Se você me deixar, aqui está o que eu vou fazer
Eu vou tomar conta de você.
Meus pés afundam no chão cada vez mais, e a neve parece ficar mais densa á cada minuto. O tempo está de matar. Eu tenho ainda mais essa certeza quando lembro que Dylan fugiu, tudo dentro de mim pede para eu estourar a cabeça dela.
Não sei como cheguei àquela clareira, a nossa clareira, filha da puta! - POR QUE VOCÊ TINHA QUE FUGIR ?! POR QUE TINHA QUE FUGIR SUA CADELA ?! - forcei o maxilar, pisando fundo até sair daquela merda de lugar. Nada dessa merda estava nos meus planos, eu não queria machuca-la!
- Me deixe adivinhar, está pensando no quanto não queria machucar ela, mas fez isso, certo ? - aperto o cano da arma, uma onda de calor invade meu corpo e receoso eu me viro, tendo a visão de quem era, meu corpo estremece.
- Você ? O-o que faz aqui ?
- Não é como se você fosse o único nessa floresta, aliás você sabe onde eu vivo, Jeffrey. - engulo em seco. - O que está fazendo ? - dá um passo na minha direção.
- O que você quer ?! - aponto a espingarda em sua direção. - Eu não quero você aqui! - rosno.
- Pelo o jeito você não quer ninguém aqui. - diz parando a poucos centímetros de mim, mas longe o suficiente. - Sabe que não pode ter ninguém com você, pelo o menos não pode ter ninguém que não seja como você.
- Quem é você pra me dizer isso ?!
- Está atrás da garota ?
- Como..fique longe!
- Ela está mais segura longe de você.
- É melhor que saia daqui, já te disse que não te quero aqui. - dou as costas.
- Fala como se eu quisesse ficar aqui. - ando. - Se nem Dylan quer ficar com você. - ri, paro.
- Já te disse pra sair daqui! - me viro.
- Ela vai morrer, Jeff, e sabe que você vai fazer isso. - dá alguns passos pra trás - E no final você vai ficar sozinho! - cerro o punho livre.
- SOME DAQUI! - Dou dois tiros pro alto vendo que havia sumido, me recuso a pensar no seu nome!
Me viro, continuando a andar, saio numa trilha de neve e pedras e pelo chão vejo pegadas, sorrio passando pelas pedras e vendo mais pegadas.
- EU TE ACHEI CADELINHA! - engatilho a arma e atiro numa árvore, Dylan estava por ali. - NÃO ADIANTA SE ESCONDER, VOCÊ SABIA QUE TE ENCONTRARIA NO FINAL! - grito isso com meu peito ardendo. Não sei bem se em frustração por ela ter conseguido escapar ou em armagura e ódio de saber que ela me deixou...
Sinto algo atrás de mim e me viro brusco e dou de cara com ela. Dylan tremia, tiro o capuz que estava usando para olha-la nos olhos, ergo a arma na sua direção e engatilho de novo.
- Você ia me deixar como todas antes de você! Despertar piedade em mim e quando tem oportunidade tentar me deixar! - P-piedade ? - falou. - Mas quer saber ? Estão todas mortas Dylan, e adivinha se vou fazer diferente com você!
- S-se isso s-seu é piedade me assusta pensar e-em você sem. - me encara. - E-e eu não ia te deix-xar.
- IA COMO TODAS AS OUTRAS FIZERAM! - grito.
- Je-Jeff, s-se eu fosse eu teria feito isso na cidade, eu poderia ter pulado do carro e sair correndo, ter saído daquele mercado enquanto você estava longe... - cerro os olhos, ela alisa seu rosto e noto uma enorme marca roxa. - Meu rosto dói mas sabe o que dói mais ainda ? Saber que eu vivo com alguém como você, egoísta, que não liga pra oque os outros sentem.
- Realmente eu não ligo. - digo com a arma ainda em mãos.
- Você só soube me machucar enquanto eu estive cozinhando, limpando e tentando me aproximar de você. Então, já que você está com tanto ódio assim por eu ter saído de perto de alguém como você, é melhor você me matar de uma vez, porque enquanto eu estiver viva e você estiver desse jeito eu nunca vou parar de tentar fugir. - sua respiração estava descompassada e eu seguia o mesmo caminho.
- Me dê um motivo pra não matar você. - rosno.
- Eu não tenho que te dar motivo nenhum, eu não quero continuar vivendo, você - chega mais perto. - acabou com todas as minhas expectativas de viver, eu não ligo se você me matar e imagino que você também não ligue. - abaixo a arma.
*****
Dylan POV
Eu só queria chorar, ou algum lugar que pudesse me esconder... A cada passo que eu dei em direção àquela cabana eu sentia que deveria ter corrido mais, até sentir a bala me atravessar, e me ver livre de Jeff; mas cá estou, colocando gelo no rosto que ele machucou.
A morte é melhor que isso, só custa chegar até lá...
Subo para o quarto, vendo a janela escura, o dia todo foi correr e me esconder da mira da arma, e agora eu quero dormir, com sorte eu devo acordar viva. Pego um edredom na ponta da cama e saio do cômodo. - Dylan! - ouvi mas ignorei, descendo as escadas e me deitando no sofá. Jeff ia me matar e não sentiria remorso por isso.
*****
Acordo com o som dos trovões, a chuva tinha aumentado mais com o passar das horas e tirou o meu sono. Me encosto no sofá e acendo a luz, levando um susto ao ver Jeff sentado na poltrona ao meu lado, ele parecia dormir.
Troco de lado no sofá e me ajeito no estofado, suspiro fundo sentindo as lágrimas nos meus olhos. Escuto uma movimentação, abri os olhos e Jeff estava ao meu lado, agachado, voltei a fecha-los sentindo as lágrimas escorrerem. - E-eu sinto muito... - aquilo saiu mais como um sussurro vindo dele, fiz que não e me virei. - Eu sinto muito... - repetiu.
Ouvi de novo o som dos trovões e me encolhi, Jeff não sentia muito, ele não sentia nada.
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