Abri os olhos e vi que nada tinha mudado. Eu continuava algemada e sequestrada. Tentei ajeitar meu vestido mas deitada era difícil de fazê-lo. Dei uma ligeira olhada em volta e lá estava ele, imóvel, os olhos vidrados em minhas pernas, os lábios ligeiramente mais corados. Meus olhos foram descendo para seu pescoço, peito, barriga e então notei que suas mãos estavam em um lugar incomum.
Senti minhas bochechas arderem de vergonha, estaria ele se tocando?
-Você... - tentei manter minha mente clara para que eu pudesse falar - você poderia me dizer pelo menos seu nome. Já que vou ficar aqui algum tempo
- Bill - respondeu seco
- OK, o meu é Lana - me sentei na cama tentando não mostrar nada a mais.
- É claro que é - ele revirou os olhos e se aproximou. Se abaixando a minha frente e se esticando para abrir minha algema. Em um impulso involuntário separei um pouco os joelhos o que fez ele prender mais uma vez os olhos em minhas pernas -não.me.provoque - se levantou rápido me segurando pelo braço me levando até a cozinha
- Vou ficar entediada desse jeito - suspirei chegando a cozinha
- Isso aqui não é um spa, não tem que ser divertido - Bill sentou-se ao meu lado, colocando um prato com ovos mexidos e bacon
Suspirei e encarei a porta que estava aberta e tudo o que se via do lado de fora depois da pequena varanda era areia.
Me levantei e caminhei até a porta, para ver melhor o que havia ali fora.
O sol escaldante deixava tudo em um tom alaranjado. A pouca vegetação era espaçada por vários metros.
- Volta pra dentro - o loiro parou alguns passos atrás de mim
- Isso aqui é lindo - dei mais um passo para a frente
- Não sei o que você vê de lindo na areia. Vamos, entre
- Não! - eu disse firme e avancei mais um passo, descendo um degrau e ficando com a pele exposta ao sol. Sentindo o vento balançar meu cabelo
Eu tive uma estranha sensação de liberdade. O que não é menos que contraditório, por motivos óbvios.
Fiquei ali sentindo o vento me tocar, meu coração acelerado e então gritei. Um grito insano e totalmente sem motivo. Com os braços erguidos e os cabelos soltos eu gritei. Gritei de alegria.
- Você tá ficando louca!? - Bill se aproximou de mim e me tirou do sol com um puxão
- Nem um pouco - o encarei no fundo dos olhos, como ele geralmente fazia comigo, me aproximando o suficiente para sentir o cheiro fresco de seu hálito. Fiquei na ponta dos pés e o beijei.
- QUAL É O SEU PROBLEMA? - gritou me afastando
- QUAL É O SEU PROBLEMA? EU PODIA TER TENTADO FUGIR AGORA MESMO E NÃO DIGA QUE VOCÊ NÃO QUERIA ISSO PORQUE EU VI MUITO BEM ONDE SUAS MÃOS ESTAVAM HOJE DE MANHÃ! - eu continuava na ponta dos pés
- Não viaja garota - ele voltou a seu tom normal de voz, me segurou pelo braço e me empurrou para dentro da casa.
De volta à cozinha, havia uma caixa do Mc Donald's sobre a mesa e acompanhada por um copo de refrigerante.
- Que hora você foi para o Mc? - me sentei na cadeira para começar a comer
- Eu não te devo explicações - Bill sentou-se na cadeira do outro lado da mesa, ficando de frente comigo
- Ok! - empurrei a caixa de perto de mim, fiquei em pé e apoiei as mãos na mesa - A gente pode fazer isso do jeito fácil ou do jeito difícil. Não tem necessidade de me tratar dessa forma, estou sequestrada e sei que não tenho pra onde correr. Estamos no meio do nada, eu sei disso não precisa ser malvado o tempo todo! - esperei por uma resposta mas ele apenas me olhava - Pega pra você esse lanche. - dei as costas e fui de volta para o quarto.
Sentei-me de frente, de joelhos encima da cama e fiquei olhando pela janela, observando uma plantinha que tinha por ali.
As nuvens foram passando, as horas, o dia e quando eu considerava ser perto das cinco horas da tarde uma nuvem negra e aparentemente muito carregada começou a se aproximar. Sem dúvida teria chuva e seria das grandes.
O vento começou a soprar meu cabelo e junto com o vento veio a areia em meus olhos.
Os relâmpagos começaram a cortar o céu acinzentado e logo em seguida as trovoadas que aqui, no meio do nada pareciam ser muito mais altas do que em meu quarto na cidade. O vento passando por entre as frestas da casa fazia um tipo de assovio sinistro.
A cada clarão no céu eu me encolhia mais um pouco, o barulho grave dos trovões faziam as coisas tremerem. As gotas grossas começaram a atingir o chão e a pequena casa em que eu estava fazendo bastante escândalo.
Meu coração começou a acelerar, me lembrando do meu medo de tempestades. E o raio relativamente perto de onde eu estava fez questão de reafirmar meu medo. Sai da cama e fui para o mais longe que eu pudesse daquela janela. Mas o mais longe ainda não era o suficiente pois eu só estava do outro lado do comodo, com os olhos arregalados e as costas coladas na parede.
Eu estava tão tensa que meu corpo estava doendo, minhas mãos suavam frio, havia uma pressão em meu peito e eu comecei a ofegar.
De repente eu estava sentada no chão, com um par de braços ao meu redor.
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