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História O Comandante (SENDO REESCRITA) - Cyphers


Escrita por: littlefairy22

Capítulo 7 - Cyphers


Não tenho medo de tomar uma posição

Todo mundo, venham segurar  minha mão

 Caminharemos nessa estrada juntos pela tempestade

 Em qualquer tempo, frio ou quente 

Apenas saiba que você não está só"

(Not Afraid - Eminem)

Assim que Jimin abriu os olhos, se virou para todos os lados, checando se estava seguro. Percebeu que Jungkook se encontrava atrás de si, encostado em uma pedra e o olhando atentamente, como se estivesse guardando seu sono. O ruivo se perguntava se o comandante havia ficado a noite inteira vendo-o dormir e sentiu vergonha de considerar aquela hipótese, por que Jeon faria isso, afinal?

 

 

— Temos que voltar, comandante. Eu preciso colocar um curativo no seu ferimento e ajudar os que ficaram na base – Jimin falou, recebendo um aceno de cabeça do outro. Jungkook parecia sereno, suas expressões eram suaves, era muito diferente do homem de ontem, que tirou a vida de vários soldados. Nessas poucas horas de tranquilidade, ele realmente parecia ter a idade que tinha.

 

— O que você acha que levou Chung-Hee a descumprir o cessar-fogo? – Jungkook perguntou, enquanto eles andavam pelo mesmo caminho que usaram para chegar ali. O comandante conhecia aquela floresta como a palma de sua mão, passou a infância inteira treinando naquela clareira.

 

Jimin levou um tempo para processar a pergunta. Jeon estava mesmo pedindo a sua opinião? Não parecia certo opinar em questões políticas, ele sequer sabia se ainda fazia parte do Reino ou se fora completamente aceito pelos Rebeldes. Como sempre, estava confuso. E o fato de Jungkook ser bonito demais o deixava atordoado, o mais baixo não conseguia olhar para ele o tempo todo, não podia se concentrar sabendo que ele estava sem camisa. Odiava ser tão distraído e tão impressionável.

 

— O que eu acho? Hã, não sei... – ótimo, era a primeira vez que o comandante iria considerar uma opinião sua e ele estava falando como um perfeito idiota. – Seja lá o que for, não é bom que você faça nada por agora. Espere até sua prima chegar, veja o que é melhor para todos.

 

Jungkook apenas concordou e não voltou a se manifestar até que chegassem ao acampamento, que virara um cenário de guerra horas antes. As balas se espalhavam pelo chão, haviam buracos dos tiros pelas paredes dos chalés e os corpos se todos os inimigos estavam empilhados em uma grande montanha na entrada da base. O caminhão tombado já havia sido retirado, então a vista se tornava mais clara. Mesmo de longe, Jimin podia ver a enfermaria cheia. Hoseok deveria estar uma fera por trabalhar sozinho.

 

— É o comandante! – alguém exclamou, no meio da confusão de pessoas indo e voltando, limpando o chão ensanguentado, tentando tirar dúvidas com os homens de Jungkook, que estavam tão perdidos quanto. Era um enorme problema que cairia sobre as costas de Jeon, mas ele já estava acostumado. Ao que parecia, não perderam mais que algumas pessoas, isso já o deixava tranquilo.

 

Os soldados foram os primeiros a se virarem, vindo até Jungkook e perguntando se o corte em sua lateral fora muito profundo, que eles poderiam passar na frente na enfermaria, mas o comandante apenas negou, dizendo que estava bem. Os moradores vieram logo depois, enchendo os dois de perguntas e exclamações, e tudo era observado pelo Conselho.

 

Jungkook percebeu, com certa tristeza, que ninguém do Conselho havia sido morto. Trágico.

 

— Perdemos muita gente? – Jungkook perguntou à Namjoon, esperançoso de que não tivesse sido tão ruim quanto pensava. O moreno apenas balançou a cabeça, apontando para três corpos no chão, um pouco mais afastados da pilha do Reino. Jeon achava que os três mortos eram agricultores, pois não se lembrava exatamente de vê-los frequentemente. Mesmo que ainda fosse triste, era bom o fato de terem perdido um número tão insignificante, perto do exército dizimado do Reino.

 

— Jimin! – o citado ouviu uma voz infantil muito conhecida o chamar e se virou na direção dela, sorrindo. Fechou os olhos e sentiu Taehyung pular em seu colo, entrelaçando as pernas em seu quadril. – Eu fiquei tão preocupado! Achei que tivesse me deixado aqui! Hoseok-hyung disse que você voltaria, ele estava certo!

 

— E deixar de brigar com você? Nunca – Jimin não conseguia parar de sorrir, agora que sabia que o menor estava bem. Fez carinho em seus cabelos, como sabia que ele gostava, o puxando para perto. – O Hoseok cuidou tão bem de você...Tenho que lembrar de agradecer por isso.

 

— Onde o comandante estava na hora do ataque? – Bin, um dos membros do Conselho, perguntou. Jimin reparou que esse era o mesmo que estava questionando o comando de Jungkook no jantar, alguns dias antes de tudo. – Foi um derramamento de sangue. Por que não ficou para proteger o seu povo?

 

Jungkook ficou calado, sem ter nenhuma justificativa para dar. Seu plano nunca foi entrar na floresta, ele só fez isso para ter alguma vantagem contra os homens. Sua intenção era manter-se ali, para ajudar o máximo de gente.

 

— Eu estava em perigo – Jimin tomou à frente da conversa. Jungkook o encarou, ainda inexpressivo, mas parecendo um pouco curioso por ele ter dito algo. Ficou mais curioso ainda quando viu que Jimin tinha os dedos entrelaçados com os de Tae. – Ele estava atraindo alguns soldados do Reino para a floresta, queria tirá-los daqui, então me viu lá. Eu estava cercado pelos homens de Chung-Hee e ele lutou com eles para me salvar, o que explica o corte que lhe fizeram, fora as ameaças que ele eliminou quando ainda estava na base. O comandante foi um herói.

 

Jungkook o encarou, lhe direcionando um rápido aceno de cabeça que, entre os Rebeldes, demonstrava respeito. Jimin quase vibrou por dentro com aquele ato.

 

— Devo admitir que não sei o que esse ataque significou, mas vou liderar uma visita ao Reino até o fim da semana. Tenho que questionar Chung-Hee sobre isso, mas não acho que vai haver a quebra do cessar-fogo – Jungkook caminhou, ainda com certa dificuldade até o centro do pequeno círculo que se formou ali. – Se for quebrado, já temos os números necessários para invadir e tomar o lugar. Iremos vingar os nossos mortos.

 

Os soldados e os simples civis assentiram, olhando com certa admiração para o homem que falava. Era inegável o respeito que o povo tinha por Jungkook, não importava o que Bin dissesse. Jisoo, que estava por perto, pediu novamente para que o comandante tomasse a frente dos outros na enfermaria, parecendo preocupada.

 

— Atendam as mulheres e as crianças primeiro – Jungkook pediu à Jisoo, com uma delicadeza fora do normal. – Pedirei que Jimin vá até o meu quarto mais tarde. Ele sabe o que fazer, não se preocupe.

 

Jungkook ia dizer mais alguma coisa, porém foi interrompido pelo galopar de cavalos à certa distância. Cinco garanhões pretos apareceram nas fronteiras, chocando os civis que ouviam o discurso do comandante. Em cima dos animais, homens e mulheres com máscaras feitas com ossos davam um ar de mistério ao grupo. Eles usavam roupas feitas com peles de outros animais e, os que não tinham máscaras, usavam aquelas maquiagens negras que Jungkook usou na noite anterior.

 

— Amor, faz uma coisa por mim. Fique na enfermaria, peça para Hoseok aplicar sua injeção. É mais seguro para você. – Jimin se abaixou para ficar na altura de Taehyung e deu um beijo rápido em sua testa. O garoto assentiu e fez o que lhe foi pedido, fazendo o ruivo sorrir. Era um menino tão bom.

 

Apenas uma dos cavaleiros se diferenciava dos outros. Ela não usava maquiagem ou máscara, apenas um delineador borrado propositalmente ao redor dos olhos, estando em destaque por estar no primeiro cavalo. Tinha um cabelo longo e castanho, mas chamava atenção por ter várias tranças e mechas de cores diferentes. Ela era a única que carregava outra pessoa no cavalo, era um homem amarrado, que parecia ser mais velho que ela.

 

— Essa é a prima de quem eu te falei. – Jungkook disse, baixo, para que apenas Jimin escutasse. – O nome dela é Keana e ela é louca.

 

— Como o cabelo dela pode ser assim? Ainda existe algum tipo de tinta? – Jimin questionou, com certa curiosidade. Ele era ruivo de nascença, algumas pessoas até duvidavam disso, então entendia como era ser confundido por isso. Chung-Hee era tão louco que acreditava que isso poderia ser classificado como bruxaria.

 

Jungkook engoliu em seco:

 

— Ela...Não, não é tinta. Todas as mechas e tranças diferentes em seu cabelo pertencem à pessoas que ela matou pelo caminho. Ela simplesmente corta um pedaço e amarra em seu cabelo.

 

Keana saiu de seu cavalo, com um enorme sorriso no rosto. Jimin tinha que admitir que ela era bonita, mesmo usando uma quantidade menor de roupas e tendo cortes pelo corpo. Provavelmente cicatrizes de batalhas anteriores. Ela também tinha as tatuagens que Jungkook mencionou, os desenhos fechavam seu braço direito.

 

— Jeon Jungkook, meu priminho favorito! – a mulher ainda estava no cavalo, dando uma olhada no acampamento – Deus, o que houve aqui? Vocês estão mais mortos que o grupo de soldados que a gente encontrou no caminho para cá. Enfim...Detesto estragar o momento de reunião entre nós depois de meses, mas, olha, eu te trouxe um presentinho!

 

Ela chutou o homem que estava amarrado ao seu lado no cavalo, o jogando para o chão sem a menor delicadeza, logo descendo também. Jimin observou, com certa tristeza, que o homem já fora muito machucado pelo grupo.

 

— O que significa isso? Quem é ele? – Jeon perguntou, voltando a sua pose séria de comandante. A postura ereta, a mão direita segurando o pulso esquerdo por trás das costas e o rosto tão inexpressivo quanto uma estátua.

 

— Eu e alguns dos meus Cyphers estávamos planejando vir aqui ontem, porém vimos o camburão do Reino. – Keana respondeu, colocando as mãos no quadril. Os soldados de Jungkook, embora já estivessem acostumados com a presença do grupo ali, sempre tinham as armas preparadas. – Conseguimos matar alguns, mas haviam muitos, então eu apenas atirei em uma das rodas do caminhão, provavelmente ele chegou aqui tombando. Você deveria me agradecer, Jeon, teria perdido muita gente se eu não tivesse eliminado alguns deles. Então, encontramos esse cara camuflado, beirando as suas fronteiras. Suponho que é um infiltrado procurando pelo arsenal.

 

  Jungkook pareceu analisar a situação. Um silêncio desconfortável caiu sobre a base, os civis pareciam esperar ansiosamente por uma ação do comandante, este que olhava de Keana e os chamados Cyphers até o homem no chão.

 

Shijak – foi tudo que Jungkook precisou dizer para que seus homens avançassem no desconhecido. Eles chutavam seu corpo e batiam em sua cabeça, como se ele não fosse um ser humano, como se apenas um saco de pancadas.

 

Aquilo estava acabando com Jimin por dentro. Eles sequer deram a chance do homem explicar o que estava fazendo lá, aquilo estava errado. Era injustiça.

 

— Comandante, você não pode continuar com isso – Jimin sussurrou para Jungkook, soando tão quebrado quanto no dia em que fizeram o mesmo com Taehyung. Keana também ouvia – Provavelmente é apenas um pobre homem cumprindo ordens do rei. Eles vão culpar os Rebeldes por isso também, peça que parem, você pode resolver isso de outro jeito.

 

— Parem. – o comandante falou, alto e claro, fazendo os homens o obedecerem na mesma hora, mesmo que confusos. – Levem-no para a cela na arena, tranquem e deixem a chave no meu quarto. Keana, você vem comigo, temos que conversar.

 

À medida que a multidão ia se dispersando, Keana balançava a cabeça e cruzava os braços:

 

— É...O temido Jeon Jungkook fazendo uma aliança com Chung-Hee e obedecendo as ordens de um garoto qualquer. Eu nunca iria esperar por isso.

 

Jungkook não disse nada, apenas seguiu em direção aos seus aposentos. Jimin sentiu um aperto em seu braço e percebeu que o comandante queria que ele o seguisse também. O ruivo definitivamente não queria ficar preso num quarto com ele e Keana, não queria entrar no meio daquele fogo cruzado.

 

(X)

 

Jimin se encontrava na situação mais constrangedora do mundo.

 

Jungkook estava sentado na cama, ainda sem camisa e com seu corte à mostra, enquanto o ruivo se encontrava ajoelhado na sua frente, finalmente lhe fazendo um curativo decente. Keana estava um pouco mais afastada, sentada no sofá e assistindo a cena como se fosse a melhor performance que já vira. Jimin estava envergonhado, tanto por estar naquela posição quanto por estar sendo olhado por Keana e Jungkook como se os primos fossem devorá-lo.

 

— Ele é bonito, Jungkook – a voz da mulher soou pela primeira vez desde que entraram no quarto. Ela se aproximou dos dois e percorreu a mão pelos cabelos de Jimin, fazendo-o se arrepiar com o toque repentino e inesperado – É seu novo cachorrinho?

 

— Eu não sou cachorrinho de ninguém. – Jimin respondeu por ele, começando a se incomodar com aquela aproximação.

 

— Devo dizer que fiquei curiosa sobre o que esse corpinho pode fazer. Sabe, Kook, nós três poderíamos nos divertir nessa cama, ninguém está olhando mesmo.

 

— Não toque nele. Além disso, não foi por isso que eu te chamei, temos assuntos mais importantes para tratar – Jungkook falou, soando tão incomodado quanto Jimin. Afastou as mãos do ruivo de si, já que ele havia terminado de fazer o curativo. – Jimin, já pode ir. Deixe a gaze em cima da estante, talvez eu precise trocar depois.

 

Jimin fez o que lhe foi pedido, porém, antes de sair do quarto, viu uma chave na estante. Supôs ser a da cela da arena, que prendia o homem que fora espancado mais cedo, logo tomando a pior decisão do mundo: iria desobedecer uma ordem do comandante. Deixou a gaze em cima da estante de madeira e, aproveitando que Jungkook e Keana estavam distraídos em uma discussão, colocou a chave no bolso da jaqueta.

 

Ele saiu da casa, logo se lembrando do que lera sobre punições no diário de Chayo. Coisas como roubo ou traição que não fosse tão grave era punido com dez cortes de espada nas costas. Alguns diriam que ele estava sendo idiota por querer ajudar um desconhecido, sim, ele estava sendo, mas não podia deixar que Jungkook o matasse. Jimin estava fazendo aquilo por conta própria, tomaria a punição se fosse necessário.

 

Jimin teve que agradecer por estar de noite e a base ficar vazia durante esse horário. Apenas os soldados ficavam acordados e estes apenas serviam de vigias nas fronteiras, que eram longe dali. A enfermaria ainda estava cheia, porém, no escuro, ficava difícil de ver o ruivo passar.

 

A tal cela ficava um pouco à frente da arena. Era um espaço pequeno, quase como um quarto, cercado por grades enferrujadas. Viu o homem encolhido no canto da cela, como se algo não lhe permitisse dormir.

 

— Ei... – Jimin chamou sua atenção. O homem de cabelos escuros e feições delicadas o encarou, assustado. Ele era alto e magro, tinha o rosto fino agora completamente marcado por machucados, mas, ainda assim, era muito bonito – Por que estava nas fronteiras?

 

— O-O rei me mandou aqui para plantar uma bomba. Eu não tive escolha, ele me ameaçou – ele falou depois de um tempo, segurando a grade como se sua vida dependesse daquilo. E, de certa forma, Jimin achava que realmente dependia. – Meu nome é Baekhyun. Eu estou fazendo isso pelo meu namorado, ele está doente e mal se aguenta em pé, eu realmente preciso do dinheiro para salvá-lo. Eu vim para plantar a bomba, mas eu juro que desisti no caminho e me livrei dela. Eu juro.

Jimin assentiu e pegou a chave, destrancando a cela e abrindo a porta enferrujada com todo o cuidado para que não fizesse barulho. Baekhyun saiu de sua pequena prisão com cuidado, olhando para o ruivo à sua frente como se ainda corresse algum perigo. 

— Você precisa ir agora, não temos muito tempo antes de Jungkook querer te ver de novo. – Jimin avisou, indicando o lugar pelo qual ele deveria fugir. Apontou para a clareira em que havia dormido na outra noite.

 

— Muito, muito obrigado. Nunca esquecerei do que fez por mim – o jovem falou, sorrindo. Jimin notou que seu lábio estava um pouco inchado, provavelmente pelos socos que levara. – Quando os Rebeldes invadirem o Reino e precisarem de um lugar para se esconder, sabia que pode ficar na minha casa, na Rua 3. Obrigado.

  Então, o desconhecido se foi, levando junto a pouca confiança que Jungkook tinha depositado em Jimin.



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