dava para notar que ele estava corado. – Você também. 

— Uh, Guk… – Hyeyeon comentou, apertando-lhe um dos braços. – Seu terno tá meio justo.

— Hm, é. Acho que eu cresci um pouco. – comentou, sem dar muita importância, sua atenção voltada para o namorado. 

Por que será que ele parecia tão… encabulado?

— Um pouco? – Songyi debochou.

Taehyung ergueu as sobrancelhas.

— Vestiu bem. – disse baixinho. – Digo, você está muito, hm, muito bem.

Oh. Jeongguk entendeu. Abriu um sorriso convencido.

— Você acha, é?

— Por Abraxás! E vocês pretendem manter as mãos longe um do outro a noite toda? – Hyeyeon zombou. – Não é possível. Vocês dois deviam estar usando babadores ao invés de gravatas.

Jeongguk ignorou o calor lhe subindo pelo pescoço e virou-se para Hyeyeon, determinado a mudar de assunto.

— E Jimin, cadê?

— Saiu por aí com a bailarina. Daqui a pouco ele aparece.

Não demorou muito para Jimin aparecer com Song Heeyoung, sua acompanhante. Era uma garota tímida, de franjinha castanha, vestida num modelo cor de rosa bem adequado para uma bailarina. Ela foi educada e cumprimentou a todos, mas talvez fosse demais deixá-la no meio daquele bando de esquisitos. Em pouco tempo disse que ia procurar as amigas e deixou Jimin para trás, afirmando que o veria mais tarde.

— Ela te odeia. – Songyi provocou, e Jimin revirou os olhos.

— Sua presença não é lá muito convidativa. – resmungou.

Cerca de quarenta minutos depois Liz surgiu, toda de preto e com coturnos de salto alto. Mal chegou e já tirou da bolsa sua frasqueira de metal, servindo a todos com uma dose de vodka. Quando perguntada sobre como conseguiu entrar com bebida alcoólica na festa, a garota inglesa apenas deu de ombros.

— Tenho meus meios.

— Veio sozinha, Liz? – peguntou Hyeyeon.

— Aham, fui recusada. – riu. Tinha um sorriso atípico no rosto, divertido, e Jeongguk pensou que os olhos de Liz, emoldurados pela maquiagem preta, brilhavam num tom ainda mais impressionante de azul, claros e cinzentos como o céu nublado.

A atmosfera era descontraída, a música não era das piores, e com a ajuda de uma ou duas doses de vodka, os seis estavam dançando no meio do salão. 

Jimin parou de súbito, os olhos perdidos em algum ponto da multidão.

— Tá procurando a Heeyoung? – Jeongguk perguntou, forçando a voz sobre a música alta, e Jimin negou a cabeça loira.

— Não, eu acho que vi… Baek Geunwon?

— Geunwon? – Jeongguk repetiu bem alto, e o nome imediatamente chamou a atenção de Elizabeth, que arregalou os olhos azuis. – Ele veio?

— Won? Não. – Liz respondeu, sem conseguir esconder o tom preocupado. – Eu chamei Won pra vir comigo. Ele disse que não queria.

— Mas eu vi, juro que vi. – Jimin insistiu. – Ele estava bem ali.

Jeongguk teve um mau pressentimento. Muito, muito ruim mesmo.

Mas não podia ser, podia? Baek Geunsuk foi suspenso, junto com Seo Bokjo e Dongkyu. Isso significava que não poderiam comparecer a formatura, nenhum dos três. A orientadora Jang garantiu.

Contudo, não seria a primeira vez que um gêmeo se passava por outro.

— É o Geunsuk. – Liz concluiu, e Jeongguk fechou os punhos ao lado do corpo. 

— Você acha que ele vai fazer alguma coisa? – Jimin perguntou, aflito.

— Tenho certeza que não veio para dançar.

Jeongguk olhou para Taehyung, como para conferir se estava em segurança. O namorado dançava com Hyeyeon e Songyi, despreocupado.

— Nós temos que achar ele. – rosnou. – Onde foi que você viu?

— Por ali. – apontou. – Acho que entrou atrás daquel-

Mas Jeongguk nem terminou de ouvir. Seguiu para o meio da massa de estudantes. Ao redor, eles dançavam com a música agitada, rindo alto, cochichando uns com os outros, beijando-se encostados nas paredes do ginásio. Jeongguk olhou para todos os lados, o coração na boca, preocupado, varrendo os rostos em busca do alma ruim.

Liz estava certa. Ele com certeza não foi ao baile para dançar.

E Jeongguk não deixaria que ele estragasse a formatura de todos. Não deixaria que Geunsuk saísse impune, não de novo.

O viu. Andava apressado entre os adolescentes, determinado, e parecia saber muito bem aonde ia. Jeongguk apertou o passo, sem se importar se iria esbarrar em alguém ou pisar em pés inocentes. Continuou em frente, inundado pela sensação estúpida de que havia dado uma volta completa na quadra. De que Geunsuk ia, de fato, ao lugar de onde acabara de sair. E, mais a frente, estava o destino do alma ruim: Taehyung, confuso, olhando ao redor com olhos amplos e preocupados.

Procurando por mim.

Burro. Estúpido.

Correu, braço esticado. Focou seu olhar na nuca pálida de Geunsuk e era só isso o que via agora. Antes que ele pudesse se aproximar de Taehyung, Jeongguk conseguiu alcançá-lo. O puxou pelo colarinho do paletó e imediatamente se colocou diante de Taehyung como uma muralha.

— Jeongguk. – ouviu o namorado sussurrar às suas costas, mas não se virou. Não tinha a menor intenção de desviar os olhos de Baek Geunsuk, agora bem a sua frente, com a expressão impaciente e cruel.

— Por que você continua aparecendo na merda do meu caminho? – o gêmeo bufou.

— Baek, você não devia estar aqui.

— Eu não vim falar com você, Jeon. – Geunsuk se aproximou, o encarando com o olhar ameaçador. – Sai da minha frente.

— De jeito nenhum.

— Ou eu vou fazer você sair.

Jeongguk soltou uma risada pelo nariz e ergueu o queixo, orgulhoso.

— Você pode tentar.

A música alta parecia distante, como se estivesse tocando num outro cômodo. Jeongguk ouvia as batidas nervosas do próprio coração, o ar saindo por suas narinas. Podia sentir a presença de Taehyung atrás de si, paralisado.

— Merda, – ouviu a voz amedrontada de Songyi. – Merda, merda! Vou procurar um professor.

Ouviu os barulhos dos saltos de Songyi se distanciando. Ouviu vozes ao redor, murmúrios baixos de Taehyung às suas costas. Mas nada, nada parecia tão gritante quanto seu coração pulsando nos tímpanos.

— Olha, eu só quero conversar com o Alien.

— Não.

— Seu namorado não sabe falar? – zombou.

— E por que ele ia querer falar com você, hein?

Baek Geunsuk ergueu uma sobrancelha.

— Então você não nega. Admite agora, na frente de todo mundo. – desafiou em tom vitorioso e soltou um riso cruel. – Taehyung é mesmo seu namorado, Jeon?

Só então Jeongguk percebeu. Eram as atrações principais no picadeiro de um circo. Esteve tão focado no alma ruim, os olhos cheios de raiva presos em seu inimigo, que não notou o círculo se formando ao redor dos três. Ao olhar para o lado, teve que encarar uma plateia.

— Não está mais tão seguro agora, huh?

Dezenas de pares de olhos, a espera. Jeongguk sentiu os pés criarem raízes no chão, e as palavras se travaram em sua garganta seca. Hesitou.

Não havia resposta certa. Se Jeongguk se assumisse ali, agora, na frente de toda a escola, Geunsuk provaria seu ponto e venceria. Se negasse, indiretamente diria que sentia vergonha em namorar Taehyung, e Geunsuk venceria também.

Seria esse o plano?

O alma ruim soltou uma risada satisfeita.

— Claro que você não diz, Jeon. Porque você também sabe que é uma aberração. Vocês dois são.

— Não! Taehyung… ele é, é o meu-

— Que porra é essa? – Geunsuk gritou, o olhar preso em algum lugar atrás de Jeongguk. – O que… 

Gritos abafados se mesclaram à música alta. Jeongguk virou a cabeça e encontrou uma aglomeração de pessoas na entrada do evento. Ao redor, os estudantes já haviam perdido o interesse em sua discussão com Baek Geunsuk, e todos olhavam para o mesmo ponto, a porta do ginásio, os mais corajosos tentando se aproximar. Ao seu lado, Jeongguk ouviu um suspiro de Elizabeth:

— Geunwon.

A garota saiu correndo, Hyeyeon e Geunsuk logo atrás. Não entendia bem o que estava acontecendo, de onde vinha o alvoroço, o motivo pelo qual Liz disse o nome do outro gêmeo, o porquê daquela correria toda. Pegou Taehyung pelos ombros e o encarou no fundo dos olhos, em busca de respostas. As íris castanhas cintilavam, mas Jeongguk foi incapaz de decifrá-las.

— Nós temos que ir. – Taehyung disse, firme.

— Hyung, eu-

— Não importa agora. Anda, vamos.

Taehyung saiu correndo sem mais uma palavra e Jeongguk o seguiu até a entrada. Sentia-se confuso, sem saber se o namorado havia ficado chateado. Porque hesitou, outra vez. Porque na frente de toda aquela gente não era nada fácil ser confiante.

Contudo, não era o momento de se arrepender. Geunwon estava na porta, de roupas casuais, moletom e jeans. Gritava com o segurança, exigindo entrar, o dedo apontado para dentro da quadra.

— É meu irmão, não sou eu! Ele não deveria estar aqui, ele não pode entrar! – gritava. – Geunsuk vai machucar meus amigos!

E repetia as mesmas frases várias vezes, o rosto desesperado. Jeongguk encontrou Geunsuk parado no meio da multidão, os olhos focados no irmão gêmeo, um semblante duro, apático. Não sentia nada, só continuava lá, como que congelado.

Então a música parou.

— Baek Geunsuk! – a voz do professor Choi ecoou pelo ginásio. Ao virar para trás, Jeongguk o viu se aproximando, com Songyi logo atrás.

Assim que ouviu a voz do professor de literatura, o alma ruim pareceu acordar de seu transe. Enfiou-se pelo meio da multidão e, ágil, conseguiu escapar do segurança. Fugiu para fora da escola.

Baek Geunwon entrou, trôpego. O professor Choi cercou ele e o envolveu num abraço. Liz e Hyeyeon também se aproximam dos dois. Ao procurar Taehyung de novo, ele já não estava mais ao seu lado. Sumiu.

Jeongguk arregalou os olhos, aflito. Procurou por ele entre a aglomeração de estudantes que agora cercavam Geunwon, mas não o achou. Na ponta dos pés, olhou para o portão. Conseguiu vê-lo passando em frente aos armários do ginásio, indo para o lado de fora da escola.

Merda.

O seguiu para a rua, sem se preocupar em avisar alguém ou pegar um casaco. Assim que saiu, sentiu o frio alcançar sua nuca, a brisa soprar dolorosa contra o rosto quente. Sentia-se completamente desnorteado, rodopiando ao redor de si mesmo, buscando Taehyung. O silêncio da noite gelada só fazia seu coração nervoso ressoar ainda mais alto.

— O que você quer comigo, hein? – ouviu a voz de Taehyung, não muito longe dali. – Pode falar agora!

Sentiu vontade de vomitar. Ele estava com Geunsuk. Sozinho com aquele maldito. Atormentado, fez o melhor para se concentrar no som da voz dele.

— Aprendeu a falar, Alien? Não precisa mais do seu namorado pra te defender? – debochou a voz asquerosa do alma ruim.

Jeongguk virou a esquina, movido pelo medo, os pés andando por conta própria.

Os viu. De pé sobre a calçada, apenas a alguns passos de distância um do outro. Jeongguk imediatamente conferiu as mãos do gêmeo, temendo que ele pudesse ter algo para machucar Taehyung, e soltou o ar dos pulmões ao concluir que ele estava de mãos vazias.

— Ah, lá vem ele! – Geunsuk zombou, e Taehyung virou-se para trás. – Seu herói. Que gracinha.

Jeongguk se aproximou, pronto para se colocar outra vez entre o namorado e Geunsuk, mas Taehyung impediu-lhe, o segurando pelo pulso.

— Eu posso fazer isso. – sussurrou, as sobrancelhas franzidas na testa e o olhar suplicante.

— Tae… 

Não, não, não. A mente de Jeongguk berrava!

Ele é mau. Ele pode te machucar. Eu não o quero perto de você.

— Eu sei, Guk. Tá tudo bem. – Taehyung ofereceu um meio sorriso. Por mais que não estivesse nem um pouco satisfeito com aquela situação, não havia nada que Jeongguk pudesse fazer. Colocou-se atrás de dele, pronto para defendê-lo caso necessário.

Esperava que não fosse.

— Uau, Alien. Não achei que tivesse coragem dentro de você.

— O que você quer, Geunsuk?

— O que eu quero? – riu. – Quero que pague por tudo o que você me fez.

— O que eu te fiz? Eu nunca te fiz nada.

— Ah, não? – Geunsuk rosnou. – Você conseguiu destruir a minha vida.

— Eu não… você não pode colocar a culpa em mim. Eu estou cansado de me desculpar. Você fez dos meus dias um inferno atrás do outro.

— Isso não é nada comparado ao que vai acontecer comigo, imbecil. A escola já avisou meu pai que eu perdi o ano. Fui expulso do colégio, e por pouco não vou ser mandado pra um reformatório. – Um som seco e curto escapou de seu nariz, como uma risada sádica. – Parabéns pra vocês, eu acho. Devem estar bem felizes. Agora meu pai vai me trancafiar na droga dum colégio militar até eu fazer 19 anos e precisar servir.

Silêncio. Então seria essa a pena do alma ruim. Na opinião de Jeongguk, ele merecia cada castigo. Devia mesmo ter sido mandado para um reformatório, mas provavelmente escapou graças ao dinheiro e influência de sua família.

— Não sou eu o culpado. – Taehyung respondeu, a respiração pesada e audível. – Como poderia ser culpa minha, hãn? Você provocou isso, Geunsuk. Você cavou a própria cova. E eu sinto muito que seu pai ache que a melhor forma de lidar com os problemas é mandando você pra longe, onde outras pessoas possam te disciplinar e se responsabilizar pelas suas cagadas. Sinto muito mesmo, mas… eu não posso fazer nada. Você estaria bem se fosse só um pouquinho mais humano. Eu não me importo se você é um idiota, mas você passou totalmente dos limites! 

— Cacete. – Geunsuk riu com desprezo. – O Alien está dizendo que eu passei dos limites?

— Sim, eu estou. – Taehyung afirmou num tom grave e sombrio. Jeongguk nunca o havia visto dessa maneira antes, nem mesmo no dia que ele descobriu sobre o diário. – E você sabe disso. Olha pro seu lado, Geunsuk. Pro seu próprio irmão. Olha o que ele quase fez.

— Você sabe? – arregalou os olhos, as íris escuras flamejando desprezo e ódio, e encarou Jeongguk. – Ah, esse maldito namorado... Quem vocês pensam que-

— Só aconteceu porque você não ouviu o que ele tinha a dizer. – Taehyung interrompeu. – Porque não quis aceitar quem ele é de verdade. Won tem um coração generoso, ele teria te perdoado de qualquer coisa. Mas você foi longe demais, Geunsuk. Você ficou fora de controle. E eu espero que um dia você perceba isso e possa mudar e ser feliz de verdade.

Baek Geunsuk soltou uma gargalhada estridente, beirando a loucura.

— Oh, o perfeito Kim Taehyung! – exclamou. – Que honrável da sua parte, eu deveria o quê? Agradecer?

Taehyung abafou um suspiro e negou de leve com a cabeça. Então, lhe deu as costas.

— Vamos, Guk. – puxou-o pela mão. – Vamos voltar para a formatura.

— Espera, isso ainda não acabou! Voltem aqui seus viadinhos de merda!

O sangue de Jeongguk fervia. Geunsuk não tinha o direito de agir como um babaca e berrar nomes ofensivos. Não tinha o direito de continuar provocando, humilhando, subjugando as pessoas. Jeongguk quis voltar. Quis dar uma surra nele, calar sua boca imunda e fazê-lo pagar por tudo o que tinha feito.

E então sentiu Taehyung apertar sua mão mais forte. A palma dele suava, pegajosa, e seus dedos se moviam inquietos. Jeongguk se virou para o lado, em busca dos olhos mornos de seu namorado. Estavam repletos de angústia e bondade. Perdão, talvez.

Olhos que afirmavam que não valia a pena.

Então Jeongguk não olhou para trás.

~x~

 

— Espera. – Ao chegarem perto da entrada Taehyung parou, de súbito, e encostou-se na parede externa do edifício. – Só um segundo.

Estava pálido, como se todo o sangue lhe tivesse fugido do rosto. Parecia abalado, ofegante, transbordando todos os sentimentos que, alguns minutos atrás, não deixou transparecer.

— Você tá bem?

— Uhum. – murmurou de cabeça baixa, a franja castanha lhe cobrindo o rosto. – Só preciso de um pouco de ar.

Jeongguk tocou-lhe os ombros e puxou seu corpo para perto. Imediatamente a cabeça de Taehyung encaixou-se na curva de seu pescoço, um peso confortável, morno. Seus dedos encontraram a nuca dele, acariciando a pele exposta. 

— Hyung, você foi incrível.

— Fui? – Não passou de um sussurro. Ele ergueu o rosto. Seus olhos cintilavam agora, não mais firmes e decididos, mas a beira das lágrimas. Jeongguk afirmou com a cabeça. –  Meu coração parece que vai explodir e eu mal sinto meus joelhos.

— Agora tá tudo bem. – garantiu, e afastou a franja castanha para lhe deixar um beijo casto na testa. – Eu estou tão orgulhoso.

— Eu não teria conseguido sem você. Obrigado por ficar do meu lado.

— Eu não fiz nada. Você fez tudo sozinho, hyung.

Taehyung deu um sorriso fraco. Parecia ter sido drenado de toda sua energia.

— Tem coisas que a gente tem que fazer, mesmo que não seja nossa vontade, a gente simplesmente tem que fazer. Eu não queria falar aquilo tudo pro Geunsuk, pra mim ia ser melhor se ele tivesse sumido de vez. Mas eu precisava.

Jeongguk o abraçou mais forte. Uma brisa gélida soprou contra os dois e sentiu Taehyung tremer em seus braços.

Também tinha algo que precisava fazer. Ainda que a ideia não parecesse das mais agradáveis, ainda que tivessem consequências irreversíveis.

— Tá frio. Vamos voltar, hm? – pediu, se afastando do abraço. – Me dá a sua mão.

— Jeongguk… 

— Se você quiser.

— E você quer?

Tomou a mão de Taehyung entre a sua. Acariciou-lhe os dedos com o polegar, uma tentativa fraca de transmitir a certeza de sua decisão.

— Eu preciso. – sorriu.

 

Não era o que Jeongguk havia planejado. Só queria ser normal – agir como qualquer outro adolescente apaixonado, sem uma grande cena, sem criar comoção. Todavia, uma coisa qualquer, banal como entrar com seu namorado de mãos dadas em sua festa de formatura, só isso bastava para que causasse uma cena.

Que seja, então.

Apertou a mão de Taehyung mais forte ao entrarem. A música animada tocava, alta, e tudo parecia ter voltado ao normal, como se o drama entre os gêmeos não tivesse acontecido. Jeongguk percebeu, é claro, uma dezena de pessoas os encarando. Atravessou a quadra, procurando seus amigos. A palma úmida de Taehyung contra a sua evidenciava o quanto ele também estava nervoso. Notou que alguns riam, outros cochichavam com os colegas, uns desviavam o olhar, fingindo que não estavam vendo nada.

— Ei, casal! – chamou uma voz conhecida, e Jeongguk encontrou Hyeyeon acenando o braço a alguns passos de distância.

Estavam todos juntos – Hyeyeon, Liz, Songyi, Jimin e a bailarina e, destacando-se com suas roupas casuais, Baek Geunwon.

Liz encarou Taehyung e fez uma careta.

— Porra, Tae. – estendeu-lhe o copo com conteúdo duvidoso. – Você tá precisando de um pouco disso, confia em mim.

Em alguns minutos já não parecia importante se eram dezenas ou centenas de olhares e fofocas. Seus melhores amigos agiram da melhor forma possível: como se não houvesse nada de diferente. De certa forma, isso fez tudo parecer normal.

E quando uma música romântica começou a tocar, Taehyung descansou os dedos na curva de sua cintura – um gesto pequeno porém corajoso. Jeongguk deixou que um sorriso lhe brotasse no rosto, terno, e acolheu todos os conhecidos sintomas causados pelo toque de Taehyung, borboletas no estômago, o frio na barriga, as orelhas pegando fogo. Buscou o olhar do namorado e encontrou uma expressão sorridente, o olhar afetuoso. Irrefletidamente alcançou seu rosto, afagando-lhe a bochecha com o polegar. Ele desviou os olhos para o chão, tímido, e mordeu o lábio inferior, mas nada fez para afastá-lo. Sua mão continuou no mesmo lugar, um peso suave sobre sua cintura.

— Eu estou feliz, hyung. – sussurrou, a voz mesclada a música. 

— Bobo.

— Posso te beijar? Aqui, na frente de todo mundo?

Taehyung riu, entretido e, ao mesmo tempo, incrédulo. Levantou o rosto outra vez, e algo diferente flamejou em seus olhos castanhos, algo indecifrável e absolutamente sedutor. 

Num suspiro fraco, Jeongguk reconheceu um fiapo de voz:

— Eu te desafio.

Ele não precisava falar duas vezes.

Cobriu os lábios dele com os seus, e Taehyung imediatamente enlaçou os braços ao redor de seu pescoço. Podia senti-lo sorrindo contra sua boca, o gosto familiar de baunilha mesclado com vodka. Ouviu palmas fracas, o susto de Songyi, a comemoração de Hyeyeon.

Ao abrir os olhos, o mundo ainda estava lá. A música continuou a tocar, as pessoas ainda comiam, bebiam e dançavam.

Taehyung sorria, seu riso excêntrico e retangular, e seus olhos castanhos refletiam aquele brilho cósmico, galáxias e estrelas que faziam Jeongguk flutuar, o transportavam para outro lugar. Um lugar mais bonito.

Além disso, a surpresa de Taehyung e Jeongguk se beijando no meio da pista de dança não foi maior do que Jimin sendo anunciado como o rei do baile de formatura. Quando ele subiu no palco, o rosto vermelho e redondo como um tomate, e recebeu sua coroa de direito, fez com que todos tivessem um incontrolável ataque de riso. Jeongguk chorou de tanto gargalhar, chocado. Pelo resto da noite, trataram Jimin como Vossa Majestade ou Alteza Real. Até Baek Geunwon se rendeu à brincadeira.

E Jeongguk beijou seu namorado até cansar. Foi dominado por uma sensação borbulhante de euforia, liberdade, e as bochechas doíam, ardiam, mas não conseguia parar de rir.

— Gosto quando faz isso. – Taehyung comentou. – Quando sorri com o rosto todo.

— É pra você, hyung. É só seu.

E o beijou outra vez. Talvez estivesse um pouco bêbado – de vodka ou paixão ou ambos – e mais impulsivo que de costume, mas cansou de agir só pra evitar as consequências. Só para não ser repreendido pelos outros quando, no fundo, sabia que era o que tinha que fazer. Era certo, inevitável. Não dependia do que os amigos, a família ou o resto do mundo fosse pensar. Nada tinha a ver com a vigilância do outro, com possíveis críticas e julgamentos. Dependia de si, apenas. Do seu desejo. E ser dono desse desejo era poderoso. Redentor.


Notas Finais


Antes que vocês entrem em desespero: calma. Tem mais DOIS capítulos!
Tem um que já tá pronto, que era pra ser JUNTO, no mesmo capítulo que esse, mas não consegui ficar satisfeita com os dois num só. Passava 10 dias entre um e outro. Além disso, eram temas muito diferentes, precisavam ser separados. Essa semana libero ele, podem ficar despreocupados que não vou sumir.

E então tem um epílogo. Espero que saia ainda nesse mês, porque já tenho mais da metade escrita. Provavelmente serão ambos curtos, mas ainda tem dois <3

sim, eu não consigo desapegar. Espero que vocês continuem me aturando até eu estar contando a incrível história desse casal de velhinhos num asilo :)
estaremos todos caquéticos e exaustos, com dores nas costas porém eternas borboletas no estômago.

quem tá morrendo de dó do Geunwon levanta a mãooo! Comentem se não eu morro :(

E eu devo ver vocês essa semana mesmo, hehe, a não ser que vocês não queiram?? Posso demorar mais uns meses! hahaha

Amoras, pelo amor de Zeus cuidem da saúde! Fiquem em casa sempre que possível, lavem muito bem as mãos, higienizem tudo o que entrar na casa de vocês,por favor! Saúde sempre em primeiro lugar <3

twitter @ btsnoona_
curiouscat / btsnoona
instagram @ larissalair ou @ lalivro (insta novo que fiz só pra falar bobagem com leitores sem minha família e amigos me julgarem, rs)

Beijocas amoras,
~Btsnoona


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