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História Irresistible - Dezesseis


Escrita por: iwsnt

Notas do Autor


BU
CAPÍTULO SURPRESA EM UM DIA ALEATORIO

Capítulo 16 - Dezesseis


Nunca na minha vida eu havia imaginado que conheceria a mãe de Brendon. Muito menos que isso aconteceria em um funeral. 

Chegamos no aeroporto e Brendon já parecia cansado. Nós pegamos um táxi até sua casa para deixarmos nossas malas lá. Não falávamos uma palavra no carro. Brendon estava triste e eu respeitava isso, apenas resolvi deixá-lo quieto. Ele segurou minha mão e eu trouxe a sua até meus lábios para beijá-la, depois pousei nossas mãos de volta em meu colo. 

Nós chegamos. A casa dos pais de Brendon era em uma rua tranquila. Nós entramos. Não havia ninguém lá, todos já estavam no funeral. Brendon me levou até seu antigo quarto. Deixamos nossas coisas lá, nos trocamos e saímos. Estávamos no táxi novamente. 

Eu dei um tempo para Brendon encontrar toda a sua família, quando chegamos no velório. Sentei em um banco um pouco afastado da multidão de pessoas. Eu vi ele abraçando várias pessoas, mas eu soube quem era sua mãe. Ele estava chorando novamente e eu queria tirá-lo dali. Mas eu não podia. 

Funerais não faziam sentido para mim. A forma como as pessoas lidavam com a morte também não. Eu não conseguia entender o objetivo de deixar uma pessoa morta exposta por horas enquanto os parentes, amigos, conhecidos ficavam sofrendo em volta do caixão. 

Eu fiquei um bom tempo esperando Brendon, mas eu estava paciente. Um monte de gente parava para falar com ele e então ele conversou com sua mãe por mais um bom tempo. Depois eu o vi andando até mim.  

- Desculpe te deixar sozinho tanto tempo. - Falou. 

- Não se preocupe.

- Eu falei pra minha mãe que eu vim com um amigo e ela quer te conhecer. 

Assenti. Andei com Brendon até sua mãe e a cumprimentei, disse que sentia muito, todas essas coisas. Ela perguntou algumas coisas que ela provavelmente já sabia, como se eu havia estudado com Brendon. Ele falou que nós perdemos o contato e só nos reencontramos há poucos dias.  

A mãe de Brendon parecia desinteressada. Estava com cara de choro, com olheiras grandes e escuras. Ela saiu para conversar com alguém e fiquei sozinho com Brendon de novo. Ele suspirou. 

- Vamos sair pra almoçar. - Ele falou e só então eu notei que estava com fome. 

Nós saímos e andamos um pouco até chegarmos em um restaurante qualquer. Comemos em silêncio. Brendon não deixou eu pagar a conta de jeito nenhum, então eu desisti de insistir. Ele parecia levemente emburrado e eu achei que não era a melhor hora para argumentar com ele. 

Andávamos de volta em um ritmo bastante lento. Eu sabia que ele não queria voltar. Ele parecia exausto, e eu queria poder levá-lo para a minha casa e deixá-lo dormir por horas. 

- Eu quero ir embora. - Falou. 

- Eu sei. Mas essas coisas são assim mesmo, você precisa ser paciente agora. Logo você vai estar de volta em casa e tem o fim de semana pra descansar, ok? 

Brendon não disse nada. Ficamos mais um tempo no velório até que ele finalmente acabou e fomos para o enterro, que era do lado. O tempo todo eu ficava distante de Brendon pois ele estava com sua mãe e sua família, e eu certamente não me intrometeria ali.  Também estava fazendo o que eu deveria fazer, agir como se fôssemos só amigos (afinal, é só isso que somos mesmo) e não demonstrar muito afeto em público. 

Eu me lembrei que não havia avisado ninguém sobre o que tinha acontecido e não sabia quando eu voltaria para casa. Sexta-feira eu tinha que tocar com Jon e Nick, mas eu não sabia se já estaria em casa. Eu me afastei um pouco das pessoas e liguei para Jon, que atendeu logo. 

- Oi, Ryan. 

- Hm, oi Jon. 

- Tá tudo bem? 

- Mais ou menos. O pai de Brendon faleceu ontem. E eu vim com ele para o enterro, ele estava muito mal e... Bem, você sabe. Eu não sei quando vou conseguir voltar.  

- Não acredito! Ryan, está muito em cima da hora para cancelarmos o show sexta, se dermos mancada eles podem substituir a gente e... 

- Jon, o pai de Brendon faleceu. 

- Desculpe, eu entendi, eu sinto muito por tudo isso, mas você não pode voltar até amanhã a noite? 

Suspirei. 

- Tá, tudo bem, se Brendon não for voltar eu volto sozinho. Não se preocupe, estarei aí amanhã. 

- Ok. E como estão as coisas aí? 

- Brendon está muito mal. Enterros, sabe como é. Não podia estar bom. Mas acho que já está acabando. É que provavelmente a mãe de Brendon não vai querer que ele volte ainda, ou talvez nem Brendon queira, e ele precisa dormir e descansar antes de voltarmos. Nós chegamos e fomos direto pro velório, ele não parou até agora, só para almoçar.  

- Durma aí para você descansar e volte amanhã, Ry. 

- É, acho que vou fazer isso. 

Eu olhei em direção às pessoas e Brendon me olhava. Eu o vi limpar os olhos e disse a Jon que precisava desligar. Brendon se livrava da multidão e andava em minha direção. Guardei meu celular e o esperei, pois soube que ele vinha falar comigo. Conforme ele chegava mais perto eu percebia o quanto ele parecia cansado e o quanto ele havia chorado - e ainda chorava.  

Ele me abraçou forte quando chegou em mim, me pegando completamente de surpresa. Escondeu o rosto em meu ombro e chorou. Eu o abracei de volta, não ligava mais para quem pudesse estar vendo ou o que eles deviam estar pensando, só estava preocupado com Brendon. Parecia que agora, ao ver o caixão de seu pai entrar embaixo da terra, sua ficha havia caído. Agora ele estava sentindo tudo de uma vez e apenas deixando as lágrimas saírem. Ele não tentava se conter, ele não tentava disfarçar. Ele se entregou completamente. 

Eu segurava sua nuca e acariciava seus cabelos, mas não dizia nada. Apenas o deixei chorar, parecia que era só isso que ele precisava fazer. Eu deixei algumas lágrimas caírem também, mas eu não iria pedir para Brendon se acalmar ou tentar consolá-lo. Talvez ele só precisasse disso, chorar sabendo que eu não iria julgá-lo ou dizê-lo que isso não adiantaria de nada. Talvez ele só precisasse de mim. Ou talvez eu só estivesse torcendo para que ele precisasse de mim. 

Alguns minutos depois ele parou de chorar tão desesperadamente, soluçando, e apenas ficou em silêncio. Não havia se mexido, ainda segurava minha camiseta com as duas mãos em minhas costas, ainda escondia o rosto em meu ombro. Eu olhei em volta e ninguém parecia nos notar, então beijei sua cabeça várias vezes, depois apoiei o queixo nela.  

Brendon se afastou de mim e respirou fundo. Ele olhava para baixo e procurava algo no bolso. Tirou um lenço de papel, secou o rosto e assoou o nariz. Limpei meus olhos disfarçadamente e ele não pareceu notar. Finalmente me encarou nos olhos e suspirou. 

- Nós podemos ir embora amanhã de manhã? - Perguntou. 

- Claro, quando você preferir. 

Ele assentiu. 

As pessoas andavam agora em nossa direção e deduzi que tudo já tinha acabado. 

- Você quer ir comer alguma coisa? - Perguntei.  

- Acho que vou comer em casa, tudo bem? Seria melhor ficar com a minha mãe, já que eu não vou ficar aqui muito tempo. 

- Ok. Você acha melhor eu ir para algum hotel? Não quero me intrometer na sua família e...  

- Não, claro que não. Você fica com a gente. 
 

Foi estranho voltar no carro com a família de Brendon. Ele sentou ao meu lado no banco de trás e ninguém disse nada o caminho inteiro. Nós chegamos na casa e comemos, eu estava morrendo de vergonha e a situação era extremamente estranha. Mas então cada um foi para o seu canto e Brendon me conduziu até seu quarto. 

Ele jogou um colchão no chão e eu o ajudei a arrumar uma cama. Ele disse que iria tomar banho, então eu sentei em sua cama e fiquei esperando ele voltar. 

Brendon voltou com uma toalha na mão e me deu. 

- Acho que você também deve estar querendo tomar um banho. - Disse. 

- Ah, obrigado. - Eu peguei a toalha e fui até o banheiro. 

Demorei um pouco para ajeitar a água pois não sabia como o chuveiro funcionava. Tomei banho, me vesti, escovei os dentes e voltei para o quarto. Brendon estava deitado em sua cama de barriga para cima olhando para o teto. Eu guardei minhas coisas em minha mala e sentei no colchão no chão.  

Eu olhei ao redor do quarto de Brendon. Não tinha muita coisa, parecia mesmo um quarto que não era mais habitado. No móvel ao meu lado eu vi uma foto de Brendon em um palco pequeno, segurando um violão e sorrindo. Ele tinha o cabelo esquisito e uma grande cara de nerd. Eu sorri. 

- Onde você estava nessa foto? - Perguntei e ele olhou para ver do que eu estava falando. 

- Ah, show de talentos da escola. Fiquei em terceiro lugar. - Ele sorriu de lado. 

Eu o amo, pensei. Não interessava para mim se fiquei tantos anos sem o ver, eu o amava, sabia que sim. 

Eu sorri. 

- E o que você tocou? 

- Don't stop believing. - Ele falou. - Eu fiquei tão nervoso e ansioso que eu quase desisti. Mas então minha mãe insistiu para eu ir, disse que eu ia ganhar. Ela estava errada e eu passei a maior vergonha da minha vida, mas acho que foi legal.  

Ele sorriu e voltou a olhar para o teto.

- Mas terceiro lugar já é muito bom.

Ele sorriu de lado e ficamos em silêncio alguns minutos. 

- Você acha que já consegue dormir? - Perguntou. 

- Sim. 

- Nós podemos dormir então? E ir embora quando acordarmos? Eu não quero ficar aqui. 

- Tudo bem. 

Brendon se levantou e fechou a porta de seu quarto. Ele sentou ao meu lado no colchão e me olhou. Fiquei desconfiado sobre o que ele estava fazendo. 

- Ry, só queria te agradecer por tudo que você fez, e desculpe eu não ter te dado muita atenção desde que chegamos aqui. Teria sido muito pior sem você, e obrigado mesmo. Você foi incrível e fez muito mais do que você deveria. 

Eu quis dizer que faria qualquer coisa por ele, mas achei que era melhor não. Eu sorri de lado. 

- Não foi nada. - Falei. 

- Claro que foi. - Ele passou o braço em volta do meu ombro e me puxou para me abraçar.  

Eu o abracei de volta pensando em como isso era difícil. Toda essa proximidade sem poder beijar seus lábios. Eu automaticamente deslizei o nariz por seu pescoço, pois seu cheiro era incrível e eu sentia tanta falta. Eu senti seu cheiro e percebi que aquilo era errado.

Afastei-me lentamente, mas Brendon não. Ele me olhava muito de perto, fixamente em meus olhos. Pelo jeito que ele me olhava eu sabia que eu precisava me afastar, mas como? 

Meu coração batia mais rápido e eu o queria tanto. Ele olhou meus lábios e chegou mais perto. Eu soltei o ar porque eu não sabia o motivo de estar segurando-o, e a respiração de Brendon me atingiu. Seu cheiro me atingiu. Tinha o mesmo efeito de anos atrás em mim, me entorpecia, era viciante, maravilhoso, excitante. 

Era irresistível. 

Brendon me beijou. Eu correspondi imediatamente porque precisava demais daquilo. Precisava há tanto tempo. E era tão bom. Eu arfei e Brendon invadiu minha boca com a sua língua, me segurou forte e me beijou tão intensamente que eu quase gemi. Pensei se ele também esteve precisando tanto disso como eu.  

Eu poderia perder o controle a qualquer momento, eu poderia não conseguir mais parar, tirar sua roupa e o amar, mas eu não podia. Então parei naquele momento, antes que eu não conseguisse parar mais. Separei nossos lábios. 

Eu fugi do seu olhar no meu, virando meu rosto. Eu pensava no que diria, mas ele tocou meu rosto e o puxou de volta. Beijou-me novamente, e não sei como fui forte para recuar mais uma vez. 

- Bren... - Sussurrei e encarei seus olhos. - Você está cansado e chateado... 

Brendon afastou sua mão e olhou para baixo. Eu queria fazer alguma coisa, mas eu precisava me conformar que agora não era a hora, mesmo que ele parecesse tão triste por eu o ter rejeitado. 

Ele suspirou e não me olhava no rosto de jeito de nenhum. Eu não sabia o que fazer. Achei que ele fosse começar a chorar de novo e essa a última coisa que eu queria ver. 

- Quando eu acordei ontem na sua cama e te vi tão perto de mim eu esqueci a vida real por uns instantes. Eu não assimilei o que estava acontecendo e meu pensamento automático foi que você deitaria na cama comigo e dormiríamos, e ficaríamos juntos. Mas eu lembrei de tudo que tinha acontecido e percebi que não era simples assim.  

Eu não soube o que dizer. Isso queria dizer que ele queria ficar comigo? Que ele me viu ali e imaginou nossa vida juntos? Eu queria dizê-lo que teríamos isso se ele quisesse, mas mais uma vez disse a mim mesmo que Brendon estava chateado e ele poderia estar só carente, e eu não podia deixar nada que ele dissesse me trazer esperança. 

- Sabe... - Ele começou a falar de novo e eu o olhei. - É estranho pensar que meu pai morreu tão de repente e meio novo, mas se nada tivesse acontecido eu continuaria sem vê-lo. Eu vim até aqui porque ele morreu, mas quando eu voltar a minha vida vai ser exatamente a mesma. Não sei se eu me sinto mal porque ele era meu pai, talvez eu só me sinta mal por ele e pelas pessoas que de fato vão sentir sua falta. 

- Eu entendo. Não fique pensando nisso. Eu não vejo meu pai há anos e eu não sei nem se alguém me avisaria se ele morresse. 

Brendon suspirou e me olhou. 

- Não deveríamos falar sobre isso. - Ele disse. 

- Você devia descansar. 

Então ele se levantou e apagou a luz, deitando em sua cama em seguida. Não me falou nada, então eu apenas deitei no colchão e tentei dormir. 

Eu estava cansado, mas estava preocupado com Brendon e não consegui dormir um segundo. Eu olhava para cima o tempo todo, mesmo sabendo que com o quarto escuro eu não veria nada. Às vezes eu escutava sua respiração profunda, e sabia que pelo menos ele estava dormindo. Mas eu não conseguia. E então começava a pensar no beijo que ele havia me dado, e oh deus, como eu queria continuar aquele beijo. E pensava nas coisas que ele me tinha me dito, se ele realmente queria dizê-las ou se foi o impulso do momento.

Eu já sabia que não dormiria nem por um minuto naquela noite.


Notas Finais


Sejam legais comigo e deixem aquele famoso review <3


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