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História Just Married - Just Married


Escrita por: Kjunn

Notas do Autor


Vocês ouviram a música que eu pedi? xD

All of me - John Legend.

Quando ela começar no cap, por favor ouçam, a experiência de leitura vai aumentar exponencialmente.

Bom, esse é o nosso adeus.

Capítulo 65 - Just Married


Itachi desceu as escadas da mansão Uchiha.

- Alguém?! - Falou alto olhando para os lados até que alguém apareceu se curvando - Preciso de ajuda, meu irmão resolveu deixar um gato NO MEU QUARTO, parece que ele fez alguns bilhetes e a situação não está legal. Poderiam resolver isso?

- Sim, senhor Uchiha.

- Obrigado, eu vou ficar em um quarto de hóspedes quando terminarem, me avisa tá? - A campainha tocou.

- Sim, senhor - Ela falou curvando-se e foi até a porta aproveitando para atendê-la - Bem-vinda senhora Haruno.

- Obrigada querida!

Os olhos de Itachi se esbugalharam diante da entrada da mulher, teve um impulso de correr, mas retesou em seu lugar, sentiu que precisava primeiro entender o que estava acontecendo. Era mais como uma autoproteção, não queria se machucar diante do sentimento tão forte de carência que tinha em relação a ela.

Ao vê-lo Mebuki parou logo após a porta e sorriu um pouco sem graça.

- Você chegou? - Fez uma pergunta retórica se aproximando - Como você está?

- Estou bem - Itachi colocou as mãos nos bolsos, parecia até que estava falando com uma ex-namorada que ainda gostava. - Ainda usava as mesmas roupas da viagem. Jeans, camiseta e tênis. - E a senhora?

- Muito bem… Já soube da novidade?

- Hum? Ah! Sim! - Abriu um sorriso grande - Eu fiquei muito feliz! Não mais que o Sasuke! Ele está completamente fora de si!

- É verdade! - Os dois riram até perder a graça,  o que foi muito rápido, e voltaram a tocar a situação estranha no ar.

- A senhora vai voltar pra casa? - Ele finalmente perguntou um pouco sem jeito, parecia uma criança tímida.

- Não querido.

- Mas, está tudo bem! - Deu dois passos à frente argumentando - Sakura está grávida, até mesmo está em casa! Vocês não estão pensando em tirar ela daqui não é?! Não iremos permitir! - Já discordava da primeira vez, mas entendia o outro lado, visto como foram as coisas entre seu irmão e sua cunhada, mas agora, por mais que amasse aquela mulher como sua mãe ele iria se meter. Até nossos pais precisam ouvir uma coisa ou duas às vezes.

- Eu sei, não pretendemos fazer isso, ela já se mudou permanentemente para cá.

- Então, por que não vem junto? - O olhar dele suavizou em curiosidade.

- Bem, esses dois estão formando uma nova família e precisam estar sozinhos para isso.

Foi a primeira vez que parou para pensar nisso.

- Me desculpe querido - Mebuki se aproximou tocando nos braços do rapaz que olhava para o chão pensativo - Eu não quis magoar vocês, mas saber de tudo o que aconteceu e por nossa causa foi insuportável. Acho que não pensei direito, apenas tive o instinto de protegê-la movida pela culpa e não pensei. Eu também me sinto como mãe de vocês… - Mebuki suspirou tristonha - Estou com vergonha de Mikoto, pelo tanto de vezes que falei com ela durante as minhas orações dizendo que ela não precisava se preocupar porque a partir agora eu tomaria conta dos meninos dela e no primeiro problema eu fiz essa besteira. - A voz dela tremeu.

Itachi abriu os braços e abraçou sua “mãe” baixinha.

- Mamãe com certeza entendeu. Sakura é quem é sua filha de qualquer forma, acho que ela faria o mesmo. - Pescou algumas lembranças de sua adolescência e chegou a conclusão de que ela poderia fazer até pior. Mikoto era docemente louca. - O que importa é que estamos todos juntos agora não é mesmo?

- Sim… - Se afastou dele e bateu em seu braço. Itachi tomou um susto dando um passo para trás fazendo massagem no local a olhando surpreso - Soube que viajou foragido!

- Foragido?!

- Sim! Não está respondendo processo na justiça?!

- Eu estava defendendo a Sakura!

- E fez muito bem protegendo a sua irmã, mas viajar escondido da justiça não é certo! - Bateu nele novamente sem dar tempo para ele sorrir ao ouvir “sua irmã”.

- Ai! Mas, eu precisava aproveitar a carona!

- Pra que?

- Encontrar a minha namorada!

- NAMORADA?! - Itachi arregalou os olhos para ela, é mesmo Mebuki ainda não sabia dessa - E você lá tem maturidade para namorar alguém menino?

- Ei eu sou mais velho que o Sasuke e ele já até casou!

- Só idade! Porque até mais alto que você ele é! - Itachi colocou a mão no peito como se aquilo tivesse doído - E você ainda é um cabeça de vento!

- Que absurdo!

- Olha Itachi nada de engravidar essa menina! - Apontou um dedo como aviso - E quando eu vou conhecer ela?! Espera! Ela mora na Europa?!

- Sim, conheci ela pela internet - Disse sorrindo e deu uma corridinha quando Mebuki avançou para lhe dar outro tapa no braço. A essas alturas ele já ria da atitude da mulher. - Calma! Ela é legal!

- Itachi pelo amor de Deus!

- Eu irei trazer ela aqui em breve, só vou ter que conversar com a mãe dela.

- Ela é menor de idade?!

- Não! Mas, é mais nova que eu.

- Quanto?!

- Digamos que ela é mais nova que a Sakura.

Mebuki fez biquinho respirando fundo e se abanando fingidamente.

- Que gritaria logo cedo! - Sasuke reclamou bem humorado no alto da escada com Sakura sorridente ao seu lado segurando um gato no colo.

- “Cedo”, sei… Olha aí o fedorento. Ai! - Recebeu outro tapa no braço.

- Não chame seu irmão de fedorento! Sasuke toma mais banho que você!

- Eu estava falando do gato mãe!

- Pelo visto tudo voltou ao normal - Sakura falou sorrindo enquanto descia acompanhada de Sasuke que estava para lhe trazer no colo achando que ela era de cristal.

- Oolha que neném mais lindo! - Mebuki se virou pegando o gatinho em seu colo quando eles se aproximaram. - De onde ele veio?

- Eu o comprei ontem a noite depois que lhe deixei em casa.

- Não sabia que você era adepto de animais - Itachi cruzou os braços.

- Foi apenas uma ideia para pedir a mulher da minha vida em casamento - Sasuke disse sorrindo olhando para Sakura que estava prestes a rasgar a boca de tanto que sorria e aproveitou para contar.

- O que?

- O que?

Os dois falaram.

- Queremos começar de novo - Sasuke passou o braço pelos ombros da esposa e noiva - Do jeito certo, abençoados corretamente pela família, amigos, e dessa vez jurando nos amar como nos amamos agora e amamos nosso filho.

Aquilo ainda fazia o estômago de Sakura borbulhar ao ouvir.

- A noiva acabou de dizer sim. - Sasuke completou lhe dando um selinho.

- Aaaaaaaah que coisa maravilhosa! - Mebuki se emocionou enfiando o gato nos braços de Itachi e indo em direção aos dois para um abraço coletivo. - Eu estou tão feliz por vocês dois queridos - Colocou a mão no rosto de cada um. Sasuke se abaixou um pouco quando percebeu a intenção da mulher e aceitou o afago em sua bochecha sorridente.

- E você pediu ela em casamento com um gato?

- Eu adorei! - Sakura disse corada, aquilo era bobo, ela sabia, mas era de um carinho tão absurdo que lhe deixava com o coração quentinho.

- Porque você ainda não sentiu o poder de contaminação que essa bundinha aí tem.

- Cala a boca Itachi - Sasuke revirou os olhos e Itachi recebeu mais um tapa de Mebuki.

- Ah, mas vocês são tão fofos que eu não sei nem o que eu faço! - Disse afinando a voz dando pulinhos abraçando todos - Vocês são a minha meta de relacionamento sem dúvida. Talvez eu peça a Izi em casamento assim também, só que um cachorro, porque eu sou mais legal. - Notou o olhar de Mebuki sobre ele e já aproveitou o gancho - Izi, é a Izumi, minha namorada, que mora em Londres e com certeza virá para o casamento. Coloquem na lista - Deu uma piscadela para finalizar.

- Que legal Itachi!

- Siim! Sakura-chan! Você tem que saber com detalhes essa história! Ela era minha fã, como você.

- Isso não precisa ser lembrado - Sasuke bufou.

- Ah que emocionante! - Sakura comemorou.

- Olha tem que ver se essa menina não quer só se aproveitar do seu coração bobo.

- Mãe, a senhora precisa saber uma coisa ou duas sobre o Itachi - Sasuke começou.

- Eeeeeeeee é verdade - Itachi interrompeu colocando a mão na boca do irmão - Ela pode ser uma desgraçada, melhor ficarmos de olho nela, para que ela não me deixe triste. - Sasuke empurrou a mão dele e recebeu um olhar de alerta de Itachi. Ele já devia estar com o braço roxo, não precisava ser o corpo todo. Por dentro riu imaginando Izumi ouvindo ele falar isso.

- E então, quais são os planos agora? - Mebuki perguntou para Sasuke e Sakura.

- Cuidar de Sakura e do bebê, preparar nosso casamento, dar um nome pra esse gato, saber a sua resposta sobre o que conversamos ontem, fazer o Itachi virar alguém decente e falar com meu sogro. Os itens não estão em ordem, o Itachi podemos ignorar e deixar como está por exemplo.

- Eu prefiro ser indecente, por mim tudo bem - Disse erguendo a mão.

“Ser muito feliz e explodir de felicidade” - Foi o plano que Sakura pensou olhando os três conversando enquanto absorvia a atmosfera colorida ao seu redor e perguntava se a pessoa em seu útero sentia o mesmo.

.

.

.

- Vamos ver - O médico disse tirando a atadura que envolvia o rosto de Neji. Os olhos do rapaz estavam fixos nas expressões que ele poderia fazer para tentar adivinhar como estava. Acompanhou o olhar do médico que ia de um lado para o outro enquanto suas mãos moviam sua cabeça em silêncio. Ao olhar para o lado, viu um enfermeiro também atento. - Ainda está inchado, mas a cirurgia correu muito bem e pelo que posso ver… - Parou um instante - Os resultados serão bons, em breve sua vida seguirá normalmente, não haverá nenhuma cicatriz que revele o que aconteceu aqui. - Falou circulando a região do nariz no ar com o indicador.

Neji respirou fundo, não que fosse extremamente vaidoso, admitia que tinha uma “coisa” com o seu cabelo, mas não passava disso, tinha uma aparência boa até demais devido a genética favorável. Era bonito sem se esforçar, mas estava muito preocupado de forças externas terem ameaçado sua benção natural. Era seu nariz afinal. Quando soube que poderia ficar bastante torto marcou com um cirurgião plástico e realizou o procedimento de correção, lhe afirmaram que não era nada difícil, mas foi o suficiente para lhe deixar nervoso.

- Apenas deve continuar tomando cuidado durante a recuperação, não se preocupe que quando o inchaço passar o senhor com certeza ficará muito satisfeito. - Disse pegando um espelho de mão e entregando ao rapaz.

Neji se encarou.

Realmente estava melhor. Logo após a cirurgia seus olhos e abaixo deles tinham ficado roxos e inchados como se tivesse sido atacado por abelhas, além disso havia um grande curativo em seu nariz que segurava uma espécie de tala que mantinha tudo no lugar por ali.

Sentiu fortes dores na região e na cabeça nos primeiros dois dias. O que com certeza ficava pior ainda por não conseguir dormir.

Após uma semana estava bem melhor, ainda havia uma região arroxeada abaixo de seus olhos, que se pareciam com olheiras profundas e não mais um acidente. Agora não usaria mais a tala, porém já podia ver seu nariz bem parecido com o que era antes. Podia esperar que ao longo da recuperação ele ficasse completamente normal.

- Não é verdade? - O Médico disse observando a expressão de alívio que ele fazia.

- Sim. - Disse ainda se olhando - Pelo visto fez um ótimo trabalho.

- Obrigado - O médico respondeu lisonjeado. - Bom, por hoje é só, não esqueça que podem haver sangramentos, se for em excesso corra para o hospital. Mas, pelo andamento do pós-operatório creio que nada acontecerá. As dores estão melhores?

- Sim.

- Perfeito, o inchaço ainda permanecerá por um tempo, seu nariz irá parecer um pouco maior, mas esse ainda não é o resultado final. - Tranquilizou - Por causa disso, você terá congestão nasal por mais um tempo. - Neji nem se lembrava direito como era respirar pelo nariz. - Então, é isso.

Neji levantou da maca do consultório, se despediu e saiu dali com a recomendação de voltar em duas semanas para verificar se estava tudo bem mesmo.

A pior parte da agressão que sofreu de Itachi foi a dolorosa recuperação, primeiro dos socos, depois para “ajeitar” seu nariz. Sentia raiva, mas ao mesmo tempo queria distância, se sentia cansado.

Tinha certeza que a morte de seu tio não havia sido à toa, falou sobre isso com a família, mas parecia que ninguém estava interessado em lhe dar ouvidos ou fingiam que ele era doido. Ordenaram-no que sossegasse e ele estranhou muito como as coisas estavam, pois não percebeu nenhum problema financeiro. Parecia estar tudo sob controle ou que, ele duvidava disso, mas cada vez mais parecia que se tratava disso mesmo, Sasuke não havia feito nada contra eles. Não tinha como.

Antes disso tudo, ouvia falar sobre os Uchiha e suas mãos de ferro, admirava por saber de alguém tão jovem e temia também, as coisas mudaram quando Sakura foi envolvida em tudo e todo o respeito se tornou ódio. Mas, enfim, tudo o que ouviu lhe deixava saber que os Uchiha não deixavam ninguém impune e o que seu tio fez foi uma traição gravíssima.

Acreditava que a pior punição que ele e os Hyuuga poderiam receber provavelmente já havia sido executada. Isso lhe deixava com ainda mais raiva, os mais velhos da família pareciam até mesmo “agradecidos” de ter sido “só isso”. Dinheiro e posses eram mais importantes do que uma vida. Se sentia impotente e com medo… Se ele tinha feito com seu tio que era a pessoa que ele achava mais forte no mundo, o que seria dele? Se sentiu um grande merda. Sakura sabia com quem estava casada?

Fora isso, prestou bem atenção no teatro ridículo de Sasuke no velório de Hiashi. Apesar de tudo, observou sua postura e seu olhar. Ele parecia até um pouco… Triste. Principalmente quando olhava para Hinata. Era sutil, muito sutil, mas para ele, perceptível.

Chegou na mansão Hyuuga, andava exausto. Não dormia devido às dores e cirurgia, mal lembrava também como era estar sem dor. Estava afastado do escritório, não sabia como seria reintegrado, mas já tinha ouvido rumores de que tinham sim a intenção de o tornarem líder da família como seu tio planejava anteriormente. Não tinham a intenção de deixar tudo nas mãos de Hinata, apesar de que estava tudo nas mãos dela por direito. Não sabia que jeito iriam dar e nem sabia se ainda queria.

- Neji.

TenTen se levantou, estava sentada no sofá esperando seu retorno quando chegou lá e lhe informaram que ele havia ido ao médico para remover curativos da cirurgia que fizera.

- Você está bem? - Veio até ele deixando a bolsa no estofado examinando seu rosto machucado, sem tocá-lo.

- Sim - Disse colocando as mãos nos bolsos e encarando o chão. De repente se sentiu atingido por uma luz forte que lhe deixou envergonhado.

- Desculpe vir sem avisar - TenTen recuou interpretando o gesto dele como uma rejeição. Nem ela sabia o que tinha dado em sua cabeça para estar ali, já havia sido rejeitada antes, não precisava de mais essa. - Eu soube que seu tio faleceu, eu não pude vir antes, mas não consegui tirar isso da cabeça. - Ficou em silêncio - Deve ter sido um golpe muito forte para a família - Falou genuinamente sentida.

- Golpe - Neji repetiu, sugou o ar forte por sua boca e soltou - Foi exatamente isso.

- Eu sinto muito Neji - TenTen deixou para lá o fato de não serem mais nada um para o outro e o abraçou.

Aquele carinho fez Neji estalar por dentro, era um abraço muito conhecido, porém esquecido. Um calor agradável e confortável. Ele envolveu a garota como era de costume, eram íntimos mesmo que não estivessem se esforçando para isso. Por algum motivo sentiu até mesmo um pouco de relaxamento e seus olhos foram pressionados por algumas lágrimas, bem poucas que escaparam e tudo isso fez seu nariz escorrer. Ainda tinha mais essa, escorria com facilidade.

Afastou um dos braços dela para limpar com a manga da camisa mesmo, já que não conseguiria fungar como uma pessoa normal.

- O que houve com seu nariz? - Perguntou inocentemente ainda abraçada a ele que estava apenas um pouco de lado ainda com o braço esquerdo ao redor dela.

- Me envolvi em uma briga. - Não mentiu.

- Meu Deus! - A mão dela fez carinho em seu peito.

- Por causa de Sakura - Completou. Sentiu o corpo dela ficar um pouco tenso., parecia que ela queria dizer algo, mas não conseguia.

- Nossa… - Respondeu - E ela está bem? - Perguntou sem muito interesse.

- Sim.

TenTen se afastou dele com um sorriso sem dentes, e sem alegria nos olhos.

- Sabe, eu… Fiquei pensando depois que fui embora - Molhou os lábios - A garota que você disse que estava gostando… é a Sakura não é?

Neji não conseguiu responder, apenas desviou o olhar e deu alguns passos.

- Melhor nós conversarmos no meu quarto.

TenTen o seguiu em silêncio pelas escadas, até que ele fechasse a porta quando entraram no cômodo.

- Hinata está bem? - Reiniciou a conversa por outro lado.

- Está morando com Sakura.

- Ah… Sakura… Ainda está na mansão Uchiha? - Com isso, voltava para o assunto. Queria saber se ela ainda era casada, apesar de que não viu nenhuma notícia sobre separação além de um tal escândalo de casamento por contrato que a envolvia. Quando chegou a conclusão de que Neji estava apaixonado por Sakura e soube disso, logo imaginou que ela ainda gostava dele e eles podiam estar tendo um relacionamento.

Sim, sempre notou os sentimentos de Sakura, mas sempre viu em Neji uma amizade genuína, além disso não imaginava que ela poderia se declarar diante do relacionamento sólido que tinham. Sakura também sempre foi uma garota muito respeitosa. Tirando um pouco o dia em que Neji foi premiado e flagrou eles dançando de um jeito esquisito.

TenTen andou pelo quarto muito conhecido, não se sentiu à vontade para sentar na cama, então se encostou em uma cômoda e cruzou os braços.

- Você e ela estão tendo algum relacionamento?

- Não - Neji deixava a carteira e as chaves do carro na mesa - Nem chegamos a ter. - Andou e sentou na cama de frente para ela, estava cansado - Bem… eu beijei ela, duas vezes… Eu fui um babaca com ela - Até ele tinha que admitir, depois de agir feito um idiota se arrependeu em vários níveis por aquele beijo. Por ter feito aquilo com uma mulher e pior ainda, com Sakura.

- Ela também gosta de você não é?

Neji ficou um tempo em silêncio olhando para o chão. TenTen mais uma vez entendeu aquilo como um consentimento.

- Não mais. - Neji coçou o rosto - Parece que… Ela gosta mesmo do marido dela. Eu achei que… - Abriu as palmas das mãos, não queria explicar tudo.

- Por causa do escândalo né?

- Sim - Mal ela sabia que ele iniciou essa polêmica.

TenTen sentiu um alívio, ficou até mesmo um pouco feliz. Então Sakura era exatamente o tipo de garota que ela achava, não havia se metido entre eles.

- Foi ele que fez isso em você? - Parecia fazer sentido.

- Não, mas eu não quero falar sobre isso. Eu já tive a minha punição por isso e ainda estou tendo.

Os dois ficaram calados por um longo minuto.

- E você ainda gosta dela?

- Pra ser bem sincero… Eu não sei - Ele se levantou e foi até a janela - E não quero nem saber de ir atrás de ninguém, nunca mais na minha vida. Já bati todas as cotas. Se eu tiver que morrer solteiro, que seja. - Na verdade, estava cansado de tudo. De Sakura, de lutar por alguém ou algo que ele acredita ser o certo pensando que está ajudando e ser pisoteado, ou melhor, socado. De sua família gananciosa e podre desde as raízes, de si mesmo.

- Eu vim da França, atrás de você.

Neji olhou para trás, pela primeira vez realmente a olhando nos olhos.

- TenTen…

- Desculpa - Ergueu a mão se desencostando do móvel dando alguns passos pelo quarto impedindo que ele falasse - Eu apenas não consigo entender - Voltou-se para ele - Desculpa! Eu sei que você está em um momento péssimo, mas o que tínhamos me parecia real e único. O que deu em você?

Neji ainda a fitava. Estava com os olhos um pouco arregalados. Era exatamente essa a pergunta que ele precisava responder para si mesmo.

- Nós éramos ótimos juntos! E de repente você mudou, parece que foi de um dia pro outro! Se afastou e me deixou ir tão fácil! - Ela tentou engolir o choro - Isso doeu, doeu tanto Neji. E eu idiota fico sabendo das notícias e não consigo evitar ficar preocupada com você! Ninguém me pediu para vir eu sei! Mas, ainda não passou ok?! Eu te amo! Ainda te amo! - Ela limpou o rosto e colocou as mãos na cintura desviando o olhar e controlando a respiração - Está arrependido? Se eu virar as minhas costas e for embora você vai me pedir para ficar? - Esperou.

- Não.

Ela apertou os olhos como se uma agulha bem grossa fosse levemente enfiada em seu corpo. Moveu a cabeça afirmativamente, ajeitou a bolsa em seu ombro e se virou sem dizer mais nada. Não devia mais se prestar a isso.

- Você está bem lá.

Parou ao ouvir a voz dele.

- Eu não faria você largar o seu sonho por causa de mim TenTen. Eu seria um péssimo namorado se te pedisse isso, se nada tivesse acontecido iríamos dar um jeito. - Falou pensativo. Era o que faria, lembrava do que sentia por ela e lembrava do sorriso dela quando falava de sua dança. A vida de TenTen era mais leve e divertida que a dele, de certa forma a felicidade dela era a sua, ela deixava seu mundo Hyuuga formal, marrom e cinza, mais colorido e descontraído. - Ainda por cima levando em conta como estava me sentindo naquele momento, acho que fui péssimo, mas também seria injusto com você não importa sob qual perspectiva.

Ela continuou de costas.

“Talvez, mais um pouco?”

- E agora?

- Eu não acho justo. Não era pra você estar aqui… Aconteceram muitas coisas TenTen, acho que é melhor eu ficar sozinho. Ainda preciso por muita coisa em ordem, me desculpe.

- Realmente era você quem deveria estar correndo atrás de mim. Eu não deveria estar aqui. - Dito isso, saiu e bateu a porta.

Neji ficou encarando a madeira talhada. Arrastava o dedão no indicador enquanto um peso começava a dominar seu corpo juntamente com uma pequena agonia incendiária em seu peito que fazia seu peito se expandir e precisar de mais oxigênio, mas não podia inspirar pelo nariz, fazer aquilo pela boca não parecia ser o suficiente. Pensou em tudo e constatou como estava sozinho naquela mansão enorme, fisicamente e subjetivamente. Tudo pelo qual se importou lhe rejeitou ou lhe mostrou o quanto era insignificante e a única pessoa que se importava com ele de verdade estava indo embora.

Deu passos largos e abriu a porta de uma vez decidido a pela última vez correr atrás de alguém, mas que dessa vez valeria a pena.

TenTen estava encostada na parede ao lado da porta com o rosto completamente molhado e a maquiagem levíssima que usava completamente borrada se revelando de uma maneira ruim. Ela o olhou assustada, não esperava que ele fosse aparecer ali, abriu a boca para se desculpar ou qualquer coisa por ainda não ter ido embora, mas antes que pudesse ele pegou sua mão e a puxou de volta para o quarto.

Neji fechou a porta dando um baque com suas costas com TenTen em seus braços.

- Me desculpe - Ele pediu com a voz completamente anasalada. - Eu estou sendo um canalha com você de novo. Realmente acho que amor é algo que eu não posso te dar agora, mas eu percebi que eu não posso te deixar ir embora, quando saiu daqui eu senti muito medo. Não tinha percebido o quanto eu estava sozinho até que você passou por essa porta. - Sentiu os braços dela lhe apertarem e seu rosto se afundar em seu peito. - Vou ser egoísta mais uma vez, quero ir embora daqui, posso ir com você?

- Eu tenho certeza que tudo vai ficar bem. Inclusive nós dois. Você apenas esqueceu disso por um momento, mas a verdade é essa. - Ela falou de brincadeira mesmo chorando, ela era assim. - Arrume suas coisas.

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.

.

- Sasuke… Sasuke! - Sakura chamou, somente após a segunda tentativa é que seu marido se virou para olhá-la, estava em frente o grande espelho ajeitando a gravata há mais do tempo que necessário para fazer um nó.

Ela estava sentada na cama, como docemente havia sendo “obrigada” por ele, com as costas na cabeceira acolchoada com o filhote de gato encolhidinho deitado em seu colo de olhos fechadinhos recebendo cafuné contínuo de sua dona.

- Está nervoso? - Perguntou com um sorriso no canto de sua boca. - Independentemente do que o meu pai disser ficaremos juntos. - Afirmou.

- Claro meu amor, mas… - Quando ele disse isso, foi a confirmação de que estava mesmo nervoso. - É o seu pai, eu quero que tudo fique bem em todos os sentidos. Seja para as empresas, seja para nós dois. Quero conversar com ele como um homem que é seu marido e que merece a confiança e o respeito dele, apesar do que eu fiz enquanto ele estava incapacitado. - Sasuke respirou fundo - Se eu fosse ele, eu não me perdoaria. Foi como uma facada nas costas e pode crer que eu sei do que eu estou falando.

Sakura lembrou da cicatriz de Sasuke, achava até sexy quando o via sem camisa.

- Vai pedir a minha mão para o meu pai?

- Sim. - Sasuke disse se virando mais uma vez para o espelho.

- Que fofinho - Murmurou - Não esperava que você fosse esse tipo de cara.

- Achava que eu eu fosse que tipo de cara?

- Frio, desinteressado que se acha superior e não precisa da aprovação de ninguém.

- Esse sou eu - Confirmou - Mas, não para a você. - Olhou para ela e piscou. - Só você conhece esse Sasuke - Aproximou-se e sentou na cama também passando a mão no gatinho - Por sinal, eu adoro gatos. Nada contra os cachorros, mas eles não param nunca e eu gosto dessa quietude e o ar de superioridade dos felinos. Frios, desinteressados sem necessidade de aprovação. Ele sabem, assim como eu, que são superiores. Você vai adorar quando ele crescer...

- Então, quer dizer que você é um gatinho metido?

- Exatamente, mas até nós gatinhos gostamos do carinho da nossa dona. - Observou o bichano completamente entregue nas mãos dela. Apesar da brincadeira, Sasuke leu em algum lugar que gatos gostavam de ficar perto de mulheres grávidas, poderiam ser ótimos companheiros. Algo sobre eles sentirem que a temperatura corporal delas estava um pouco maior devido a gravidez. Se era verdade, não sabia, mas gostou da teoria. Além disso, a parte de gostar de gatos era verdade, apesar de durante todos esses anos não ter sido próximo de animal nenhum. - Por isso, é bom, você ter ele sempre por perto, por sinal o nome dele poderia ser Sasuke Jr.

Agora que tinha uma família, ter um animal de estimação parecia fazer parte do protocolo da família completa e feliz.

- Não! - Sakura riu - Que nome horroroso.

- É o meu nome - Sasuke apontou para si mesmo.

- Eu sei querido, mas não combina, apenas não.

- Tem que ser algo que lembre a mim. Tipo… Vossa Majestade.

- Ai não... - Sakura gargalhou.

- Vossa Majestade, estou de saída - Falou com o gato - Na minha ausência você é o regente por aqui, tome conta de nossa rainha e do nosso príncipe herdeiro.

- Princesa…

- Claro - Sasuke sorriu e se aproximou lhe dando um selinho.

- Hora de encontrar o pai da rainha.

- Boa sorte.

- Obrigado. - Disse pegando o sobretudo pendurado por ali.

Sasuke saiu da mansão apertando o botão que destravava seu carro e também dava ignição no motor, tinha alguém ao lado abrindo a porta para ele, mas iria sozinho. Entrou rapidamente e deu a volta no chafariz de entrada para ir em direção ao portão de entrada e saída da propriedade.

Entrou no condomínio de luxo de seus sogros, identificando-se e apreciando a confusão de sempre do guarda, se deixava ele entrar de uma vez ou seguia o procedimento em que pedia autorização para o morador para que ele entrasse. Sasuke mais uma vez o orientou a ligar. Assim que teve a autorização, a cancela levantou para que ele passasse.

Estacionou e desceu do carro apertando o botão da trava e abotoando o terno que estava por dentro do sobretudo. Passou a mão pelos cabelos lisos, estavam um pouco grandes agora, os fios que antes emolduravam seu rosto de maneira elegante estavam beirando o visual desleixado de Itachi. Tinha que cortar antes disso, principalmente na parte de trás, seus característicos fios milimetricamente bagunçados estavam grandes demais para isso. Tantas preocupações que havia esquecido que seu cabelo crescia relativamente rápido.

- Sasuke-kun - Sua sogra abriu a porta com um sorriso materno em seu rosto.

- Okaa-san - Sorria de volta abaixando-se levemente para receber seu abraço.

- Como vocês estão querido?

- Estamos bem - Respondeu enquanto ela lhe ajudava a tirar o sobretudo para pendurar no cabide próximo a porta. - Sakura está com algumas teimosias.

- Ah! Eu imagino, mas você também exagera Sasuke, ela está com saúde, aquele susto todo já passou. Ela ainda precisa viver, além de ser mãe.

- A senhora tem razão, eu sei disso, mas é tão difícil deixar ela sair da minha proteção. Fico imaginando um milhão de coisas.

- Ela me disse que você prometeu apoiá-la em tudo.

- Sim, sim… E eu vou!

- Então?

- Vocês venceram - Sasuke fez uma careta - Mas, não é como se eu estivesse segurando ela em casa. - Se defendeu - Eu apenas peço pra ela ficar, mas tem pelo menos uma dezena de carros se ela quiser sair e eu duvido que alguém se recusaria a obedecê-la, fora isso sempre saio deixando as devidas recomendações para a segurança de tomar conta dela caso ela saia. Inclusive, eu contratei um pessoal do serviço de urgência e emergência para integrar a equipe, temos um motorista de ambulância e socorristas.

Mebuki deu uma gargalhada.

- Sério, Sakura também está bem dengosa. Ela está curtindo a minha superproteção.

- Ela está mesmo, já me confidenciou que a sua cara é impagável e está com preguiça de arredar o pé da casa. Mas, inclusive já briguei com ela e disse que ela vai virar uma bola desse jeito.

- Mal posso esperar, acho que ela vai ficar linda quando a barriga aparecer.

- Também acho!

Os dois sorriram se olhando.

- E meu sogro?

- Está lá em cima esperando você - Mebuki juntou as mãos. - Está preocupado?

- Sim.

- Vai dar tudo certo - Colocou a mão em seu braço - Eu já falei com ele. Hiashi está mais triste por Sakura do que com raiva de você, não importa o que eu diga sobre como vocês estão agora, ele ainda se sente muito culpado. Parece que a mente dele só se ocupa com o que pode ter acontecido de ruim quando ele estava inconsciente e a culpa dele nisso. Não consegue mirar no que há de bom agora que está de olhos abertos. É um velho teimoso.

- Ele sabe que Sakura está grávida?

- Sim.

- E o que disse?

- Nada. Desde que contei e tentei falar todas as coisas boas, ele não falou mais comigo. - Fez carinho no braço do rapaz - Acho que é muito bom que você tenha uma boa conversa com ele. Por algum motivo, ele já teve confiança em você uma vez. Faça com que ele tenha novamente e se sinta tranquilo. Acho que ele já deve estar apreciando o fato de você querer falar com ele formalmente. Mostra respeito. Agora vá.

- Obrigado mãe.

Sasuke subiu as escadas ,andou até o fim do corredor que possuía algumas janelas e deu leves batidinhas na porta que estava ao fundo. Não esperou que viessem abrir, pois sabia que isso não aconteceria. Passou devagar olhando o quarto. Kizashi estava na cadeira especial, já exercitavam a possibilidade de ele controlá-la, haviam esperanças de que ele voltasse a andar e recuperar algumas funções com a Fisioterapia. Mas, isso levaria algum tempo, então ter alguma liberdade usando a cadeira já era um grande avanço. Ele estava no quarto, mas próximo a porta de vidro da varanda que estava fechada.

Sasuke não sabia como falar com ele, como deveria se referir. Não pelo costume de não tratar com ninguém com respeito, mas porque não queria parecer falsamente respeitoso ou acuado. Porém, também não queria soar muito íntimo e irritar o homem que provavelmente o odiava.

Sem conseguir pensar em nada aproximou-se e parou ao lado dele curvando-se. Kizashi o olhou, parte de seu rosto ainda estava paralisado o que dificultaria se formar uma expressão correta, porém ele não parecia esboçar nada. Sasuke olhou ao redor e pegou uma cadeira e se sentou de coluna reta. Porém, ainda não sabia como começar.

- Do que se tratava exatamente esse contrato? - Kizashi falou olhando para a frente. A fala dele estava bem melhor. Não era tão difícil de entender apesar de ainda não estar muito boa.

- Naquele momento eu acreditava que para poder ter a majoritariedade da empresa eu precisava me casar. - Agora Sasuke sentia vergonha de falar sobre isso. Baixou o olhar para o chão assim que começou. Ainda mais por estar na frente do pai de Sakura. Antes se tratava apenas de negócios, agora era sobre sua família. Típico do ser humano, só se importar quando se trata dos seus. -  O testamento de meu pai foi lido e supostamente ele havia especificado que eu deveria casar com Sakura. Então, eu a procurei. - Parou pensando em tudo que Kizashi poderia estar pensando de mal sobre ele e teve o impulso de se justificar - Eu não tinha a intenção de fazer nenhum mal, apenas precisava de um papel assinado e uma fachada para que tudo desse certo. Naquele momento só pensei no negócio que aquilo poderia ser, por isso ofereci vantagens. A minha intenção era falar com o senhor sobre isso, pois eu tinha informações que a Har não estava bem, então, uma mão lavaria a outra… - Putz, havia acabado de mencionar a ausência dele, ele já estava se sentindo culpado o suficiente. - Eu não sabia que haviam muitos outros problemas envolvidos e devo admitir que também não pensei em como isso poderia afetar Sakura psicologicamente. Eu nunca me importei com nenhum tipo de relacionamento amoroso antes, muito menos pensei em casamento, nem na importância que poderia ter. Me desculpe, não importa o quanto eu repita isso, jamais será o suficiente.

Kizashi continuou em silêncio.

- Mas, dizer em palavras o quanto amo Sakura sempre será insuficiente, por mais que eu não parasse de falar sobre isso o resto de minha vida. - Falou sincero erguendo a cabeça e o fitando diretamente, seu coração batia acelerado ao dizer isso. Não era do tipo que externava sentimentos, mas sentia que precisava falar. - As coisas começaram assim, por “um negócio”, mas… Eu a amo. - Sua cabeça balançou um pouco enquanto falava - Eu a amo… Eu a amo. - Não existia mais nada que pudesse falar. Nada parecia explicar. - Nós nos amamos - Suspirou - Por isso, eu peço que o senhor nos dê sua benção. Nossa família precisa estar unida em todos os sentidos, principalmente agora que mais alguém está chegando.

Viu Kizashi esboçar um quase sorriso.

- Não posso pensar que você seja um homem ruim. - Sasuke gostou como ele se referiu “homem” - Depois da situação em que me ajudou e como foi até o fim. - Ele ficou vermelho. - Porém, não posso deixar de pensar em Sakura. Em todo esse tempo… Ela estava feliz?

Sasuke arregalou os olhos.

- Não senhor. - Respondeu tristemente.

- Eu sou um homem de negócios, ou pelo menos era, eu sei muito bem das coisas que acontecem. E da forma como para conseguir algo, fechamos acordos e não levamos em conta questões sentimentais. É duro e eu jamais esperaria que um dia a minha própria família passaria por um tipo de acordo como esse e que a necessidade de fazê-lo foi culpa minha. Sakura decidiu isso sozinha e chorou. Cada vez que penso no desespero que ela sentiu…

- Eu não posso responder por ela, mas como eu disse nunca quis fazer nenhum mal a ela.

- Sim, mas…

- Eu sempre tentei ajudá-la ao máximo. Ela estava triste, mas eu lhe juro que sempre, SEMPRE, fiz de tudo para que ela estivesse bem. Sakura não passou por nenhum tipo de dificuldade. No instante em que descobri o que estava acontecendo além da crise financeira eu não poupei esforços.

- Ainda assim…

- Kizashi - Chamou pelo nome, não tinha a intenção de ser desrespeitoso e nem superior, queria falar muito sério, como um igual. - Todos estão bem, eu vim aqui para falar com você sobre o agora, sobre o futuro. O passado não pode ser mudado, nós apenas lidamos com as consequências dele. Você tomou um monte de decisões ruins na sua empresa - Falou sem rodeios - E isso a levou à uma crise que quase culminou na morte da sua esposa e em grandes dificuldades para sua filha sim. Isso foi sua culpa, não é o que está pensando? Pois está certo. - Kizashi estava visivelmente assustado, cada vez mais abalado com as palavras que Sasuke proferia. - Você se sente mal por isso? É bom que se sinta. Se sente mal como homem? Como pai de família? Certo, certo. Eu agora sou um marido, em breve serei pai e sinto um frio na espinha imaginando esse tipo de coisa acontecendo com a minha esposa e filha. Mas, se você é um homem sério que fez de tudo pensando nelas e deu tudo errado ,também seja homem para lidar com as consequências. -  Você acha que foi um fracasso? Por um acaso a sua vida acabou? Você está vivo! Tudo isso aconteceu, mas você está aqui agora! De novo! Sua esposa está lá em baixo! Sua filha está feliz e você vai ser avô! Só se pode declarar um fracasso quando tudo acaba. E não acabou! Pouquíssimas pessoas podem dizer que suas más decisões puderam lhes levar a um resultado como o que estamos agora. E digo mais, se pensa que porque recebeu ajuda isso diminui tudo. Está enganado! Sorte também é uma virtude de uma pessoa de sucesso! Está tudo completamente estável e você está se agarrando aos problemas. Olhe para frente! O passado não pode ser desfeito e ele deixou sequelas em você também. Se recupere, assuma sua posição em todos os âmbitos da vida. Isso não é começar de novo, é continuar, é fazer melhor. Você tem todo o direito de dar uma boa olhada em tudo o que aconteceu de mal, isso inclusive faz com que nós aprendamos a não repetí-los. Faça o diagrama de Ishkawa da sua vida - Usou um termo empresarial - Se dê um tempo, mas não demore muito. Tempo é dinheiro, tempo é vida. E ela está passando diante de seus olhos outra vez ou preferiria que fosse enquanto estava de olhos fechados?

Sasuke terminou e ambos ficaram se encarando por um longo momento.

- Você tem a minha benção.

Sasuke estava trêmulo por dentro após terminar de falar, mas evitou transparecer isso. Tinha sido muito duro, mas era do seu feitio não medir palavras e estava de saco cheio. Não lidava muito bem com pessoas passando por situações difíceis de auto depreciação, nunca tinha vivido esse tipo de situação, era agraciado por isso, pois lutou contra todos os problemas desde que se viu sozinho no mundo.

As coisas são diferentes de pessoa para a pessoa e que ele jamais tivesse que passar por isso, mas sendo ele alguém dominado pelo pensamento de superação constante que lhe levou até ali, esperava que ele pudesse levar sua perspectiva para alguém que precisava enxergar tudo por um vidro límpido.

Mas, foram palavras pesadas, rudes, indelicadas que podiam ter piorado tudo.

- Vocês tem a minha benção. Completamente - Kizashi completou e virou para olhar a janela.

- Podemos manter os negócios?

- Sim.

Sasuke confirmou com a cabeça e se levantou, curvou-se. Sentia-se até mesmo mal por ter dito tudo aquilo, mas não sentia vontade de pedir desculpas apesar de ser o educado a se fazer. Queria ter dito exatamente tudo o que disse.

- Pensando bem - Kizashi começou antes que ele se afastasse - Se não fossem todas as minhas decisões ruins. Você e Sakura não estariam juntos. Posso considerá-las as melhores decisões? Já que minha filha encontrou alguém que a ama tanto?

- Foram as piores melhores decisões desse mundo e eu sou muito grato ao senhor por isso, não poupei e não pouparei esforços para que tudo melhore. Infelizmente as coisas ficaram ruins para o senhor para que para mim fossem as melhores possíveis. - Sasuke se curvou, seu coração queimou diante dessa perspectiva - Me desculpe.

- Isso estava escrito, acho que eu cumpri o meu papel e eu posso ficar feliz com isso. Eu fui muito bom em ser ruim. - Falou com algum humor. Sasuke bufou um pequeno sorriso.

- Obrigado Haruno-san.

- Pai.

Sasuke ergueu o olhar surpreso.

- Acho que temos uma relação maior do que isso Sasuke. Você é meu genro, sócio, chefe, amigo, pode ser meu filho também.

Sasuke sorriu de canto em pé, ereto ao lado do homem.

- Obrigado pai.

.

.

.

- Vamos logo!

- Garota eu estou fazendo o que posso!

- Você está apenas amarrando coturnos Itachi.

- Eles precisam estar sincronizados, olha esse aqui tem que sempre passar por cima e esse por baixo - Itachi falava sentado na cama com a cabeça abaixada enquanto amarrava os cadarços lentamente.

- Por sinal, não é errado usar esse tipo de sapato em um casamento?

- Onde está escrito? - Ele ergueu a cabeça para olhar para Izumi com as mãos na cintura lhe olhando analítica.

Ela usava um vestido lilás de tecido leve na saia, mas tinha um corpete estruturado rendado com decote coração que valorizavam seus seios, possuía manguinhas que mais serviam para enfeite, pois do mesmo tecido da saia não seguravam nada, apenas estavam estrategicamente caídas para dar charme. Tudo finalizado com um fenda que aparecia quando ela caminhava. Itachi implorou que ela usasse esse vestido quando ela o experimentou. Segundo ele, ela estava absurdamente gostosa e ele mal poderia esperar para levantar aquele vestido quando a festa acabasse.

- Izi, não para nessa pose pelo amor de Deus, você não tem noção do quanto está gostosa né?

- Eu? - Ela ergueu a perna da fenda de propósito fazendo cara de inocente.

Itachi se levantou e ela empurrou seus ombros para se sentar novamente.

- Termina logo isso que eu quero descer! - Disse rindo.

- Então não brinca comigo assim. - Mordeu os lábios fazendo graça - E porque está toda empolgada para descer? Chegou toda tímida…

- Claro, é a sua família. - Ela se abraçou, dessa vez sem realmente ter noção de que estava juntando os seios e deixando eles mais evidentes. - E é assustador, você é super rico. Fico com medo de falar alguma besteira ou quebrar algo. Para onde te mandaram para você ter essa educação?

- Eu sou a resistência! Sasuke que é certinho.

- Sim.

- Izumi você está corada? É isso mesmo que eu estou vendo?

- Não!

- Você achou meu irmão gostoso é isso?

- Não!

- Vem cá! - Izumi correu.

- Você tá alucinado! ha ha ha ha - Caiu na cama quando ele se jogou sobre ela.

- Ele é só uma cópia da minha beleza!

- Claro, claro!

- Garota! - Ele arregalou os olhos e ela não parava de rir - Não tem jeito você precisa de uma lição.

- O queeee? - Ela ganiu quando ele a puxou e a virou de costas. Ela mal conseguia respirar de tanto rir. - Não! Não! - Mas, sem força pra fazer qualquer coisa apenas sentiu o tecido do vestido subir e uma tapa ser desferida em sua nádega - Aiiii! - Gritou fazendo drama.

- Quem manda ser safada?

Ela se virou e puxou Itachi pelo pescoço lhe dando um beijo.

- Só com você.

- Beleza melhor a gente descer, antes que o negócio fique quente aqui e o Sasuke me mate por estar demorando. - Ela riu e se deixou ser puxada pela mão do namorado. Ele abriu a porta e foram andando pela mansão.

Estava namorando com Itachi há poucos meses, mas estava acostumada com o jeito dele. Já conseguia vê-lo como pessoa, esquecia que ele era um “Idol”, celebridade. Ele falava besteiras e não se importava com muita coisa. Era engraçado como ele era um “bad boy”, porém cheio de frescuras. Nunca tinha provado determinadas refeições simples ou sequer sabia resolver algumas coisas da vida comum. Mas, topava tudo, ia com ela, confiava nela e a seguia por onde fosse lhe fazendo perguntas sempre que preciso. As coisas entre os dois foram melhorando e desde que o relacionamento se tornou real, a saudade ardia muito, quando se encontravam tudo pegava fogo. Passeavam e se divertiam, comiam muito e Itachi até tinha engordado um pouco. Ele estava mais bonito assim, agora seu corpo tinha um calibre mais forte. Fora que seus hábitos péssimos agora eram severamente criticados por ela, ele se cuidava muito mais, estava mais radiante e com aparência viçosa. Dormia mais e melhor, comia coisas boas e bebia bem menos.

Sua mãe que não o conhecia nem como celebridade, quando o encontrou gostou dele de cara. Não tinha como alguém no mundo odiar aquele cara. Ele ia e vinha e sua mãe sempre perguntava quando seria sua próxima visita.

Agora era ela quem estava no Japão pela primeira vez. Passou um pouco de pavor com a viagem, mas chegou viva. Ficou chocada ao conhecer a “casa” dele e apesar de já ter visto por foto era bastante impressionante conhecer Sasuke pessoalmente. A aura dele era diferente da de Itachi, se o mais velho parecia ser quente, Sasuke parecia frio. Ele era dolorosamente bonito, milimetricamente alinhado, fino, elegante, uma postura digna de estudo e um olhar forte. Assim que sentiu os olhos dele sobre ela, sentiu vontade de sair correndo. Porém, ele foi muito agradável e tão charmoso que a deixava se sentindo muito caipira. Principalmente quando ele comentou sobre seu sotaque britânico. Ele falava inglês tão bem quanto Itachi.

Sentiu vontade de colocá-lo em um potinho quando ele fez questão que ela conhecesse sua esposa/noiva. A história era doida, Itachi já havia explicado. Sakura era muuuito linda,  exatamente perfeita para aquele homem sem defeitos. Ela era como uma boneca sorridente, de beleza rara. O inglês dela era bom, porém não tão natural, dava para perceber que ela falava seguindo todas as regras, do jeito que aprendeu no curso que fez. Isso a deixava ainda mais fofa, principalmente quando perguntava se tinha falado alguma besteira. Ela parecia ainda mais iluminada, talvez por causa da barriguinha protuberante, ela parecia uma santa, sagrada e Sasuke provavelmente pensava o mesmo, pois ele a tratava como tal. O coração de Izumi aquecia só de ver. Por isso, passou a maior parte do tempo em silêncio encantada com tudo.

Sakura tinha um olhar doce, porém forte. Admirou a mulher ao vê-la olhar fixamente para Sasuke e passar mensagens que ele entendia e Izumi só sabia do que se tratava quando via ele realizar a próxima ação. Lembrou do que Itachi lhe contou para que os dois estivessem juntos agora e imaginou a barra que foi, o quanto essa mulher deve ter chorado… Parecia um pecado que alguma lágrima fosse derramada por aqueles olhos.

Mal ela sabia que Sasuke tinha o mesmo tipo de pensamento.

“Sakura vai ficar feliz de saber que tem uma fã”, Itachi comentou e foi ameaçado em seguida se abrisse a boca. Riu quando ela comentou com menos riqueza de detalhes que o irmão dele tinha muita “presença”. - “Com o tempo acostuma”. - Duvidava disso.

- Vamos de elevador - Entraram na pequena caixa que tinha objetivo de auxiliar o transporte entre um andar e outro. Durante a descida com vista panorâmica, já era possível que haviam algumas pessoas na sala devidamente arrumadas. Eles chamavam a atenção de longe, pois um tinha cara em pé sorridente de cabelos platinadíssimos e a outra de cabelos muito rubros que estava de costas virou ao reparar no sorriso que o rapaz a sua frente abriu ao ver Itachi.

- Ora! Ora! - Ele falou alto imediatamente erguendo a mão. Itachi correspondeu, os dois bateram as mãos e apertaram com bastante empenho.

- Estava sumido! - Itachi comentou falando em inglês para que Izumi entendesse enquanto os dois ainda apertavam as mãos.

- Eu tenho mais o que fazer do que ajudar o seu irmão a limpar a bunda - Ele deu uma piscadela brincalhona falando na mesma língua ao entender isso - E eu soube que você está namorando! - Os olhos dele foram até ela - Eu precisava ver isso com meus próprios olhos.

- Eu digo o mesmo! E falo pelos dois - Apontou dele para Karin e vice-versa -  Já procuraram saber se alguém fez algum tipo de ritual satânico pra juntar vocês dois? Uma espécie de castigo em que um tortura o outro e etc.

- Idiota - Karin fez cara de nojo. Usava um vestido rosê sem qualquer brilho, renda ou adorno. Era apenas tecido ajustado ao seu corpo. O decote reto ia de ombro a ombro, como se estivesse dobrado, o que disfarçava seu busto avantajado e cobria seu braço até pouco antes dos cotovelos. Não havia qualquer sinal de barriga e a fenda menos generosa que a de Izumi partia de pouco acima de seu joelho apenas, onde o vestido ficava mais justo delimitando sua silhueta. Era simples, elegante e sexy sem ser vulgar. Os cabelos dela eram de um vermelho muito vivo, estavam presos em um coque com alguns fios soltos ao redor de seu rosto. Os três pontos de luz do brinco pendurado no lóbulo de sua orelha, pareciam ser grandes diamante e o que falar do anel gigante? - Você diz isso porque foi rejeitado.

- Amarga. - Itachi fez careta.

- Foi um ritual forte - Suigetsu disse sem se importar, sabia do passado dos dois e cagava pra isso. - Inclusive aproveitando o embalo do Sasuke eu pedi ela em casamento e depois de me dizer não nas últimas sete vezes ela aceitou.

- Deus te deu sete oportunidade de desistir. - Itachi colocou a mão no ombro dele. - Eu vou rezar por você.

Suigetsu sorriu e voltou para perto de sua noiva, colocando a mão em sua lombar de um jeito que quem olha não tem certeza se a mão está em suas costas ou glúteos. Exceto Karin, ela tinha certeza que estavam em seus glúteos.

- Você é a? - Puxou assunto sendo educada. Era sempre assim, Karin era doce e educada com outras mulheres. - Ignore seu namorado mal educado que não lhe apresenta.

- Izumi - A garota respondeu, Karin tinha uma voz que soava profissional.

- É um prazer querida, sinta-se à vontade, se precisar de algo pode falar comigo.

- Você precisa perder o costume Karin - Suigetsu disse, viu o olhar desentendido de Izumi - Ela é a secretária gostosa de Sasuke. Como ele casou, eu peguei pra mim - Piscou mais uma vez e recebeu um pisão de salto em seu pé. Ele fez uma careta cheia de linhas, mas não gritou, apenas ergueu a cabeça como se fosse olhar para cima, mas estava com os olhos apertados.

Itachi abaixou a cabeça segurando uma gargalhada e depois pigarreou - Sete chances.

Naruto passou pelas portas neste momento, estava visivelmente nervoso e olhando para todos os lados.

- Ah estão aqui - Todos o cumprimentaram, mas ele estava inquieto. - Estão todos lá fora esperando, eu vim procurar vocês.

- Não somos a noiva, já estávamos indo. - Itachi respondeu - E vocês estavam fazendo o que aqui?

- Procurando um lugar pra uma rapidinha antes da cerimônia - Suigetsu respondeu enquanto se sentava no braço da poltrona mais próxima. Itachi, Izumi e Naruto até sorriram da piada, mas os olhos arregalados de Karin denunciavam a super sinceridade de Suigetsu e o perigo que ele correria se não tivesse procurado se sentar. Ela estava se esforçando para não transparecer o quanto ela estava confirmando a fala dele, mas não estava dando certo. Ela inspirou com bastante força e sorriu mecânica.

- Ele está brincando - Ainda sorria assustadora.

- Vamos logo lá pra fora, inclusive vocês dois - Itachi apontou - Não quero ninguém além de eu e Sasuke transando dentro dessas paredes.

- Ainda bem que fiz em outro cômodo - Naruto falou só pra provocar dando uma risadinha sem jeito.

- Ah oi Hinata-chan - Itachi acenou para trás de Naruto.

Todos os cabelos do corpo dele se levantaram, aquela era uma fala para falar entre amigos que entenderiam a brincadeira e não para que sua ex-noiva, que ele estava tentando melhorar as relações depois de grandes problemas e vacilos, ouvisse. Sua nuca pinicou de nervoso e ele foi se virando devagar até não ver ninguém.

- Assustou?

- Porra Itachi você brinca com coisa séria! - Naruto olhou para ele muito puto. - Quase eu morro do coração.

Karin não resistiu rir dessa vez - Vamos logo - Falou puxando o bando e deixando Suigetsu para trás.

A garota que ficava intimidada por ele não existia mais, ainda gostava de como deixava ela desconcertada. Karin ainda tinha muitos protocolos, gostava de quebrá-los com ele na surdina. E ele adorava quando isso acontecia. Porém, quando ela se soltou também conheceu o lado dominador que ela tinha. Também gostava muito disso, apesar de doer muitas vezes.

Todos foram andando em direção ao jardim, inclusive Suigetsu que mesmo mancando deu uma acelerada no passo até alcançar a mulher, havia uma estrutura de ferro escuro com tecidos brancos e leves esvoaçantes onde seria o altar, com a queda d’água ao fundo. Cadeiras tiffany translúcidas de acento branco estavam arrumadas para que os poucos convidados assistissem a cerimônia. O corredor largo por onde a noiva passaria tinha um piso coberto por um tapete branco alvo ladeado por arranjos verdes com pequenas flores em tons de rosa claro, roxo e lilás.

Em outra parte do jardim estava a estrutura para a festa que haveria depois. Era “pequeno”, porém espaçoso para que todos ficassem à vontade. Sofás em tons creme, ornamentados com belas almofadas e tecidos. O que chamava a atenção era uma longa mesa em formato de S, milimetricamente organizada com pratos de porcelana branca sobre outro raso rosê gold acompanhados por talheres de mesma tonalidade, taças de cristal de tamanhos diferentes para cada função. No centro, grandes castiçais e um longo caminho de flores em pequenos arbustos que não impediam que os convidados conversassem entre si. Logo em frente um grande círculo branco rodeado por flores e armações de metal com canhões luzes variadas.

- Uau.

- Seus olhinhos estão brilhando - Suigetsu comentou para a noiva.

- Tudo está muito bonito.

- Então, você gosta desse tipo de coisa melosa?

Karin deu de ombros. Sim, gostava muito.

- Olha! Eita, deixa eu ir lá. - Itachi avistou Mebuki vindo de longe, mas ela estava tendo que dividir a atenção em duas tarefas, então correu um pouco até lá.

Naruto congelou ao olhar, sentiu seu olhos encherem de lágrimas ao ver Hinata ao longe depois de tanto tempo. A gestação já estava no final, ela estava linda como uma deusa de vestido azul royal, a saia era tão longa que arrastava no chão atrás de si, as mangas longas e soltas prendiam somente em seu pulso, o decote era discreto e um cinto de pedras rodeava seu corpo logo acima de sua bela barriga. Os cabelos longos e alinhados caiam para trás de seu corpo.

Itachi estava perto dela, pareceu falar com a mãe de Sakura, então se aproximou dela sorridente e lhe ofereceu o braço. Ela aceitou com um sorriso sendo apoiada por ele que pacientemente veio andando lentamente com ela, enquanto Mebuki empurrava a cadeira de rodas luxuosa do pai de Sakura que observava tudo, após recusar que Itachi realizasse essa tarefa.

Não pensou muito, em qualquer problema em qualquer rejeição, apenas seguiu em frente. Tentou andar calmamente sem aparentar nenhum tipo de postura ruim. Ela o viu de longe, sua expressão de susto o fez engolir em seco, ela parou onde estava e Itachi esperou junto com ela pela aproximação de Naruto.

- Boa tarde - Cumprimentou todos.

- Oh! Olá Naruto! - Mebuki deu uns passos à frente para por a mão no ombro do rapaz e lhe dar um abraço - Como vai querido?! Faz tempo que não lhe vejo.

- Estou bem Haruno-san - Curvou-se para o pai de Sakura - Acho que é a primeira vez que nos vemos, é um prazer. - Pensou antes de cometer a gafe de estender a mão para o homem. Então, apenas se curvou novamente.

- Igualmente - Kizashi respondeu fazendo Mebuki sorrir largo.

- Hum… - Limpou a garganta - Eu poderia acompanhar você até… - Por um momento passou por sua cabeça que a conclusão da frase seria “o altar” - O local da cerimônia? - Poderia ser a deles se não tivesse sido tão… Surdo.

Itachi olhou para o lado esperando pelo que ela iria dizer, mas ela estava em silêncio.

- Por favor. - Pediu novamente.

Após alguns segundos e um clima estranho Hinata lentamente retirou o braço do atraque com o de de Itachi e sorriu educadamente agradecida.

- Hum… Então, eu lhe ajudo com o papai, mãe - Itachi se adiantou para que saíssem logo dali. - Com licença, com licença… - Ele já tinha tomado todas as liberdades de tratamento quando Sasuke informou que estava tudo bem. A família permaneceria unida, apenas cada núcleo vivendo em sua própria casa, como deve ser. - É impressão minha ou você está mais forte? - Comentou mexendo com Kizashi como andava fazendo sempre. - É sério, isso são bíceps? Eu preciso do contato da sua fisioterapeuta, é uma mulher não é?

- FEIA - Mebuki frisou.

Kizashi riu ao ouvir os dois.

- Eu acho que hoje vamos dançar muito e Izumi está ansiosa para conhecer vocês pessoalmente. Eu falei muito da senhora mãe, ela está morrendo de medo, pensa que a senhora é louca.

- Eu vou me controlar para que ela não tenha certeza, mas você com certeza irá apanhar mais tarde.

- Ela terá certeza não importa como você tente se conter.

- Kizashi!

- Eu também acho pai!

E foram se afastando em direção aos outros enquanto Naruto caminhava lentamente andava em silêncio apoiando Hinata pela primeira vez durante toda a sua gestação.

- Está... Tudo bem? - Começou nervoso.

- Sim.

Naruto umedeceu os lábios andando devagar.

- Você sente enjôos?

- Só senti no começo da gravidez.

- Ah… - Os olhos de Naruto foram de um lado para o outro. Não sabia nada sobre gravidez, talvez pudesse ter aprendido muito vivendo com uma mulher gestante ao seu lado. - Está quase para nascer, não é?

- Sim, estou na trigésima semana. - Ela olhava para frente, mas Naruto focava nela cada vez que lhe fazia uma pergunta. Quando ela terminou de falar, ele voltou a olhar para a frente. Tentou fazer a conversão do que queriam dizer trinta semanas, ela estava com quase 8 meses.

- Sua pressão está bem?

- Estamos tendo acompanhamento de perto. Sasuke é bastante preocupado.

- Ah…

- Ele está tomando conta de você?

- Sakura, mas ele sempre pergunta como eu estou e do que eu preciso.

Naruto sentiu algumas pontadas.

- Eu me mantive distante para não te incomodar, a minha vontade era ter corrido, mas minha mãe disse que era melhor eu não perturbar você. - Ficou em silêncio, mas ela não disse nada enquanto ele fitava seu perfil - Obrigado Hinata - Naruto disse e parou a caminhada para ficar de frente para ela. Depois desses últimos - Moveu os ombros - Três meses, eu pensei muito em tudo. Não tenho palavras para descrever a forma como eu agi, eu pensei em tudo e me arrependo amargamente. - Suspirou - Eu não mereço o seu perdão, mas eu não posso deixar de pedir e dizer o quanto estou arrependido, triste, amargurado e constantemente torturado por mim mesmo, pelo que fiz com você. - Pegou as mãos dela, reparou por alguns segundos que não havia o anel que ele lhe dera - Eu não quero me fazer de coitado, só estou tentando por pra fora os meu sentimentos. Então, eu quero te agradecer por… Ter desistido.

- Não foi por sua causa - Ela respondeu tirando as mãos - Foi por ele, por mim e por ele. - Agora ela lhe fitava dentro dos olhos - Eu não esqueço em nenhum momento também que ele é seu filho e isso me entristece - Naruto franziu o cenho, seus olhos azuis piscinas estavam visivelmente marejados - Mas, eu lembro no mesmo instante que ele é meu filho, está aqui comigo, eu estou dando vida a ele. Por mais que tudo isso tenha acontecido, eu o amo mais que tudo e eu posso ser tudo o que ele precisa.

- Hinata - Naruto engoliu em seco - Eu estou aqui falando com você justamente porque eu não quero estar distante. Bem, eu moro em outro continente, mas eu quero participar de tudo, quero SER o pai dele. - Passou alguns segundos olhando nos olhos dela - Eu também o amo, minhas desculpas para você jamais serão o suficiente, mas eu sequer poderei viver como ser humano se eu errar com o nosso filho.

Hinata se sentiu atingida pela menção de “nosso filho” e não “meu filho”, como ele gostava de evidenciar. Mas, se manteve dura, mesmo sentindo um bolo espinhoso se formar em sua garganta.

- Eu não tenho a intenção de pedir mais uma chance. Depois de todo esse tempo pensando eu tenho certeza que não mereço. Também, não vou pedir a sua amizade, acho que isso seria pedir muito. O que eu quero te pedir é… - Naruto olhou para cima - Um lugar.

Hinata desviou o olhar, comprimindo os lábios. Sentia que não iria resistir a vontade de chorar.

- Posso ligar de vez em quando? Apenas para saber como vocês estão. - Viu ela concordar. - Obrigado. - Sentiu vontade de abraçá-la, mas não fez isso. Então, tentou ocupar as mãos colocando elas nos bolsos. - Vai dar tudo certo. - Tentou sorrir, ele também estava visivelmente sensível, mas ambos fingiam que nada estava acontecendo. - Então, vamos pra cerimônia. - Naruto novamente se colocou ao lado dela estendendo o braço, ela aceitou e eles continuaram andando devagar, mas em silêncio.

O peito de Naruto estava um pouco mais leve, encheu os pulmões se sentindo um pouco bem depois de tanto tempo.

Hinata sentia sua garganta doer ao continuamente segurar o choro. Estava sentindo ódio de si mesma, por se sentir feliz. Só um pouquinho! Pelo simples fato de finalmente ele ter lhe procurado. Não mentia para si mesma, desde que o viu pela última vez, esperou que ele aparecesse. Inicialmente foi uma espera receosa, achava que ele apareceria novamente aos gritos e palavras afiadas, sentia medo de vê-lo. Quando isso foi passando e se tranquilizando que ele realmente não apareceria, seus pensamentos começaram a divagar sobre o motivo de tudo ter acabado. Por que ele não tentava se aproximar? Ele havia deixado de mão de tal forma que não se importava mais com ela e o filho? Chorou algumas vezes, mas lutou por construir sua própria força, ela iria se empenhar pelo filho e tomaria conta de tudo sozinha! Mas, ainda doía, sempre era uma lamentação pensar que o pai de seu filho era uma pessoa tão desprezível.

Quando ele veio em sua direção naquele momento, se assustou. Primeiramente pelo medo, depois por ver em seus olhos uma grande tristeza. Quis ouví-lo e seu pedido foi razoável. Se ele pedisse qualquer coisa além, ela sentiria raiva, se ele pedisse qualquer coisa a menos, o julgaria egoísta e seria melhor que se mantivesse realmente longe. Em uma fração de segundo pensou isso, serviria para que ela se distanciasse dele de uma vez por todas, mas agora, teriam que procurar um meio termo.

E esse equilíbrio, essa possível paz, lhe deixava feliz. Principalmente pelo seu filho, mas só um pouquinho também, por ela mesma.

Um burburinho logo a frente a fez olhar e ver que Sasuke havia se aproximado de todos. Ao reparar na roupa dele, também percebeu que todos os outros homens não usavam terno. Ali estavam Itachi, Suigetsu e Kizashi, apenas de coletes. Itachi usava um preto, Suigetsu usava um cinza chumbo e Naruto um tom cinza quase preto, a diferença é que sua calça era bege e usava um cinto branco. Todos eles estavam com as mangas dobradas e usavam gravatas.

Sasuke usava um terno cinza com alguma cintilância e gravata borboleta azul escura, com colete do mesmo tecido do terno. Era surpreendente vê-lo vestido daquele jeito. Se sentiu um pouco envergonhada quando ele os avistou andando juntos e sua expressão mudou para um pequeno sorriso tranquilo.

- Quem é você e o que fez com o Sasuke? - Naruto falou assim que se aproximaram. Ninguém comentou nada sobre eles estarem juntos, mas Hinata tinha certeza que todos estavam curiosos.

- Sakura - Sasuke respondeu suspirando e colocando as mãos nos bolsos.

- O que aconteceu com a gente? - Itachi se pronunciou fazendo uma expressão de choro fingida - Éramos belos homens solteiros, sem lei e agora.... - Apontou para Sasuke - Eu também vou rezar por você irmão. Mas, Suigetsu ainda precisa mais.

Sasuke olhou para o amigo erguendo uma sobrancelha. Suigetsu apenas ergueu a mão mostrando que estava noivo. Sasuke arregalou os olhos de um jeito engraçado sem nada dizer.

- Eu estou muito, muito assustado - Naruto disse com a mão no peito. - Karin?

Ela revirou os olhos.

- Eu não sei se fico com pena de Suigetsu ou se me preocupo com a minha prima. Fique avisado que eu prefiro sentir pena de você - Naruto completou.

- Meus parabéns! - Sasuke cumprimentou - Então, você vai me deixar? - Se dirigiu à Karin.

- Suigetsu disse que conseguiria uma transferência, então, tecnicamente ainda serei uma colaboradora. Não se preocupe, irei ajudar o senhor com a seleção de alguém para o meu cargo.

- Tudo bem.

- Senhor Uchiha - Uma moça vestida discretamente de preto se aproximou - Está na hora.

Sasuke assentiu e deu o primeiro passo para segui-la. Estava nervoso, sentia seu peito queimar, suas mãos tremerem e seu estômago se atrofiar, além dos pulmões presos. Não caminhou muito até um espaço por entre algumas árvores onde Kushina o esperava. Usava um simples vestido azul claro sem detalhes. Sorriu amorosamente ao vê-lo.

Ela fez questão de acompanhá-lo ao altar, Tsunade desde o início foi avessa a tudo isso, segundo Kushina não merecia lugar de destaque. Sasuke concordou plenamente. Evitou chamar muita gente que não acrescentaria em nada, ou que apenas estaria por convenção para falar mal por estarem casando de novo. Eram menos de cem pessoas ali, Sasuke achou engraçado por diversas vezes, quando percebeu que praticamente todos eram seus funcionários. Motoristas, domésticas, enfermeiros, seguranças, alguns médicos e seus amigos mais chegados. Pessoas que participaram daquilo. Se sentia confortável com aquela festa.

- Está tudo bem - Kushina disse passando a mão em suas costas - Vai acabar tudo bem.

Sasuke sorriu para a tia, ficaram ali um momento, apenas o burbúrio das pessoas e as árvores farfalhando podiam ser ouvidos naquele fim de tarde, o céu começava a tomar tons de laranja. Fazia uma tarde de temperatura agradável, de vez em quando algum passarinho piava. Moradores daquele jardim provavelmente estavam incomodados com a “invasão” jamais vista em sua propriedade. Já não bastava o não muito longíquo barulho das máquinas enquanto aquela coisa era construída? Mas, até que foi para o bem, pois a água ali derramada era fresca e deixava o ambiente mais ameno em dias quentes. O cheiro de grama e vegetação invadiam os pulmões de Sasuke a cada inspiração profunda que tentava fazer para reiniciar seus sistemas, antes que realmente entrasse em curto.

Kushina respeitou o momento de nervosismo de Sasuke. Apenas o observava de esguelha em silêncio, lembrou da breve conversa que teve com Minato antes de chegarem ali. Estavam felizes por Sasuke e por Sakura também, ela já era da família. Que os ventos também soprassem à favor de seu filho um dia, não pedia muito, apenas que ele fosse feliz. Acreditava com todas as suas forças, que tudo o que aconteceu de mau, serviu para que ele crescesse. Sasuke era um exemplo de algo assim, ele era, agora, um homem tal qual Minato. Tinha orgulho de reconhecer isso, sabia durante todo esse tempo que Naruto ainda não o era, mas já estava assistindo ele subir os primeiros degraus.

O piano começou a soar elegante fazendo o coração de Sasuke acelerar ainda mais. Em tons fortes iniciavam a canção e assim, a cerimônia.

“What would I do without your smart mouth?” - O que eu faria sem a sua boca esperta

“Drawing me in, and you kicking me out” - Me atraindo e você me afastando

Sasuke sentiu algo diferente ao ouvir aquilo, abaixou a cabeça por um momento apertando seus olhos. Kushina segurou sua mão com carinho e moveu-a devagar indicando que deveriam começar a andar.

“And I’m so dizzy, don’t know what hit me, but I’ll be alright” - Eu estou tão tonto, não sei o que me atingiu, mas eu ficarei bem.

Os dois deram a volta e ficaram de frente para o corredor branco. Lentamente deram os primeiros passos e todos passaram a virar suas cabeças para vê-los passar. Rostos conhecidos e sorridentes, algumas piadas nos olhares dos mais íntimos fizeram Sasuke corar e sorrir enquanto andava. Todo seu interior tremia e ele estava externalizando isso sem reservas. Olhou para Kushina e ela lhe sorriu grandemente lhe incentivando a continuar. A brisa passava por eles esvoaçando o vestido de sua acompanhante até que chegassem ao altar florido durante o refrão da música. Ao chegarem, Kushina fez com que ele se abaixasse para um abraço apertado por alguns segundos, então se afastou e foi em direção a cadeira logo na primeira fila para sentar ao lado de Minato que também sorria para Sasuke paternalmente. Sasuke se virou juntando as mãos ficando de frente para todos pela segunda vez na vida, ergueu o queixo e respirou fundo, agora sim, seria de verdade. Estava pronto.

“How many times do I have to tell you” - Quantas vezes tenho que dizer à você

“Even when you’re crying you’re beatiuful too” - Mesmo chorando você é linda também.

“The world is beating you down, I’m around through every mood” - O mundo está te castigando, eu estou por perto acompanhando tudo.

A música continuou em um momento de apreensão pelo momento em que ela apareceria no começo do corredor.  Tantas coisas passaram por sua cabeça, tudo, absolutamente tudo. Desde o momento em que a viu a primeira vez no Stratosphere, desde cada lágrima e cada insistência, para que ela estivesse entrando ali agora.

“‘Cause all of me... Loves all of you” - Porque tudo de mim… Ama tudo de você.

Então, ela apareceu.

“Love your curves and all your edges” - Ama todas as suas curvas e seus  contornos.

“All your perfect imperfections” - Todas as suas imperfeições perfeitas.

Vestido branco levíssimo, de alças finas e acinturado acima de sua linda barriguinha que já começava a dar sinais leves de saliência. Cabelos em um coque solto decorados com pequenas flores, pele perfeita e brilhante, parecia uma divindade enquanto todos se levantavam para que passasse. Além de um ponto brilhante em seu peito, em formato de lágrima.

“Give your all to me… I’ll give my all to you” - Me dê tudo de você… Eu darei tudo de mim para você.

“You’re my end and my beginning. Even when I lose I’m winning” - Você é o meu fim e o meu começo. Mesmo quando eu perder estarei ganhando.

Mebuki estava ao lado dela, empurrando a cadeira de Kizashi, Sakura segurava a mão do pai enquanto entravam juntos, dessa vez ele lhe levava até o altar.

“‘Cause I give you all of me…” - Porque eu te dou tudo de mim...

Sasuke chorou.

“And you give me all of you” - E você me dá tudo de você.

Comprimia os lábios, mas não conseguiu segurar suas lágrimas. Sim, ele chorou, na frente de todos, sem sentir vergonha, sem se preocupar se demonstrava fraqueza. Apenas chorou, pois a amava, pois estava feliz. Pois, ele estava se entregando completamente a ela, e ela estava vindo para se doar a ele.

Sakura não segurou as lágrimas enquanto o fitava diretamente nos olhos enquanto lentamente caminhava no ritmo em que a cadeira de seu pai ia a frente, segurando sua mão firmemente. Todos ali tentavam segurar a emoção, mas era impossível.

Sasuke desceu os três degraus e antes de tomá-la para o altar curvou-se aos seus sogros e pais, abaixou-se dando um abraço rápido em Kizashi e um beijo no topo da cabeça de Mebuki que chorava copiosamente olhando para baixo sem forças para encarar os dois. A música terminou, então houve um momento de silêncio natural, apenas quebrado pelo som de narizes fungando ali e acolá. Ele corrigiu sua postura e olhou para Sakura.

- Você está chorando - Ela disse sorridente, com os olhos vermelhos e um pouco molhados.

- Você também - Sasuke sorriu fechando os olhos pequenos se colocando ao seu lado para entrelaçar seus braços e subirem até o altar.

Não havia ninguém ali para celebrar aquela cerimônia. Há princípio foi estranho quando no momento do planejamento os dois repassaram a ideia para seus parentes. Itachi achou sensacional, ele gostava de coisas diferentes. Inclusive, não haviam padrinhos. Todos ali presentes, eram parte daquilo. Não era preciso que ninguém fosse lá, bastava que todos se sentassem juntos.

Estavam em pé diante do “Santuário Uchiha” instituído por eles, constituindo sua família. Não renovando votos, mas fazendo-os pela primeira vez. Juramentos destinados um ao outro.

Sasuke limpou o rosto, sentiu os dedos de Sakura passando delicadamente por sua bochecha e se ajeitou para que ela fizesse isso, então se virou para olhar a todos. Agora sim, até se sentiu um pouco tímido por ter chorado e ainda estar sentindo vontade, mas ninguém ali sequer tinha um olhar humorado, todos pareciam encantados e encorajadores, ansiosas pelo que ele diria.

- Primeiramente eu queria agradecer à todos por estarem aqui, não só hoje, mas todo esse tempo - Sasuke elevou a voz ao começar para que todos ouvissem mais que o som da água e das árvores, olhando nos olhos de cada um - Nós - Segurou a mão de Sakura com mais força - Agradecemos a participação de todos em toda a nossa história. Vocês sabem que as coisas não começaram bem, cheias de intenções erradas - Ele comprimiu os lábios, a vontade de chorar estava voltando. Sentiu que Sakura era quem apertava sua mão agora, ele lhe olhou e viu seus olhos marejados. Tinha que aguentar. - Mas, depois de toda essa tempestade pudemos descobrir um sentimento que eu jamais poderia imaginar dentro de mim, se não fosse por tudo o que passamos, não estaríamos aqui agora. Seja pela escolha errada de uns ou por maus feitos de outros, mas também o apoio de vocês, mesmo que com o silêncio. Tudo isso nos levou a ficarmos juntos Então, não poderíamos primeiramente agradecer.

- O objetivo dessa cerimônia é começar e não recomeçar. Até porque isso é impossível, não se pode fazer de novo, o tempo não volta, por mais que estejamos executando a mesma ação, sempre tudo o que fazemos é novo. Estamos em um capítulo completamente diferente da nossa história e estamos aqui para iniciar um novo livro para as nossas vidas. - Sasuke se virou para Sakura que estava se esforçando muito para segurar as lágrimas. Ele sorriu para ela e passou a mão em sua barriga lentamente tendo imediatamente a companhia de sua mão.

- Sakura - A olhou nos olhos - Eu te amo.

Sakura e mais da metade das pessoas que assistiram baixaram a cabeça para limpar o nariz e deixar escapulir algumas lágrimas.

- Obrigado, por ter me aceitado, por estar comigo. Por iluminar a minha vida com tudo o que você trouxe para ela, por me mudar por completo e ver tudo sobre uma nova perspectiva. Obrigado por me amar e por me deixar ser pai. Agora e para sempre eu quero ser seu marido, pai dos seus filhos, seu porto seguro e prometo dar tudo de mim todos os dias de minha vida, para você. Para vocês.

- Sasuke… - Sakura não conseguia levantar a cabeça, chorava à ponto de soluçar. Sasuke a abraçou apertado e todos começaram a bater palmas por um longo minuto. - Eu planejei tanta coisa para dizer - Ela soluçou - Você fala algumas frases e… E eu estou… - Negou com a cabeça, alguém se aproximou trazendo um lenço e ela aceitou limpando do jeito que podia para não borrar tudo - Ah o que eu faço com você? - Riu ao mesmo tempo que chorava e era acalentada por ele.

Todos reagiram da mesma forma que ela.

- Eu também te amo, me desculpe por demorar tanto pra perceber e por ser tão medrosa. Acho que eu fui bem ruim com você! - Disse rindo - Mas, você é tão bom em tudo que acabou comigo!

- Eu também odeio isso nele! - Itachi gritou do meio das pessoas e todos riram.

Os noivos olharam sorrindo para ele.

- Eu também te amo mano!

Sasuke negou com a cabeça, segurando o sorriso, enquanto Itachi deixava o momento menos meloso.

- Eu só tenho a te agradecer por salvar a minha vida. Eu não corri risco, mas eu não teria mais motivo para viver se não fosse por você. É por isso que eu me entrego à você por inteiro, eu dou tudo de mim à você.

Os sorriram um para o outro.

Sasuke fez um sinal e Naruto veio até eles com uma caixinha. Ele a abriu onde revelou duas clássicas alianças de ouro maciço. A de Sakura era acompanhada por dois aparadores cravejados de brilhantes. Os dois trocaram as novas alianças diante de todos enquanto violinos soavam pelo ambiente.

Sakura terminou de colocar a aliança no dedo de Sasuke e sentiu a mão dele quente em seu rosto fazendo com que ela o olhasse. Ele estava com um sorriso diferente, apesar de ser o típico sem mostrar os dentes tão sedutor. Ele a admirava e transmitia nada menos que amor, o mais profundo, puro e intenso amor. Se aproximou dela aos poucos ficando sério e lhe beijou com delicadeza.

A mesma energia que sentiu passar por seu corpo no primeiro casamento atravessou seu corpo. Muito mais intensa, seria porque dessa vez ele não beijava o canto de sua boca, mas sim seus lábios por inteiro? Sentia seu corpo e espírito arrepiados pela eletricidade que trocavam por sua bocas como ótimos condutores de amor, paixão, desejo, confiança, companheirismo e paz. Sakura sentiu suas pernas mais moles, então colocou uma mão no peito dele, mas não se apoiou realmente, apenas sentiu ainda mais de seu calor. Enquanto de olhos fechados tudo isso fluía por seu corpo.

“Você seja meu príncipe ou minha princesa, é dono de todo esse amor junto” - Sakura mentalizou para a vida que se formava em seu ventre.

Ao se afastarem sofregamente, mesmo não tendo sido um beijo de cinema, mas mais profundo que o oceano. Todos aplaudiram por mais um longo momento enquanto eles se olhavam. Era possível ver seja em um ou em outro que ambos haviam notado aquela troca.

Então, sorriram.

Eram agora e de verdade recém casados.

“Just Married”.


 

 

 

Fim


Notas Finais


E... acabou...
Mas, é isso... Nada mais a dizer... Nada mais para se delongar. A história deles foi contada.
O agradecimento do Sasuke, de certa forma, também foi meu agradecimento à todos vocês, espero que tenham imaginado e "sentido" ele olhar nos olhos de vocês ao dizer aquelas palavras.

Muita obrigada!

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