1. Spirit Fanfics >
  2. Just Another Way >
  3. Seguindo em frente

História Just Another Way - Seguindo em frente


Escrita por: 4sevendevils

Capítulo 40 - Seguindo em frente


Fanfic / Fanfiction Just Another Way - Seguindo em frente

Detesto filas, perde-se tempo demais esperando e eu sou muito impaciente. No entanto, geralmente pelas manhãs eu e Ashley costumamos passar no Starbucks para tomar café e infelizmente o lugar está sempre lotado. A loja fica em uma rodovia movimentada fora de Malibu, mas por incrível que pareça, quase ninguém me reconhece e quando reconhece a maioria já está tão acostumada que não dá a mínima. Já faz alguns minutos que estamos aguardando, há duas garotas em nossa frente, ambas aparentam ter entre 20, 25 anos e estão em uma desanimada conversa sobre relacionamentos e garotos. Quando eu tinha essa idade, esses eram os meus assuntos favoritos também, sempre fui muito deslumbrada do tipo que se apaixonava fácil e os rapazes se aproveitavam disso. Observo-as disfarçadamente até que uma delas diz uma frase que me chama atenção: "A dor de um amor, só se cura com outro".

 

É de se parar para refletir, não? Essa é uma tese interessante e eu por muito tempo acreditei nela também... Acontece que quando nos decepcionamos amorosamente com alguém, a vida parece perder o sentido. Talvez seja exagero meu, mas deposita-se tanto sentimento em uma relação que os finais trágicos nos deixam tão desnorteados a ponto de sair por aí buscando incansáveis maneiras de fazer com que as coisas voltem a sua normalidade. Mas por experiência própria eu aprendi que é impossível curar a dor de um amor com outro, o que se arruma é uma válvula de escape que nos faz esquecer temporariamente, que nos distrai e que ameniza o sentimento, porem dura pouco. Acho covardia demais ficar com alguém por qualquer outro motivo que não seja por amor, covardia com nós mesmos pela falta de coragem de esquecer o que se perdeu; e covardia com o próximo por utilizá-lo. Por isso que eu gosto de dar tempo ao tempo, deste modo as coisas se ajeitam sozinhas e sem nenhum tipo de pressão, é que eu tenho uma teoria sobre isso: quando uma relação termina é porque não era para ser, e se não era para ser, por que insistir? Melhor aceitar e esquecer, não?

Passo os finais de meus relacionamentos sempre sozinha. Prefiro usar o meu trabalho como distração do que alguém e correr o risco de passar por tudo outra vez. Confesso que durante esse tempo é bom remoer o passado, sofrer tudo que se tem de sofrer até que o coração se recupera e tornar-se disposto a tentar de novo. Só quando nos recuperamos podemos de fato dar fim e começar novamente, mas para isso devemos nos livrar de todas as coisas que nos prendem ao antigo relacionamento, o que no meu caso é o bendito anel de noivado que Taylor me deu. Por falar nele, nos falamos bastante essa noite e decidimos nos encontrar para encerrar as coisas. Ele disse que o nosso beijo o deixou confuso, mas para mim deixou apenas a certeza de que não sinto mais nada, naquele dia eu estava com raiva, carente e aquilo me pareceu certo porque de certa forma, eu queria dar o troco em Florence, como uma maneira de amenizar o que eu estava sentindo por ela naquele momento.

Combinamos de nos encontrar às onze da manhã, num quiosque em Santa Monica, exatamente o mesmo lugar em que ele pediu a minha mão no dia de São Valentim, há quase dois anos. Até um dia desses era difícil passas em frente desse lugar sem lembrar do que a gente viveu, sem se perguntar no que deu errado, ou me culpar pelo termino, mas agora não mais... Guardei apenas como uma boa recordação de um momento feliz e hoje estou disposta a encará-lo. 

A fila finalmente anda e a barista atende as duas garotas em nossa frente e em seguida volta-se para nós. Ashley faz o pedido, pega os cafés e deixamos o local sentido a rua de trás, onde ela estacionou o carro. Na esquina, encontramos um paparazzo que me aguardava na calçada, é o mesmo rapaz de sempre, acho que ele decorou a minha rotina para ficar mais fácil, e eu já estou tão acostumada, que sinceramente nem ligo mais. Conforme nos aproximamos ele aponta a câmera e me pede aos gritos:

 

 – GAGA, PODE OLHAR PARA MIM, POR FAVOR?

 

– Não sei como você aguenta – Ashley sussurra – Esses flashes na cara... 

– A gente acostuma, Ash – coloco os óculos escuros e sorrio na direção do fotografo – Depois de um tempo, passa a ser normal.

– Deve ser péssimo... – ela me encara – E onde você combinou com Taylor? Precisa ser longe daqui para não correr riscos de alguém ver.

– Ah claro! Marcamos naquele quiosque sabe? Onde ele me...

– Nossa – ela ri – Precisava ser justamente lá?

– Era o nosso lugar favorito quando namorávamos – solto um longo suspiro – Nada melhor que lá. 

– E como você está se sentindo? – ela me indaga. 

– Bem... Muito bem! – sorrio –  Eu realmente preciso por um ponto final nessa história, entende? 

– Entendo... Eu te levo lá então?

 

Aceno com a cabeça e entramos no carro. Ela dirige, eu vou no banco do passageiro e fecho os vidros, não quero que ninguém da impressa nos siga até lá, quando eu e Taylor decidimos terminar optamos pela discrição, por nós dois e por nossos fãs também. Acho que certas coisas são pessoais demais para sairmos divulgando por aí, até porque a decisão partiu dos dois, em comum acordo e a base do respeito. Nós dois sabemos que se expor demais não vale a pena, ainda mais quando se é uma figura pública, qualquer passo em falso pode acarretar em um final de carreira e notícias fúteis desgastam a nossa imagem. Ash passa todo tempo calada e eu também, pois estou pensativa, repassando o que direi a Taylor. Sinto-me um pouco nervosa... acho que apreensiva é a palavra certa, mais por ele do que por mim, não sei o que ele tem para me dizer e tenho medo que ele tenha entendido errado o que aconteceu entre nós aquele dia em minha casa.

 Quando chegamos na Ocean Avenue, Ashley para e estaciona. Não há quase ninguém por aqui, exceto um grupo de turistas tirando fotos das paisagens. Ash me encara, parece desconfiada, ela olha de um lado para o outro e abre os vidros dizendo-me:

– Eu vou ficar de olho caso alguém apareça.

– Obrigado!

– Está pronta? – ela pergunta – Tem certeza que é isso que você quer?

– Sim!

 

Abro o porta-luvas e pego a caixa de veludo onde guardei o anel de diamante que Taylor que deu, abro-a pela última vez e fecho em seguida, guardando-a no bolso de minha jaqueta. Solto um longo suspiro e abro a porta descendo do veículo.

 

– Me espere aqui, Ash – olho pela janela – Eu vou ser breve!        

            Caminho sem muita pressa pela orla da praia. Ao me aproximar, avisto Taylor de costas sentado em um dos bancos de frente para o mar. O observo por alguns minutos, ele veste uma camiseta xadrez vermelha que eu lhe dei de presente em nosso aniversário de três meses, lembro como se fosse ontem... Olho para trás e penso em voltar, mas ele se vira e acena para mim deixando-me sem outra escolha. Aproximo-me.

 

            – Stef! – ele me cumprimenta com um beijo no rosto – Achei que não vinha mais.

            – Parei para tomar café... Você pelo visto, continua pontual, não?

            – Sempre – ele se senta novamente – E como é que você está?

            – Tirando o fato de que meu álbum sai daqui uma semana e pouco, está tudo bem! – sorrio sentando-me ao lado dele – E essa camisa? É a que eu te dei?

            – Sim... Está meio frio aqui, não está?

            – Um pouco...

            –  E esse chapéu? – ele me encara – Faz parte do conceito?

            – De certa forma... O mar está agitado hoje...

            – É...

           

            Ficamos em silêncio, um silêncio constrangedor. Quando não se tem o que dizer para alguém geralmente acontece isso, a conversa torna-se superficial, com assuntos sobre o clima e sobre as horas. Estou um pouco desconfortável e ele também, balança os pés, olha para o mar, passa as mãos na cabeça, ameaça a falar, mas desiste, depois ele se vira para mim, me olha nos olhos e diz:

 

            – Lembra quando a gente ficava olhando o mar e... O que que a gente veio fazer aqui, Stefani?

            – Conversar, não? – olho para baixo – Foi o que combinamos.

            – Conversar sobre o que? – ele fica sério – Sobre o mar de Santa Monica? Sobre como fomos felizes aqui?

            – Tay você sabe que não, sabe que... Viemos para...

            – Eu passei um bom tempo pensando na gente essa semana – ele suspira – Talvez nós pudéssemos tentar...

            – Eu achei que você já estivesse com alguém.

            – E eu estava – ele aproxima o rosto do meu – Mas eu sinto a sua falta e agora, aqui com você eu só...

 

            Ele se aproxima ainda mais e eu me esquivo, levantando-me.

           

            – Taylor, eu não... Olha as coisas... – viro-me para ele – A gente não pode mais, acabou, você não me ama mais, sentir falta não é o bastante e você sabe disso.

 

            Ele não diz nada, apenas abaixa a cabeça.

 

            – Eu amei você, amei de mais – continuo – Mas não foi o suficiente, não era para ser, se nós voltássemos acabaríamos nos magoando ainda mais.

            – Desculpa eu... Depois daquele beijo eu achei que pudéssemos tentar, não sei...

            – Aquele beijo não devia ter acontecido... Sabe, eu estou seguindo em frente, e ela é maravilhosa – sorrio sem jeito – Eu nunca pensei que pudesse gostar de alguém desse jeito depois que nós terminamos, mas ela é... Ela é tão incrível, entende? Eu aprendo tanta coisa quando nós estamos juntas porque ela é diferente, diferente de todos os meus relacionamentos. Eu nunca me senti à vontade o suficiente para ser quem eu realmente sou com alguém, como eu me sinto com ela... Nem com você, você sempre buscou alguma coisa em mim que eu nunca pude te dar... E eu ficava me esforçando para te agradar a todo custo até que eu percebi que não valia a pena, você continuaria insatisfeito...

            – Nunca foi a minha intenção, Stef.

            – Eu sei e por isso nós terminamos, eu não vim aqui culpar você... – encaro-o – Mas ELA nunca me pede nada, Taylor. Sabe por quantos relacionamentos eu passei para encontrar alguém que não exigisse nada de mim? Que me amasse sem nenhuma condição ou restrições? Que aceitasse todas as minhas identidades? Incontáveis.

            – Você ouviu os recados que ela mandou então? – ele ri – Eu fico feliz por você!

            – Sim, eu ouvi e você tinha razão eu estava equivocada sobre aquela situação.

            – Você mudou, Stef. Mudou para melhor... Amadureceu...  

 

            Sento-me ao lado dele outra vez e apoio-me em seu braço. Ele se cala e eu também. Venta um pouco. As ondas fazem barulho. Na avenida, um dos carros parados próximo ao quiosque toca “Yes I'm Changing”, de Tame Impala:

 

Sim eu estou mudando, sim eu me fui 

Sim eu estou mais velho, sim eu estou seguindo em frente
E se você não acha isso um crime você pode vir comigo

A vida segue, você não vê?
Não há futuro para você e para mim
Eu estava me segurando e eu estava procurando incessantemente
Mas baby, agora não há mais nada que eu possa fazer
Então, não fique triste
Há outro futuro esperando por você

Eu vi isso diferente, preciso admitir
Dizem que as pessoas nunca mudam, mas isso é besteira, mudam sim.

Sim, eu estou mudando, não posso parar agora
E mesmo que eu quisesse, não saberia como
Outra versão de mim eu acredito ter encontrado, finalmente

E eu não posso sempre me esconder,
Amaldiçoar a indulgencia e desprezar a fama
Há um mundo lá fora e está chamando meu nome
E está chamando o seu, está chamando o seu também"

 

            Não há mais nada a dizer, se houvera essa música já o fez. Tenho um carinho especial por Taylor, acho que isso nunca vai mudar, ele é um bom homem, merece alguém que o complete e que o faça feliz, coisa que eu não pude fazer. Engraçado, mas acho que nunca falei de Florence desse jeito para alguém, nem para Ashley que é minha melhor amiga. É que ele sabe do que eu falo, sabe como é difícil encontrar alguém assim do jeito dela, que te deixa nas nuvens sem querer nada em troca, que se esforça para estar do seu lado e principalmente que te aceita exatamente como você é.

            – Você está apaixonada! – ele olha para mim – Seus olhos brilham quando você fala dela.

            – Já me dissera isso – solto uma gargalhada.

            – Ela deve ser uma garota e tanto...

            – É sim... Mas sabe, eu não vim aqui para falar dela, vim para entregar algo que pertence a você.

            – Se for pelo anel, não precisa, eu não faço...

            – Precisa sim, Tay! – interrompo-o, entregando-lhe a caixa – Eu quero começar de novo e isso é a única coisa que me prende. Além do mais foi absurdamente caro, precisa dar isso para alguém que valha realmente a pena.

 

            Depois de relutar ele aceita, pega a caixa em minha mão e guarda no bolso. 

 

– Então é isso... – ele se levanta – Foi bom ver você, sabia?

– Digo o mesmo – abraço-o – Acho que a gente precisa fazer isso. 

 

Um vendedor ambulante passa em nossa frente, ele vende diversos colares de búzios artesanais de todas as cores e tamanhos. O homem nos cumprimenta e nos oferece os objetos. Aproximo-me com Taylor: 

 

– Isso é a cara dela! – puxo um colar de conchas e viro-me para Taylor em seguida – O que acha? 

– Você está saindo com uma hippie? – ele solta uma gargalhada – Isso é coisa de hippie não?

– Mais ou menos – sorrio –  ela é toda mística, cheia de coisas e segredos...

– Esse é legal! – ele aponta para um outro maior – Essa situação é tão engraçada... 

– Por que? 

– Estou te ajudando a comprar um presente para sua nova namorada no mesmo lugar em que te pedi em casamento. Isso é no mínimo cômico.

 

Rimos juntos por um bom tempo. Escolho um colar para Florence, um de pedras e conchas azuis, sua cor favorita, acho que ela vai gostar. Depois Taylor e eu voltamos para a orla e por fim nos despedimos. Ele vai para um lado da avenida e eu para o outro, assim como os nossos destinos. Estou aliviada em resolver tudo com ele, acho que precisávamos disso para seguir em frente.

Volto-me para o carro, onde Ashley me aguarda. 

 

– E aí? – ela pergunta – Como foi? 

– Comprei isso para a Florence – lhe mostro – Parece com ela, não? 

– Sim, mas e o Taylor? 

– Resolvemos, está tudo certo! – sorrio – Você me leva até o hotel? Combinei de almoçar com a Flo.

– Claro! Vai dizer para ela?

– Sobre Tay? Não... Para que dizer isso?

– Ah não sei, esconder as coisas nunca dá certo... Vocês estão saindo bastante esses últimos dias, Bobby não desconfiou? 

– Deve ter desconfiado, mas não disse... Quer ouvir uma coisa engraçada? Levei ela até o set de Ahs e ela ficou apavorada – solto uma gargalhada lembrando-me – A cara dela foi hilária, ela tem medo de verdade. 

– Eu imagino... Stef, posso te fazer uma pergunta? – ela me encara.

– Claro, o que foi? 

– Quando é que você descobriu que... Que gostava... Assim, que gostava de mulheres também?

– Ué Ash, que pergunta é essa? – olho para ela – Eu não sei, isso sempre foi tão normal para mim. 

– E como é que é? – ela me questiona sem jeito.

– Como é que é o que?

–  Como é ... Estar com outra mulher... DAQUELE jeito?

– Costuma ser melhor e mais prazeroso do que com homens, mas é mais trabalhoso também... Escuta, por que quer saber dessas coisas? – observo-a desconfiada – Por acaso você está....

– EU NÃO! – ela me interrompe – Não estou nada! É só curiosidade, não posso ter curiosidade mais? 

– Pode, mas é que você nunca...

– Ah quer saber, esquece Stefani! – ela diz em tom rude – Esquece tudo o que eu te disse.

 

Ashley tira o celular do bolso e digita em silêncio. Observo a cena intrigada e pergunto em seguida:

– Com quem você tanto fala aí? 

– Com ninguém – ela esconde o aparelho – Podemos ir? 

 

Ela acelera antes que eu pudesse responder qualquer coisa, troca de marcha irritada. Eu a encaro sem fazer mais perguntas. Ash tem andado estranha ultimamente, quase não conversa comigo, passa muito tempo no celular e ontem Bobby disse que essa semana ela saiu duas noites seguidas depois de me fazer dormir... Não sei para onde ela vai e quando tento lhe perguntar ela responde com grosseria. Agora essas perguntas sobre a minha sexualidade... O que ela quer com isso? Aposto que para Sonja ela disse. Ash nunca se abre comigo, desde nossa adolescência ela sempre preferiu desabafar com Sonja e eu não entendo o motivo. Talvez eu não tenha a paciência que ela precise, ou a palavra certa para usar, mas se ela dissesse, quem sabe? Eu poderia tentar... Não gosto de insistir porque ela fica nervosa e acabamos discutindo, eu pego pesado quando nós brigamos então prefiro evitar.

 

Não nos falamos até chegar no hotel. Ela estaciona na porta do Chateau e permanece em silêncio, esperando que eu saia:

 

– Você vem me buscar? – pergunto-a.

– Se eu não vir, alguém vem...

– Eu te mando uma mensagem, então? 

 

Ela não responde. Eu desço do carro e a observo até que o veículo some na avenida, acho que ela está precisando ficar sozinha, talvez o trabalho, a correria com as coisas de meu novo álbum a esteja estressando demais.

Entro no hotel e subo as escadas. Encontro Isa no terceiro andar, ela está bonita e parece muito animada. 

 

– Gaga! – ela me cumprimenta com um beijo no rosto – Florence está te esperando lá em cima. 

– Você não vai almoçar conosco? 

– Não, não, eu tenho compromisso – ela diz – Sabe como é, banda nova, projeto novo, horas em estúdio. Além do mais eu não quero atrapalhar vocês e nem ficar de vela.

– Ah eu sei sim... Bom trabalho então!

 

Chego no corredor de Florence e abro a porta do quarto sem bater antes. Ela está apenas de sutiã e calcinha e se assusta ao ouvir o baralho que faço:

 

– Meu Deus é você! – ela se cobre com o lençol – Está atrasada, combinamos meio-dia...

– Desculpa! – aproximo-me dela e a beijo na boca – O que estava fazendo?

– Trocando de roupa, ué – ela ri – Por que essa pergunta?

– Por nada...

 

Sento-me na cama, analiso o quarto e a espero terminar de se vestir. Ela demora, passa creme nas mãos, no rosto, ajeita os anéis nos dedos e revira as suas malas, a procura de algo, depois de vestida ela se senta do meu lado e puxa os meus óculos.

 

– Não gosto quando você usa óculos escuros – ela sorri.

– Você tem cada coisa – beijo a sua mão – Onde quer comer?

– Aqui mesmo, eu já pedi!

– E pediu o que? – indago-a.

 

Florence levanta, pega as duas bandejas na estante e se senta na área da sacada, com as cortinas fechadas.

– Vem aqui! – ela me chama – Vem ver se você gosta.

 

Caminho até ela, sentando-me ao seu lado.

 

– Por que você come tanta coisa verde? – solto uma gargalhada observando a comida – Até o suco é verde, o que tem aqui?

– Couve, laranja e hortelã – ela segura o copo – Bebe!

– Interessante... – tomo um gole – E não é tão ruim...

            – Nada é ruim, é questão de paladar – ela começa a comer – O que fez hoje?

            – Eu fui até a... até o estúdio para resolver algumas com Mark.

            – E o que fizeram lá? – ela pergunta entusiasmada.

            – Por que está fazendo perguntas? – sorrio – Você nunca pergunta!

            – Por nada, eu gosto de conversar com você.

 

            Ela ri, mas não parece desconfiada. Até pensei em lhe contar sobre Taylor, mas achei melhor não, é um assunto que já acabou, não quero mais perder tempo com isso. Ela gosta de comidas diferentes, não são tão ruins, mas confesso que eu preferia algo mais gorduroso. No entanto ela parece satisfeita.

 

            – Você não gostou muito, não é? – ela se senta ainda perto de mim – Está quieta demais... Não quer conversar hoje?       

– Não é isso. É que Ashley anda tão estranha ultimamente, estou preocupada.

– Estranha como?

– Ela está saindo demais, fazendo perguntas esquisitas, acho que está me escondendo alguma coisa.

– Isa está sempre me escondendo alguma coisa, mas depois acaba me contando.

– Ash nunca tem o que esconder, nós vivemos juntas, não nos desgrudamos... Mas dessa vez, eu realmente acho que tem algo errado.

– Às vezes é coisa da sua cabeça – ela acaricia os meus cabelos – Deixe ela respirar um pouco.

– É pode ser... – Olho para ela – Eu trouxe algo para você, vira de costas!

 

Florence se vira sem pensar duas vezes, eu afasto os seus cabelos para o lado e coloco o colar em seu pescoço. Ela passa as mãos nas pedras, parece admirada.

 

– É lindo, obrigada! – ela me beija na boca – Onde comprou?

– Perto da praia, quando estava com... Indo para o estúdio.

– Sabe qual é o significado dessas pedrinhas? – ela pergunta animada – Os búzios ficam no fundo do mar, sabe? Bem no fundo mesmo, mas são arrastados para as praias, assim como as conchas. Eles trazem energias das águas... do céu...  E da terra também porque percorrem um longo caminho até chegar na superfície, por isso serve de amuleto. Eles ajudam quando a gente precisa enfrentar desafios, decisões, seguir em frente... Tem gente até que joga para saber do destino, acredita?

– E como é que você sabe de todas essas coisas? – puxo-a para mais perto de mim – Acho que eu nunca conheci alguém tão inteligente quanto você!

– Que exagero! – ela ri encaixando-se no meio de minhas pernas – Eu só leio bastante.

– E o que é que eu vou ganhar por ter lhe trazido essas pedras tão mágicas?

– Eu não sei – ela cobre o rosto – O que é que você quer?

– Eu quero que você fique quietinha – puxo as suas mãos – E deixe que eu faça o que eu quiser.

– Agora? – ela vira o rosto – Tem certeza?

 

Sento-me em seu colo, de frente para ela, puxo seu rosto e lhe dou um beijo na bochecha descendo para sua boca. Ela sorri, joga os cabelos para trás e desce o zíper de minha jaqueta. Eu a empurro e seguro os seus braços, levando-os para trás sem parar de beijá-la. Tiro a sua camiseta e me deito em seu ombro, esfregando-me em seu pescoço, depois a abraço por trás e desabotoou o seu sutiã devagar, removendo uma alça, depois a outra. Não tenho pressa, e ela muito menos. Seus dedos percorrem a minha coxa vagarosamente até chegar em minha barriga. Ela passa as mãos por cima do tecido e para em seguida, puxando os seus anéis.

 

– O que está fazendo? – pergunto em voz baixa – Não precisa tirar.

– Não quero machucar você...

–Se você ficar quietinha não vai – levo suas mãos até o meu rosto e deito-me sobre elas – Suas mãos são tão lindas...

Impulsiono o meu corpo contra o dela, deitando-a no chão. Ela solta uma gargalhada contida e eu me afasto perguntando-a: 

 

 – O que foi? 

– O chão está gelado – ela se encolhe.

– Quer ir para a cama? 

 

Ela faz que não com a cabeça e desprende os braços, apoiando-os em sua barriga. Eu a observo por um tempo, seu corpo está completamente arrepiado, os olhos movimentam-se devagar e ela quase não se mexe, exceto pelos dedos que se esfregam uns nos outros. Gosto quando ela fica assim, tão frágil, é mais fácil de dominá-la, o que, ultimamente tem sido trabalhoso de conseguir. 

 

– O que tanto você olha? – ela me indaga. 

– Shhhhhiii – coloco o indicador em seus lábios – Não fala nada!

 

Florence fecha os olhos. Eu a beijo com força e possessividade. Deslizo as mãos sobre o seu tronco, passo pelo colar até que chegou em seus seios e o apalpo sem muita voracidade, apenas massageando-os. Ela solta alguns gemidos com a boca entreaberta. Desço até suas costelas e ela se contorce apertando-me pelas costas. Meus dedos percorrem sua cintura, até a altura do botão de sua calça jeans, eu ameaço abri-la, mas desisto, quero ir devagar dessa vez. Encaixo minha não em seu sexo, ainda por cima da roupa, ela geme um pouco mais alto e sua expressão facial aparenta ainda mais prazer. Que visão privilegiada a minha. Posso vê-la morder os lábios cadê vez mais forte enquanto eu a aperto suavemente. Ela me deseja e ter certeza disso me deixa em êxtase, tanto, que eu poderia devorá-la agora mesmo no chão desse quarto, mas hoje não. Hoje eu terei paciência. 

 

Ela tenta mover-se embaixo de mim, mas eu a impeço e seguro os seus braços colocando-os a cima de sua cabeça. Ela não hesita, está entregue. Abre os olhos, fecha novamente e solta um demorado suspiro em meu ouvido. Solto minha língua em seu pescoço e meus dentes mordiscam sua pele em um ritmo lento. Seus braços se desprendem e ela me envolve com rapidez. Eu me afasto, volto-me a sentar novamente em suas pernas e desabotoou sua calça, passando a ponta de meus dedos em sua virilha. Ela se estica e puxa a minha cintura contra o seu corpo. 

 

Noto o seu desespero e solto-me dela. Termino de tirar a sua roupa e retiro a minha em seguida. Ela me olha e ergue a cabeça em uma tentativa de alçara os meus seios, mas eu a empurro de volta e deito-me outra vez sobre ela encaixando-me no meio de suas pernas que instintivamente se abrem dando-me espaço suficiente para começar a estimulá-la.  

 

Seu corpo se contorce assim que eu passo a minha mão em seu sexo por dentro da calcinha. Ela está molhada, pulsando no meio de meus dedos e não há sensação melhor do que essa. Introduzo o meu indicador com cuidado, em ritmo lento e pausadamente até não haver mais para onde ir. Ela envolve as pernas em meu corpo e eu passo a deslizar os lábios na altura de seu tronco, até que minha boca encontra os seus mamilos já rígidos de tanta excitação e me disponho a chupá-los com calma, um de cada vez. 

 

Ela parece delirar a cada movimento meu, pois segura o meu punho com força para que eu não ouse deixar de penetrá-la e eu a obedeço. Sua respiração está cortada e o coração tão acelerado que é possível senti-lo enquanto minha boca lhe devora o seio. Ela me puxa para cima com força e me beija bruscamente tirando-me o ar. Removo os dedos de dentro dela e ela para. Abre os olhos e resmunga:

 

– Não tira... Eu quero... 

– Quer? – passo minha língua em seu queixo – Quer muito? 

 

Sua boca me beija novamente e ela murmura algumas palavras com voz melosa, quase que gemendo. Ela parece desesperada por mim e isso me dá um tesão incontrolável, nunca pensei que fosse tão bom satisfazer alguém como é satisfaze-la. Desço as duas mãos para suas coxas e o meu corpo acompanha o mesmo movimento. Levanto a sua perna até a altura de meus ombros e beijo o seu pé, deslizando a língua pelo tornozelo, joelhos, coxas até bem próximo de seu sexo. Seu corpo vibra ao sentir minha língua quente aproximando-se, ela se contorce até que minha boca finalmente encontra o seu clitóris e o suga com vontade, inicialmente devagar, mas conforme ela geme e puxa a minha cabeça eu aumento a velocidade.

 

Eu a observo com os olhos votados para cima, gosto de ver as sensações que lhe provoco. Seu rosto está suado, os cabelos bagunçados e os dentes ainda cravados em seus lábios. Permanecemos assim por longos minutos até que seu corpo convulsiona em espasmos no chão e depois de um gemido alto ela se alivia em um orgasmo explosivo em minha boca. Continuo a chupá-la até que ela se acalma e passa a acariciar os meus cabelos, então descanso em sua barriga.              

 

– Meu Deus! – ela respira, ainda com dificuldade – Você está ficando melhor nisso a cada dia que passa.

– Você acha? –  olho para ela – Digamos que eu esteja praticando bastante.

– Com que?

– Como com quem, Florence? – deito me ao lado dela aos risos – Com você ué.

– Ah! – ela solta uma gargalhada alta – Faz sentido.

– Faz sim... – lhe dou um beijo rápido – Você está suada!

– Eu tinha acabado de tomar um banho – ela ri cobrindo-se com a camiseta – Vou ter que tomar outro.

– Para que? Você fica linda sem roupa!

– Eu estou quase sem, minha mala está vazia – ela me encara – Estou pensando inclusive e ir em casa para...

– O QUE? – olho para ela – Vai para onde?

– Para casa! – ela me beija – Preciso me organizar, buscar algumas coisas...

– Por que? Quando é que você decidiu isso? E as roupas que eu te dei?

– Eu já usei todas, inclusive usei para você. Eu só quero me programas Stef, não vim para passar muito tempo.

– E quando é que você ia me dizer isso? – levanto-me – Achei que fossemos conversar sobre isso antes de resolver...

– E estamos conversando, não? Eu só quero passar em casa...

 

Apoio-me na parede e acendo um cigarro.

 

– Você fala como se sua casa fosse ali na esquina – digo em tom rude – Droga, Florence! Toda vez que nós estamos bem você precisa ir embora.

– Stefani eu não posso passar a vida toda aqui, eu tenho coisas, eu tenho uma casa, uma carreira – ela se aproxima – E eu não quero ter que brigar com você por causa disso...

– Eu sei! – passo a mão nos rosto – É que eu achei que... Quanto tempo pretende ficar lá?

– Talvez um mês... Deixei para resolvermos isso juntas. Depois que você lançar o álbum vai estar ocupada demais, é o tempo que eu preciso.

– Florence, um mês é tempo demais.

– Não é não – ela me beija na boca na tentativa de me aclamar – E não fume aqui dentro, fica um cheiro horrível depois.

 

Florence retira o cigarro de minha mão apagando-o no cinzeiro da estante ao nosso lado.

 

– Podemos fazer do jeito que você quiser – ela me abraça – Mas eu preciso voltar, tenho coisas para fazer...

– Pode esperar pelo menos até o lançamento do meu...

– Claro! – ela me interrompe afastando-se – Eu vou ao banheiro e depois a gente fala sobre isso com calma, tá?

 

Ela deixa o cômodo. Eu me ponho pensativa, não estava esperando uma coisa dessas, não nesse momento. A ideia de ficar longe dela por um mês me assunta e o fato dela achar isso extremamente normal me assusta mais ainda. Preciso de outro cigarro. Abaixo-me e procuro nos bolsos de minha jaqueta, mas encontro apenas o meu celular. Há uma mensagem de um número não identificado, abro-a rapidamente e para minha surpresa é uma foto ressente minha e de Florence. Observo a imagem: estamos em meu carro, em uma rodovia não muito longe daqui. Não há nada demais, porém passo um bom tempo olhando para o visor do aparelho. Quem será que mandou isso? E com qual objetivo?   



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...