História Insônia - Capítulo Único

Hoseok nunca soube o que havia de tão especial em sua cama para que Taehyung adorasse ficar nela. Todas as vezes que tinham um tempo para ficar no dormitório, era para lá que ele iá, se deitava, enroscava-se nos seus cobertores e por lá passava tempos, perguntava-se o que havia de tão interessante ali, e com o tempo a cama mal parecia lhe pertencer. Taehyung tomara ela para si de forma tão possessa como tomara seu coração, já não usava a própria cama para dormir, lá jogava suas roupas enquanto todas as noites se encolhia em baixos das suas cobertas e o tinha nos braços. Taehyung era um invasor, gostava de invadir espaços, determinar seu, e era isso que fazia com sua cama, com seu coração, com ele por inteiro.

Não havia uma noite que se deitava sozinho, em que dormia sem ter os braços do dongsaeng o aquecendo alem dos cobertores. Hoseok estava habituado a àquilo, habituado a dividir a cama, o travesseiro, o espaço pessoal. Passara tanto tempo daquele jeito que, após as gravações de Taehyung se iniciarem e ele tivera que passar noites fora não conseguia mais dormir.

Onde estava aquele peso comumente sobre si? Onde fora parar o calor quentinho que emanava do ser grande que nele se apertava? Como poderia dormir se não tinha os pés de Taehyung enroscados nos seus fazendo um carinho gostoso? Não sabia o que era ter insônia tendo uma carreira tão corrida até a sua ausência. Estava tão cansado pela agenda mas não conseguia dormir, todas as noites que Taehyung tinha de gravar em outras cidades, rolava na cama durante toda a noite, chegava a ir para cama de Jimin, pedia um pouquinho de atenção ao amigo, mas Jimin não o puxava para seu peito, não fazia carinho em seu pé, nem ao menos lhe apertava, tinha o perfume, o calor. Jimin não era Taehyung.

Sabia que não era comum criar dependência de algo ou alguém daquela forma, mas era inevitável, queria Kim consigo todas as noites, como sempre fora desde o início. Taehyung não podia simplesmente invadir seu espaço, sua casa, força-lo a ter hábitos e depois bagunçar tudo, quando tivera tanto trabalho para deixar tudinho em seu devido lugar. Mas ele não confessaria, não diria que estava com insônia, nem mesmo que estava chateado com a agenda solo como ator. Ele não queria ser egoísta, afinal.

No entanto sua dependência e carência, ele não poderia esconder. Por essa razão, as duas da manhã, deitado em sua cama que tinha o cheiro de Taehyung a mescla do seu, ele discava o número do dongsaeng. Todos já estavam dormindo, todos estavam cansados, exaustos, e ele também, mas seu travesseiro pesava uma tonelada, e seus olhos queimavam para se manterem abertos.

E então chamou uma, duas, três vezes, na quarta já pensava em desligar, se sentindo inconveniente e egoísta outra vez, mas quando estava prestes a fazê-lo surpreendeu-se ao ser atendido.

“Hoseok? O que aconteceu?” Seu peito apertou, a garganta tornou-se seca. Quis chorar. Mas não sabia o porquê.

“Eu… Liguei pra te desejar boa noite”

“Só isso? Hyung, eu te conheço, o que foi?”

“É sério…”

“Bom, se é assim, boa noite”

“Não desliga… Tae.”

“Diga, Hyung?”

“Eu te… Sinto sua falta”

“Também sinto a sua, mas você sabe, amanhã a gente se encontra”

“Taehyung posso te perguntar uma coisa?”

“Pergunta, amor”

“Porque você gosta de dormir na minha cama?”

“Não é óbvio?”

“É?”

“É claro, você está nela, é por isso que eu gosto”

“Eu sinto falta de dormir com você toda noite”

“Eu também”

“Está?”

“Tá meio difícil de me acostumar a dormir sozinho”

“Taehyung?”

“Diga Hyung”

“Boa noite, não quero tomar seu tempo, faça um bom trabalho”

“Obrigado, Hoseok”

“E eu… Te amo”

“Eu também”

Naquela noite Hoseok dormiu, sabendo que, nunca se habituaria a dormir bem sem Taehyung, mas poderia se habituar a ouvir sua voz dizendo que também o amava antes de dormir.

Porque o amor de Kim o aquecia onde quer que ele estivesse.