Ficou sem ir trabalhar por dois dias seguidos, estava sem estômago para encarar Velasco outra vez. Pensou bastante entre ficar ou não com o emprego.
- Demissão? - A olhou espantado, ela afirmou com a cabeça - Anahi, se é pelo que aconteceu te peço desculpas, prometo que não se repetirá. Preciso que fique... Pelo menos até o desfile da nova coleção, você é parte disso, as idéias são suas. - Suspirou.
- Não acho que vá da certo essa nossa parceria, você está envolvido de outra forma e não quero prolongar isso. - Seus olhos desviados para a mesa entristecidos a fizeram reconsiderar - Só até o desfile, depois seguimos nossas vidas. Ok? - Sorriu de lado - Sou muito grata a você, foi o único nesta cidade a acreditar no meu talento de verdade.
- Então é tudo por gratidão? - Ela revirou os olhos - Certo, me desculpe de novo. Trato feito! - Apertaram as mãos.
Parou no shopping na hora do almoço, comprou um golfinho de pelúcia e mais um sapatinho, depois foi para a praça de alimentação, mas não comeu nada demais, estava com cólica e preferiu ficar só na salada. Guardava as sacolas no carro dentro do estacionamento quando Maite se aproximou com lentos passos.
- Antes de você começar a falar já vou avisando que não quero brigar e se veio jogar na minha cara que minha "aventura" com Alfonso, como você sempre disse, terminou perdeu seu tempo. - Fechou a porta e a encarou com os braços cruzados.
- Vocês terminaram? - Engoliu em seco.
- Agora pode ter sua família de volta já que o problema foi eu do seu relacionamento fracassado. - Suspirou. A morena a olhou com as sobrancelhas franzidas.
- Espera, quem pensa que é para falar assim comigo? Não seja ridícula Anahi. - Revirou os olhos com um sorriso debochado - Te procurei alguns dias atrás então Christian me disse que não trabalhava mais lá, por coincidência encontrei você hoje e só o que eu queria dizer é que renunciei, deixo o caminho livre para vocês. - Engoliu em seco. Anahi a olhava boquiaberta sem entender nada.
- O quê? - Franziu o cenho e tocou a barriga com dor, se apoiou no carro gemendo.
- O que é isso? Está tudo bem com você? - A segurou pela a cintura preocupada.
- Acho que estou perdendo meu bebê... - Maite engoliu em seco a segurando. A sentou no banco de trás do seu carro. Anahi a entregou a chave e ela começou a dirigir para o hospital mais próximo. Olhou pelo retrovisor a loira se contorcer de dor no banco de trás com as mãos apertando a barriga.
- Respira fundo e com calma, nós já vamos chegar ao hospital. - Ela concordou e fez o que Mai sugeriu.
- Ele não sabe... - Sussurrou quase sem voz.
Em quinze minutos chegaram ao hospital, Anahi foi logo posta numa maca pelos enfermeiros e levada para a área de casos de emergência. Maite a acompanhou, estava nervosa e preocupada. Por mais que tivessem divergências desses últimos meses, ela ainda era sua amiga e sentia-se mal vendo-a nesta situação.
Os médicos aplicaram uma medicação para controlar sua dor e começaram a pedir uma série de exames. Sem saber o que fazer, ligou para Alfonso, ele não atendeu. Não achou o número de Dulce e ligou para Christian.
Dentro de poucos minutos ele chegou correndo na emergência, estava mais branco do que de costume, Maite o viu e o alcançou, tocando em seu braço.
- Cadê ela? - Olhou por cima de Maite a procurando nas macas.
- Ela já está estável, foi levada para alguns exames.
- Vocês brigaram? - Arqueou a sobrancelha. Ela abaixou a cabeça. Christian suspirou.
- Eu não sabia que ela estava grávida, eu não... - Cobriu o rosto chorando.
O médico responsável por ela se aproximou dos dois, Maite se sentou ainda chorando enquanto Christian conversava com ele.
- Fizemos uma ultra na sua amiga e descobrimos que o que está causando as dores é o feto. - Chris arqueou a sobrancelha e o médico respirou antes de continuar - Ele não está no útero e sim nas trompas, precisa ser retirado.
- Abortar? - Passou as mãos no cabelo.
- Nesses casos geralmente o aborto acontece de forma espontânea, mas em casos como o dela precisa-se de uma cirurgia. Agora preciso comunicar isso a ela.
- Deixa que eu faço, por favor. - O homem assentiu e saiu.
Sentou ao lado de Maite e contou o que estava acontecendo, suas mãos estavam trêmulas e ela pálida. Christian deixou uma mensagem de voz para Dulce e Christopher. Beijou a cabeça de Mai e entrou na ala que Anahi estava sendo medicada.
- Como você está, loira? - Acariciou seu rosto. Ela ainda estava deitada na cama de hospital recebendo medicação.
- Melhor, mas eu senti tanto medo, achei que o estivesse perdendo. - Tocou a barriga.
Aquilo era duro de mais para ser feito, como poderia olhar nos seus olhos e dizer que não teria esse filho? Era dar a sentença de morte a uma mãe que ainda nem nasceu. Respirou fundo e conversou por mais um tempo com ela, sem nada dizer sobre a situação atual.
Voltou para a sala de espera e não encontrou Maite. Enquanto ele esteve lá dentro com Anahi, a morena decidiu fazer o que era preciso, nervosa, dirigiu com o carro da loira até o apartamento de Alfonso. Não demorou muito para que atendesse.
- Aconteceu alguma coisa com o Samuel? Você está estranha... Fala o que aconteceu, Maite! - Elevou a voz, a olhava sem entender porque seus olhos estavam fundos e marejados.
- Não era para ser eu, mas diante das circunstâncias acho que precisa saber... - Respirou fundo o olhando nos olhos - Anahi está grávida.
- Isso é uma piada ou o que? - Cruzou os braços e franziu a sobrancelha.
- Me escuta, ela está num hospital agora mesmo, sobre cuidados médicos porque passou mal e mesmo que estejam brigados, é de você quem ela precisa agora. - Engoliu em seco.
- Como posso acreditar que seja verdade?
- Fui eu quem a socorri. Vem comigo por favor... - Alfonso a olhava em silêncio e desconfiado, depois de um momento pensando pegou as chaves e saiu junto a ela.
Quando chegaram ao hospital Dulce e Christopher já estavam lá. Todos choravam muito. Explicaram o que estava acontecendo a Alfonso e ele quase cambaleou sem forças. Visivelmente percebia-se lágrimas cobrindo seus olhos e depois escorrendo por seu rosto.
Me propongo tanto continuar, pero amor es la palabra que me cuesta a veces olvidar ♪
- Any... - Sussurou entrando no quarto, já estava mais calmo, ela olhou em sua direção. - Porque não me disse nada?
- Porque eu tive raiva de você. Porque olhar para você me causava náuseas. - Mordeu o lábio e mesmo assim não houve como segurar o choro - Você foi tão rude comigo, como eu poderia? - Ele segurou sua mão.
- Me desculpa. Me desculpa. Só por favor, me desculpa. - A medida que falava seu rosto era coberto por mais lágrimas. Beijou sua mão e depois seu rosto. - Não consigo fazer isso, dói tanto em mim também... - Anahi arqueou a sobrancelha não entendendo sobre o que falava.
- O que está dizendo? - Sussurou.
- Annie... - Quando finalmente tomou coragem em dizer, o médico entrou no quarto e ele fez sinal para o mesmo para que contasse.
Sobrevivo por pura ansiedad, con el nudo en la garganta y es que no te dejo de pensar ♪
O homem de jaleco falava pacientemente. A medida que as palavras saíam seus olhos transbordavam em mais lágrimas. Alfonso segurou forte a mão de Any, ela se negava a acreditar.
- Está dizendo que não posso ter o meu filho? - Começou a puxar aqueles fios presos em si querendo arrancá-los. Poncho segurou seus punhos e a abraçou, sentia uma dor imensurável. - Não deixa fazerem isso, por favor... - Ele afagava seus cabelos chorando também.
- Eu sinto muito, infelizmente...
- SAI DAQUI! SAI DAQUI AGORA! - Gritava descontrolada. Alfonso piscou e o homem deixou eles a sós.
Poco a poco el corazón va perdiendo la fe, perdiendo la voz ♪
Sentia-se um lixo por não conseguir proteger seu filho, como poderia ser uma boa mãe? Chorava abraçada a Alfonso, já havia molhado toda sua camisa com todas aquelas lágrimas. Em minutos ela dormiu sobre efeito dos medicamentos. Acariciou seu rosto e limpou suas lágrimas. Saiu do quarto para respirar.
- Isso é tudo culpa sua! - Apontou o dedo para Maite. Ela abaixou a cabeça.
- Hey, ela já se desculpou, afinal quem trouxe Anahi para cá? Então baixa sua bola. - Christian intercedeu parando na frente de Alfonso.
- Olha só, aqui não é lugar de brigas, parem com isso. - Ucker olhou de um para o outro.
- Você tem tanta culpa quanto ela, Alfonso. Eu sei o quanto minha irmã já sofreu nessa vida, vocês só conhecem o que ela mostra. Ela perdeu o marido esse ano, depois a melhor amiga, o namorado e agora está para perder o filho. - A ruiva dizia friamente - Respeitem a sua dor e calem a merda da boca! - Andou até um canto onde ficou em silêncio.
- Vou indo, me avisa qualquer novidade? - Christian afirmou com a cabeça. Mai beijou seu rosto e saiu em silêncio.
Duas horas depois a loira acordou, chorava cada vez que pensava nas palavras do médico. Fechou os olhos e pediu a Deus forças e que Ele fizesse o melhor por ela e seu filho. Dulce entrou no quarto com um sorriso de lado e parou ao lado da cama, segurando sua mão.
- No início achei essa gravidez um erro, mas depois... - Sorriu junto às lágrimas - Me apeguei a essa idéia, Dul e agora não consigo me conformar. Eu vou tirar a vida do meu próprio filho. - A ruiva com os olhos avermelhados de tanto chorar beijou sua testa.
- Não imagino sua dor, mas se isso está acontecendo tem algum propósito. Essa é só mais uma das guerras que vai lutar e vai ficar tudo ok, sabe por que? Porque é uma fênix.
no me dejes caer jamás ♪
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