História Invasora de Minha Mente! - O corvo causador do caos!...Ou não.

O telefone fixo do quarto das duas tocava, eram por volta de sete e meia da manhã de um domingo tranquilo de clima agradável, Mei dormia tranquilamente, sedada pelos antibióticos que teve que tomar na noite anterior, Tsunade dormia ao seu lado, onde havia juntado as duas camas a pedido da própria morena, que lamentou estar doente sem poder aproveitar o “momento”.

Tsunade acordou e logo atendeu o telefone, ainda sonada ouvia uma voz estridente e grossa lhe mandar abrir a porta, ela abriu e na hora olhou com estranheza para o homem alto bem trajado à um terno cinza escuro, seu cabelo era curto e com um penteado nobre, em seus dedos diversos anéis de prata e seus olhos eram azuis chegando ao cinza, que aliás era a cor de seu cabelo, sua cara estava nitidamente zangada e de suas narinas pareciam ventar um tufão de tanta impaciência que ele tinha, ficou observando a loira em um contato visual que levou uns segundos para se estabelecer certa compreensão.

_Então você é a tal “loira”? Precisa demorar esta eternidade para atender o telefone? Liguei para a Mei e o celular dela só dá caixa postal, se não fosse meu contato com a reitoria eu nem saberia o numero e o quarto de vocês! – disse aos berros, já fazendo menção de entrar, impedido por Tsunade que manteve-se firme à receber sua atenção na porta.

_Desculpe mas Mei está dormindo, o senhor poderia esperar o efeito dos remédios passar e ela assim puder lhe falar em seguida? – foi amistosa.

_Não tenho tempo para essas frescuras dessa imbecil!!! – entrou à força, empurrado a loira para o lado.

_Espera!!! – ela tentou impedi-lo ainda.

_Tudo bem Tsunade... – a morena estava com uma cara séria, já de pé e encarando ele em cima do tapete à frente das camas.

_Mei, você...

_Graçinha, poderia por favor esperar lá fora? Não se preocupe, não nos demoraremos, serei o mais rápida possível, já te chamo. – olhou para Tsunade pedindo consentimento, assim, ela fez o que lhe foi pedido.

_Muito bonito brincar de casinha e me deixar preocupado! – repreendeu, abaixando os olhos e acendendo um cigarro.

_Apaga!!! – disse rápida e séria.

_O que?

_Tsunade não gosta do cheiro de cigarros aqui dentro do lar e sem mencionar que sua filha acaba de sair de uma crise respiratória...vai querer mesmo fumar esta merda na minha frente? – no mesmo instante, contrariado, ele amassou o cigarro e jogou no chão, em seguida olhou-a e à todo o cômodo.

_Interessante você finalmente manter os dotes da organização doméstica em seu cômodo... – andou fitando o quarto inteiro.

_Tsunade me ensinou.

_Pelo visto ela te ensina a ser o que você deveria ser por natureza!

_Vai começar com as indiretas? – gritou.

_Pare de brincar com sua vida Mei...sua mãe e eu estamos preocupados!

_Primeiro, quem brinca com a vida aqui não sou eu...segundo, agora você fala pela minha mãe também?

_Este assunto não lhe condiz essas zombarias!!! – se irritou.

_Que graçinha papai – falou séria e começou seu tom sarcástico - Você querendo me ensinar a andar na linha ...como sempre um belo exemplo de pai!

_Você sempre irredutível!!! É impossível conversar com você!!! Você é igualzinha a sua-

_Minha mãe? Não...infelizmente, sou parecida com você, por isso não nos damos bem, você é impossível!!!

_Você igual a mim? Sua mãe deve ter enfiado esta ladainha na sua cabeça!

_Não enfiou não, eu só me dei conta através de outra pessoa, percebi o quanto sou fria, mesquinha, egoísta, rude e uma imbecil por sempre passar por cima dos sentimentos das pessoas!...Você não conseguiu manter mamãe por perto, eu não vou cometer o mesmo erro!

_Definitivamente não há conversa com você! Olha eu já vou indo, preciso regressar ao escritório, estou organizando um almoço dia 14...chamei sua mãe também, queria passar esse dia com vocês, se quiser chamar seus amigos, traga-os também.

_Eu decido o que faço no dia do meu aniversário!!! – gritou – Você nunca se preocupou com essas coisas! Acha que é só encher pompa pra festas luxuosas!? Eu não quero isso! – ele ficou um tanto decepcionado.

_Eu vou insistir... – disse respirando fundo – Até Mei... – despediu-se indo até a porta, abriu-a e saiu.

O homem malquisto ali, passou pelo corredor fitando Tsunade que o encarou e logo foi entrando no quarto.

_Mei, como foi?

_Uma merda como sempre, não consigo dirigir palavras àquele homem!!!

_Ele é seu pai, pelo menos ouça-o e o faça ouvi-la!

_Não quero falar dele Tsunade! Matsuro Terumi não existe para mim! Não me interessa o quanto ele seja famoso na mídia, não passa de um qualquer pra mim!

_Cuidado com o que diz Mei...a vida dá voltas e talvez um dia você precise dele e vice e versa...

_Vai começar com os papos melancólicos já de manhã? Vou me atirar na primeira brisa gelada que ver só para voltar para a cama!!! Lá eu era feliz!!!

_Sua dramática, não repita isso! Eu fiquei preocupada!

_Ahh tá desculpa Tsu-chan! – logo fez uma face cômica – Vem cá!!!

_O que você vai fazer?

_Deita aqui comigo sua corta-climas!!! – ordenou. Tsunade foi até ela, sentando-se do lado da cama, onde Mei já estava deitada.

_Você está muito longe!!!

_Vem cá! Que tipo de contato você quer sua maluca? Pare de me dar ordens, odeio isso!!! – a morena apenas riu da reação embaraçosa da loira.

Tsunade não percebeu quando a morena olhava-a intensamente e rapidamente se levantou, sentando-se na cama e lhe acariciando a bochecha direita, virou o rosto da loira em sua direção, lhe fisgando um selinho bem demorado onde a loira nem mesmo teve reação, só ficou mais vermelha que um tomate após o cessar.

_Eu não agradeci por ter cuidado de mim...em todos os sentidos...obrigada!

_Eu espero que não se culpe pelo que ocorreu a ela...não foi sua culpa e não aceito que continue com isso!

_Sim, não quero brigar com você. Eu só tenho a te agradecer muita coisa, mas pega leve comigo, nunca fui ensinada a pedir desculpas às pessoas... – riu leve.

_Você não tem que me dizer nada...

_Na verdade eu preciso dizer- - fora interrompida com umas batidas na porta. Tsunade foi abrir.

_Orochi!?

_Meninas do céu!!! Que bafafá foi esse da briga de vocês?! E Mei por que o gostoso bad-boy do seu pai estava aqui?

_Eu não precisava ouvir isto. Sei lá o que ele veio fazer aqui.

_A cabeçuda da Mei teve uma crise e comuniquei aos médicos que também tinham contato com o pai dela, então deu nisso.

_Gente que babado! – pôs a mão na boca. – Mas preciso falar com vocês, estão todos preocupados, fui falar com Konan e a coitada estava chorando. – ele se sentia penoso fazendo Mei ter a mesma reação.

_Aquela chorona...Vou falar com ela depois e explicar o que aconteceu...francamente! Todos tomando conta de minha vida! – disse tentando parecer aborrecida, mas no fundo se sentia feliz e orgulhosa por ter os amigos que tanto preza.

_Não só com ela Mei... – foi advertida por Tsunade – Há alguém que você deve conversar e se desculpa também.

E minutos depois a incrível cena cômica se instalava no corredor dos quartos da faculdade.

_Eu não vou conseguir!!! – dizia dando meia volta, mas sendo arrastada em seguida pela loira.

_Vai sim! Vamos pare de enrolar!

_Tem certeza? Olha talvez ele possa ter saído, voltamos outra hora. – tentava fugir de todas as formas. Tsunade bateu na porta. – Tá vendo não tem ninguém em casa, vamos embora!!! – a porta foi aberta revelando o homem sério que a abriu. Mei engoliu seco e imediatamente olhou petrificada para o irmão, pareciam conversar apenas assim.

_Vou deixar vocês à sós... – Tsunade sorriu leve, terminando pondo a mão no ombro da morena e lhe dar a última palavra de encorajamento, e assim seguiu para longe, mais precisamente do lado de fora do prédio, onde Orochimaru parecia estar à esperando.

~X~

Mei parecia nervosa, não, estava tremendo, em um único dia foi exposta á situações tensas e dois homens dos quais não são quaisquer um em sua vida, o primeiro foi seu pai com quem nega todo tipo de afeto e preocupação, e o segundo, seu irmão emprestado, irmão este que o tempo e a amizade o fez, irmão de culpa também pois ambos compartilham o mesmo remorso pela perda da amiga antiga e inesquecível.

O silêncio do momento foi algo tenebroso, nenhum dos dois ousava começar um diálogo, ou melhor, nenhum dos dois conseguia, nunca as palavras foram tão requisitadas como agora.

Mei coçou a cabeça, piscando nervosamente, em seguida cruzou os braços parecendo desconfortável.

_Quer alguma coisa...

_Não nada!!!

_Não perguntei, afirmei...quer alguma coisa.

_Tá legal sabichão, agora adivinha no que estou pensando agora ò senhor-sabe-tudo!? – foi irônica deixando o clima mais leve.

_Isso é fácil demais...por acaso não seria naquela loira que acabou de sair!?

_E-e idi-o-o-ta!!! – apontou na direção dele.

_Como sempre tenho razão. – sorriu convicto. – Mas não dessa vez, desconte sua raiva em mim e não na menina, fui eu que a beijei...ela estava procurando por você nessa noite, fui um idiota e me aproveitei!

_Você sempre foi um idiota...primeiro foi Samui, e agora Tsunade...se continuar assim seremos inimigos declarados.

_E já não somos? – ironizou.

_Não...por enquanto não.

_Hã? Qual o motivo da mudança? Ontem mesmo você queria me matar!

_Eu aprendi a me importar com os sentimentos das pessoas...não sei explicar mas tudo que envolve Tsunade me faz pensar assim. – olhou esperançosa em outra direção, ela realmente levava um brilho diferente no olhar.

_Cuide bem de seu amor... – ficou corada no mesmo instante.

_E-ela na-não é-

_Você quer mentir pra mim que sou seu irmão? – foi em sua direção e enterrou o rosto da menor em seu peito lhe dando um abraço forte e confortador. – A vida lhe sorriu de novo pequena! Não deixe sua felicidade escapar!

_Mas nós...nós duas... – pequenas lágrimas se formaram em seus olhos a medida que seus dedos impunham força no afeto.

_Eu sei. – afagou sua cabeça. – A Mei que eu conheço não se importaria com essas coisas.

_A Mei que você conhece era um erro e que agora está se transformando em outra coisa! Nem eu reconheço mais meus atos!

_Então seu caminho está aí...não tenha medo de nenhuma opinião, de nenhum obstáculo e nem de suas insegurança...mostre para Tsunade o que ela significa agora para você! Esse é meu conselho de irmão mais velho. – a morena enlaçou os braços no pescoço do irmão o abraçando de forma mais carinhosa, parecia que toda a negatividade e as brigas foram sanadas por um afeto incondicional que não morreria jamais.

_Certo certo! – se desprendeu do maior já limpando o choro – Vamos parar com essa viadagem que só o Orochi é que tem essas manias afetivas!!! Agora tá tudo bem, obrigada!

_Claro, afinal de contas irmãos não têm essas coisas, irmãos foram feitos para brigarem!!!

_Isso mesmo, e também zuar um pouco o outro que é sempre bom!!!

_Sempre, até porque é comum irmãos dividirem as namoradas.

_Não sei disso não!!!Que papo é esse?

_Ora vai dar uma de egoísta Mei!? – se fez de sentido, fazendo a morena cair na provocação divertida.

_Olha aqui Madara! Vou te mandar para a puta que pariu se não parar com essas ideias de merda, ouviu!?

_Eu sabia, irmãs mais novas sempre são mais egoístas.

_Eu vou te matar sabia!?

~X~

Tsunade chegou até o jardim se escorando numa árvore onde seu amigo estava pensativo e de braços cruzados.

_O que foi borboleta? – mexeu com ele sorridente.

_Estava pensando umas coisas.

_Se está preocupado com aqueles dois, eles vão ficar bem! – tentou animar.

_Não é só isso... – ele tinha um tom estranho, era a primeira vez que via Orochimaru sério e o inverso do que sempre foi. – Sabe aquelas cartas com a foto e as palavras em recorte?

_O que tem elas? Acho que não precisamos lembrar disso.

_Você é que pensa Tsunade...aquilo foi proposital.

_O que está induzindo?

_Alguém quer separar vocês duas! – a frase caiu como um raio nos pensamentos da loira.

_Alguém? Nos separar? Mas por que?

_Não sei...pelo que vi Mei não tem nenhum ex que tenha vindo depois de Samui, e você?...Pensando bem...não sabemos nada de você, nem mesmo seu sobre nome. – ele levantou uma inquietação, fazendo a loira ficar nervosa.

_Eu...eu não tenho ex nenhum!

_Tsunade, está escondendo alguma coisa não está? – ele disse mais afirmando do que perguntando, olhando sinceramente para os olhos da amiga.

_Eu não posso dizer nada...desculpe. – abaixou o semblante em raiva.

_Entendo, apesar de tudo eu confio em você plenamente e vou esperar a hora certa em que quiser me contar.

_Obrigada...então agora o que posso fazer?

_Você viverá sua vida maravilhosa com a sereia, e eu, euzinha aqui vou tirar essa historinha à limpo!

_O que está pensando em fazer?

_Não é obvio? Achar essa pessoa que quer separar meu casal perfeito!!!

_CASAL??? – comicamente Tsunade se engasgou tossindo em seguida.

_Por que o espanto? Eu pensei que vocês já estivessem-

­_Orochi, nós duas não somos um casal!!!

_Como não criatura? Dormem juntas?

_Sim mas é porque dividimos o mesmo quarto e você sabe!!!

_Já se beijaram?

_Er... – neste momento a loira ficava um pimentão de vermelha –

_Vou encarar isso como um sim. – deu o sorriso mais largo que poderia. – Então querida, o que te impede?

_Orochi você diz como se fosse fácil! Eu estou empenhada nos meus estudos, meus objetivos não vão se fazer sozinhos sabia!?

_E o que tem você namorar no processo?

_Orochi...pelo amor de deus, somos mulheres.

_Está sendo preconceituosa consigo mesma ou não quer admitir que gosta dela!

_Orochi eu não quero arranjar uma briga com você por causa disso!

_Pois quem vai dar ataque agora sou eu!!! Sua doida, para de fingir, está estampado em sua fucinha que você A-M-A Mei Terumi. – disse convicto.

_Você é que deve estar ficando doido! Eu não curto este tipo de coisa!

_Mas não é só questão de curtir docinho, isso acontece, amor é imprevisível e você sabe disso, agora o que vejo aqui é que você tem medo...mas não pode ficar ignorando isso para sempre, Mei tem sentimentos, e por mais que ela queira esconder por sua causa, ela não tem vergonha de demonstrar às vezes.

_Ela já...te disse alguma coisa? – perguntou com uma curiosidade latente.

_E precisa? Basta olhar para Mei e ver o quanto ela mudou por sua causa. – a deixou pensativa.

_Você está certo. Tenho medo, nunca me encontrei neste tipo de situação – tentou sorrir fraco.

_Somente pense no que ela significa para você, talvez assim você ache a resposta que precisa.

~X~

Caminhando pelo jardim, Orochimaru e Tsunade acabam se deparando com Madara e Mei que passavam por ali no mesmo instante. Claro que nossas moças ficaram surpresas e tiveram um breve momento em que as palavras sumiram, se não fosse Orochimaru salvar a situação com seu molejo.

_Madara querido, eu queria mesmo falar com você! – puxou o moreno pelo braço e foi o guiando para longe – Já voltamos meninas! – piscou.

_O que significa isso Orochi? – o moreno não entendia nada.
_Pelo amor de tudo quanto é sagrado, fala baixo!

_Não me dê ordens sua libélula! – começou a se estressar.

_Preciso de sua ajuda para juntar essas duas!

_Por que a minha?

_Uma palavrinha na sua consciência...Beijo! – com uma cara bem safada Orochimaru conseguiu desconcertar o Uchiha que se corou sem querer.

_Tá tá eu ajudo! O que tenho que fazer?

_Preciso que você arranje alguém para paquerar a Mei!

_O que? Pra que eu vou fazer uma coisa dessas?Você está maluco, ela é minha irmã!!!

_Eu sei estressadinho! É só para fazer de mentirinha, para a ficha da Tsunade cair. E então, tem alguém em mente?

_Ai caralho...ele vai me odiar!

_Então já temos uma pessoa!!!

_Vai precisar dele para quando?

_Amanhã durante a aula.

_Você vai me fazer trazer ele para a aula?

_Dá seu jeito beijoqueiro!!!

_Eu ainda te mato!

_Me matar de prazer você não quer, então duvido que eu morra!

~X~

As duas ficaram ali paradas, somente entre olhares sem graças e vendo ao longe Orochimaru sumir com Madara.

_Então...será que eles voltam? – a morena arriscou umas palavras, visivelmente envergonhada, mordia o lábio inferior.

_Não sei... – com a voz fraca, Tsunade olhava para o chão, não conseguia encarar Mei que apenas se sentou num banco perto de uma passagem de arame que marcava a praça.

_Está tudo bem? – a loira pareceu vagar em seus pensamentos, refletiu as palavras de Orochimaru e se lembrou dos momentos em que sentiu algo incomum pela morena à sua frente, diante da garganta seca e os lábios ressecados, parecia ter falta de ar ou simplesmente pensou que iria explodir a qualquer momento. Não aguentou a pressão e se virou fazendo menção de que iria embora, em seguida tendo seu braço segurado pela morena ainda sentada. – O que foi? Estou feia hoje? – tentou descontrair arrancando um leve sorriso da loira.

_Não, você sempre está linda...

_Nossa, agora eu é que fiquei lisonjeada – riu logo depois cessando e a encarando mais intensamente. – Mas o que tanto você olha para baixo? Tsunade para de pensar tanta coisa! Desafogue um pouquinho, tá!? – ouvia mais silêncio e Tsunade fazia uma cora de quem iria chorar a qualquer momento. – Vem cá! – puxou a loira para cima de si, à fazendo subir as pernas e fixar os joelhos no banco em cima de seu colo, agora sim a loira estava vermelha até a raiz do cabelo, tentava olhar para baixo mas a direção que tinha era do rosto de Mei, à olhando séria e doce ao mesmo tempo.

_Por que fez isso? – finalmente esboçou palavras.

_Já que eu não estou feia, olhe para mim e não para o chão! – sorriu ao final, ajeitando uma mecha de cabelo atrás da orelha de Tsunade.

_Você! – Parecia perder um pouco do rubor.

_Eu sei que você queria ficar me olhando mas ficou sem graça não é? – brincou com ela.

_Mas é claro que não, quem iria perder tempo olhando para você!? Sua convencida! – deu um tapa de leve no braço dela, a fazendo rir mais forte.

_Ai, a verdade dói tanto que você já está me agredindo!... Você vai cair, ponha a mão no meu ombro.

_E por que eu tenho que te obedecer?

_Por que se você não se segurar, eu vou segurar você de uma maneira que não vai gostar!

_Tá bom sua chata, eu seguro em você! – pôs as mãos no ombro dela, se escorando. – Feliz agora?!

_Não sei o que está mais bonita hoje, você ou as estrelas!?

_Não começa!!!

_Me deixa?

_Deixar o que?

_Segurar você também?

_Mas é claro que não! Não tem necessidade-

Tsunade pov

Droga!

Eu queria tanto que ela ficasse quietinha, mas fica me provocando até o limite, sem nem mesmo me deixar terminar de falar, eu sinto suas mãos cálidas tocarem meu quadril e subirem lentamente pela minha cintura e aquele olhar dela, como não se encantar? Pareciam duas esmeraldas brilhando em minha direção e a luz da lua batia contra ela,à deixando mais radiante, eu sei que não gosto de paparicar ela, mas tenho que admitir que ela estava linda, sua jaqueta jeans ficava tão linda com a blusa preta que ela usava e shortinho tão curto que eu podia sentir os choques de sua pele contra as minhas pernas, também desnudas devido a meu vestido solto.

Meu deus...

Eu podia jurar estar visualizando uma obra de arte, como essa mulher era bela, esbanjava sensualidade por natureza, acho que ela nem tinha noção de tudo o que era, perfeita, era a palavra certa, ainda que sua beleza seja o contrário de sua personalidade...

Mimada, infantil, antipática, rude, metida, chata e...invasora?

Sim, invasora...

Da minha vida, dos meus pensamentos, dos meus sonhos.

Por que mesmo sem esforço nenhum, você consegue me deixar nervosa. Me dá vontade de beijá-la toda vez que me dirige essas suas caras e bocas desconcertantes e sensuais.

Até o seu carinho é diferente, único, indomável e tranquilo, quando me dou conta estou envolvida em teus abraços e tendo suas palavras me confortando e fazendo-me rir sem motivo algum.

Acho que não posso esconder mais o quanto você me atrai, meus pensamentos rondam e minha vontade de lhe abraçar e amar só aumenta.

Mas eu tenho o medo.

Medo do que eu possa fazer com nós duas.

_Você...quer... – ela me disse encarando-me enquanto eu me perdia em seus toques, ela percorria minhas costas, massageando seus dedos pelo meu corpo seguindo para minhas coxas. – Faça...

Meus olhos estavam entreabertos, eu tremia meus lábios, minhas mãos livres de meus comandos sensatos, já a percorriam a pele pelo pescoço até eu lhe passar meus dedos pelas suas bochechas, toquei seus lábios, lembrei da sensação de tê-los unidos aos meus.

Desejo...

O mais puro e sublime, quase me arrebatara os sentidos e fizera me perder de vez.

Eu a olhava determinada, cara à cara, segurei seu rosto em minha direção, fui me aproximando lentamente fechando meus olhos à medida que ela fechava os dela.

Estávamos quase, quando algo aqui dentro me fez parar.

 Abri meus olhos de vez esperado que os dela regressasse à luz.

_Eu não quero assim... –eu disse e a percebi ficar triste, mas logo a face ficara calma e tomada pela compreensão que nem mesmo eu achei que ela teria.

_Entendo...você tem medo...mas também tem vontade. – certa até final.

 

Mei pov.

Não posso esconder mais o que sinto, todas as vontades inexplicáveis de torná-la minha por completo, desde a primeira vez que tentamos, quando ainda não nos conhecíamos e eu apenas queria transar, desde aquele momento eu a quis, e o fracasso só me atiçou mais a vontade, só que agora meu coração não quer só isso, também tenho medo...de magoá-la, decepcioná-la assim como fiz com meus pais, assim como fiz com Samui, não vou mentir e negar que não sou flor que se cheire e sinceramente acho que não mereço ter Tsunade comigo, ela é brutalmente diferente e merece alguém menos complicado do que eu, sem falar que ela é linda e com certeza tem a atenção de muitos homens que poderiam fazê-la boas lembranças da juventude. Não posso privá-la da vida normal que ela quer devido a meus caprichos... por isso, decido que se assim ela quer, a desistirei.

_Me desculpa... – a senti quase chorar em meus braços.

_Tudo bem...vamos superar! – eu estava sorrindo, mas por dentro só queria correr para algum lugar escuro e chorar.

_Eu preciso saber...o que você significa para mim.

_Tudo bem Tsunade, não precisa mais encher sua cabeçinha com mais coisa! Deixa estar! Estou bem então fica também!

_Eu te prometo essa resposta! – ouvi suas palavras em um timbre determinado, ela cortou nosso contato se levantando seguiu alguns passos à frente, mas parou, parecia me esperar, é claro que entendi e levantei-me seguindo ao seu lado, até o nosso dormitório.

Mei pov off.

~X~

Cinco e meia da manhã, desenfreadas as duas acordavam com o alarme do celular e corriam já à postos para a faculdade, é claro Mei foi interrompida de um sonho bem agradável e ao qual a fizera acordar um tanto “animada”, embora timidamente tentava disfarçar enquanto Tsunade a ajudava a se arrumar.

Agora sim, a boa e velha corrida até a sala 69 da turma M de ciências e saúde, dessa vez a corrida valeu a pena, chegaram no horário certinho, já encontrando seus amigos sentados.

Orochimaru que estava sentado ao lado de Jiraiya, olhou para trás dando um sorriso para Madara, os três no momento faziam um trio para estudos e assim que as duas chegaram, Orochi mexeu no celular confirmando algo que estava para acontecer.

Mei e Tsunade se sentaram em suas carteiras após cumprimentar as amigas.

Orochimaru se levantou piscando para Mei e indo até a lixeira, a morena entendeu na hora e foi atrás, no canto esquerdo da sala.

_Que sinal de guerra foi esse? – a morena cochichava.

_Queridinha, como foi a noite? Se acertaram?

_Não.

_Sua maluca, depois de eu ter levado o Mada pra longe, ainda assim não aproveitaram? – se desesperou fingindo apontar o lápis.

_Eu é que pergunto, você é que deve ter se aproveitando dele!

_Só um pouquinho. – riu. – Mas então voc~es estão na mesma?

_Sim... – fez uma carinha de apreensiva.

_O que foi?

_Eu tenho sonhado com ela...

_Com que frequência?

_Todos os dias, mas hoje, antes dela me acordar.

_To passada! – pôs as mãos na boca. – Já está sonhando essas coisas sereia?!

_Olha não ri de mim, não sou eu que mando nos meus sonhos!

_Você está doida para provar daquele docinho sentado ali ao seu lado não é!? – ironizou.

_Olha aqui, para de ficar zoando com a minha cara se não eu acabo com seus lances sua fruta!!!

_Ui, não precisa ameaçar meu bem, mas como sou uma ótima amiga e o cupido particular de vocês, apenas se sente e verá o show começar daqui a pouco.

_O que você vai fazer Orochi? – o moreno pôs o indicado á frente dos lábios dando uma piscadela para ela, assim foi se sentar ao lado de Jiraiya novamente, e Mei ao lado de Tsunade, mas é claro, visivelmente chocada, se sentou feito um robô na carteira, atraindo a atenção de sua loira.

_Está tudo bem Mei?

_Está...tudo...ótimo... – disse de vagar, coçando a cabeça e não encarando a loira diretamente.

 

Mei pov.

“Eu estou sentindo que o Orochimaru vai aprontar alguma coisa, olha aquele sorriso dele, cara de quem vai aprontar, e advinha, sempre que meus amigos aprontam me envolvendo na jogada, pode ter certeza de que é furada para mim. E como se já não fosse tenso o suficiente ter Tsunade aqui do meu lado, bem pertinho, não consigo nem encará-la, principalmente depois desses sonhos, meu deus do céu, tira essa mulher da minha cabeça, estou para arrancar meus cabelos de tanta aflição, é claro que em meu devaneio momentâneo, enlouqueci batendo levemente minha cabeça na mesa de uma forma ritmada, olhando para o lado e tentando imaginar qualquer tipo de coisa, menos essa loira do jeito que veio ao mundo.

Eu não notei antes mas de repente todos da sala olhavam para nós duas, eu fazendo graça e Tsunade super vermelha de vergonha, até que ela me cutucou cessando meu momento nerd esquisitona.

_Sua maluca o que que você está fazendo? – falou baixinho – Estão todos olhando para nós!!!

_Ahhh eu estava pensando em umas coisas...meu pai, ele me estressa! – me safei, vim com uma desculpa ridícula, mas convincente.

De repente todos estaticavam seus olhares á porta de entrada da sala, onde um homem muito lindo acabara de entrar, visivelmente misterioso, usava um sobretudo preto onde logo o tirou pelo calor do ambiente, ficando apenas de calça preta social e uma blusa branca aberta dois botões, suficientes para levarem as meninas à loucura.

_Bom dia turma! – ele recebeu um bom dia de volta, cara, que voz linda e sedosa ele tem! Eu olhei para o lado e vi Orochimaru babar, ele estava boquiaberto e Jiraiya precisou levantar o queixo do amigo que estava caído lá no chão, só via os olhos do Orochi se moverem porque o corpo todo estava rendido. Olhei para os lados e vi todos praticamente da mesma forma, as meninas se segurando para não lhe avançar e fazendo uma cara de sexy que nem mesmo eu sabia que elas tinham, será que sou a única da sala que não está de quatro pelo cara? – Me chamo Uchiha Itachi, estou no meu segundo ano de filosofia e vim aqui para lhes darem aulas de reforço e competência médica, me transferi a pouco tempo para cá, então será comum nos toparmos pelos corredores. – sorriu amistoso fazendo as meninas quase desmaiarem em seguida coçou o cabelo, preso em um lindo rabo de cavalo e pôs as franjas atrás das orelhas, para assim lhe encaixar um óculos para leitura, deixando seus olhos com mais destaque, ele tinha olhos lindos, era um preto com leves reflexos carmesins.

Agora ele abrira um livro e começara a falar de conduta médica e de alguns profissionais conhecidos da área.

Eu acho que estava começando a ver coisas, sempre que o Itachi sempai olhava para trás após anotar algo no quadro, ele olhava fixamente para mim, eu apenas olhava para os lados, caraça! Era a primeira vez em que eu ficava sem graça sendo olhada assim, nãosei o que ele perdeu no meu rosto.

E na hora de fazer perguntas, ele foi certeiro em me apontar, perguntar meu nome e assim me dirigir perguntas, a maioria eu sabia, mas errava de sacanagem só para ele passar a vez para outro.

Em vão porque sempre a próxima pergunta retornava á mim, na boa, acho que ele estava me infernizar. O cúmulo foi quando veio em minha direção e se sentou em minha mesa folheando aquele livro doido dele, ao qual fez questão de me mostrar o que estava escrito, dizendo que era para o meu conhecimento, francamente, todos estavam nos olhando e por um milésimo de segundo olhei para meu lado e percebi Tsunade com um olhar mortal para ele, ela parecia querer matá-lo, estava até mesmo me assustando.

_Terumi-san, poderia me responder mais uma? De quais hormônios do corpo humano libera quando sente paixão?- Putzgrilla! Olha a pergunta que ele me fez, até engoli seco, mas meu susto só não foi exclusivamente meu porque percebi todos arregalarem os olhos e bocas, Tsunade na mesma hora se levantou tomando a atenção.

_Por que não pergunta para mim essa? Sei a resposta! – eu fiquei com vontade de explodir, agora sim eu poderia morrer em paz, Tsunade o confrontou visualmente e agora com palavras.

_Está certo...

_Tsunade... – ela disse rangendo os dentes e falando arrastado.

_Ah sim, Tsunade, me diga então!

_O hormônios e neurotransmissores liberados na paixão são a Feniletilamina, Noradrenalina, Dopamina, Serotonina, Endorfina, Testosterona, Ocitocina e Vasopressina. – ela respondeu impecavelmente fazendo todos pararem até de respirar e um semblante positivo vir do sempai.

_Resposta perfeita! É difícil decorar todos, deve compreender muito sobre paixões, certo Tsunade-san?! – ele alfinetou e ela sentiu a “agulhada”

_Não muito, mas o mais importante que é o conhecimento biológico, este eu tenho!

_Já sei a quem dirigir minhas perguntas agora. – ele sorriu, assim o sinal tocou em seguida e era hora do intervalo, os alunos se remexeram e foram se retirando, eu apenas fiquei estática, não sabia se encarava Tsunade ou ficava com minhas aflições internas, ela estava do meu lado ,sentada e de braços cruzados, furiosa, eu fiquei estalando meus dedos em um tick nervoso.

Orochimaru logo se virou para cochichar com Madara.
_Meu deus Madara, que bofe é esse? Onde você arranjou?

_É meu amigo de outro campus, por que se interessou sua bixona? Sinto muito mas segundo alguém, ele é para ajudar a Mei e a Tsunade. – Madara riu com toda a graça.

_Ahhh assim não vale! Se eu soubesse que o bofe era assim eu teria encomendado para mim! Mas ele é profissional mesmo, está funcionando até melhor do que imaginei. – sorriu.

_Seu desprezível, Tsunade vai acabar perdendo a paciência com o flerte dele em dois segundos!!!

_Não entendo nada do que os dois estão falando! – Jiraiya se manifestava, realmente não entendendo bulhufas do que os dois cochichavam. – Vocês também estão disputando o novo professor?

_Sai daqui Jiraiya, você sabe do que eu gosto seu imbecil! – Madara ficou irredutível.

_Disputando querido? Uma diva como eu não disputa, só chego, arrazo e pego! – se levantou passando pelo professor novo, sensualizando em seu andar extravagante, seus saltos até fizeram barulho ao desfilar pela frente de Itachi que só ficou olhando com uma cara de indiferente. É claro que Jiraiya e Madara vieram atrás rindo de tudo.

 Pronto, agora eu levantei e chamei Tsunade para ir comigo lá para fora, saindo daquela sala constrangedora e de clima inóspito.

Passamos o corredor e quando finalmente estávamos conseguindo falar alguma coisa, eu ouço aquela voz nos cortar os ouvidos por trás, me virei e vi o professor com sua bolsa lateral e seu livro em mãos, retirou os óculos, os guardando preso na gola da blusa, veio em nossa direção e neste momento minha vida passou por diante de meus olhos.

_Gostei muito de conhecê-las, parece que serão minhas melhores alunas. – ele veio até mim, segurou minha mão e a beijou de uma forma irresistível, deixando Tsunade queimando de raiva. – Todos precisam de uma aluna nerd  e uma extrovertida! – riu. – Foi uma piada. – ele viu que Tsunade não moveu um músculo de humor para rir neste momento, o que deixou a situação pelejando de tão constrangedora.

_Prazer imenso sempai, mas nos dando licença, precisamos ir almoçar! – OMGGG ela segurou minha mão livre e foi me arrastando com ela, deuses, eu não sabia de mais nada, eu até duvidava se este momento era real ou um sonho.

_Claro, Ah, só mais uma coisa. – a fez olhar para trás, bem sexy e irada._Cuidado apenas com o Vasopressina... este é o hormônio da proteção e do cuidado, mas também é o do ciúme. Até. – ele sorriu nos dando um tchauzinho, desaparecendo do outro lado, neste momento senti minha mão ser comprimida devido a força dela, Andamos adiante, com ela praticamente dando passos largos e apressados.

_Aquele idiota!Pensa que eu não sei o que a vasopressina faz? Idiota! – a vi bufar de raiva, eu não sabia se me atrevia a falar ou ficar quietinha e ser arrastada como agora.

_Er Tsu, você não gostou dele?

_MAS É CLARO QUE NÃO! – gritou.

_Mas o que ele te fez?

_Simplesmente não gostei dele! E você! – me apontou – Fica caladinha até a gente almoçar! – fiquei silenciada e acenei positivamente, meu deus, ela virou o cão, o que tanto a perturbou assim? A menos que...nãaaao...será isto mesmo? Orochimaru, você está envolvido nisso? Agora tudo faz sentido.

 

Continua...