Acordei com o despertador tocando, ainda sofrendo com o fuso e tentando me acostumar com a mudança climática.
Dormi tarde, mas deixei o apartamento todo organizado e estou tentando me adaptar.
Fiz minhas higienes pessoais e me troquei. A programação de hoje é visitar Osaka, então vou bem básica.
Pus um jeans claro rasgado nos joelhos, camiseta branca, kimono azul pastel com estampa de flores de cerejeiras e converse branco.
Tomo um café reforçado antes de dar os toques finais para sair.
Prendi o cabelo em um coque bagunçadinho, passei protetor solar no rosto e nos braços, passei um pouco de blush pra ficar com aparência saudável, delineado gatinho e gloss.
Horas depois...
Estou no Castelo de Osaka. O lugar é lindo, de tirar o fôlego. Vir aqui já era algo planejado, sou apaixonada pelo período Edo e tudo que envolve esse universo de muitos e muitos anos atrás, e isso se deu a partir de jogos (que não vou mentir, sou apaixonada mesmo).
O castelo é enorme e cheio de artefatos incríveis, a vista para fora é encantadora, e em seus 8 andares mais encantadora ainda, e eu começo a ficar triste porque a visita guiada já está chegando ao fim.
Minha saída é pelo portão Aoya, que fica em uma parte da muralha circundante do castelo. Antes de chegar ao portão acabo comprando um latte, e logo em seguida tiro rapidamente meu celular do bolso para tirar fotos enquanto tomo meu café e vou saindo.
Jiyong ON
Estou fazendo turnê no Japão com meu grupo. Hoje o dia está ensolarado, e como estamos livres, resolvemos fazer um passeio cultural. Nosso primeiro destino é o Castelo de Osaka.
Para sair no Japão é necessário sair preparado para passar o dia inteiro fora e às vezes só voltar para o hotel no dia seguinte. Sinto que hoje será um dia desses, então vou munido com moletom, nunca se sabe se o clima vai continuar quente ou esfriar.
Jiyong OFF
Fotografo tudo quanto é coisa que encontro, de cigarras a turistas, e tento deixar as fotos parecidas com fotos de profissionais, muitas ficaram lindas.
Enquanto uma mão segura o café, com a outra mão uso o celular, deletando da galeria as fotos que não gostei. Quando estou deletando a última foto que não gostei, chegam muitas mensagens de uma só vez, acho que passei algum tempo sem sinal. Verifico as mensagens que são do meu grupo de amigos no whatsapp. Tonta como sou, sigo o caminho sorrindo com o celular e o café enquanto vou me atualizando sobre o que tem acontecido no Brasil.
Em um piscar de olhos perco o equilíbrio (deu merda!).
Meu coração só falta sair pela boca. Escorreguei e acabei esbarrando em um asiático, derramando meu café em nós dois.
Tento ser amigável e me desculpar em várias línguas.
– Senhor, me desculpe. Sinto muitíssimo. Eu sou muito distraída e acabei derramando meu café em você. Mil perdões! – pauso para tomar um fôlego enquanto percebo a irritação do mesmo em suas expressões mesmo com seus óculos de sol, e ele fica ainda mais irritado por causa de outros homens que suspeito serem seus amigos, que estão rindo da situação. Sinto-me constrangida, mas continuo... – Você pode me dar seu número para que eu possa levar sua camisa para lavar e a devolver? Vamos na loja do museu para que eu te compre outra camisa, e tentar limpar seus tênis já que os sujei também.
O cara me olha ainda mais furioso. Percebi que suas roupas são bem valiosas, e não tiro a razão dele de estar tão furioso comigo. Sugiro comprar um par de chinelos para que eu possa limpar seus tênis pretos Vans, mas a camisa amarela só lavando e isso se a mancha sair, e ainda bem que o café estava quase frio porque ia acabar queimando também se estivesse quente. E por sorte não sujou a calça.
Olho para o chão, meus tênis e os dele, muito envergonhada para levantar o olhar. Antes que eu possa processar mais informações em todo esse vexame e me sentir mais envergonhada, ele me puxa pelo pulso direito que ainda está segurando o celular e me leva para um local mais afastado e que os turistas não prestam atenção.
– Você tem noção do que fez? – ele fala impaciente, gesticulando para todo seu corpo. – E com quem você fez isso? – eu não o olho.
– M-me desculpe, eu não... – sou interrompida.
– Agora todo mundo vai ficar prestando atenção em mim, logo eu que hoje estava fazendo de tudo para ficar fora dos holofotes.
– Sério, me desculpe. – eu o olho enquanto falo e reconheço o mesmo. – Eu vou a loja comprar uma camisa e um par de chinelos para você substituir enquanto eu limpo seus tênis e levo sua camisa para lavar. Sinto muito mesmo, eu não tinha a intenção de fazer isso.
Ele tira os óculos escuros e eu engasgo com sua beleza estonteante. O que me deixa ainda mais constrangida. Acabo me curvando para o mesmo, um sinal de respeito.
– Pode parar. Hoje eu só quero ser um pouco normal, não se curve assim. – ele fala mais calmo e toca em mim para que eu volte a ficar ereta. – eu tive um súbito ataque de fúria enquanto meus amigos também estavam rindo de mim, e também me distrai, e tinha visto que você estava distraída alguns minutos antes.
– Mas... – ele coloca seu dedo indicador direito em meus lábios, me impedindo de prosseguir falando.
– Como insiste muito e para que se sinta menos culpada, eu aceito a sua oferta da camisa e do par de chinelos, até porque não dá pra eu sair assim. – ele fala pegando em sua camisa, perto da mancha de café. – Eu fico aqui e você vai comprar. Te dou 10 minutos para me achar algo discreto.
– Tudo bem. – concordo. – Já volto.
Jiyong ON
Algumas situações são inacreditáveis. Passo as mãos pelos cabelos ainda me sentindo um pouco furioso. Levei um banho de café de uma turista, e ela tá fazendo de tudo para se desculpar. Mas também achei toda a situação engraçada, faz algum tempo que não me divirto sem ser reconhecido logo de cara e com a reação que segue a descoberta, sem contar a reação dela com a minha fúria.
– Ei cara. – meus pensamentos são interrompidos por Youngbae. – Tá aí sozinho e rindo feito um ridículo por causa de toda essa confusão do café? – ele diz rindo.
– Cara, fiquei furioso, mas também foi engraçado. – digo rindo. – Vou ficar aqui, fora de vista, esperando a garota me trazer uma camisa limpa, pois os chinelos talvez ela não encontre, e ela saiu tão desesperada querendo se redimir comigo que até esqueceu de me perguntar o tamanho que calço. – termino de falar ainda rindo e Youngbae faz o mesmo.
– Enquanto você espera aí, eu vou com os meninos adiantando. Acho que vamos pegar algumas bebidas. Me manda mensagem quando desocupar, e combinamos onde nos encontraremos.
– Tudo bem. – digo.
Youngbae volta para onde estava com o restante do nosso grupo, e seguem em direção à cafeteria.
Faltando 1 minuto para o tempo que dei a garota acabar, eu a avisto vindo em minha direção. Ela não é tão desajeitada como pensei, e eu ainda não tinha percebido ao todo que ela é tão bonita e que seu sorriso é tão lindo quanto ela.
Ela vem sorrindo, vestida em uma blusa preta que é maior do que o tamanho que ela deve vestir, e na blusa tem escrito Osaka em japonês. Ela vem carregando duas sacolas, uma provavelmente com suas roupas sujas de café e a outra deve ser com minha camisa.
– Oi, sr. Kwon. Trouxe sua camisa. – ela diz me entregando a sacola. – Espero que sirva. – ela fala cabisbaixa, deixando o meio sorriso que estampava seu rosto dar lugar a uma expressão tensa. – Esqueci-me de te perguntar o tamanho que calça, mas também não achei nada para você calçar. Desculpa.
– Relaxa, eu já estava ciente de que não ia ter nada. E não me chame assim, tão formalmente... Pode me chamar pelo meu nome, Jiyong. – digo enquanto tiro a camisa suja de café, trocando-a pela camisa limpa que ela trouxe, e percebo que a mesma não tira os olhos de mim. – Como você se chama?
Jiyong OFF
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