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História Invasão de Privacidade - Tortuosa falta


Escrita por: DrixySB

Notas do Autor


Bobbi finalmente dá as caras.

Hunter, por sua vez, se dá conta da falta que sente dela.

Capítulo 5 - Tortuosa falta


— Pela última vez, Hunter, não! – ela exclamou em alto e bom tom, os braços cruzados em frente ao corpo em uma postura altiva.

— Por, favor, Jemma! – Hunter levantou as mãos em prece à altura do peito – é muito importante pra mim.

— Também é importante, para mim, não trair a confiança de uma amiga – Jemma replicou, resoluta.

Implorando desta vez, ele levou as mãos aos ombros da bioquímica. A súplica em seus olhos era veemente, mas Jemma estava irredutível.

Fitz observava a cena que se desenrolava entre sua namorada e seu melhor amigo, na cozinha, procurando conter o riso que ameaçava se desprender de sua garganta. Era particularmente cômico ver Jemma e Hunter argumentando. Ele, fazendo o possível para persuadi-la. Ela, firme no propósito de resistir.

Aquilo havia começado há quinze minutos e não dava mostras de que iria terminar tão cedo. No entanto, ao fitar o relógio, o engenheiro ficou um tanto preocupado. Afinal, ele e Jemma tinham um compromisso.

— Se vocês não se incomodam – disse, capturando a atenção de ambos; Hunter continuava com as mãos pousadas nos ombros de Jemma que, por sua vez, aparentava absoluta indiferença – podem terminar essa discussão de uma vez? Temos mais o que fazer, Jemma.

— Por mim, já está encerrada. Não é não! – ela afirmou.

Hunter jogou as mãos para o alto, soando deveras teatral.

— Se você quer carregar o peso da culpa de ter separado para sempre duas almas gêmeas cujos corações batem no mesmo compasso, a escolha é sua. Lide com a sua consciência como melhor lhe aprouver.

— Oh, por Deus! – ela revirou os olhos – me poupe dessa ladainha pseudo-poética, Hunter. Pare de ser tão dramático – ela o repreendeu – de uma vez por todas, não é através de mim que você vai conseguir entrar em contato com a Bobbi e ponto final.

Ele respirou fundo, contando até dez mentalmente, encarando a bioquímica com um olhar colérico.

— Não precisa me passar o contato dela ou o que quer que você tenha, contanto que fale sobre mim na próxima vez que encontrá-la.

— Eu não sei se vou encontrá-la novamente.

— Ah, você é quem deve me poupar, Jemma. A quem pensa que engana? É óbvio que irão se encontrar de novo – alteou o tom de voz, impaciente.

— Veja lá como fala comigo, Hunter. E eu não sou garota de recados. Mesmo que a veja novamente, não vou dizer nada. Esse assunto é entre vocês e eu não quero me meter.

Hunter balançou a cabeça de um lado para o outro, desesperançoso.

— Poxa, vida! É minha única chance... Vamos lá, Jemma... Eu quero reencontrá-la... Pedir desculpas.

— Jemma... – Fitz murmurou – deveria reconsiderar.

— Ugh, Fitz! Não vem com essa. Eu já disse que não vou me meter nisso. E, sinceramente, como ficou sabendo que eu a encontrei? - indagou, alternando um expressão interrogativa direcionada a Hunter com um semblante desconfiado ao seu namorado.

O engenheiro coçou ligeiramente a nuca, retorcendo os lábios.

— Eu devo ter deixado escapar, me desculpe.

Jemma o fitou com um visível ar de censura.

Ela encontrou Bobbi enquanto comprava itens para seu apartamento em uma loja de decoração. Com um visual e uma identidade diferente - o cabelo mais curto, escuro e liso e se escondendo atrás de um par de óculos escuros - a ex-agente surpreendeu Jemma que deu um sobressalto. Bobbi sinalizou para que Jemma ficasse quieta e após um abraço fraternal diante de uma prateleira de modelos vintage de luminárias - com Bobbi tentando conter as lágrimas e Jemma fazendo questão de deixá-las deslizar livremente pelo seu rosto - ambas seguiram para um café, a fim de colocar a conversa em dia, tentando parecer minimamente suspeitas.

— Eu tenho rastreado todos vocês.

— Sério? - Simmons perguntou, após apreciar um gole de seu chá.

— Sim. Inimigos estão próximos, tenho de manter os amigos próximos também. Mas não posso comprometê-los, por isso os espiono de longe… Tem dias que isso é uma droga - ela suspirou pesadamente - é horrível não poder me aproximar de vocês, mas… é o preço que escolhi pagar pela escolha que fiz.

— Sentimos sua falta - Jemma afirmou, o semblante melancólico - sua e… do Hunter - complementou cautelosamente, espiando a reação de sua interlocutora.

Bobbi manteve os olhos fixos na xícara de chá fumegante deposta à sua frente, pressionando  suas laterais com ambas as mãos.

— Sei que ele está com você e Fitz. É sobre ele que queria perguntar… Quero ter a certeza de que ele não está fazendo nada inconsequente. Sei como pode ser irresponsável quando não está comigo.

— Isso quer dizer… - Jemma tentou, reticente - que está preocupada com ele?

Bobbi a fitou com um semblante austero.

— Não começa, Jemma. O problema é que estamos foragidos e não é nada seguro se fixar em um lugar por muito tempo. E já faz quase duas semanas que ele está com vocês. Dessa forma, ele pode colocar todos nós em risco.

Bobbi explicou a Jemma que utilizava uma tecnologia desenvolvida por Fitz para rastrear os antigos colegas, uma das poucas coisas que ela pôde manter da época de SHIELD. A bioquímica não evitou um sorriso orgulhoso quando a amiga mencionou isso.

— Eu sei que não é da minha conta, mas… - Jemma hesitou - Você e Hunter…

— Foi ele quem escolheu me deixar - Bobbi deu de ombros, fingindo indiferença, mas era visível em sua expressão o quanto estava magoada - se ele prefere assim… Só peço para que o alerte a não passar tempo demais com vocês. Não pode colocar em risco a sua segurança e a de Fitz. E nem a dele mesmo…

Jemma deu um longo suspiro. Não havia nada que pudesse fazer, afinal.

Bobbi explicou que ficaria em um quarto de hotel nas proximidades por mais alguns poucos dias antes de desaparecer novamente.

— Não vai ouvir falar de mim por um bom tempo depois de hoje.

A bioquímica ficou triste em ouvir aquilo.

— Mas, um dia, quando menos esperar, eu vou aparecer. Não consigo deixá-los por muito tempo - ela pausou por um ligeiro momento antes de prosseguir com um ar mais alegre - eu nunca tive a oportunidade de dizer, mas… Estou mesmo muito feliz por você e Fitz.

Desta vez, um sorriso pleno e genuíno iluminou o rosto de Simmons.

As duas se despediram com um novo abraço, antes de Bobbi sumir novamente.

Agora, Hunter estava ali, lhe implorando por qualquer pista do paradeiro da ex-esposa. E a julgar pela expressão pesarosa em seu rosto, ele estava mesmo arrependido de tê-la deixado e sentindo muito a sua falta. Ainda com os braços cruzados, Jemma observava Hunter. Ele havia se sentado em uma cadeira, cabisbaixo, encarando as próprias mãos pousadas sobre o colo. Jemma quase vacilou em sua postura. Ela olhou para Fitz em busca de auxílio. No olhar do engenheiro estava legível o pedido para que Jemma ponderasse a ideia de lhe revelar onde Bobbi estava. Ela cerrou os olhos e suspirou longamente, antes de soltar os braços ao lado do corpo em um claro sinal de derrota.

— Ok! - exclamou - por acaso, assim sem querer - ela andou até uma mesinha de canto, tomando um bloco de anotações e uma caneta em mãos, passando a rabiscar uma das páginas em uma caligrafia descuidada que denunciava certa pressa e algum arrependimento em estar fazendo aquilo - eu posso ter deixado o endereço do hotel em que Bobbi irá ficar por apenas alguns dias… - prosseguiu, arrancando a página e rumando em direção à mesa, na qual depositou o pedaço de papel - bem em cima da mesa. Descuidadamente - concluiu, lançando um olhar arguto na direção de Hunter.

Gradativamente, um sorriso surgiu na face do mercenário.

— Jemma Simmons, você é incrível! - ele disse, levantando de um salto da cadeira e se aproximando da mesa, a fim de tomar a papel em mãos. Ele parecia ter rejuvenescido cinco anos de um minuto para outro.

— Bem, agora devemos ir - disse Fitz, dando uma longa olhada em seu relógio de pulso - do contrário, iremos nos atrasar.

— Tem razão - Jemma concordou.

Foi só então que Hunter atentou melhor para os trajes que eles usavam.

Fitz vestia um terno azul royal que realçava seus olhos e Jemma estava com um vestido preto de corte simples, com um tailleur por cima.

— Aonde vão tão elegantes?

— A uma festa - Jemma foi rápida em responder.

— E sequer me convidaram - disse Hunter, soando ofendido e não percebendo a inconveniência contida em suas palavras.

— É um encontro da nossa turma da Academia da SHIELD, Hunter. Divisão de Ciências e Tecnologia - Explicou Fitz, aproximando-se de sua namorada e passando um braço ao redor de sua cintura.

— Ahhh, saquei - disse, batendo uma mão na outra - encontro dos nerds. Não, obrigado! Imagina que papos mais chatos? E desde quando se vestem assim? Onde estão as flanelas, as listras, os coletes demodê, os óculos de grau e os jalecos?

— Ai, Hunter. É uma festa de gala. E você deveria abrir sua mente - comentou Jemma, incomodada com o comentário do amigo - tem uma visão muito estereotipada de nós.

— Eu? Imagina. Depois de tudo o que ouvi nos últimos dias, minha visão de vocês mudou completamente. Vocês são o oposto daquilo que eu costumava pensar, totalmente perv…

Ele foi prontamente interrompido por Fitz, cujos olhos estavam quase saltando para fora das órbitas mediante o comentário.

— Já estamos indo! Precisamos chegar cedo para encontrar um bom lugar para estacionar - disse, um leve rubor tomando conta de sua face.

Jemma, por sua vez, encarou o intruso com o cenho franzido, não compreendendo aonde ele queria chegar com aquela ladainha abruptamente cortada por Fitz. Sentindo as mãos de seu namorado em suas costas, direcionando-a para a porta, ela resolveu deixar aquele assunto para lá.

— Até mais tarde, Hunter.

— Até mais e não bebam muito - disse, acenando para os seus amigos enquanto Fitz lhe lançava um último e mortífero olhar.

O mercenário sorriu para o pedaço de papel em suas mãos. Havia um nome de hotel… Mas não o número do apartamento e sequer o andar. Mas já era um começo. O restante das informações, ele daria um jeito de descobrir.

*

Ele maquinava mentalmente um plano para se reaproximar de Bobbi, deitado na cama do quarto de hóspedes que vinha habitando há quase duas semanas, quando ouviu que o casal proprietário do apartamento chegou.

Entre murmúrios e risadas, levemente alcoolizados - Hunter presumia pelo tom alterado de suas vozes - eles adentraram o quarto não sem nem se preocupar se estavam fazendo muito barulho. A porta bateu com um estrondo e foi seguida de uma gargalhada sonora de ambos.

— Você ficou linda nesse vestido - Hunter ouviu o engenheiro dizer em um tom quase irreconhecível de voz, denunciando o teor de álcool que havia ingerido e o teor do desejo que sentia.

— Eu aposto que você também vai adorar o que tem por baixo dele - Jemma replicou em um sussurro repleto de segundas intenções.

Fitz deu uma risada baixa e então um barulho irritante e molhado de lábios em atrito penetrou os ouvidos de Hunter.

— Era só o que faltava - murmurou consigo mesmo, já preparado para outra tórrida e barulhenta noite de amor entre o casal.

Eles alternavam risadinhas infames e comentários maliciosos - que deixavam até mesmo o mercenário vermelho - com beijos ruidosos.

— Eu senti vontade de te tocar o dia inteiro - o engenheiro revelou em um sussurro perfeitamente audível.

— Você ouviu o que disseram nossos ex-colegas? Sobre sempre acharem que iríamos terminar juntos? - Jemma perguntou, sorridente - não havia definitivamente nenhuma surpresa nos rostos deles quando entramos de mãos dadas.

— Sim! Eu jurava que iríamos pegar todos desprevenidos, mas eles já esperavam por isso. Pelo visto, só nós dois não percebemos durante todo aquele tempo… Ainda bem que nunca é tarde demais.

— Okay, agora para de falar e tira a minha roupa - Jemma tornou, já impaciente.

— Seu desejo é uma ordem.

— Eu adoro que você seja tão obediente.

Seus corpos, entrelaçados, colidiram contra o colchão com um estrondo.

Depois disso, foi uma sinfonia de beijos, gemidos suaves, declarações de amor genuínas e ruídos obscenos e perturbadores de pele contra pele.

— Hmmm… Eu já estava sentindo falta disso - Disse Jemma depois que terminaram.

— Por Deus, Jemma. Não é como se não tivéssemos feito isso nas últimas noites.

— Não! Você não entendeu. Eu estava sentindo falta de fazer assim, mais devagar, com mais ternura… Fazer amor com você — a voz dela caiu para um sussurro melífluo ao proferir a última sentença.

— O que quer dizer? Você acha que fazemos pouco dessa forma?

— Sim. Se levarmos em conta todo esse tempo em que estamos juntos, digo, em um relacionamento, foram poucas vezes… Por exemplo, a nossa primeira vez naquele hotel em Budapeste. Mas só a primeira, não a segunda. Aquilo foi fazer amor.

— Hmm… Qual outra? - Fitz pareceu subitamente curioso.

— Teve aquela vez no chalé  que alugamos em Perthshire… Aquela em frente à lareira.

— Foi realmente muito romântico.

Hunter não conseguia pensar em nada mais clichê do que uma cena de amor em frente à uma lareira, tendo o crepitar do fogo como trilha sonora. Ele revirou os olhos. Seus amigos compunham realmente um casal cafona.

— Seychelles?

— Ah, não. Aquelas não. Aquelas foram bem quentes. Eu me refiro àquelas vezes… Como no nosso primeiro aniversário de namoro.

— Hmmm… - Fitz permanecia confuso.

— Fala sério que você não sabe diferenciar! - ela disse, soando levemente indignada com o fato de Fitz não conseguir entender seu ponto.

— Na verdade, eu não sei mesmo - ele pausou um instante, como se refletisse, então prosseguiu -  acho que é porque eu sempre faço amor com você. Independente da intensidade… Ou da posição.

— Sério? - ela indagou em uma voz sorridente e manhosa.

— Sim.

— Mesmo quando estou de quatro?

Fitz riu e, certamente, revirou os olhos.

— Mesmo assim, Jemma.

— Mesmo quando eu sento na sua boca? - ela perguntou, agora em um tom de voz altamente malicioso.

— Ora, Jemma… - o engenheiro pareceu constrangido com a pergunta.

— Oh, você ainda sente vergonha quando falamos sobre sexo sem estarmos fazendo sexo. Isso é fofo - gracejou.

— Pare com isso! - disse ele, enérgico, pondo fim àquela conversa - venha até aqui.

Eles partilharam um beijo terno antes de dormir. Pelo menos era o que Hunter concluíra a partir daquele som inconfundível de lábios se tocando e do silêncio que o sucedeu.

Hunter permaneceu desperto naquela noite. E, desta vez, não foi por culpa do fogoso e ruidoso casal. Mas, sim, porque passou o restante da noite pensando em Bobbi.

Sentia falta de dormir ao seu lado. De tê-la consigo, em seus braços. Era triste e doloroso dormir sozinho. Estar distante dela.

Ele sentia uma imensa e tortuosa falta de Bobbi.


Notas Finais


Um capítulo mais ameno, se é que vocês me entendem ;)

O próximo é, provavelmente, o último.


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