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História Just Married - Perdão


Escrita por: Kjunn

Notas do Autor


Voltei :)

Capítulo 56 - Perdão


- Droga.

Hinata olhou pelo cantos dos olhos. Kushina estava tentando fazer algum tipo de arte, todos os dias ela fazia algo ali no quarto para passar o tempo, parecia se divertir com isso. Era bastante ligada em decoração de ambientes, falava com Hinata sobre muitas técnicas que ela sabia, sobre conversas que tinha com decoradores e os eventos que ia sobre isso. Logo de cara, Hinata fez certo esforço para prestar atenção, mas cada novo detalhe lhe despertava alguma curiosidade. Após a conversa com Sakura passou a fazer as perguntas que tinha na cabeça e Kushina prontamente respondeu, agora Hinata estava lendo em um tablet uma revista que Kushina tinha assinatura, enquanto ela trabalhava ao seu lado.

- Não, não - Ela murmurou novamente. Estava errando com alguma frequência o que fazia. Parecia estressada com isso, estava desconcentrada desde que voltara. Há poucos minutos saiu para verificar algo e voltou desse jeito, tinha algo estranho. Hinata queria perguntar se estava tudo bem, mas ao mesmo tempo estava hesitante.

- Está tudo bem? - Mas, perguntou.

Kushina olhou para ela imediatamente, como se tivesse sido pega de surpresa, mas relaxou em seguida e coçou sua bochecha.

- Eu sou péssima em esconder coisas - Falou desaprovando-se - Também, sou péssima em negar permissão para algo que eu acho que deva acontecer. As duas coisas ao mesmo tempo estão me deixando sem coordenação motora - Sorriu - Meu cérebro tem que se concentrar em segurar as duas coisas.

- Então, me diga o que é. - Hinata deixou o tablet em seu colo focando sua atenção em Kushina.

- É de você que eu devo esconder - Ela olhou para o lado com um sorriso sem graça.

- Não se segure mais, assim poderá fazer suas coisas direito. - Respondeu curiosa, seja lá o que fosse queria saber. Não queria tanta proteção assim em cima dela. Viu a cara que a mulher fez, sabia que ela iria contar, se não fosse assim nem começaria a mencionar que escondia algo e que era justamente dela, estava apenas criando coragem.

- Naruto - Kushina começou, Hinata sentiu algo dentro de si apertar, talvez não estivesse preparada para o que ouviria, mas queria ouvir - Ele tem vindo aqui todos os dias, Minato o proibiu de te ver. Achamos que… Ele seria a última pessoa que você gostaria de ver.

- E não estavam errados - Hinata fechou a cara e virou a cara olhando novamente para o Tablet.

- Sim - Kushina deixou para lá a postura hesitante - Escute - Pôs a mão sobre a da garota, falando sério, mas com calma - Naruto não tem razão, ele está muito errado e apoio você completamente em não vê-lo. A decisão de não permitir que ele desse as caras foi minha e do pai dele. Não tínhamos nada a ver com você e seu pai, então, deixamos a decisão em suas mãos, mas Naruto é nosso filho. - Parou um momento deixando subentendido o que ela queria dizer - Por esse mesmo motivo, eu também sei o que ele está sentindo agora. Eu conheço muito bem aquela pessoa - Ergueu os lábios de leve - Também sei o quanto ele pode ser parecido com o pai dele. Por isso, acho que vocês deveriam sim conversar. Não é algo que eu ou Minato devamos nos meter.

Hinata negou com a cabeça inconformada, mas Kushina segurou sua mão fazendo-a olhar para si novamente.

- À princípio proibimos, mas porque eu pensei na sua saúde. Agora, acho que o mais sensato é que vocês conversem.

É claro que sabia que isso teria que acontecer mais cedo ou mais tarde, mas esperava que fosse o mais tarde possível. Era sim um pouco estranho que até aquele momento Kushina não tivesse tocado no assunto com ela. Só falava de superação e coisas que ela poderia fazer e experimentar a partir de agora, além de, claro, decoração. Mas, para superar é importante resolver aquilo que lhe impede de prosseguir.

Sentiu o polegar de Kushina fazer carinho em sua mão, ela olhava para a pele de Hinata pensativa.

- Se não quiser tudo bem - Olhou a morena convicta - É como eu disse, você tem toda a razão e o direito de não querer vê-lo. - Kushina sorriu e se levantou para arrumar algumas coisas, não estava com cabeça para continuar fazendo qualquer trabalho manual.

Aquele era um dos motivos de Hinata não se sentir bem. Naruto. Apesar de estar bem, ela não se sentia dessa forma. Constantemente sentia um nó muito apertado no meio de seu peito que lhe impedia de esquecer tudo o que havia feito com que ela chegasse até aquele ponto. Era como se houvesse uma grande ferida dentro de si, ardida, dolorida, qualquer movimento brusco fazia ela doer e queimar, porém alguém havia passado uma pomada e colocado um curativo sobre ela, porém ele cobria somente parcialmente. A cola do curativo acabava o repuxando quando ela se movimentava e acabava piorando a dor apesar de o objetivo ser de cura. O que ela precisava agora era tirar aquele esparadrapo e fazer um curativo melhor, mas sabia que ao fazer isso sentiria dor. Se fosse lento demais sofreria por um longo tempo, então o melhor era resolver aquela situação de uma vez, para que o processo de cura acontecesse da melhor maneira possível. Assim, ela poderia ficar curada até mais rápido.

- Chame Naruto.

- Hum?

- Eu falarei com ele.

- Tem certeza? Se sente pronta para isso? - Apesar de ser o que ela queria que acontecesse Kushina se preocupava que aquilo pudesse resultar em uma piora na saúde de Hinata. Por isso, esteve tão indecisa em falar ou não sobre isso com ela. Achava que negaria, mas pelo menos já pensaria nisso com cuidado pelos próximos dias. Aceitar isso tão rápido deixou a mulher preocupada.

- Eu preciso fazer isso - Desviou da resposta.

Kushina respirou fundo parada por alguns segundos esfregando um lábio no outro espalhando o batom pensativa.

- Está bem - Concordou - Falarei com ele - Kushina fez um carinho na cabeça da garota e sorriu de leve - Verei quando ele pode vir - Foi até o celular que estava em cima de uma mesinha e pegou, foi até o telefone e apenas selecionou o contato do filho que fica em seus favoritos. O tom de chamada soou quatro vezes até que ele atendesse.

- Oi mãe - A voz dele estava cabisbaixa como agora a pouco quando falou com ele.

- Está dirigindo? - Perguntou olhando de esguelha para Hinata que estava com a vista sobre o tablet sem estar lendo nada realmente, pois estava atenta a conversa entre os dois - Não.

- Não? - Já fazia cerca de 20 minutos que falara com ele, achava que ele estaria no carro. Ah, devia estar com um motorista.

- Eu ainda estou no hospital.

- Aconteceu alguma coisa?! - Se preocupou atraindo o olhar da garota.

- Não, apenas… - Ouviu ele suspirar - Estou sentado aqui no corredor… Fiquei pensando em um monte de coisas e… Me senti um pouco sem ânimo.

Os olhos de Kushina imediatamente foram até porta, depois para Hinata que lhe olhava levemente curiosa. Sorriu para ela e fez sinal pedindo um minuto já andando em direção a saída do quarto. Foi até lá calmamente, fez a porta de correr deslizar com o celular no ouvido olhando de um lado para o outro do corredor, abaixou a vista e ele estava lá sentado olhando para ela. Kushina abriu a boca, mas lembrou que Hinata estava atrás de si provavelmente olhando o que ela estava fazendo, então saiu totalmente do quarto e fechou a porta finalizando a chamada.

- O que foi? - Naruto perguntou sem qualquer alteração na voz cabisbaixa.

- Estava ligando para você porque Hinata decidiu que está na hora de vocês terem uma conversa. - Ele arregalou um pouco os olhos descolando seus lábios - Ia verificar quando você poderia vir aqui. Acho que ela também ficará surpresa de saber que você já está aqui, apesar de ela ter decidido, não sei se está pronta para que isso aconteça agora.

Naruto olhava para a parede do lado contrário a onde estava sentado, sua expressão mostrava que estava em alerta, com o pensamento a mil.

- Então verifique por favor.

Kushina assentiu preocupada e deslizou a porta por onde havia saído, mas dessa vez não a fechou ao entrar no quarto. Suas duas mãos seguravam o celular enquanto ela via Hinata se virar para olhá-la apreensiva por não entender muito bem a atitude dela ao sair dali após um:
“aconteceu alguma coisa?!” dito com voz surpresa agora a pouco. Era de se esperar ouvir algo bem ruim. Engoliu sua saliva antes de falar como forma de preparo. Estava até mesmo nervosa em falar.

- Naruto está aqui - Viu as mãos de Hinata apertarem o tablet e o aparelho de monitoramento indiscreto denunciou o seu nervosismo com um pequeno aumento na frequência dos bips. - Fiquei surpresa quando ele me disse que estava no hospital, achei que tinha acontecido algo… - Se explicou e esperou um pouco esfregando os lábios por alguns segundos - Posso permitir que ele entre?

Hinata ficou encarando Kushina sem realmente estar olhando para ela, seus olhos azuis claríssimos e acinzentados estavam vagos, depois virou a cabeça como se estivesse analisando o quarto. Com certeza ela não esperava que acontecesse tão rápido e muito menos que fosse no mesmo momento em que ela decidisse que puxaria o esparadrapo de uma vez. Estava em um momento de apreensão, seus dedos estavam sobre o curativo imaginando a dor que sentiria.

Sofrimento por antecipação.

Moveu a cabeça afirmativamente sem olhar para ela novamente. Ouviu três vezes o som de seus saltos parando na porta.

- Naruto… - Ouviu ela falar baixinho, imaginou que ela fez algum sinal para ele, pois nada mais foi dito. Ouviu o toque dos sapatos dela mais duas vezes. Hinata fechou os olhos, seu corpo todo estava arrepiado e o som de seus batimentos cardíacos lhe denunciando pioravam ainda mais seu nervosismo. Tirou de seu dedo o aparelho que parece com um pregador de roupa e o som da máquina mudou para o soar de que ali não batia mais um coração.

Na porta os dois se assustaram com aquele barulho, ambos ficaram pálidos em uma fração de segundos. Kushina logo entendeu o que havia acontecido, colocou a mão no braço do filho para que ele a olhasse e entendesse que estava tudo bem.

Apenas 2 segundos depois um enfermeiro apareceu com os olhos vidrados na paciente que poderia estar tendo uma parada cardíaca.

- Ela precisou tirar o aparelho um momento, você pode desligar um momento? - Kushina interceptou o homem dando tempo para que o susto passasse e ele visse que Hinata estava bem sentada sobre a cama.

Mais duas pessoas chegaram quase que deslizando no corredor assustadas.

Aquilo já estava virando um evento.

- Por favor desligue isso! - Kushina ordenou.

- Mas, senhora…

- Desligue! Eu aviso quando for pra ligar novamente. - Falou com veemência.

Um pouco incerto o homem se adiantou e apenas apertou um interruptor no equipamento que Kushina lamentou simplesmente não saber que era ali.

O barulho cessou.

- Se sente bem? - O enfermeiro perguntou preocupado para Hinata, ela apenas moveu a cabeça brevemente dizendo que sim. Ergueu o canto de sua boca em um sorriso fingido virando o rosto para olhá-lo parcialmente sem levantar demais os olhos. Mas, pôde ver os pés de Naruto próximo a porta.

Ele estava mesmo ali.

- Se nos dão licença… - Kushina chamou a atenção sugestiva.

Todos se apressaram em sair dali pedindo licença e dizendo que deveriam chamar qualquer coisa, pois estariam a disposição.

Olhando pelo lado bom, eles apareceram bem rápido diante de uma situação de possível risco.

Muito bom!

Kushina respirou fundo soltando o ar com certa força, o clima ali já estava diferente. Parecia haver ar demais, como se para fazer com que o quarto parecesse muito grande e a distância entre eles maior um vento gelado circundava tocando seus rostos. Aquilo com certeza era a impressão causada pelo desconforto. Não sabia nem qual seria a melhor forma de deixar os dois ali, mais uma vez tocou no braço do filho que lhe olhou parecendo um cachorrinho que levou uma bronca feia. Não fez uma cara de apoio, não fez uma cara de pena, apenas expressou que estava de saída.

Sim, ela achava que aquilo devia acontecer. Por ser seu filho ficava com o coração na mão de vê-lo mal, sabia que ele tinha feito besteira e não conseguia evitar que alguns pensamentos de defesa povoassem sua mente, mas ele tinha errado feio. E ele precisava encarar isso.

Sozinho.

Por isso, saiu sem dizer nada.

Depois que sua mãe passou, Naruto ouviu a porta correr fechando-se e foi deslizando com os olhos pelo chão, até ter coragem de erguer a cabeça para olhar Hinata. Colocou as mãos nos bolsos, nervoso, enquanto molhava os lábios muito secos. Ela estava sentada com as costas cuidadosamente acomodadas em uma almofada e as pernas esticadas com um tablet sobre elas. Mas, ela não olhava para o objeto e sim para a parede contrária a que a cabeceira de sua cama estava encostada. Estava com o olhar fixo em algo ali, mas era possível perceber que seu corpo estava endurecido e seus olhos vermelhos.

Naruto tirou as mãos dos bolsos e se moveu como se fosse dar alguns passos a frente, mas desistiu e deu um para trás coçando a cabeça e passando os dedos pelos cabelos. Ficou parado novamente olhando para ela e o silêncio permaneceu. Estava pensando em um monte de coisas todo esse tempo, agora muitas delas vinham ao mesmo tempo em sua cabeça. Estava agoniado e não sabia como começar, não sabia como poderia solucionar aquela situação e nem qual seria a solução certa para que sequer ele seguisse nessa direção. Estava tudo confuso.

- Não vai dizer nada? - Perguntou com as mãos na cintura sentindo seu coração bater rápido demais. Ela havia dito para chamarem ele certo? Ela teria algo a dizer…

O rosto dela se voltou para ele devagar. Ainda era possível ver a tensão no rosto, talvez até maior agora que ela o fitava.

- Você não acha que eu já falei demais? - E voltou a olhar a parede.

Naruto franziu o cenho sem entender o que ela quis dizer com aquilo.

- Eu não sei exatamente como me sentir - Ouviu ela bufar negando com cabeça - E-eu estou sentindo algo muito ruim dentro de mim e eu não consigo organizar isso. Há muito tempo quero ter essa conversa com você… Tudo o que aconteceu foi bastante assustador e eu quis ser muito forte com tudo, mas eu estou muito abalado entende isso por favor, me ajuda...

- Entender? - Hinata franziu o cenho - As coisas foram difíceis para você Naruto? Você tem certeza que está pensando em tudo com cuidado?

Naruto engoliu ar.

- Tão coitadinho não é mesmo? - Ironizou. Hinata sentia algo diferente crescer dentro de si após aqueles breves momentos. Durante esses dias esteve sentindo aquela dor, não se sentia bem como deveria estar e sabia que ainda era a angústia lhe dominando. A tristeza por tudo o que ouviu e de quem ouviu. Mas, agora uma chama de raiva crescia dentro de si.

- Ok, vamos organizar isso. - Gesticulou como se estivesse em uma reunião.

Ele sequer estava ali com a postura de alguém que queria pedir desculpas.

- Naquele dia… - Começou - Eu vi você falando com seu pai, ou melhor, ele falando com você, dando os parabéns por… - A voz dele tremeu um pouco - Ter engravidado de mim. Coisas sobre o futuro da família estar garantido, ter ouvido ele e… - Moveu a mão direita girando dando a entender que mais coisas foram ditas. - Naquele momento eu fiquei muito assustado, eu não saí dali eu esperei pelo que você diria, mas você não disse nada!

- Se a conversa que queria ter comigo era para repassar esse tipo de coisa e tentar provar que esteve certo todo esse tempo eu realmente dispenso isso nesse momento. - Falou muito séria.

Os olhos de Naruto correram por ela, se deu conta do estado dela, apesar de não ser sobre isso que ela se referia.

- Certo, eu… Acho que realmente isso não precisa ser repassado eu só queria te entender melhor. Eu só queria saber… Sabe, eu vi e ouvi tudo isso. - Moveu as mãos como se estivesse contendo uma explosão - E-eu fiquei fora de mim, e-eu amava você - Uma pontada fez o coração de Hinata doer ao ouvir aquele verbo ser conjugado no passado - Nunca mais tinha me entregado para alguém daquele jeito, na verdade eu fui além de qualquer vez que eu possa ter sentido algo por alguém e de repente tudo estava desmoronando. Me senti tão idiota! Otário! Burro de ter caído naquela novamente! Eu fiquei com tanto ódio de você! - Hinata apertou os olhos com o receio do que poderia ouvir a partir dali - Não conseguia ver de nenhum jeito como aquilo poderia ser um mal entendido e nem achar que qualquer atitude sua fosse prova o suficiente. E-eu queria ver! E de certa forma eu via, mas eu não queria aceitar aquilo porque eu não queria ser quebrado novamente! Eu…

- Chega de se fazer de vítima Naruto! - Hinata falou alto ao abrir os olhos e encarar ele com raiva.

- Não! Me escuta! - Dessa vez sem pensar em coragem ou qualquer coisa aproximou-se da cama - Você desapareceu e eu fiquei com tanto medo! Isso me fez ao mesmo tempo ter tanta raiva de que você pudesse estar me sacaneando e piorando as coisas…

- Você não tem ideia da merda que está falando!

- Eu não tenho mesmo! Porque eu não consigo entender! Eu não sei como devo assimilar tudo isso! Depois te encontramos e até pensei que poderia ser parte de um teatrinho maldoso, mas então tudo começou a cair e parece que aquilo que sempre me recusei a ver cruzou os braços na minha frente gigantesco pronto pra me socar no meio da cara! - As sobrancelhas estavam erguidas, ele falava olhando de um lado pro outro - Eu entrei na UTI vi você desacordada, estava tão pálida, parecia morta… E tudo o que eu disse veio na minha cabeça e eu fiquei pensando em tudo o que me recusei a analisar e eu não consegui nem me mexer… - Colocou as mãos na cabeça como alguém que se toca da burrada que andava fazendo. Engoliu mais ar - Mas, ao mesmo tempo eu ainda lembro e eu sinto tanto medo… Tanto medo de tudo isso! Eu tenho medo de ser real, tenho medo de estar certo desde o começo, porque vai doer muito!

- Cala a boca!

- Tenho medo de ser realmente um mal entendido e acabar te perdendo da pior forma e perder essa criança! Meu Deus Hinata você não sabe o quanto foi assustador e ao mesmo tempo o quanto eu explodi de felicidade ao saber que mesmo sem planejar você estivesse grávida e caralho! Teria um filho meu! Seria minha esposa! A mulher da minha vida com uma criança linda correndo por aí esfolando o joelho!

Hinata chorava ao ouvir tudo aquilo.

- Não acredito que veio até aqui para dizer que tem dúvida… - Falou entredentes, pois tensionava os músculos da face como se pudesse controlar as lágrimas.

- Tenho medo Hinata! Muito medo! De cair, de perder. Eu vi, eu ouvi, ao mesmo tempo sinto que quero, mas me sinto tão idiota. Porém, eu não sei o que seria de mim se algo acontecesse com você ou com nosso filho, principalmente por culpa minha… Eu quero que você fique bem e eu quero…

- O que você quer? - Olhou para ele com os olhos cheios de lágrimas.

- Eu só quero que tudo fique bem.

- E como seria isso?

- E-eu… - Gaguejou.

Hinata riu pelo meio das lágrimas negando o que estava ouvindo. Era inacreditável que aquela pessoa fosse daquele jeito.

- Às vezes você parece um gatinho brincalhão, tão bobinho e inteligente - Falava em tom de ironia - Em outro momento parece que um demônio sai de dentro de você. Perde a consciência nessas horas? Quando volta a si fica em dúvida sobre as próprias ações quando se depara com o resto de humanidade que há em você?

- Olha eu sinto muito mesmo! - Ele tentou tocar em sua mão, mas ela recuou - Eu sei que agi de forma errada, mas tente ver do meu ponto de vista…

- E VOCÊ JÁ TENTOU VER DO MEU?! - Ela gritou assustando Naruto.

A aparência fragilizada e além do mais chorosa pela conversa sensível dava a impressão de que ela apenas choraria. Algo que por si só já perturbava o garoto, mas de certa forma imaginava que seria somente com aquele tipo de coisa que ele teria que lidar. Um grito e a expressão de ódio a qual ela lhe olhava agora não estava no script que ele imaginou.

- Eu posso ver agora o quanto você é um grande IDIOTA! - Falou rangendo os dentes lhe encarando, penetrando no mais profundo de seus olhos, cortando a sua respiração ao vê-la com tanto ódio ainda de certa forma contido, mas nem um pouco disfarçado ao gritar mais uma vez no final de sua fala desafinando o tom de sua voz. Ela tremia completamente, seu peito subia visivelmente alterado. - Eu não quero ouvir mais nada. Você queria que eu falasse?! Eu não acrescentarei mais nada e nem pretendo me defender de merda nenhuma, pense o que quiser, eu sei a minha verdade, o que você acha ou deixa de achar eu quero que  enfie no cu.

Naruto arregalou os olhos ao ouvir aquilo.

- Vamos resolver isso… - Fingiu falar de forma dócil desviando o olhar dele ajeitando o tablet em seu colo como se fosse uma profissional - Isso acaba aqui.

Era a hora de puxar o curativo mal feito de uma vez. Era a hora de sentir toda a dor em um só puxão.

- Hinata… - Ele gesticulou como se fosse pará-la. O receio que tinha de decidir por onde seguir, o medo de se machucar foi substituído pelo terror de perdê-la. O mais incrível é que naquele exato instante parou de pensar em si, parou de pensar em se proteger. Tudo foi visto com toda a clareza do mundo. A face dela brilhava em chamas explicitando a verdade nua e crua que ele por todo esse tempo não conseguiu enxergar. A culpa de ter sido injusto lhe socou tão forte que ficou tonto.

- Eu vou ficar bem - Disse para si mesma em voz alta. - Eu não quero você perto de mim Naruto, você é como se fosse uma doença para mim. Me causa dor demais. Não consigo melhorar com você falando o tanto de merda que só você é capaz. - Viu ele abrir a boca como se fosse falar, mas continuou antes que algum som saísse de sua boca - Não tenho mais motivo nenhum para me explicar e muito menos lógica alguma para fazer qualquer esforço em fazer isso com o objetivo de ficar com você.

- Calma Hinata…

- Calma uma ova! - Fez careta e jogou a mão no ar como se espantasse algo - Eu já me rastejei demais nessa história. Eu sei muito bem que tipo de impressão tudo pode ter lhe causado, mas isso nem de longe justifica o monstro que você se tornou! E ainda vem dizer que tem medo de perder a mim e essa criança?! Ah cala a boca seu hipócrita! Me tratou feito lixo, me deixou destruída. Se você tem tanto medo por esse seu frágil coração, saiba que despedaçou o meu completamente! Eu NUNCA amei ninguém, NUNCA! Você me fez pensar que era alguém bom, um garoto totalmente diferente, que era capaz de me entender como ninguém, alguém que eu poderia me entregar sem reservas. Eu estava apavorada Naruto! Você ficou feliz de saber que teria um filho? Eu estava morrendo de medo! Porque eu sabia que era exatamente o que meu pai sempre quis! Apesar de eu não ter feito de propósito e de forma alguma ter buscado isso, as coisas conspiraram para o ideal dele. Eu estava feliz por estar com você e mal, por… Por tudo estar corretamente errado.

- Então qual o problema?

- Exatamente! Qual o problema de eu ficar calada e deixar meu pai pensar o que quisesse? Ele me deixaria em paz! Mas aí… - Hinata abriu a boca, muito ar entrou em seus pulmões, ela fechou os olhos como se desistisse - No fim, parece que eu estou me explicando de novo.

Naruto colocou as mãos na cintura. Era claro, muito claro. Passou a mão na testa demoradamente com os olhos fechados, respirando fundo.

- Olha Naruto - A voz dela tremia, mas ela iria até o fim - Chega dessa história tá? Eu to cansada.

- Desculpa - Ele falou com humildade, olhando para ela com a face cabisbaixa. - Desculpa, por te causar esse estresse, você… Você não devia.

- Que seja.

- Não, desculpa, não só por agora. Por tudo… Eu… Eu não sei o que deu em mim, na verdade eu sei! Mas, só agora eu consigo ver tudo claramente.

- Doeu muito Naruto, dói! - Afirmou - Eu nunca senti tanta coisa ruim na minha vida, eu nunca senti tão sufocada. E eu tô grávida! - Colocou as mãos na cabeça - Você não tem a menor ideia do que é a consciência de alguém se formando dentro de você. É ASSUSTADOR entendeu?

- Eu imagino…

- Não imagina merda nenhuma Naruto… - Desdenhou - Talvez quando você quer, quando você sabe que é fruto de um amor maravilhoso, seja uma bênção, mas eu só pensava na maldição que estava caindo sobre mim. E tudo começou por causa disso.

Lembranças de conversa com Sasuke passaram pela mente de Naruto.

- Você pensa em aborto?:

- Creio que meu nome ainda esteja na agenda da clínica. - Falou de pronto assustando o rapaz.

- Você não faria isso - Naruto se levantou apoplético e para seu desespero ela não respondeu nada. - Hinata… - Chamou, vendo ela fechar as mãos e os olhos apertando enquanto seu peito vacilava diante de um choro eminente.

Ele colocou a mão trêmula na boca, por um segundo o ar lhe faltou, sua cabeça esquentou e seus olhos doeram com as lágrimas que se acumularam ali. Seu peito apertou como se um nó fosse cada vez mais puxado pelas extremidades para fazer seu miocárdio parar.

- Me odeie com todas as suas forças Hinata, mas por favor, por favor não faz isso. - Sua voz de homem que já havia sido ouvida alegre e raivosa agora se fazia escutar chorosa.

- Não vai me chamar de assassina? Achei que seria assim que reagiria. Seu modo demônio está adormecido?

- Foda-se qualquer coisa Hinata! - A voz dele desafinou ao aumentar o tom - Pelo amor de Deus! Não faz isso só por vingança…

- Você ainda acha que tudo é por você?! VOCÊ NÃO FAZ IDEIA DO QUANTO ISSO ESTÁ ME MATANDO POR DENTRO? COMO EU POSSO VIVER COM ESSA CRIANÇA?! SE EU NÃO CONSIGO AMÁ-LA?

- ELE NÃO TEM NADA A VER COM ISSO!

- CALA A BOCA!

- NÃO! CALA A BOCA VOCÊ! EU POSSO TER SIDO O FILHO DA PUTA QUE FOR HINATA! MAS NÃO FAZ ISSO! - O peito dele subia e descia descontrolado - Ele não tem culpa! - Falou mais calmo. Sua face se contorceu por completo até o choro sair, sonoro sem que ele pudesse segurar - Quando ele foi feito nós nos amávamos. Ele foi fruto de amor e não de ódio.

Hinata virou o rosto não aguentando mais aquilo, ela chorava copiosamente.

- Não tire a vida do nosso filho, eu te imploro. - Naruto se aproximou dela, Hinata estava com a cabeça abaixada e virada para o lado, os cabelos cobriam seu rosto, também coberto por suas mãos enquanto seus ombros se moviam denunciando seu choro. Tentou colocar a mão em seu ombro, mas ela reagiu imediatamente para que ele se afastasse.

- Vai embora!

- EU NÃO POSSO SAIR DAQUI SEM TER CERTEZA DE QUE VOCÊ NÃO VAI FAZER NENHUMA BESTEIRA!

A porta de correr se abriu, haviam muitas pessoas nervosas ali, mas somente Kushina entrou olhando para os demais com autoridade e fechou a porta atrás de si, estava visivelmente abalada, mas se mantinha firme.

- Os dois estão gritando demais, já chamaram a atenção de todo o hospital. Eu acho que não seja mais muito sábio prosseguir com essa conversa, temos que prezar pela saúde de Hinata… E do bebê. - Completou. Havia ouvido os pensamento da moça e seu coração estava despedaçado. - Naruto, vai embora.

- EU NÃO POSSO SAIR DAQUI! ELA QUER ABORTAR! - Gritou a plenos pulmões desesperado.

Kushina sentiu o mundo todo girar, e pôs a mão no peito umedecendo os lábios.

- O nosso filho! - Apontou para si. Naruto estava com o rosto completamente molhado, os olhos vermelhos e a expressão marcada pelo medo.

Ficou parada sem saber o que dizer, olhou para Hinata que ao vê-la soluçou em seu choro e desviou o olhar devastada. Não seria capaz de encará-la.

- Naruto… - Falou fraco.

- NÃO! - Ele foi até Hinata novamente pegando em seus ombros, dessa vez mesmo que ela tentasse se desvencilhar ele a segurou, mas ela continuou de cabeça baixa e seu choro era audível. - Hinata! - Ele engolia o choro tentando não gritar - Por favor - Tremeu.

Kushina colocou a mão no rosto segurando os próprios impulsos.

- Você estava tomando decisões em cima de uma situação horrível Hinata! Pensa com calma agora. Não tome uma atitude que pode se arrepender pro resto da vida! Pensa no significado disso!

- E acha que agora eu estou bem?

- Chega Naruto.

- Hinata… - Ele lamentou, sua cabeça movia em negação. Tentava fazer com que ela olhasse para ele, mas ela se recusava. Naruto abraçou Hinata apesar de seus protestos pondo o queixo sobre a cabeça dela - Me perdoa Hinata… - Soluçou, seu peito vibrava e ela podia sentir - Por favor eu fui um idiota, eu não sei o que deu em mim! Por favor… Me dá mais uma chance… É a primeira vez que te peço isso e prometo nunca mais ter que pedir isso de novo! Eu nunca mais irei duvidar de você… Eu estarei sempre do seu lado! Eu prometo!

Os dois choravam, choravam tanto que suas gargantas doíam… Nem mesmo Kushina conseguiu segurar, colocou uma mão sobre a face enquanto tentava não interromper o momento que devia ser somente deles.

Foram alguns minutos em que apenas o som de pessoas chorando podia ser ouvido no quarto. Suas respirações descompassadas enquanto Naruto fazia carinho na cabeça de Hinata, até poderam se controlar. Os soluços mostravam as tentativas do corpo de acabar com aquele momento de dor.

Naruto se afastou e passou o polegar no rosto de Hinata tentando limpar as lágrimas dela, ela não estava mais tão relutante aos seus toques. Ela finalmente olhou para ele um pouco sem ar.

- Eu não posso te perdoar, não tem como ficarmos juntos de novo.

Os soluços de Naruto pararam por 3 segundos, pois ele parou de respirar. 

- Por favor, pode fazer algo por mim pelo menos dessa vez? ... - Hesitou - E por essa criança... E nos deixar em paz? 


Notas Finais


No próximo cap voltaremos aos problemas do nosso casal principal :)


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