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História Indesejada - Frustração e preocupação


Escrita por: Fanfic_Terapia

Notas do Autor


Quem é vivo sempre aparece!
Obrigada aos que ainda acompanham... Vocês são o máximo! Sem enrolação, vamos pra história!

Capítulo 23 - Frustração e preocupação


Dei um pulo da cadeira despertando de um novo pesadelo. Desde que me aprofundei nas aulas de canto e outras coisas meu corpo tem se recusado a adormecer, talvez por ele ter se acostumado a uma vida tranquila, sem receber tantas informações, isso tudo é bem novo para mim.

Coloquei as mãos sobre meu rosto, ainda estava tremendo. Diferente de antes eu não conseguia me lembrar dos meus pesadelos agora. Soltei um longo suspiro e olhei as folhas espalhadas sobre a mesa e a sala agora completamente vazia. Tenho passado dia e noite aqui, estou aqui antes dos alunos chegarem e permaneço quando as aulas acabam. Bom, pelo menos tenho muitas ideias na cabeça.

—AAAAAA SINCERAMENTE. –bufei enfiando a mão pelos meus cabelos.

—Achei que você estava brincando quando falou que ia viver nessa sala até se sentir feliz com o resultado das suas aulas. –o garoto falou entrando e começando a arrumar a sala.

—Desculpa eu dar trabalho pra você sendo a última a sair. –retruquei colocando minha cabeça sobre a mesa.

—Você não tem dormido né? –ele perguntou sentando em uma das mesas em minha frente e deixando a vassoura de lado.

—Zero.

—Hey... –ele hesitou antes de continuar.

—Matt, eu não tenho notícias do meu amigo há semanas.

Matt se agachou e colocou seus braços sobre a mesa que eu estava, um olhar de preocupação em seu rosto.

Eu conheci esse cara algumas semanas atrás quando fiquei na sala até mais tarde e ele precisava arrumá-la e trancá-la, acabamos tendo uma discussão já que me recusava a sair e ele estava me enchendo, mas no final começamos a conversar e aqui estamos nós.

—Eu te entendo, mas olha... –ele deu um sorriso torto enquanto tirava seu cabelo cinza dos olhos – Se seu amigo estivesse com algum problema ele te falaria.

—Você pensa assim? –perguntei levantando minha cabeça para poder olhá-lo nos olhos.

—YES! –ele disse apontando o polegar para mim –Mas você sabe... Eu acho que você tem se sobrecarregado demais.

Balancei minha cabeça frustradamente.

—Sem o Henry aqui as coisas não tem graça. –disse e percebendo seu olhar penetrante completei – Claro que você me anima bastante, Matt...

—Não precisa ser falsa. –disse fazendo bico e se colocando de pé.

—Você é um amorzinho, Matt. –disse me colocando de pé e segurando seu braço.

Ele deu seu sorriso encantador e se abaixou segurando em meus ombros.

—Amanhã vou trancar a sala assim que os alunos saírem. –falou e piscou para mim.

Matt é um cara incrivelmente alto para idade dele.

—Mas Matt...

Ele pegou sua vassoura e começou a varrer como se não me ouvisse.

—E eu aqui ainda perdendo tempo me preocupando... Ingrata filha da mãe. –resmungou.

Soltei uma pequena risada.

Matt é uma pessoa tão pura e com um espírito tão forte, acho que é por isso que não me importo de conversar com ele. Ele é mais novo que eu e passa quase a noite toda trabalhando na escola.

—Hey! Para de me olhar com essa cara esquisita! –reclamou quando me viu sorrindo.

Retornei para a mesa e comecei a recolher minhas coisas quando meu celular tocou, levei um breve susto, ninguém me ligava.

—Henry! –falei atendendo.

—Oh... Olá Elizabeth... –ele falou com um certo desânimo em sua voz.

—Henry, você está bem?

—Estou sim. Desculpe eu não ter te atendido esse tempo...

—Não precisa se preocupar, eu estava pensando se tinha acontecido algo.

—Não, não. Você quer dar uma volta? Estou voltando para o campus agora.

—Agora? Okay.

—Te espero no portão, até. –ele falou e desligou em seguida.

Parei por um segundo olhando a tela do celular, tinha alguma coisa errada com o Henry.

—Algum problema com seu amigo? –Matt perguntou se aproximando.

Coloquei um dedo sobre a testa.

—Ele disse que não, mas tem alguma coisa errada ali Matt. –disse olhando Matt de lado.

Matt mordeu seu lábio.

Juntei apressadamente minhas coisas e coloquei na minha bolsa.

—Eu vou descobrir. Até depois, obrigada por tudo. –falei saindo correndo pela sala.

—HEY! –Matt me gritou quando cheguei à porta da sala. –Come alguma coisa, você já é magra e se não comer nada vai acabar desaparecendo.

Dei um sorriso e uma breve reverência para ele.

Pude avistar Henry encostado no portão enquanto corria pelo campus.

Ele deu um pequeno sorriso quando me viu e acenou.

—Henry, Joshua. –cumprimentei os dois homens.

Joshua fez um breve aceno e Henry me puxou passando seus braços pelo meu pescoço me colocando em um abraço, dei alguns tapinhas em suas costas e ele me soltou para poder me ver.

—Eu sou um mau amigo para você não é? Te deixei por aqui e nem dei notícias. –disse me olhando com preocupação.

Segurei sua mão com minhas duas mãos.

—Você voltou Henry. –falei sorrindo.

Ele me olhou de uma forma doce e me conduziu até o carro. No caminho até o local Henry não quis falar nada, talvez por o Joshua estar ali.

—Pode pedir o que quiser. –Henry disse se sentando a minha frente em um restaurante imenso.

As pessoas estavam vestidas elegantemente e os empregados tinham uma postura muito fina, até mesmo o Henry se encaixava naquele ambiente, mas eu...

—Você está bem, não precisa se preocupar com o que estão pensando... –Henry comentou passando o olho pelo menu.

Atrás do Henry havia um espelho, dei uma espiada, eu parecia bastante cansada e meu cabelo não estava lá grandes coisas também...

—Dá uma olhada no que você quer comer. –ele falou sem sequer olhar para mim.

Eu peguei o menu e meu queixo caiu. Eles colocam ouro na comida?

—Henry... As coisas aqui são meio caras...

—Elizabeth, você sabe o que eu estava fazendo essas semanas? –ele me perguntou, agora um olhar cansado tomava conta de seu rosto.

Acenei negativamente com a cabeça.

—Trabalhando, viajando. –ele soltou um suspiro enquanto me respondia.

—Desculpa eu ter te ligado e mandado mensagem. –falei.

Ele balançou a cabeça como se quisesse falar alguma coisa mas não pudesse.

Um garçom parou na nossa mesa perguntando se tínhamos decidido e o Henry falou alguns pratos que eu não entendia muito bem o que eram.

Ficamos em silêncio até nossa comida chegar, Henry tomou a liberdade de encher sua taça de vinho.

—Acho melhor você não beber. –falou.

Eu concordei e comecei a comer minha comida.

—Henry, você não pode simplesmente se recusar a fazer o que faz? –disse preocupada.

Ele continuou comendo sem dizer nada e então tomou um grande gole do vinho.

—Me recusar? –perguntou me observando com a taça em sua mão.

—Você só tem dezenove anos...

—Minhas responsabilidades não têm nenhuma relação com minha idade Elizabeth...

—É isso que eu estou dizendo! –falei o interrompendo – Quero dizer, você tem dezenove anos e tem a rotina de um adulto, trabalhar, ter que viajar por causa de trabalho... Isso é errado... Como ficam suas vontades? Como ficam seus sonhos? Sua juventude... Seus amigos...

Ele sorriu e apoiou a taça sobre a mesa voltando sua atenção para mim.

—Eu não tenho tempo para nada disso. –falou ainda com um sorriso no rosto.

—Henry, você é uma boa pessoa, é animado, carismático, educado. Você consegue conquistar as pessoas só sorrindo para elas.

Seus olhos se arregalaram por um segundo.

—As pessoas se aproximam de mim pelo que eu tenho e pelo que eu faço, não por mim. –falou melancolicamente.

Apoiei meus cotovelos sobre a mesa e me aproximei de Henry.

—Eu estou aqui com você porque gosto da pessoa que você é, por você ter um bom coração, e por mim a gente estaria comendo miojo no meio da rua agora. –falei séria.

Henry soltou uma gargalhada.

—Isso é porque você é assim. –falou cruzando os braços e me observando.

—Mas sério Henry, eu aposto que sua família já tem muito dinheiro... Você não pode simplesmente falar que não quer mais trabalhar e quer fazer o que gosta?

Ele suspirou.

—Eu já dei muito prejuízo para minha família, quero poder recompensar isso. –confessou.

Prejuízo? Henry? Ele não é o tipo de pessoa que daria problema para sua família.

Ele terminou de beber sua taça de vinho e a encheu de novo bebendo-a rapidamente.

—Eu era uma criança muito doente, era praticamente um inválido, não servia para nada, não pude estudar quase nada quando criança, não pude brincar...

—Você? Doente? –perguntei incrédula.

—Fiquei anos no hospital, preso. Nem minha mãe ia mais me visitar. –falou revirando os olhos.

—O que você tinha? –perguntei.

—Uma doença respiratória, não vou entrar em muitos detalhes, mas tecnicamente falando não tem cura.

—Então você...

—Eu melhorei bastante, mas ainda a tenho, sim, mas são só alguns sintomas. Eu posso viver “normalmente” agora, tenho que evitar uma coisa ou outra. –respondeu me interrompendo.

Eu o observei boquiaberta sem saber o que responder.

—Desculpa, eu não queria te assustar. –falou segurando minha mão carinhosamente.

—Aquele dia... O sangue... –falei lembrando-me do dia em que acordei com ele em meu quarto.

Henry parou por um momento tentando entender o que falei.

—Ah... É. –concordou.

—Qual foi o motivo?

Ele hesitou por um momento.

—Esforço físico. –falou abaixando os olhos.

Esforço físico? Quando? Ah... Ele disse alguma coisa sobre ter me carregado de volta para o dormitório no dia que voltamos do bar. Tirei minha mão da mão dele.

—Você ficou daquele jeito por minha culpa? –perguntei engolindo em seco.

Henry olhou para mim de boca aberta sem dizer nada.

Eu abaixei minha cabeça tentando processar tudo que tinha acontecido.

—Elizabeth. –ele me chamou, eu permaneci com a cabeça baixa. –Não foi sua culpa, Stela deu ideia de chamar um táxi e eu dispensei porque queria poder te ajudar pelo menos uma vez.

Retornei meu olhar para Henry.

—No dia que te jogaram na piscina eu cheguei lá antes do Kaius. –comentou com uma expressão triste no rosto.

—Você...?

Ele confirmou com a cabeça.

—Mas eu não posso nadar... Eu não consigo ficar com a respiração presa... –ele disse passando a mão pelo seu cabelo em frustração.

—Henry...

—Eu não posso ser egoísta e me colocar em primeiro lugar, eu já causei muitos problemas para os outros por essa doença. –completou.

Por um tempo ficamos em silêncio.

Levantei-me do meu assento e Henry me olhou assustado até que parei ao seu lado. Dei um abraço nele e passei a mão carinhosamente pelas suas costas.

—Obrigada por me contar Henry. Estou aqui para você independente da sua escolha. –falei e me afastei dando o melhor sorriso que podia.

Ele ficou parado imóvel por um momento e então se colocou de pé em minha frente.

—Você não  muda não é? –perguntou inclinando seu rosto de forma que apenas poucos centímetros nos separavam.

—O-O-O que você quer dizer que eu não mudo... C-Como assim, claro que eu mudo. –respondi desviando meu olhar do seu.

— Você é uma ótima pessoa sabia? –perguntou passando a mão pela minha cabeça e sorrindo.

Eu olhei pra cima no momento exato de vê-lo dar um pequeno beijo em minha testa. Aquele pequeno gesto foi o suficiente para o meu coração quase sair pela boca.

—Obrigado por me animar. –ele falou com seu sorriso inocente de volta ao seu rosto. – Vou te levar para comer um miojo na rua já que é seu desejo. –disse apertando minha bochecha e passando por mim se dirigindo a um dos empregados para pagar a conta.


Notas Finais


Obrigada e até o próximo capítulo :)


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