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História Invasão de Privacidade - Conversa entre amigos


Escrita por: DrixySB

Notas do Autor


Hunter inicia uma inconveniente e imprópria conversa com Fitz na hora do café da manhã.

Capítulo 4 - Conversa entre amigos


Havia dias que Hunter não sabia o que era dormir bem.

Seu sono era entrecortado pelos gemidos provenientes do quarto ao lado.

E ele não podia reclamar, uma vez que era um hóspede não necessariamente bem-vindo.

Não que seus amigos não quisessem recebê-lo em seu aconchegante apartamento. Mas ele havia chegado de supetão após rastreá-los utilizando recursos e métodos ilícitos bem próprios de um espião de sua estirpe.

Fitz e Simmons se surpreenderam ao avistá-lo na porta. E, com certo constrangimento, ele perguntou se poderia ficar. Seus amigos não negaram, mas não havia como dizer que eles estavam totalmente confortáveis com aquela situação.

Ambos haviam pedido férias da SHIELD há pouco tempo e finalmente estavam curtindo o recém-comprado apartamento. Pelo visto, Hunter estava atrapalhando uma tentativa de lua de mel.

Ele também não se sentia confortável com isso.

Tampouco quando seus amigos começavam a fazer barulhos que se confundiam à sonoplastia de um filme pornô.

Novamente, Hunter acordou com a sensação de que, ao invés de dormir, tinha passado a noite levando uma surra de um inimigo. Suas costas doíam, seus ombros pareciam pesados, sua cabeça latejava e as incômodas e traumáticas lembranças da noite anterior assaltavam sua mente de maneira constante.

Seria impossível tirar os gritos de Jemma do pensamento.

Ele sacudiu a cabeça e se dirigiu à cozinha, aonde encontrou Fitz, sentado à mesa, bocejando – a noite havia sido complicada para ele também, mas de um modo bem mais agradável – e Jemma, sorridente, em frente ao balcão que separava a sala da cozinha.

- Bom dia, Hunter – disse animadamente enquanto empurrava um prato em sua direção – espero que goste de pancakes. Os morangos no topo estão suculentos.

- Ah... Bem... Okay. Eu gosto – Hunter respondeu meio sem jeito, pegando o prato das mãos dela e sentando-se na cadeira mais próxima.

Como de costume, Jemma dirigiu-se com suas pancakes e seu chá em mãos para perto de Fitz, colocando-os sobre a mesa e sentando-se no colo do engenheiro, fazendo com que ele desviasse os olhos sonolentos da tela do tablet para ela. Não tardou para que Jemma capturasse os lábios de Fitz nos seus em um beijo que foi se tornando cada vez mais ardente e apaixonado. Hunter ficou incomodado com a duração daquele beijo. Não dava mostras de que iria cessar tão cedo. Era difícil apreciar seu café da manhã daquele jeito. Ele conseguia ver línguas e dentes se movendo de maneira precisa e harmoniosa e Jemma parecia cada vez mais solta e lépida no colo de Fitz.

- Jemma... – o engenheiro tentou, separando os lábios dela dos seus – nós não estamos sozinhos.

- Hmmm... Hunter sabe que costumo tomar café em seu colo – contrapôs com uma voz manhosa.

- Definitivamente não estamos tomando café.

- Nós deveríamos voltar para a cama – ela sussurrou. Mas Hunter foi capaz de ouvir mesmo assim. Ele respirou fundo, procurando tranquilizar os ânimos contando até dez mentalmente.

- Acabamos de sair de lá! – Fitz objetou em um tom de censura.

- E isso seria um problema por quê...? – ela o provocou, distribuindo beijos suaves pelo queixo e pescoço do engenheiro.

- Não podemos passar o dia inteiro na cama – ele fechou os olhos, quase cedendo à namorada.

- Você quer apostar?

Jemma distanciou os lábios da pele dele, arqueando uma sobrancelha e imprimindo um ligeiro tom de desafio em sua voz.

Fitz não respondeu, permaneceu encarando – e, de certo modo, hipnotizado – pela altivez em seu semblante.

A essa altura, Hunter havia sido totalmente ignorado e estava receoso de qual seria a próxima cena que ele teria de presenciar a contragosto.

- Nós deveríamos tomar um banho, então – Jemma argumentou com um ar de malícia e moveu-se devagar e sensualmente em seu colo.

Um som grave e constrito partiu da garganta de Fitz que tentava a todo custo se conter diante da volúpia da bioquímica.

- Estamos tomando café da manhã...

- Correção: nem tocamos no café ainda. Você mesmo disse há alguns poucos minutos – ela tornou a provocá-lo.

- Jemma, eu acho que nós não...

- Sabe o que vou fazer com você embaixo do chuveiro? – ela o cortou, então aproximou a boca do ouvido dele a fim de lhe sussurrar quaisquer que fossem seus planos para aquele banho pensado de última hora.

Hunter observou – ao mesmo tempo em que fulminava ambos com um olhar que eles ignoravam – que a expressão no rosto de Fitz foi se transformando gradativamente. A boca dele se entreabriu e seu olhar pareceu perdido em um devaneio distante. Era público e notório que ele estava entregue.

Jemma se afastou e o fitou, já apreciando o gosto antecipado da vitória.

- Estarei lá em um minuto – Fitz respondeu, sem mais resistir.

Simmons sorriu, triunfante, deixando seu colo e dirigindo-se para o quarto a fim de preparar seu banho.

Assim que ela saiu de seu campo de visão, Fitz levou uma mão ao rosto, sentindo o peso da exaustão o consumir e perguntando-se de onde Jemma tirava toda aquela energia.

Calado, Hunter o avaliou por um instante.

- Difícil essa vida de casado, hein? – comentou, enfim.

Surpreso ao ouvir a voz do amigo – Hunter tinha quase certeza que ele havia esquecido completamente de sua presença ali – Fitz tirou a mão da frente do rosto e o encarou por um minuto.

- Nem fale. Eu sequer poderia presumir que seria assim tão... Difícil ­­- ele concluiu, um tanto desconcertado.

Fazendo rodeios, incerto se deveria chegar aonde queria com aquele colóquio, Hunter fez mais um de seus comentários insolentes.

- Ela acordou inspirada, não é mesmo?

- Ela sempre acorda inspirada – replicou Fitz, sem olhar para Lance, centrado em seus próprios desatinos.

Inquieto e impaciente, Hunter levantou-se de um salto, puxando sua cadeira para mais perto de Fitz, ficando frente a frente com o engenheiro, a fim de sanar sua curiosidade.

- Cara, eu preciso saber o que você fez!

- A que se refere? – o engenheiro indagou, confuso.

- Ontem à noite... Eu preciso saber o que... Bem – Hunter passou a mão pela nuca, constrangido de fazer aquela pergunta, mas ainda assim, sem conseguir se conter – O que você fez para ela gritar daquela maneira? – ele perguntou de uma vez, engolindo seu embaraço.

- Eu não sei do que está falando – Fitz rebateu, sem jeito, procurando disfarçar. Mas o rubor que tomou conta de seu rosto era uma prova suficiente de que ele sabia muito bem a que seu amigo se referia.

- Ora, vamos! Você sabe que eu consigo ouvir tudo do outro quarto.

O engenheiro cerrou os olhos, derrotado.

- Eu disse para ela... Mas não adiantou.  Minhas sinceras desculpas, Hunter...

- Esqueça! Nada vai apagar isso da minha mente mesmo... Ou será que você criou algum super aparelho removedor de lembranças?

- Temo que não – Fitz respondeu, meneando a cabeça negativamente.

- Ah, deixe pra lá. E aí, vai me contar ou não?

- E por que diabos você quer saber?

- Bem... É que eu estava pensando... Seja lá o que você tenha feito com a Jemma ontem... – Hunter procurou ser cuidadoso na escolha das palavras ao perceber que o outro o encarava exasperado – ela parece ter gostado muito... De modo que eu pensei que, quem sabe, eu poderia fazer o mesmo com a Bobbi... Assim fazemos as pazes.

- Cara, já pensou em pedir desculpas para a Bobbi? – Fitz devolveu, já levemente exaltado – é isso o que ela quer.

- Sim, primeiro eu peço desculpas, reconheço que estou errado e depois eu faço sabe-se lá o que você tenha feito com a Jemma. Simples. Quero fazer algo especial.

O engenheiro suspirou, procurando manter a calma.

- Acontece que eu não me sinto confortável em falar sobre essas coisas.

Hunter torceu os lábios em desaprovação diante daquela resposta.

- Você pode, de repente, falar em terceira pessoa.

- Como assim?

- Contar o que houve como se estivesse contando a história de outra pessoa. Que tal? – um sorriso quase infantil cintilou no rosto de Hunter.

Fitz percebeu que ele não se daria por vencido tão facilmente. Ele massageou as têmporas antes de recomeçar a falar.

- Você sabe... Quando... A garota...

Ele pontuava suas palavras com longas pausas que só faziam aumentar a expectativa de Hunter. O mercenário arqueou as sobrancelhas, como em um pedido silencioso para que ele prosseguisse sem mais delongas.

- Quando... A garota... – ele coçou levemente a cabeça – ela senta... Na...

- Sua boca. Essa parte eu ouvi. Ela mesma falou – Hunter completou como se dissesse a coisa mais casual do mundo – E, bem, isso a Bobbi já fez comigo. Não vejo grande surpresa...

- Tá, tá! Não precisava dizer isso – Fitz o interrompeu, constrangido e irritado, mas ainda assim prosseguiu – e, então... Sabe quando você... – ele ergueu a mão direita, movendo os dedos de maneira ansiosa – quando você toca...

- Quando usa seus dedos nela? Tipo, penetra com os dedos? – Hunter fez um movimento involuntário e obsceno com as mãos – isso eu também já fiz.

- Por Deus, Hunter! Eu não preciso saber do que você já fez ou não fez com a Bobbi. Me poupe de conhecer sua intimidade!

- Ok! – o outro ergueu as mãos em frente ao corpo, como se clamasse por paz – então foi só isso?

- Você não me deixou terminar.

Hunter franziu novamente o cenho em expectativa.

- Quando você a toca – cada palavra que partia da boca do engenheiro parecia demandar um esforço enorme – Mas... Em um lugar diferente... Em um lugar ainda intocado do seu corpo. E, por favor, eu não quero saber se no caso da Bobbi, permanece intocado – ele foi rápido em acrescentar.

Um vislumbre de compreensão atravessou o rosto de Hunter. De repente, uma expressão maliciosa surgiu em sua face.

- Ora, ora! – ele fez uma pausa e encarou o engenheiro que permanecia constrangido – Ah, seu safado! – seu tom de voz saiu carregado de segundas intenções – quem diria, hein?

- Ok, satisfeito? É isso – Fitz tentou finalizar aquela conversa, sem sucesso, no entanto.

- Foi só isso mesmo?

O engenheiro revirou os olhos.

- Depois disso, ela ficou por cima... Mas eu continuei tocando...

- Com seus hábeis dedos por trás. Seu devasso! – Hunter completou em tom de gracejo e provocação que só fizeram o rubor no rosto de Fitz se acentuar. No entanto, a malícia na face do mercenário cedeu espaço à dúvida quando uma dúvida assaltou, de súbito, a sua mente – Espera... Você não ficou, sei lá, preocupado?

- Acho que não entendi...

- Sabe... Ela pareceu mesmo gostar de... Bem, ser duplamente penetrada por você. Não lhe passou pela cabeça, em nenhum momento, que ela poderia ter... Certa fantasia...

Fitz o encarou confuso, com o cenho franzido, não entendendo onde ele queria chegar.

- Você sabe... Ménage...

- Não – Fitz sacudiu os ombros casualmente – sozinho, eu consegui lhe proporcionar prazer suficiente.

A segurança e autoconfiança do engenheiro lhe pareceram admiráveis.

- Quanta modéstia...

- Mas, na verdade, outro pensamento me passou pela cabeça – Fitz ignorou o comentário do amigo e, agora, parecia mais descontraído do que outrora.

- Qual?

- De fazer algo que nunca fizemos – O olhar de Fitz era distante, quase como se imerso em um delírio – de um jeito que nunca fizemos antes.

- Oh... Por acaso você não está falando de... – Hunter ponderou por um instante – anal? – a voz dele caiu para um sussurro.

- É! E usando um... Você sabe... – ele gesticulou com a mão, como se manuseasse algo cilíndrico.

- Um dildo? Pela frente... É isso? – Os olhos de Hunter haviam saltado das órbitas. Agora era ele quem estava surpreso e até mesmo constrangido.

- Isso mesmo – Fitz disse, ainda sem olhar para seu amigo, como se estivesse longe dali, falando e planejando consigo mesmo, sem se dar conta de que revelara uma de suas fantasias mais obscuras a Hunter.

- Uh! Nunca pensei que Leopold Fitz fosse tão pervertido. Bem, também não esperava isso de Jemma Simmons, mas enfim...

O sorriso de Fitz foi se desfazendo, seus olhos entrando em foco novamente. De súbito, tornou a encarar Hunter.

- Mas por que diabos eu estou falando disso com você? Eu não deveria...

- Relaxa! Sabia que Jemma fala sobre você para Bobbi?

O engenheiro ficou perplexo de repente.

- O que Jemma falou sobre mim?

O outro riu, sem graça, percebendo que havia falado demais.

- Ah, esqueça! Não foi nada...

- Se não foi nada, qual é o mal em me contar? – insistiu.

- Está bem – Hunter suspirou, derrotado – ela disse que você gosta de ficar sob o domínio dela.

A boca do engenheiro se entreabriu devido ao choque.

- E que, mesmo que ela goste de sua submissão, há algo de realmente excitante quando você a debruça sobre uma mesa.

- Hey! – Fitz o censurou, acho que ele estava indo longe demais.

- Desculpe. Mas esse foi o relato dela. Ela mesma quem disse, com todas as letras – esclareceu, de modo que não restassem dúvidas.

- E como você soube disso?

- Acidentalmente ouvi uma conversa entre elas.

- Sei, ficou acidentalmente atrás da porta – ironizou.

- Não. Foi realmente sem querer... Você acha que eu realmente queria ter tanto conhecimento assim sobre o que vocês fazem entre quatro paredes? E se esse comentário que a Jemma fez já me deixou desconfortável, imagina agora que eu tenho de ouvir tudo do outro quarto? – ele fez uma pausa estratégica antes de continuar – isso que ela disse é verdade?

Fitz o encarou, já sem paciência.

- Tá bem! Não vou mais te encher com relação à sua vida sexual.

O engenheiro assentiu, satisfeito. Um minuto de silêncio se passou antes de ele tornar a falar.

- Sabe, já que falamos sobre isso mesmo... Você me perguntou se não me senti inseguro quanto a... Enfim. Não me senti, mas há outros momentos em que me sinto.

- Quais, por exemplo? – Hunter inquiriu, mordendo uma torrada.

- Bem... Ainda não tínhamos tido a chance de ser um casal normal. Essa é a primeira vez. Longe do trabalho, da base, de todas as missões secretas surreais nas quais nos envolvemos. Como você disse, ainda estamos em lua de mel.

O outro continuou ouvindo em silêncio, interessado.

- Fico apreensivo, às vezes, pensando que quando essa euforia inicial passar... Jemma fique entediada. Isto é, ela é exigente. Não é tão fácil de agradá-la.

Deu pra perceber, Hunter pensou consigo, mas não ousou verbalizar, correndo o risco de ser morto pelo seu amigo, no meio da noite.

- Às vezes fico com medo que ela se canse...

- Ah, bobagem! – Lance objetou de imediato – não acredito que pense isso.

- Bem, tem horas em que simplesmente não entendo o que de especial ela viu em mim.

- Fala sério, vocês se completam. Não dá para imaginar um sem o outro. Te garanto que seu receio é infundado. Ela te ama.

Fitz o ouviu em silêncio.

- Olha, eu conheci vocês dois em uma das fases mais tristes do relacionamento de vocês. Os melhores amigos que se afastaram e não conseguiam mais conversar um com o outro... Eu conheci a Simmons tão deprimida. E, agora, olhe só! Eu nunca a vi tão feliz.

Hunter poderia ser inconveniente na maior parte do tempo, mas as suas palavras aqueceram o coração de Fitz naquele momento, o deixando mais tranquilo e aliviado.

- Fitz!

Ao longe, ele ouviu a voz de Jemma chamar seu nome em um tom melífluo e cálido.

- Vai lá, cara!

- Obrigado, Hunter – disse, sinceramente, enquanto deixava a mesa e caminhava rumo à Jemma que o aguardava para um banho quente (em todos os sentidos).

O mercenário não conseguiu evitar soltar um gracejo

- Certeza que ela vai te fazer um boquete.

- Cala a boca, Hunter!

Lance riu e, internamente, deu graças que dessa vez não iria ouvir nada. O banheiro do quarto deles ficava a uma distância considerável de onde ele se encontrava. E, decerto, o som da torrente da água que caía do chuveiro abafaria definitivamente seus ruídos.


Notas Finais


Eu não vou para o céu... ;P


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