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História Incógnito VKook - Taekook - Um presente


Escrita por: BtsNoona

Notas do Autor


olá, leitores amores!

Meus queridos, enfim chegamos até aqui. Eu estou com o coração bem apertadinho, mas cheio de gratidão e carinho por tudo. Foi uma jornada... obrigado por me acompanharem. Eles merecem um final bem fofo e feliz. Espero que gostem.

Boa leitura!

Capítulo 42 - Um presente


Fanfic / Fanfiction Incógnito VKook - Taekook - Um presente

Um presente.

Jeongguk olhou para o pacote que segurava firmemente nas mãos. Era uma caixa pequena, embrulhada em papel prateado. Junto, também havia um envelope branco com duas palavras escritas do lado de fora:

“Para Taehyung”

Sentiu-se tremer, ansioso.

Não era de seu feitio comprar presentes. Na verdade, Jeongguk achava a tarefa muito difícil e costumava sofrer quando precisava comprar algo para o aniversário de seus amigos. Escolher um bom presente sempre foi um desafio. Uma vez deu a Jimin um par de halteres de três quilos. Foi na época em que Jeongguk cresceu demais, e em pouco tempo e ultrapassou Jimin de tamanho, tanto em altura quanto em massa muscular. Seu melhor amigo sempre ficava incomodado quando alguém comentava o assunto, acostumado a ser o maior entre os dois desde que eram pequenos. Então, Jeongguk achou que seria uma boa ideia lhe dar um par de halteres de aniversário. Jimin ficou roxo de raiva. Achou aquilo uma baita ofensa e quase agrediu Jeongguk com o presente.

Dessa vez, contudo, tinha que acertar.

Porque era Taehyung, seu namorado, e Jeongguk queria fazê-lo sorrir. Queria fazer o coração dele flutuar, do mesmo jeito que se sentia pela mera existência dele.

Foi a primeira vez que comprou um presente para Taehyung. Tinha que ser algo simples – afinal, era só um estudante do ensino médio e não podia gastar muito. Além disso, a maior parte de suas economias fora embora na compra dos tênis brancos. Mesmo assim, Jeongguk tinha certeza que podia arranjar um presente especial. Algo que seu namorado fosse estimar, algo que fizesse Taehyung lembrar de si quando fosse embora para a universidade em Busan. O resultado ainda não tinha saído, mas Jeongguk estava certo que seu namorado passaria. Qualquer universidade seria estúpida em recusar um aluno aplicado e inteligente como Taehyung.

Então, depois de muita busca, pensou que havia encontrado o presente ideal.

Fizera o pedido na internet há quase duas semanas. O anúncio dizia que chegaria em três ou quatro dias, mas os correios ficam sobrecarregados na época do natal e Jeongguk não queria arriscar. Quando o pacote chegou, apenas três dias depois, Jeongguk mal pôde acreditar nos próprios olhos. Era ainda mais bonito do que nas fotos. 

Era perfeito. A cara de Taehyung.

Mesmo assim, estava uma pilha de nervos. Ansioso, tenso, morrendo de vergonha. Ainda nem tinha encontrado Taehyung e já sentia o estômago vibrar de aflição.

Não havia motivos para se sentir assim. Jeongguk assumiu seu relacionamento com Taehyung no baile e depois não voltou atrás. Nesta nova fase do relacionamento, Jeongguk estava bastante satisfeito em tomar certas liberdades. Por exemplo: é verdade que não conseguia manter as mãos longe do namorado sempre que estavam juntos? Bom, sim. E que, recentemente, estava sendo cada vez mais afetuoso, sem se preocupar com onde estavam ou quem poderia ver? Isso também. Portanto, não devia estar com vergonha, sabia disso. Jeongguk já tinha passado por situações muito mais constrangedoras na frente de Taehyung. Até sua cara de tacho era vergonhosa.

Era dia 26 de dezembro, e Jeongguk não via o namorado há três dias, por causa das festividades com a família. As ruas estavam geladas, mas muito bonitas. No inverno todas as cores pareciam ficar mais claras, mais suaves. As casas ainda estavam decoradas para o natal, mas era o meio da tarde e os pisca-pisca que enfeitavam as fachadas ainda não estavam acesos. Talvez, quando voltassem, já estivesse de noite e pudesse passear com Taehyung pelas ruas iluminadas, antes que retirassem as decorações natalinas.

Caminhou até o ponto de ônibus e Taehyung já o esperava. Encolhido no banco, ele parecia uma bolinha em seu casaco volumoso. Tinha a cabeça baixa, a mochila no colo, e usava uma touca cinza.

Minha touca, Jeongguk notou, e sorriu. Sentia o coração aquecido apesar do frio. 

— Hyung. – chamou, as bochechas realçadas pelo sorriso largo, que ocupava a cara toda. Taehyung ergueu o rosto em sua direção, nariz vermelho e olhos sonhadores, então abriu seu sorriso retangular. Tão único. Tão bonito. Tão perfeito que Jeongguk sentiu o coração tropeçar.

Então o olhar brilhante do namorado escorregou de seu rosto até mais embaixo. Ele ergueu as sobrancelhas, piscou os cílios. Jeongguk imediatamente tomou consciência da caixinha em sua mão.

O que devia fazer? Merda, devia ter colocado o presente numa mochila ou algo assim, não só carregar na mão feito um idiota. É claro que Taehyung saberia que o presente era para ele e agora já não dava para esconder. Devia entregar logo de uma vez? Do tipo, “toma, é pra você”, no meio da rua? Não seria muito romântico. A outra opção parecia tão ruim quanto, cumprimentar o namorado, a pequena caixa em mãos, e nem mencionar? Fingir que não estava segurando um presente? Oh, céus, Taehyung está rindo. Merda.

— Ei, Jeongguk-ah. – ele ficou de pé. – Como foi o natal?

— Bom. – pigarreou, sem jeito, e pôde sentir a garganta seca. Os olhos de Taehyung alternavam entre seu rosto e o pacotinho de forma absolutamente indiscreta. – Muita comida.

— Ah, ótimo… – concordou com a cabeça, avoado, o olhar fixo no presente. Ao erguer o rosto, tinha a expressão ávida de uma criança. – É pra mim?

Jeongguk engoliu em seco.

— Hm, é… – esticou a mão com o objeto, sentindo-se estúpido.

Era óbvio que o presente era para ele, claro, mas Taehyung abriu a boca e sua expressão transformou-se em surpresa. Ele pegou o presente e sorriu, protegendo a caixinha em palmas curvadas, como um passarinho ferido. Então, sem aviso, lhe beijou a bochecha.

— Feliz natal. – Jeongguk disse, o rosto fervendo apesar da temperatura negativa. O nervosismo dava lugar ao entusiasmo, ao prazer de ver Taehyung já feliz, sorrindo, a expressão vibrante de alegria surgir antes mesmo de abrir o presente. – Pode abrir.

Mas o ele franziu o nariz vermelho e negou com a cabeça.

— Ainda não. Temos que ir.

— Ir pra onde?

Taehyung abaixou o olhar para o chão, envergonhado. Pelo visto ele tinha um plano. 

— Tem um lugar que eu quero te levar. Mas a gente vai ter que pegar um ônibus.

— Você está muito misterioso. – comentou, descontraído. – Onde vamos?

— Hm, – ele timidamente mordeu os lábios. – Num encontro?

A expressão de Jeongguk se transformou, arregalou os olhos, um sorriso enorme e incrédulo brotando bem no meio da cara. Devia estar fazendo, de novo, aquela sua cara de tacho, mas nem ligava. Tinha o namorado mais fofo do mundo.

— Hyung, a gente pode só conversar sobre nada, sentados juntos nesse ponto de ônibus e, pra mim, já conta como um encontro. – sorriu, encantado com a reação de Taehyung, o sorriso sonhador que ganhou seu rosto. – Mas é uma boa ideia irmos pra outro lugar, ou vamos acabar congelando.

 

O ônibus não demorou a chegar. Taehyung apoiou a cabeça em seu ombro, ainda segurando a caixinha prateada, e as borboletas dentro de Jeongguk levantaram voo.

A mesma cena já se repetira uma infinidade de vezes. Na verdade, foi a primeira coisa que fizeram juntos no dia em que se conheceram: andaram de ônibus. Naquele dia, Jeongguk sentiu o coração acelerar e pensou que fosse nervosismo – afinal, estava enfim ao lado do incógnito. Depois, achou que aquilo era provocado pelo medo de ser descoberto. Agora, o peso da cabeça dele em seu ombro era confortável, mas o coração batia, afoito, do mesmo jeito de sempre. Jeongguk olhou para ele e sentiu um frio na barriga.

Como podia ter demorado tanto para perceber?

Cerca de quinze minutos depois Taehyung ficou de pé, no susto, e puxou a cordinha. Quase perderam o ponto, o que não era nem um pouco surpreendente, e Jeongguk achou graça em como seu namorado podia ser distraído. Desceram no ônibus e andaram por dois quarteirões, Taehyung olhando de um lado para o outro da rua, e por um segundo Jeongguk pensou que estavam perdidos. Então, de súbito, ele parou.

— É aqui.

Era uma cafeteria. Bem pequena, a fachada pintada de um verde menta claro. A arquitetura era de estilo antigo, como uma visão do passado, deslocada no meio das outras lojas e prédios.

— Eu sempre quis vir aqui. – Taehyung confessou, os dedos mexendo nas cutículas.

— Você nunca veio? – perguntou, e ele negou com a cabeça. – Por quê?

— Ah, não sei. Não parece um lugar pra se vir sozinho.

Jeongguk deu mais uma investigada no local. Haviam flores em tons pastéis nas janelas, ao lado de livros desgastados e garrafinhas aromáticas.

É, era um lugar bem romântico. Uma cafeteria planejada para casais irem a encontros informais, tomar uma bebida quente durante a tarde.

Jeongguk sentiu o estômago borbulhar de forma agradável e esticou uma das mãos para o namorado, que automaticamente entrelaçou os dedos nos seus.

— Obrigado por me trazer, hyung. É muito fofo. – elogiou, e Taehyung abriu um sorriso contente. Passaram pela porta estreita de vidro e um sininho tocou. – Espero que tenham bolo.

Por dentro o local tinha uma atmosfera ainda mais aconchegante e romântica. Era quente, envolto no aroma de café recém-preparado e um suave perfume doce. As prateleiras nas paredes estavam ocupadas por plantas e mais plantas, vasos pequenos e grandes, com suculentas e flores delicadas.

Haviam duas mesas ocupadas, ambas próximas à janela, que parecia ser o local favorito dos clientes. De modo automático, Taehyung e Jeongguk optaram pela mesa do fundo, isolada num canto com parca iluminação. Não por quererem se esconder, mas por uma preferência a privacidade. Se tivesse vontade de beijá-lo, Jeongguk não ia tentar se conter. E olhares externos não eram nada agradáveis.

Aos poucos iam se adaptando a essa nova realidade. Desde o baile estavam saindo juntos com muita frequência e passaram por algumas situações desconfortáveis. Ainda estavam aprendendo como lidar com o mundo ao redor, até que ponto deveriam ou não se incomodar com a opinião alheia. E iam descobrindo, aos poucos. Juntos.

Taehyung colocou o presente embrulhado sobre a mesa e tirou seu casaco de neve. Por baixo, vestia um suéter de linho cor de oliva, que complementava o tom quente de sua pele. Ele se sentou e Jeongguk observou-o tirar a touca e arrumar a franja com as pontas dos dedos, mexendo o cabelo de um lado para o outro. Taehyung o encarou, curioso.

— Você não vai sentar?

— Ah. – balançou a cabeça e riu, desconcertado. Despiu seu casaco de neve, revelando o moletom largo que vestia por baixo, e se achou mal-vestido para a ocasião. Não combinava nem com as cores pasteis da cafeteria, nem com a beleza singela do namorado, com seu suéter oliva.

Contudo, Taehyung não pareceu se incomodar. Ele já estava com o cardápio nas mãos, investigando a variedade de cafés. Quando levantou o rosto, Jeongguk notou que seu olhos cintilavam. Sorria de um jeito quase infantil.

— O que vamos pedir? – perguntou, o entusiasmo evidente em seu tom de voz. – Poxa, tem tanta coisa que eu queria experimentar!

— Pode escolher, hyung. – Jeongguk riu. – Nunca vi alguém ficar tão empolgado por causa de cafés.

— Não é pelos cafés. Só estou feliz por estar aqui com você.

Ele franziu as sobrancelhas numa expressão emburrada, e Jeongguk sentiu-se derreter. Sem aviso, curvou-se sobre a mesa e roubou um beijo delicado dos lábios de Taehyung.

— Então vamos vir aqui até você provar o cardápio todo.

Riu ao ver o namorado arregalar os olhos, surpreso, o rosto adoravelmente ruborizado. Ele negou com a cabeça e suspirou, resignado.

— Você não tem jeito mesmo… – reclamou baixinho, mas Jeongguk notou a forma como ele mordeu as bochechas por dentro da boca, tentando esconder o sorriso.

Depois de decidirem, Taehyung foi até o balcão fazer os pedidos – um expresso italiano, um café com leite simples e uma fatia de bolo de morango com dois garfos – e Jeongguk passou alguns minutos sozinho na pequena mesa redonda, encarando o embrulho prateado em cima da mesa.

Lembrou-se do detalhe que faltava, o envelope, e tirou-o do bolso do casaco para colocá-lo sobre a caixinha. Quando Taehyung voltou com a fatia de bolo nas mãos e colocou-a no meio da mesa, o novo objeto rapidamente captou sua atenção.

— A moça vai chamar a gente em alguns minutos. – disse, o olhar fixo no envelope. – O que é isso?

— Nada. Só um cartão.

— Pra mim? – Taehyung ergueu as sobrancelhas, e Jeongguk afirmou com a cabeça. Podia sentir a ansiedade borbulhando na boca do estômago. – Devo ler primeiro?

Jeongguk deu de ombros, incerto. Não tinha pensado sobre isso e agora percebia que talvez devesse. O que seria menos constrangedor, afinal? Que Taehyung lesse o bilhete ou que abrisse o presente?

Os dois vão me deixar morrendo de vergonha, concluiu. É só questão de ordem.

— Hm, você pode ler primeiro.

— Jura? – os olhos dele brilharam em expectativa, e o coração de Jeongguk deu um salto quando ele pegou o pequeno envelope em cima da mesa. – Será que a gente devia esperar o café? – perguntou em voz alta, mas não deu tempo para uma resposta. – Acho que não faz mal se eu ler antes.

E Jeongguk prendeu o ar ao vê-lo abrir o envelope, retirar o papel, e assim que Taehyung abriu a boca para ler em voz alta, todo o sangue do corpo decidiu ir direto para o seu rosto, e Jeongguk pensou que fosse chorar de vergonha.

Se você quiser fugir da face da terra, se lembre de que eu estarei com você. Em qualquer lugar.

Eu te amo, Taehyung.

Jeongguk

Seu rosto fervia, suas mãos suavam, e ainda que a expressão apaixonada no rosto do namorado o deixasse muito feliz, Jeongguk estava com vergonha demais para esboçar alguma reação.

— Jeonggukie, eu… – Taehyung começou, a voz rouca e baixa, mas seja lá o que fosse dizer foi felizmente interrompido pelo chamado da moça no balcão. Jeongguk prontamente se levantou da mesa, sob a desculpa muito bem-vinda de ir buscar os cafés.

A tarefa simples foi dificultada pelas pulsações retumbantes ecoando nos ouvidos, as mãos trêmulas segurando os pires com duas xícaras fumegantes. Teve de se concentrar para não deixá-las caírem. Além disso, não adiantou nada para fazê-lo se acalmar, porque logo estava de volta na mesa, e Taehyung continuava encarando o papel com um sorriso bobo nos lábios.

— Seu expresso. – indicou a bebida na frente dele, mas os olhos de Taehyung nem piscaram.

— Isso é tão meigo! – exclamou, encantado, e levou o papel junto ao peito. – Eu estou muito feliz, Gukkie, obrigado.

Jeongguk sentiu o peito aquecido. Céus, ele está nas nuvens só por causa do cartão, pensou, e soltou uma risada sem graça.

— Hyung, você ainda nem abriu o presente… 

— Hm? – ele arregalou os olhos castanhos. – Ah! Ah, sim. Desculpe.

Jeongguk apenas balançou a cabeça em resposta, acostumado com os pedidos de desculpas do namorado. Engoliu em seco ao vê-lo enfim pegar o pacote sobre a mesa.

Observou enquanto Taehyung destruía o papel prateado que tão cuidadosamente havia usado para embrulhar o presente. Ele abriu a caixa e foi como se tivesse encontrado um tesouro. Ficou encarando o conteúdo, paralisado, os olhos arregalados cintilando, e sua boca se abriu num perfeito círculo.

Jeongguk sentiu as borboletas se debaterem dentro de si, voando para todos os lados. Taehyung puxou o delicado cordão de prata para fora da caixa e levantou-o em frente ao rosto, analisando o pequeno planetinha com um anel ao redor. Então sorriu, cheio de ternura.

— Gostou?

— Oh, Guk… – ele pousou o pingente na palma da mão e o observou mais de perto. Ao levantar o rosto, Jeongguk notou que seus olhos estavam úmidos. – É lindo.

— Você escreveu sobre querer ir pra Vênus no diário e eu desenhei um planeta como esse no meu caderno. Sempre que eu via o desenho, me lembrava de você.

Taehyung fungou o nariz e franziu as sobrancelhas. Alternou o olhar diversas vezes entre o pingente e o rosto do namorado, então soltou uma risada divertida.

— Coelhinho… este é saturno.

Jeongguk arregalou os olhos, desconcertado.

— Sério?

— Uhum. Vênus não tem anel. – disse, voltando sua atenção para o pingente. – Muita gente acha que Saturno é o único planeta que tem anéis, mas na verdade Urano, Netuno e Júpiter também têm. São os quatro maiores. Só que os anéis dos outros não são tão visíveis quanto os de Saturno, então só foram descobrir muitos anos depois. Saturno tem sete anéis, sabia?

— Ah não, eu errei o planeta. – Jeongguk deixou escapar, decepcionado. Ficou boquiaberto, encarando a parede. Pela primeira vez na vida não prestou atenção à curiosidade que Taehyung contou, ocupado demais sentindo pena de si mesmo. 

Merda, como podia ser tão ruim em dar presentes?

— Jeongguk? – Taehyung cobriu seu rosto com as mãos, espremendo-lhe as bochechas. – Ei, eu amei. É perfeito. Podemos ir pra Saturno também. Podemos ir pra onde você quiser, quem diabos liga pra Vênus?

Ele estava tão perto que seus narizes quase se tocavam.

— Tem certeza que gostou? – perguntou, a voz abafada pelo aperto do namorado.

— Absoluta. – sorriu, e deixou-lhe um beijo rápido antes de finalmente libertar suas bochechas. – Você pode colocar em mim?

Jeongguk afirmou com a cabeça e, com um pouco de dificuldade, fechou o cordão na nuca do namorado.

— Talvez eu não esteja do seu lado todos os dias pra dizer isso, então quero que você use o colar e lembre o quanto é único e especial, e que qualquer pessoa que diga o contrário é um grande idiota. – explicou, e Taehyung riu. – Hyung, é sério. Eu me sinto o garoto mais sortudo do universo. Merda, eu ainda nem consigo acreditar direito.

— Nem eu, Guk. – disse, a mão descansando carinhosamente sobre o colar em seu peito. – Você é como um sonho. Espero que goste do seu presente.

Taehyung pegou sua mochila sobre o assento, abriu o zíper e puxou um pacote embrulhado em papel de presente colorido.

— Pra mim? – Jeongguk ergueu as sobrancelhas, surpreso. Passou tanto tempo obcecado em escolher o presente perfeito que nem se lembrou da possibilidade de receber um.

— Você pensou que eu não ia te dar nada?

Pegou o embrulho, sem saber o que responder. Encarou o papel colorido, o coração batendo apressado na caixa torácica. Balançou um pouco, tentando ter uma ideia do que o esperava. Não era pesado demais nem muito leve. E pelo tamanho… bom, podia ser um livro.

Conhecendo Taehyung, provavelmente era.

— Anda, Guk. Abre. Eu estou ansioso. – Taehyung cobriu a boca com as mãos.

Obediente, Jeongguk rasgou o embrulho e, bem… não era um livro.

Era um porta-retratos. Uma moldura de madeira clara, rústica. Era, ao mesmo tempo, simples e sofisticado. Ao colocar os olhos no objeto, imediatamente se lembrou de Taehyung. De prateleiras na biblioteca.

Contudo, não havia fotografia. Ao invés disso, tinha algo escrito em papel branco dentro. Jeongguk sentiu o estômago dar cambalhota e o ar lhe fugiu dos pulmões.

Caneta preta, letras pequeninas. Uma caligrafia muito bem conhecida, caprichada, palavras espalhadas em verso pelo papel.

— Um poema? – deixou escapar num sussurro. – Pra mim?

Taehyung mordeu os lábios, vibrando na cadeira, visivelmente ansioso. Ele afirmou com a cabeça, a respiração ofegante, e Jeongguk voltou a encarar seu presente.

Para mim, pensou, lisonjeado. Abriu um sorriso bobo ao começar a ler.

Eu, perdido em páginas em branco

Protagonista sem enredo

Logo eu, que nunca pertenci.

Você me rabiscou de ponta a ponta

Rasurou meus medos

Me coloriu por dentro

Escreveu o que eu não pude

Você, que jura que não é bom com as palavras

Que recita poesia com o corpo

Me dê a mão

E nós vamos encontrar um lugar bonito.

Jeongguk sentia o corpo todo pulsando, o coração descontrolado. Continuou a encarar a caligrafia caprichada, relendo e relendo as mesmas palavras infinitas vezes, atônito, incapaz de desviar o olhar.

— Diz alguma coisa, Jeongguk. Eu estou nervoso. – ouviu a voz grave de Taehyung chamar, e foi obrigado a levantar o rosto.

— Huh? E-eu não sei o que dizer. – gaguejou, tentando recuperar o fôlego.

— Então você gostou?

— Se eu gostei? – soltou uma risada fraca, sentindo o nariz começar a formigar. Jeongguk sabia o que era, as lágrimas se acumulando nos olhos. – É lindo, hyung. Merda, você me deixou emocionado.

Apertou os olhos com as mãos, tentando afastar os vestígios de choro. Ao abrí-los outra vez, encontrou Taehyung sentado bem ao seu lado e notou que ele havia puxado a cadeira para mais perto. Então Jeongguk o beijou.

Os cafés sobre a mesa já estavam frios, mas nenhum dos dois percebeu. 

— Espero que esse presente te faça entender um pouco como eu me sinto. – Taehyung sorriu. – Eu amo você. Amo mesmo. 

— Eu também te amo. – e o puxou para perto outra vez, enterrando o rosto na curva do pescoço morno dele. Sentia-se completamente rendido e vulnerável. Sabia que devia sentir medo, mas era exatamente o oposto. Sentia-se seguro como nunca antes na vida.

Se afastou do abraço e acariciou o cabelo castanho de Taehyung com a  mão antes de deixar-lhe um beijo estalado na bochecha. Ele deu uma risada e, atrás dele, Jeongguk notou um olhar furtivo na direção de onde estavam sentados.

— Hyung, acho que a moça do caixa tá encarando a gente. – cochichou no ouvido do namorado. Taehyung deu de ombros antes de enlaçar seu pescoço.

— Deixa ela olhar. É melhor que ela se acostume de uma vez. – sorriu. – Você me prometeu que vamos provar o cardápio inteiro essas férias.

~x~

Taehyung recebeu a notícia de que havia sido aceito na universidade de Pukyong apenas um dia antes de seu aniversário. Ele teimou em não fazer nada para comemorar, apesar da insistência de Jeongguk, e foi só quando Hyeyeon bateu o pé, indignada, e praticamente mandou um testamento no grupo do chat, que Taehyung concordou em ir ao restaurante Avalon na tarde de seu aniversário.

Estavam todos sentados ao redor da mesa redonda, como da última vez que haviam ido lá, com porções de frango e batatas fritas sobre a mesa, animadamente conversando sobre os planos para o ano novo e programando algumas atividades para o mês de janeiro. Elizabeth havia sugerido uma festa de despedida, já que partiria em breve. Ela estava com passagem comprada para a Inglaterra e viajaria em duas semanas. Disse que ia visitar sua mãe, mas não se aprofundou muito no assunto. Como sempre, misteriosa.

De súbito, Jimin ficou de pé, e a atenção de todos na mesa se voltaram para ele, a conversa interrompida.

— Eu tenho uma novidade. – anunciou, e sua postura denunciava que era tinha algo importante a dizer. Todos aguardaram, concentrados, e Jimin abriu seu sorriso brilhante, os olhos escondidos em pequenas meia-luas. – Eu passei na Universidade de Kyungpook! 

Ao redor da mesa, todos se levantaram e bateram palmas, gritando em comemoração. Foram abraçar Jimin, felicitá-lo pela notícia. Jeongguk, contudo, sentiu-se congelar na cadeira. 

Universidade de Kyungpook? Mas isso fica… 

— Em Daegu? – repetiu, incrédulo, os olhos esbugalhados. – Jimin, você vai-

— Eu vou ficar!

Jeongguk sentiu como se uma mola o atirasse para frente, e pulou em cima de Jimin, o envolvendo num abraço apertado.

Céus, Jimin ia ficar!

— Merda! Você tá falando sério?

Sentia as bochechas ardendo de tanto sorrir, um profundo alívio. Estava há meses se preparando mentalmente para a possibilidade de ver Jimin partir junto aos outros. De separar-se dele depois de dez anos juntos.

— Sério, Guk. Daegu é só uma meia hora daqui, eu vou e volto todos os dias. – Jimin gargalhou, dando-lhe tapas nas costas. – Agora será que dá pra você me soltar?

— Não. – O apertou com mais força, incapaz de conter a alegria. Jimin xingou em protesto quando Jeongguk lhe plantou um beijo sobre os cabelos louros.

 

Foi numa mesa redonda do restaurante Avalon que Jeongguk notou o excêntrico grupo de seis pessoas que haviam se tornado – ele, Jimin, Songyi, Hyeyeon, Liz e Taehyung – sem ter absolutamente nada em comum. Cada um contribuía com suas próprias paixões e interesses, com sua personalidade e, ainda que fosse esquisito, funcionavam bem juntos. Jeongguk se lembra de olhar ao redor da mesa e pensar nisso enquanto os amigos discutiam e brigavam por alguma questão boba do quiz. Foi divertido. 

Agora, parecia estranho pensar nisso. Aquela foi só a primeira vez e, ao sair do restaurante, Jeongguk pensou que essa pode ter sido a última. Mal tinham criado aquele elo e já teriam que se separar.

Foi também naquele dia que Taehyung o levou ao terraço do edifício onde sua mãe trabalhava quando ele era criança, ali bem perto do Avalon.

Dessa vez, contudo, foi Jeongguk quem sugeriu que fossem para lá. Se despediu dos colegas com certa melancolia, com a sensação de que todos ali estavam pensando na mesma coisa, que talvez aquela despedida pudesse ser a última. Mesmo assim, ninguém teve coragem de dizer em voz alta e acenaram os braços com sorrisos ao se separarem, com frases esperançosas como “até breve” e “nos vemos por aí”.

Jeongguk e Taehyung caminharam juntos, de mãos dadas, a curta distância até o edifício comercial.

— Por que você queria vir aqui? – Taehyung perguntou ao chegarem no terraço, enquanto se ocupava em acender um dos aquecedores externos.

— Não sei. – Jeongguk deu de ombros. – Pensei que a gente podia passar um tempo só nós dois. E eu gosto daqui. Tenho boas lembranças.

— Eu também – abriu um sorriso amável. – Se a gente brigar no futuro podemos vir até aqui pra fazer as pazes, que tal? Deu certo da última vez.

— Nossa, eu estava com tanto medo naquele dia… – Jeongguk recordou, e a cicatriz deixada pelo espinho ardeu um pouco em seu coração. Parecia já fazer muito tempo. – Achei que fosse te perder pra sempre.

As labaredas do aquecedor refletiam tons quentes no rosto e cabelo castanho de Taehyung, em contraste com o céu nublado e as cores frias do inverno. Ele se aproximou e Jeongguk sentiu um frio na barriga ao notar como o olhar dele estava focado em sua boca. Fechou os olhos e imediatamente sentiu a nuca ser tomada por dedos gelados e o hálito doce de baunilha soprou contra seu rosto um segundo antes da textura macia da boca de Taehyung cobrir a sua.

Dava calafrios quando ele beijava assim, tão dolorosamente lento e calmo. A língua dele degustava sem pressa, traçando rotas e atalhos e se perdendo na sua boca. Jeongguk não saberia dizer quando tempo passaram se beijando, mas teve a impressão de que já estava mais escuro quando abriu os olhos.

— Vem, vamos sentar. – Taehyung chamou, o rosto adoravelmente ruborizado, e o puxou pelo tecido do casaco de neve, arrastando um Jeongguk meio entorpecido.

Sentaram-se num dos bancos de madeira, o mesmo banco da última vez em que estiveram lá, afastado da porta do elevador, bem próximo ao aquecedor externo. Taehyung entrelaçou os dedos nos seus e soltou um suspiro ameno.

— Baek Geunsuk foi embora. – disse, e seu tom não era feliz ou triste, apenas indiferente. – Pelo que eu entendi ele vai ficar em Seoul até as aulas começarem no colégio militar.

— Geunwon te contou? – perguntou, e Taehyung fez que sim com a cabeça. 

— Ele me ligou. Tentou parecer contente no telefone, mas acho que está triste por um lado. É irmão dele, afinal.

Jeongguk sentiu um aperto no peito, genuinamente comovido pela situação do gêmeo. Baek Geunwon não era ruim. De fato, ele se aproximou muito do grupo desde o fim das aulas e, por trás do garoto nerd, quieto e encolhido, desvendou-se uma personalidade inesperada. Won podia ser tímido, mas revelou um senso de humor afiado, comentários sarcásticos que faziam todos rirem até doer a barriga. Era, também, interessado em mitologia, fantasia, jogos de RPG e séries medievais. Conseguia ser ainda mais nerd do que a expectativa, mas não no mau sentido. Na verdade ele era até bem legal.

Apesar de Jeongguk não gostar muito de quando ele ficava cochichando com Taehyung.

— E ele vai ficar aqui?

— Vai, até o fim das férias. Depois se muda de vez para Seoul.

— Ele vai se virar bem por lá, sozinho.

— Sozinho? Tenho certeza que Hyeyeon vai ficar no pé dele. – brincou, e Jeongguk concordou com uma risada. Os dois iam para a SNU. Hyeyeon para cursar cinema, e Geunwon, economia. Ela definitivamente o ajudaria a fazer amigos por lá. Não existia pessoa melhor para enturmar o gêmeo do que Han Hyeyeon.

Jeongguk apoiou o corpo no peito de Taehyung e ele o abraçou por trás, deixando um beijo carinhoso em sua orelha. Ficaram assim, em silêncio, confortáveis na presença um do outro. Minutos depois, começou a nevar.

Pequenos flocos de neve flutuavam pelo céu noturno. Caíam sem pressa, leves como pluma. Jeongguk os observou, encantado. Não importa quantas vezes se veja a neve cair, ela jamais deixa de exercer este fascínio. Jeongguk ainda se lembrava de quando era criança, de observar a primeira neve da estação pela janela de seu quarto. Lembrava-se de não conseguir parar de sorrir e, ao mesmo tempo, sentir uma vontade esquisita de chorar. Lembrava da ânsia de ir até lá, de tocar a neve, de botar a língua para fora e provar deixá-la derreter na boca.

Os anos passaram e Jeongguk cresceu. Contudo, ainda sentia algo parecido. Ao olhar para Taehyung, também tinha desejos conflitantes – sorria sem parar e, mesmo assim, seus olhos teimavam em se encher d’água sem aviso prévio, em momentos inoportunos. Estava acontecendo, agora mesmo. Podia sentí-los úmidos.

Floquinhos brancos pousaram nos cabelos castanhos de Taehyung. Ele não percebeu. Os olhos dele, admirados, estavam presos na paisagem. Agora, Jeongguk também sentia vontade de tocar. Esticou uma das mãos, afastando os flocos teimosos dos cabelos de Taehyung. Sem querer, chamou a atenção do namorado, que virou  o rosto, um sorriso que mal cabia no rosto, os olhos apertados em duas luas. Jeongguk deixou escapar um sorriso abobalhado, frouxo e torto, um misto de incredulidade e encanto. Quis provar, também, deixar o gosto dele derreter na língua.

— No que você tá pensando? – Taehyung perguntou, pegando-o de surpresa. – Parece que você foi pra longe.

Jeongguk negou com a cabeça.

— Estou aqui. – afirmou, abanando flocos do cabelo dele. – Só estava pensando na neve. Em como é bonito de ver, não importa quantas vezes a gente veja.

Taehyung o encarou por alguns segundos, pensativo, e seu olhar terno carregava certa melancolia. Ele deu uma risada rouca quando Jeongguk franziu o nariz, um floco de neve derretendo bem na ponta.

— Vou sentir sua falta.

— Eu também. Você não vai me trocar por algum universitário, não é?

— Isso é impossível.

— Promete?

Taehyung riu.

— Prometo. E eu vou voltar pra casa todo fim de semana, Guk. – disse, e Jeongguk fez um bico. – Além disso, você pode ir lá me ver também. Nós vamos à praia juntos.

Jeongguk puxou Taehyung para perto, e apoiou as costas dele em seu peito. O apertou contra si. Céus, não queria que ele fosse. Não queria mesmo.

— Vamos na praia pelo menos uma vez por mês no verão. E ver as cerejeiras na primavera.

Taehyung afirmou com a cabeça e apoiou o queixo em seu ombro. Fechou os olhos e sorriu.

— Eu queria te pedir uma coisa. Quero que faça algo pra mim, antes de eu ir.

Taehyung se afastou e puxou a mochila para o colo. Abriu o zíper e, de lá, tirou um objeto que Jeongguk não esperava ver nunca mais.

O diário do Incógnito.

Automaticamente sentiu o estômago se contorcer. Ao mesmo tempo que o diário era uma lembrança agradável – de como conheceu Taehyung e se apaixonou perdidamente por ele – também era a recordação de quando o decepcionou. De dias cheios de culpa e angústia. De achar que Taehyung nunca o perdoaria, de achar que havia perdido seu primeiro amor para sempre.

Taehyung esticou o caderno de couro em sua direção, mas Jeongguk não teve coragem de tocá-lo.

— Taehyung, o que…?

— Quero que termine. Quero que você leia até o final e que responda tudo.

— Por quê?

— Não sei. Talvez não faça o menor sentido. – riu frouxo, o olhar fixo no diário. – Eu pensei que você tivesse lido ele todo. Passei dias conformado que você tinha lido tudo e, quando vi que você respondeu, fiquei decepcionado por não ter continuado até o final. Pensei que você tivesse ficado com preguiça, ou sem tempo, ou que talvez só tivesse enchido o saco mesmo, sei lá. – ele fez um bico. – Mas eu não gostei. 

Jeongguk sorriu, entretido. Taehyung jamais deixaria de surpreendê-lo.

— Você tá falando sério?

— Ora, é claro que sim. Você começou ué, agora termina, anda. – esticou o diário outra vez, balançando-o no ar, como se quisesse se livrar dele.

Ao tocar o diário, foi quase como disparar uma descarga elétrica sobre o corpo. A textura, o peso, a grossura dele em suas mãos. Tudo era tão conhecido, tão íntimo.

Um dia de chuva. Um dia de neve.

— Mas até o final? – perguntou, desconfiado. Jeongguk arregalou os olhos escuros, incapaz de esconder sua surpresa. Notou as bochechas de Taehyung ficarem coradas, sem motivo aparente, e lembrou-se de como ele pareceu inundado de alívio quando Jeongguk admitiu não ter lido até o final.

— Não finge que não gostou. – ele brincou, tocando-lhe de leve a ponta do nariz.

Podia sentir a curiosidade crescendo dentro de si, aquela onda irresistível. Queria ler, teve que admitir. Sempre quis ler tudo, porque cada pensamento aleatório, curiosidade ou divagação boba de Taehyung enchiam seu peito com uma variedade de emoções. Numas vezes raiva, angústia e melancolia. Em outras, alegria. Na maior parte das vezes, o transbordava de ternura.

E era novo. E dava medo.

Jeongguk teve tanto medo. 

Medo de abrir a própria caixa de Pandora, de encarar quem era e, principalmente, quem gostaria de ser. Não é fácil. Não é fácil ter dezessete anos, estar neste limbo estranho entre a infância e o início da vida adulta. Já não poderia mais passar os dias despreocupados com Jimin, jogando videogames ou brincando na rua, sem pensar no dia seguinte. Um peso, do nada, aparece. O peso de ter que fazer escolhas e, ainda mais difícil, lidar com a responsabilidade dessas escolhas. Lidar com as consequências dos próprios atos, sem ter a quem culpar, sem ter a quem recorrer. Esteve meses preso nesta trajetória, o longo e tortuoso caminho de espinhos, cheio de rotas obscuras e atalhos enganosos. Perdeu-se, tomou a direção errada, e por um bom tempo não soube o destino. Contudo, aos poucos sua rota clareou. O cenário já não parecia tão assustador, e Jeongguk já não se sentia tão só.

Porque escolheu por si mesmo. Escolheu ler o diário de outra pessoa sem permissão, escolheu se aproximar, escolheu esconder um segredo. Correu riscos. O risco de se apaixonar perdidamente, de decepcionar uma pessoa querida, de ousar ser sincero. E errou um bocado. Aprendeu um bocado também. Por fim, escolheu Taehyung. Cheio de medo e dúvidas. Permitiu-se deixar sentir, e isso também foi uma escolha. A mais difícil, talvez. A angústia ainda borbulhava em seu peito, de tempo em tempo, e comprimia seu coração. Mas a cada dia que passava um sorriso de Taehyung, uma mensagem de texto, um pequeno gesto de carinho, a cada dia recebia uma prova de que havia feito a escolha certa. E tudo bem não ter cem por cento de certeza o tempo todo. E tudo bem não fazer ideia do que quer almoçar no dia seguinte ou o que quer fazer para o resto da vida. Estava disposto a correr riscos, a entregar-se ao mundo e se abrir para novas possibilidades. Porque tudo o que possuía de mais valioso veio após grandes riscos. Já não podia mais se culpar por suas ações impensadas, por sua língua desobediente, por seu coração vibrante e incoerente.

Jeongguk tinha dezessete anos, ainda. E, por mais que parecesse, não era o fim do mundo. Nunca era.

Eram sempre novos começos. Como se o caminho de seus sonhos se dividisse em outras trilhas, novos destinos, milhões de possibilidades.

Agora sabia, ainda estava longe de acabar. Não ia acertar sempre. Às vezes ia tomar o caminho errado, ia perder o rumo, se embrenhar em trilhas perigosas, tropeçar e cair. 

Mas já não tinha medo.

Incógnito… – Jeongguk sussurrou, quase sem perceber. Taehyung o apertou mais entre os braços, a cabeça deitada em seu ombro. Flocos de neve salpicavam seu cabelo.

— É minha palavra preferida.

— Por quê?

— Porque não posso ser dono dela. Não consigo dar um sentido concreto, ela sempre muda. E isso me assusta, mas também me encanta.

Jeongguk sorriu. Incógnito como o sentimento que nutria por ele, que crescia e se transformava dentro de si. Incógnito como o futuro sem certezas que os esperavam. Taehyung carinhosamente deslizou a ponta gelada do nariz pelo seu pescoço e lhe deixou um beijo delicado na nuca. Jeongguk sentia-se a ponto de transbordar.

— É como o amor.


Notas Finais


E aí, amoras? O que acharam?
Eu nem sei direito o que sentir. Esse dia parecia que nunca ia chegar. Finalmente, Incógnito chega ao fim...
Ou não?
Como vocês podem ver, eu ainda não marquei a história como "terminada". Aí você me diz: Larissa, sua louca, não é possível que realmente vai continuar escrevendo sobre esses dois até serem bem velhinhos, deixe-os em paz!!!!
E você tá certo, eu juro que vou deixar eles em paz! É SÓ MAIS UM.
Falta o epílogo.

Eu, como toda autora bem brega de romance água com açúcar, ADORO um epílogo. Não vou abrir mão dele. E o epílogo de Incógnito ainda vem com um gostinho saboroso de fanservice.

E antes que vocês me perguntem "LARISSA,PELO AMOR DE DEUS, O QUE DIABOS ESTAVA NO FINAL DESSE DIÁRIO???" podem ficar bem tranquilinhos que o epílogo irá desvendar este último mistério. Acho que começamos com o diário e merecemos fechar a história com ele também. :)

Me sigam nas redes sociais para ficarem atualizados sobre possíveis projetos envolvendo Incógnito, especiais, spin-offs, versões impressas, fanarts etc. E também sobre minhas outras fanfics, ando preparando algo super legal para um futuro muito próximo! Me aguardem. Jamais deixaria vocês sem o conteúdo fluffy.

Ah, leiam Vinte Minutos e V e, por favor, deem carinho a ela. É uma história importante pra mim, espero que vocês estejam gostando. Vou atualizar bem em breve <3

Por favor, venham falar comigo seja pelos comentários ou em qualquer uma das minhas redes sociais. Eu estou melancólica, sensível, contente... ah, nem sei. Aceito a companhia de vocês!

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Beijocas amoras,
~Btsnoona


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